Se o Amor é uma Ilusão, Deixe-me Ser Iludida escrita por snow Steps


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá aos novos e ao velhos leitores!
Aproveitem, comentem e favoritem! Façam essa pobre autora que ficou de prova final ficar feliz outra vez, hahahhahah. Muito obrigada pelos incentivos!



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_ E aí? O que achou?

_ Hmm... não sei. Talvez curto demais. Quer dizer, é normal sentir o vento bater na calcinha?

_ Ai, você é tão engraçada às vezes!

Natasha me ajuda a fechar o fecho da saia e dá um amplo sorriso de satisfação.

_ Magnífica. Sensual. Sexy. Gostosa. – Ela elogia mascando um chiclete, observando o fruto de seu trabalho em frente ao espelho, que por acaso, sou eu.

Estamos indo para uma boate no bairro nobre Barra da Tijuca – que por obséquio precisei economizar metade da minha modesta mesada de 150,00 reais para pagar a entrada – chamada Nuth. É nada mais e nada menos que o aniversário de Marco Lorenzo Vittorelli e não, eu não fui convidada. Antes que você me taxe como penetra sem-noção, a ideia não foi minha, e sim da Nat e da Gabi. Oh céus, já estou as chamando por apelidos...

Nestas últimas duas semanas que se decorreram desde a festa do pijama, devo confessar que minha intimidade com as mattildinhas (nota de esclarecimento: mattildinha é o termo científico utilizado para uma garota patricinha e popular que estuda nos metros quadrados da faculdade de Direito Maria de Mattias) aumentou e tanto. Após a minha declaração de peito aberto sobre o meu desejo de obter Marco (embora não se trate de um desejo capitalista, e sim de uma paixão acirrada), elas meio que passaram a me ver com outros olhos. Talvez pensem que sou uma vadia enrustida, que no fundinho reprime o desejo de ser igual a elas. Mas que fique bem claro: continuo a detestá-las. Mesmo que soe como hipocrisia, nunca irei me render à falsidade delas.

Saímos da casa de Gabi na Suíça Carioca, e antes disso ligo para a minha prima e a lembro daquele velho acordo caso a minha mãe estranhe o fato de eu dormir pela segunda vez no mês na casa dela. Entramos na SUV Santa Fé, e constato que o carro é maior que o meu banheiro. A saia definitivamente é muito curta, e ao sentar no banco do carona vejo a pele branca da minha coxa nunca exposta à luz do dia. Checo a maquiagem no retrovisor do carro e praticamente me sinto irreconhecível. Estou de cílios postiços, blush e gloss sabor morango (uma nota: já lambi metade dele). Meus cabelos longos estão incrivelmente hidratados e comportados graças ao creme importado que Gabi me emprestara, fazendo com que os fios deslizem sobre minha testa como uma nuvem. Nat me deu de presente uma blusa de alça rendada e a microssaia que “levanta o bumbum”, de uma loja caríssima da Zona Sul, e embora seja curta não é chamativa, encaixando-se no que as pessoas chamam de “sexy sem ser vulgar”. Jamais me senti tão bela, contudo olho de esguelha para o lado e vejo Gabriela no seu vestido preto decotado, com os cabelos ruivos descendo em caracóis perfeitos até a altura dos seios fartos. Natasha está no banco detrás, linda igualmente na sua regata de seda, a sombra escura evidenciando o tom azul dos olhos marcantes. Como poderei chamar a atenção de Marco com tantas atrações melhores? Eu preciso de uma vantagem.

_ Meninas, vocês sabem como sou eternamente grata pelo o que estão fazendo por mim, mas... como vou me aproximar dele? Ainda mais hoje, no seu aniversário? Marco dividirá atenção com muitas pessoas.

_ Relaxa, Nora. Não sei o porquê, mas Marco chamou pouquíssima gente. – Responde Gabi alternando a atenção entre o volante e o celular, dificultando o meu aconselhado relaxamento.

_ A Isa contou que ele nem queria comemorar. – Acrescenta Natasha, também entretida no seu iPhone.

_ Estranho, né? Logo o Marco, que sempre tá organizando tantas paradas... – Comenta Gabi.

_ Como diz o ditado, na casa do ferreiro o espeto é de madeira.

_ De pau. – Eu corrigi.

_ Que pau, menina? – Rebate Natasha.

_ Na casa do ferreiro o espeto é de pau.

_ Aaah tá, achei que você já estivesse pensando naquele tipo de pau uma hora dessas – Esclareceu Natasha, soltando suas gargalhadas escandalosas.

_ Enfim... da mesma forma, como vou atrair a atenção do Marco? – Insisto, querendo manter o foco da conversa.

_ Você naturalmente atrairá a atenção dele. – Responde Gabi, com naturalidade.

_ Por que?

_ Porque você é uma carne fresca para ele.

***

Chegamos à boate, que é uma suntuosa casa noturna estilo a céu aberto com um belo lago de carpas. Bastante romântico para um ambiente de pegação sem compromisso. Atravessamos o saguão repleto de luzes epiléticas e música tão alta que é capaz de alterar o ritmo das batidas do meu coração, e no balcão do bar encontramos Marco, Matheus, Leonardo, Renata, Isabella e mais três pessoas que não são da faculdade. De fato, o número é bem pequeno e estou envergonhada, pois dessa forma fica bastante evidente que sou uma penetra. Paro a dez metros de distância, e Natasha põe o braço nas minhas costas e me empurra para frente.

_ Anda!

_ Ele vai notar que não fui chamada. Ai, que mico.

_ Primeiramente Nora, ele nem vai conseguir notar que você é a Nora.

Gabi cumprimenta primeiro, e Marco dá dois beijos no rosto mais insossos que a canja da minha mãe. Após, vem Natasha com seu típico jeito piranha-alegrinha, mas nem as suas carícias provocantes são capazes de arrancar um sorriso dos lábios dele. Em seguida, mais tímida do que um cachorro com o rabo entre as pernas, segurando as pontas da saia para que ela não levante enquanto ando, venho eu.

Os olhos verde-oliva tomados por uma seriedade atípica cruzam com os meus. De fato, ele leva alguns segundos para me reconhecer, e após que o faz finalmente um sorriso sem dentes se formula na sua boca desejosa. Ele está com um casaco de couro discreto e uma blusa de gola V por baixo, e ainda consigo lembrar de cada detalhe existente por baixo da blusa.

_ Nora? – Ele chama meu nome demonstrando surpresa, e seu olhar não sai de cima de mim. – Que surpresa.

_ Mas não é – Comento encabulada, rindo frouxamente. Meu coração dispara e minhas mãos ficam gélidas, e não sei exatamente qual pose eu faço. Só sei que devo empinar o bumbum. Isso Nora, empina o bumbum. – A Nat e a Isa me convidaram. Me desculpa, pensei que não haveria problema...

_ E não há. – Ele intercepta, apoiando-se sobre o balcão e bebendo um gole de seu drink, sem retirar o olhar de mim por um instante, o que me deixa constrangida.

_ Aah... que ótimo. Bem, feliz aniversário – Desejo, e abro os braços em busca de um abraço para concretizar os votos. Ele não entende meu gesto de imediato, então tento recuar desembaraçadamente e então Marco capta a minha intenção, e compartilhamos de um abraço torto e sem veemência.

_ Obrigado – Ele agradece enquanto nos separamos, e ainda posso sentir o seu perfume francês no ar entre nós.

_ Então... onde está Tomas? – Pergunto, sentindo saudade do inglês. Ele não falou mais comigo desde aquela mensagem, e preferi dar tempo ao tempo para que as coisas se acalmassem. No momento eu quero investir na Operação Dionísio, no entanto não posso fazê-lo se existirem dois lindos olhos azuis e apaixonados me observando ao longe.

_ Ele não veio pois tem uma festa mais legal que a minha para ir. – Marco responde, dando de ombros.

_ Ele disse isso? – Duvido, franzido o cenho.

_ Não com estas palavras, claro. Mas se ele não está aqui, é provável que a outra festa seja melhor, sei d’accordo?

_ Hmm... talvez ele não esteja no clima de boate, só isso.

De repente, Renata chega por trás de Marco e o puxa pelo braço, dizendo:

_ Vamos dançar, Lorenzito!

_ Daqui a pouco estarei de volta, Nora – Ele avisa desanimadamente, e vai para pista com Renata que olha para mim de relance com um toque ameaçador.

Logo que os dois saem de cena, Natasha e Gabriela vão ao meu encontro, e formamos uma rodinha fechada para compartilhar os babados.

_ Abre o olho , Nora. Renata e Isabella estão contra você – Adverte Nat com exaltação, enquanto Gabi concorda com incredulidade.

_ Mas pensei que fôssemos um time... as mattildinhas, não é? – Replico com ingenuidade.

_ Tsi. Nunca existiu um time. Aqui é tudo um jogo de interesses, querida. Você se alia a alguém, e se mantém fiel até o fim. Não vê? Nat e eu, Renata e Isabella, Paôla e Laura... – Explica Gabi eloquentemente.

_ Mas... mas... não tenho ninguém para me aliar – Balbucio, percebendo a ninhada de cobras na qual estava pisando.

_ Ooown Norinha, nós abrimos exceção para você. Seremos o primeiro trio! – Comemora Nat, batendo palmas felizmente.

Ufa. Essa foi por pouco.

_ Mas por que elas estariam contra mim?

_ É disso que iremos atrás de saber. Não se preocupe, Norinha. O Marco será seu alguma hora. Ou por algumas horas – Brinca Gabi, maliciosa. – Mas de uma coisa é certa: não confie nelas.

Balanço a cabeça em tom de afirmação, preocupada.

_ Agora fica aqui e bebe um drink. Vamos trazê-lo de volta, você vai ver – Diz Gabriela, e as duas se despendem indo até a pista de dança.

Sento na cadeira alta do bar e observo os quatro dançando na pista, Renata se esfregando assustadoramente no corpo de Marco, que se mantém com o rosto mais desinteressado que o meu numa aula de Física, enquanto Natasha e Gabriela tentam o interceptar ao redor. Natasha dá uma investida com uma jogada de braço em volta do pescoço dele, porém Renata a empurra discretamente com o quadril, Gabi chega por trás e agarra o ombro dele, e então vem Isabella para dar reforço. Assim, Natasha o pega por uma mão, e Gabi na outra, Isabella se joga na frente dele e Isabella por trás, e desse jeito Marco se torna o homem mais desejado da boate. O coitado mal consegue se mover, e suas feições mostram o quão desagradável está sendo toda aquela disputa por um pedaço seu. Natasha arrisca pelo pedaço da frente e disputa o lugar com Renata, que imediatamente a empurra com força com o quadril, mas Nat não cede fácil, e as duas ficam dando bundalelê e se equilibrando nos saltos agulha. Isabella indiscretamente tenta ajudar a amiga dando um puxão no cabelo da Nat, e esta finalmente se desequilibra e cai de quatro no chão, atraindo a atenção de todos ao redor.

_ O que diabos deu em vocês? – Se revolta Marco, aparentemente enraivecido. Sem esperar por respostas, ele se distancia das mulheres com passos firmes, em direção ao lago das carpas.

Elas se entreolham com cólera. Natasha e Renata iniciam uma discussão, e a voz estridente da Nat ressoa acima da música eletrônica. Neste meio tempo, Gabi corre até mim e, com o entusiasmo reinando na face, exclama:

_ Essa é a sua oportunidade! Vai atrás dele!

E aqui estou eu, correndo atrás de Marco Lorenzo Vittorelli, com meus saltos de três centímetros e saia que sobe por vontade própria entre o mar de gente mergulhada debaixo das luzes pulsantes. Aonde quero chegar com tudo isso? Não sei. Apenas sei que este é o meu momento.

Chego ao lago de carpas, ladeado por uma vegetação exótica e iluminação baixa. A música se detém dentro da casa noturna, e podemos dizer que uma certa tranquilidade reina por aqui. Algumas pessoas estão se pegando à beira, e entre elas, sozinho e cabisbaixo, está o príncipe libertino que rouba meu olhar.

_ Marco? – O chamo, mais em tom de licença do que de atenção.

Ele vira o rosto para mim, e por um breve instante sinto o cansaço que percorre seu semblante.

_ Oi Nora – Ele responde, desta vez não querendo esconder todo o abatimento que o assola.

_ O que houve? – Pergunto em voz baixa, aproximando-me dele.

_ Você não quer saber. – Ele devolve, soltando um suspiro pesaroso.

_ Sim, eu quero – Determino, e criando coragem pela primeira vez, pego na sua mão quente.

Ele encara a nossas mãos juntas e, para a minha surpresa e derretimento interior máximo, ele entrelaça seus dedos nos meus meigamente.

_ Você quer me fazer um favor? – Ele indaga, tentando esboçar um sorriso condolente para si mesmo.

_ Qualquer um – Respondo, minha voz quase inaudível de tanto suspense que me toma.

_ Me tira daqui.

Seu olhar verde-oliva ganha um tom azulado pela cor da noite, e eu me perco nele.

_ Como? Eu… eu não tenho carro, Marco. – Admito, envergonhada.

_ Não importa. Apenas me faça companhia.

_ E seus convidados? É seu aniversário Marco. Você não pode deixa-los assim.

_ Eu posso fazer tudo o que quiser. E eu quero sair agora. Com você.

Engulo em seco, quase perdendo a respiração.

_ Para onde?

_ Você me acompanha?

_ Para onde?

_ Você me acompanha?

Umedeço os lábios e sinto como sua mão aperta forte a minha. Estar com ele é tudo o que eu quero, há muito tempo. E não posso deixar que meus medos sempre estraguem as esperanças. Este é o meu momento.

_ Claro.


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