Happiness escrita por AndromedaSama


Capítulo 2
Chance


Notas iniciais do capítulo

Okay, não resisti kkk
Mas, tae o outro cap, o próximo é o último.



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A felicidade, só é felicidade, por que existe a tristeza, a raiva, a solidão. Por isso, minha escolha não é compreensível?

Sierra, 24 anos.

A primeira coisa que chegou aos meus sentidos, foi o cheiro de mofo daquele lugar desconhecido. Tentei me mexer, porém não obtive sucesso, abrindo finalmente meus olhos, tentei avaliar o local, que era escuro e úmido, além de sujo.

Deitado em um sofá, estava um homem, com um cigarro na boca, ele ainda não havia percebido que eu acordei, e continuava a expelir a fumaça do seu cigarro calmamente, perdido em pensamentos, brincando com a arma em sua mão.

Quando aquela visão me alcançou, como se uma trava tivesse sido retirada da minha mente, eu lembrei dos acontecimentos da noite passada.

Medo. Cortante como uma lâmina. Desesperador. Se apoderou do meu corpo em frações de segundos e roubou toda a sanidade que eu mantinha. Comecei a me debater, tentei gritar, atos desesperados, cheios da mais pura vontade de aquilo ser apenas um sonho. Eu não enxergava mais nada, não sentia nada. Apenas um pensamento conseguia se sobressair na minha mente tomada por um furacão mudo.

Eu não quero morrer.

Um clique ameaçador soou, e parou meus movimentos na hora.

–Se você não quer morrer, - Sua voz grave e forte me atingiu, minha visão clareou e olhei para seu rosto, ainda mais sinistro na fraca luz daquele galpão. - É melhor parar agora com isso. - Seus olhos pontiagudos me perfuraram, e como se sobre um feitiço, apenas concordei.

Simon, o que eu deveria fazer?

Simon Rivers, 28 anos.

Eu não sou uma pessoa perfeita. Muito longe disso.

Mas o que faz uma pessoa perfeita? Fama? Dinheiro? Beleza? Todos? Eu não acredito nisso.

A pessoa só se torna perfeita quando... Encontra a felicidade. Mas o que é a felicidade?

Não estou qualificado para dizer o que é a felicidade. A única pessoa que me fornecia pelo menos o mínimo desse sentimento, se foi.

Layla...

As vezes, eu só queria poder acabar com tudo. Talvez... Se eu só pegasse essa arma e atirasse em minha cabeça...

Direcionando a arma a minha cabeça, sentindo o metal gelado no centro da minha testa, o mundo a minha volta pareceu ficar mais leve. Então...

Barulhos de tosse interromperam tudo, e toda a coragem que eu tinha para acabar com tudo se foi. A arma caiu ao meu lado, e eu olhei para aquela garota. Ela tremia e e tossia, e só aí me dei conta de como estava frio, e de como ela estava em uma posição desconfortável.

Hesitante, lhe tirei a mordaça, e a coloquei em uma posição melhor, pegando um cobertor de flanela, que estava no sofá velho em que eu estava, e joguei em seu corpo que parou de tremer imediatamente.

Olhando-a bem, ela não parecia filha de um magnata, apesar de ter exatamente a mesma aparencia da foto que me entregaram.

Maria Diamond.

Na bolsa que carregava não havia nada além de um casaco e uma agenda. Ela apenas tinha a bolsa e um iPod, cheio de músicas mórbidas e com temas trágicos. Nenhuma música da moda ou com alguma alegria. Nada de dinheiro, apenas passes de ônibus e trem.

Isso era definitivamente estranho. Sem documentos, nem nada. Mas a foto não mentia, essa garota tinha que ser Maria Diamond.

Cabelos loiros trançados, finos e leves, rosto pequeno, assim como seus lábios e nariz e grandes olhos cinzentos, como uma tempestade. Ela possuia uma estrutura pequena e frágil, apesar de não ser muito mais baixa que eu.

Observando seu rosto enquanto dormia, tudo que eu escutava era sua respiração, gotas caindo em algum lugar distante, e ratos andando pelo cômodo. Esse quarto, designado pelo chefe, era realmente repugnante. Mas eu tinha que ficar aqui, até eles conseguirem contatar Ramon Diamond e pedir o resgate.

Pelas frestas da única jánela daquele cômodo, eu conseguia perceber o despontar do sol no horizonte de um novo dia, e o mesmo tentar invadir aquele lugar sem alma.

Mais um dia...

Será que eu vou aguentar, Layla?

Minha querida irmã, não merecia ir tão cedo. Maldito câncer.

Maldita vida.

Soquei a parede de concreto liso mais próxima a mim, sentindo o nó dos meus dedos arderem. Frustado, voltei a me sentar no sofá gasto e desconfortável, observando Maria Diamond em seu sono pouco tranquilo e desconfortável. E fiquei assim por horas.

Quando a mesma acordou, ela começou a se debater violentamente e gritar, com o medo estampado em seus olhos cinzentos. Ameaçando-a, ela parou, e me encarou com medo, e ficou assim por minutos enquanto eu continuava com a arma apontada para seu rosto. Quando ela se acalmou, o medo deixou seus olhos e agora só havia a desconfiança. Com os pés e as mãos amarrados, ela permanecia deitada, com o pescoço esticado e os cabelos bagunçados, olhando diretamente para mim.

–O que você quer de mim? – Ela perguntou com a voz rouca, o que não escondia a suavidade da mesma.

–O que a maioria dos sequestradores querem da filha de um magnata rico. – Respondi sarcásticamente.

–Filha de um magnata? – Ela franziu as sobrancelhas. – Não sei do que está falando.

–E você pensa que eu vou cair nessa? Você não tem documentos para provar, e eu sei que você provavelmente foi treinada para essas situações. – Engatilhei a arma. – Seja uma boa garota e não minta para o tio Simon.

–Simon...? – Seus olhos brilharam por um instante e ela permaneceu quieta por quase um minuto, parecendo pensar em algo. – Não sei do que está falando, Simon. Eu não estou mentindo, meu nome é Sierra. Eu não tenho pais. E meus documentos foram roubados junto com minha carteira semana passada.

–Você acha... – Ela não parecia estar mentindo, mas eu tinha que confiar no chefe. – Que eu vou acreditar nisso?

–Não acredite então, oras. – A menina disse com indiferença. – Não importa o quanto acredite em suas próprias mentiras, eu contínuo sendo Sierra Sloan, e Maria Diamond está em qualquer lugar, menos aqui. – Ela me olhou com aqueles olhos. – Você não conseguirá nada de mim.

–Cale a boca! – Eu gritei e ela não mudou sua expressão. – Eu sei que você é Maria Diamond. Você é até que o chefe diga o contrário! E se você não parar de dizer besteiras eu vou foder seu frágil corpo até ficar cansado!

Ela me olhou com uma leve surpresa e depois com nojo, como se eu fosse algo que ela esperasse mais. No fundo, eu mesmo sabia que aquela última frase fora da boca para fora, eu nunca teria coragem de estuprá-la. Layla nunca me perdoaria.

Mas era assim que o mundo era. Eu tinha que causar medo á ela.

Entretanto eu tinha que admitir, essa Maria Diamond é realmente bonita, e mesmo com essas roupas largas eu poderia ver que seu corpo era bonito, como uma obra renascentista.

Enfiando a arma dentro da calça fui até o sofá e peguei uma sacola com alguns salgadinhos e água, e virei novamente para a garota, pousando o alimento no chão e começando a soltar seus pés e mãos.

–Creio que você sabe o que vai acontecer se você tentar fugir. – Avisei. – Coma e fique quieta.

E ela comeu, engolindo tudo que lhe dei de forma automática, parecendo acostumada com aquilo. Quado ela terminou de comer, ela me analisou, até que finalmente falou.

–Você não poderia devolver meu iPod? – Eu a encarei repreensivo. – Por favor, eu quero escutar música e você sabe que não há como fazer comunicação com um iPod.

Pensei por alguns momentos, avaliando o pedido. Eu sei que não deveria, mas de alguma forma...

Eu não conseguia negar esse pedido.

Não é grande coisa, é?

–Ok. – Eu suspirei e tirei o iPod e os fones do meu bolso entregando para ela.

–Ainda tem bateria. – Ela deu um sorriso aliviado assim que ligou o aparelho, o que mecheu com algo dentro de mim. – Obrigado, Simon. – Ela me agradeceu, mesmo eu não merecendo nada, eu a sequestrei e a ameacei. Não merecia um agradecimento.

Ela pôs os fones e fechou os olhos, sentada no concreto, ela parecia não se incomodar. Nada a afetava.

Quando ela abriu os olhos, ela percebeu que eu a observava.

–Você quer escutar comigo? – Ela lhe ofereceu um dos fones. – É Broken Iris.

–Nunca escutei.

–Um bom motivo para escutar então. – Por que não? Me sentei ao lado dela e peguei o fone de ouvido, escutando a voz do homem emanando da mesma. Calma e melódica, contando a história de alguém que não conseguia mais ver. A música era boa, mas a melodia lenta e a voz calma do cantor logo trouxeram a tona os três dias que eu fiquei sem dormir, me deixando com um sono impossível de aguentar. Antes mesmo de perceber, eu caí num sonho, em que Layla dançava em um campo de flores e Maria Diamond deitava sob uma sombra perto, escutando música em seu iPod.


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Notas finais do capítulo

Se vocês sentirem que merece, deixe um comentário, se não, não :v
Postarei o próximo mesmo assim quando me der na telha kk