Se o Amor é uma Ilusão, Deixe-me Ser Iludida escrita por snow Steps


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos favoritos! Este é o último capítulo da noite não tão espetacular de Nora. Calma, meninas, o Tom voltará daqui a pouco, rsrsrs.
Enjoy!



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Acabamos no bar movimentado Devassa do outro lado da Avenida Atlântica, sentados numa mesa de frente para uma máquina de garra com camisinhas, invés de ursinhos. Sim, isso mesmo que você acabou de ler.

_ Me vê uma ruiva – Pede Marco ao garçom, sem precisar de cardápio. – O que você vai querer? – Ele se dirige a mim.

Hesito várias vezes, soltando entreolhares atônitos. Eu não quero beber, tento dizer, mas acabo me rendendo para o agrado de Marco.

_ Vou acompanha-lo.

Não demora muito e o funcionário retorna com dois copos cheios por um líquido acobreado e de cor atraente. Marco levanta o copo à minha direção e juntos celebramos um brinde.

_ Parabéns para mim – Ele fala com voz de cansaço e sem entusiasmo, e em seguida vira o copo pela metade, fazendo a cerveja avermelhada desaparecer em goles generosos e contínuos.

_ Mas então... já são quase três da manhã e até agora você não me contou de fato por que está tão pra baixo. – Jogo a carta na mesa, não conseguindo evitar uma expressão azeda ao sentir o amargo da cerveja atravessando a língua.

Ele projeta uma série de caras e bocas, terminando o resto da cerveja do copo num segundo round que não dura nem cinco segundos. Marco faz sinal para o garçom trazer outra, e desgostoso, diz:

_ A resposta pode te machucar.

_ Por que? – Devolvo, um pouco aflita.

_ Porque vai contra os seus sentimentos.

_ Que... sentimentos? – Tento disfarçar, esboçando um semblante de indiferença.

_ Que você tem por mim. Eu sei, Nora. Sempre soube. Por isso que evitei falar com você por todo esse tempo, na tentativa de não lhe dar falsas esperanças.

Cada palavra soou como uma facada em meu peito, um corte tão pontiagudo feito a ponta de uma estalactite de gelo. Eu não sei o que me dói mais: o fato de que ele sempre soube ou não querer me dar falsas esperanças. Por meros instantes acreditei que eu era alguém especial para ele, e agora Marco põe toda a minha expectativa por água abaixo. Acho melhor eu começar a virar esse copo de cerveja também.

_ Dane-se. Eu não sou tão fraca quanto pensa – Dou uma golada prolongada, quase me engasgando com o gosto do álcool que desce mais amargo ainda. – E não estou aqui para alimentar sua arrogância.

Marco solta um riso provocante.

_ Arrogância? O.k., então. Estou assim porque a pessoa que amo não pode ficar comigo. Ela foi embora hoje para morar na Europa. Satisfeita?

Dessa vez, sou eu quem solto uma risada provocante.

_ Você ama alguém? Por favor, Marco. Conta outra. Você come metade da faculdade e fode a outra e vem me falar de amor? – Debocho, não contendo a gargalhada que sai frouxa devido ao indício de embriaguez precoce.

_ As circunstâncias nem sempre são como parece – Marco intimida, em tom austero. – Há muitas coisas que você não sabe, Nora. E sim, eu sei do que se trata amar alguém. Estou aqui conversando com você, mas por dentro estou destruído. Acabado. Minha mente é como o rolo de um filme repetido, cujas melhores memórias não cessam. Eu ainda posso escutar as risadas daquela pessoa, o modo como ela acordava de manhã e sorria para mim, o jeito manhoso de dizer que me amava ao pé do ouvido...

Sua voz se desvanece, terminando a fala num suspiro doloroso. Tive a leve impressão de ver seus lábios tremerem. Eu não sei mais o que pensar a respeito de Marco. Nesta noite acabei descobrindo que ele é uma sopa de confusão mental, e sinceramente preferiria acatar o seu rótulo de príncipe libertino, pois antes seus atos eram previsíveis e seus pensamentos objetivos. Agora ele me parece andar numa corda banda, pendendo para dois lados totalmente opostos de alguém que guarda muitos segredos.

_ O que você quer de mim? – Pergunto, incisiva. – Sério mesmo, não te entendo. Estou aqui ouvindo os seus problemas, sem definitivamente, saber sobre eles. Tudo há uma questão que eu não sei, um lado seu que desconheço, um trecho oculto. Não posso ajuda-lo dessa forma.

_ Talvez possa sim. Só precisa responder uma única pergunta.

_ Qual? – Indago, ainda alterada.

_ O que você faria se o amor da sua vida fosse embora, de repente?

Dou de ombros e solto um esbaforido etílico paulatinamente.

_ Acredito que eu encheria a cara.

E assim foi feito, ambos enchemos a cara. Marco não é o único a ver o seu amor ir embora da sua vida. Eu também estou vendo o meu partir, mesmo que eu ainda consiga enxerga-lo, escutá-lo e tocá-lo. Não foram necessárias muitas ruivas para me derrubar, e às quatro da manhã nossa mesa já estava cheia de copos tão vazios quanto o bar. O garçom tenta nos expulsar gentilmente ao balançar as chaves do estabelecimento na nossa frente, e temos dificuldades para conseguir um táxi porque ninguém quer fazer corrida para um casal de trôpegos que precisam se apoiar um no outro.

Sinto meu estômago revirar e minha barriga faz barulhos engraçados enquanto estamos jogados no banco traseiro do veículo. Marco ri dos sons esquisitos e solta um arroto sem querer, e eu gargalho da sua cara. Ele gargalha de volta, e eu gargalho da gargalhada dele. O motorista nos encara pelo retrovisor e meneia a cabeça discretamente, provavelmente pensando que a vida deveria ter lhe reservado algo mais útil do que transportar bêbados no seu horário de sono.

_ Eu... amo você, Nora. Mas é do... jeito legal. – Marco declara com dificuldade, os cantos da boca frouxos num resquício de risada e os olhos fechados rendidos pelo cansaço.

_ Eu também... te amo... Marco. Mas é do... jeito apaixonado – Digo num tom gozado, explodindo novamente em risos descontrolados. – Eu te amo... fodidamente. Eu pensei que nessa noite... você iria me foder. De jeeeito. Igual às suas... francesas.

_ E se... eu te falar que... sou veado?

_ Não me venha falar de... desperdícios para a... humanidade... a essa hora da manhã, Marco Lorenzo... Vittorelli.


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