You're Always Here - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 34
Capítulo 34 - A Execução


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

Então pessoal, aqui estou eu (depois de um tempinho massa) com o penúltimo capítulo da fic :(

Lembrando que ainda tem epílogo depois, então calmaney!

Bom, não sei se tenho tanta coisa pra dizer... Mas tem uma tretinha hayffie básica pra vocês. Tem choros e tretas e mortes e tudo xD

Nos vemos nas notas finais!

Boa leitura ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/575458/chapter/34

CAPÍTULO XIV

O chão estremece sob os nossos pés e eu aperto ainda mais o abraço em Haymitch. A calmaria que existia até agora se dissipou e a tensão tomou conta do ambiente. E por mais que ele aparente estar calmo, sei que está tão assustado quanto qualquer outra pessoa aqui dentro.

Abro os olhos e vejo Plutarch concentrado na mesa onde estava. Beetee deve estar passando alguma informação importante, pois ele está tão concentrado em ouvir que nem se assusta com o som que as bombas fazem quando atingem o solo.

Continuo abraçada a Haymitch até sentir minhas mãos formigarem.

– Eu to cansado - murmura.

– Quer sentar?

Haymitch balança a cabeça num sim e então sentamos, encostando-nos na parede fria do porão. Sua cabeça pousa no meu ombro e começo a afagar seus cabelos. Dou de ombros de vejo Miri nos observando, e acabo sorrindo.

– Acho que vocês devem estar cansados de ouvir isso - ela começa a dizer -, mas nunca cogitei essa possibilidade... Vocês dois, sabe? Juntos...

– De fato - digo entre risos. - Já ouvimos isso.

– Muitas vezes - Haymitch resmunga ao meu lado, o que faz como que eu e Miri desatemos a rir novamente.

– Pessoal! - ouço a voz de Plutarch um pouco longe e o procuro com o olhar. Haymitch desencosta do meu ombro para fitá-lo também. - Pessoal! Ah, bom, eu não diria isso até ter certeza, então... - ele pigarreia antes de prosseguir. - Podem se instalar em qualquer lugar deste porão. Se quiserem descansar, deitar, fiquem à vontade. Instalamos um mecanismo de defesa nessa casa só por garantia e ele foi ativado. Se cair alguma bomba nas proximidades, não seremos afetados.

Aplausos são ouvidos no porão. Algumas pessoas trocam abraços, suspirando aliviados.

Olho para Haymitch e ele traz um leve sorriso nos lábios. Mas ele permanece exibindo seu cansaço acumulado.

– Ei - digo e ele olha para mim. - Quer deitar um pouco?

Haymitch balança a cabeça num "sim" e eu me sento com as pernas cruzadas, deixando-o pousar sua cabeça em cima delas. Enquanto o tenho no meu colo, passo as mãos delicadamente pelos seus cabelos.

Miri se senta um pouco mais próxima a mim e voltamos a conversar. Ela me conta tudo o que aconteceu enquanto ainda não estava no Distrito 13, até nos encontrarmos lá. Como Plutarch a ajudou, a manteve viva.

As bombas continuam caindo, produzindo um som que, quase sempre, me assusta. Haymitch está deitado, mas seus olhos continuam abertos. Volta e meia ele os fecha, mas quando uma nova bomba atinge o chão, ele os abre novamente. Então passo as mãos no seus cabelos novamente, e ele volta a fechar os olhos. Como um filhotinho.

Como um filho.

Esse pensamento me arranca do ambiente e me leva às minhas piores lembranças que, querendo ou não, ainda são recentes. Ainda doem bastante. E me pego perguntando como seria se eu ainda estivesse grávida, de que tamanho a minha barriga estaria, como ele estaria me mimando agora, por mais impossível que isso possa parecer. Mas consigo imaginar.

Lágrimas brotam nos meus olhos e eu fungo, passando as costas das mãos no rosto para impedi-las de cair. Mas Miri acaba notando.

– Ei, Effie - ela diz, franzindo o cenho. - O que foi?

– Ah, nada, nada, querida - me apresso em responder. - Eu estou bem.

– Não está, Effie - Miri insiste, com o olhar preso em mim. - Vamos, o que houve?

– Haymitch! - Plutarch o chama e ele levanta um pouco a cabeça, relutante. - Pode vir aqui um minuto?

Revirando os olhos, Haymitch se levanta e me beija rapidamente antes de ir ao encontro de Plutarch, que parece um pouco aflito.

– Eu estava grávida - digo de uma vez, ainda olhando para frente. Dou de ombros e me deparo com uma Miri abismada.

– Estava? - ela repete. - Effie, você...?

Balanço a cabeça num sim e ela põe uma mão na boca. Dessa vez uma lágrima escorre pelo meu rosto e eu não a impeço de cair.

– Sinto muito - é o que ela diz. Sua mão pousa em cima da minha e a segura. Até que pendo meu corpo para o lado e encosto a cabeça no seu ombro, sentindo-a afagar-me os cabelos.

– Não faz ideia de como eu gostaria de ter essa criança - sussurro entre meus soluços e ela aperta um pouco mais o abraço.

– Teria sido uma ótima mãe - ela diz. - Na verdade, tenho certeza de que ainda será.

– Eu não sei - digo com o olhar baixo. - Tenho medo de... de não conseguir. Não quero criar expectativas e tudo acabar dando errado de novo.

– E você prefere o que? - indaga Miri. - Não arriscar? Ela estica um braço e segura minha mão. - Olha, Effie... não estou dizendo para vocês tentarem agora. Deixe tudo isso acabar. Espere as coisas se acalmarem e então, quando acharem que está na hora, tentem novamente.

Ela não sabe o que aconteceu, digo para mim mesma. Mas também acredito que não seja a hora de contar tudo para ela. A história é longa e o momento não é, bem, propício para isto.

Tento mudar o rumo da conversa e, mesmo relutante, ela aceita. Lanço alguns olhares rápidos e ansiosos na direção de Haymitch e ele parece concentrado, assim como Plutarch. Vejo seu cenho franzir várias vezes, mas o que me assusta é quando ele cobre a boca com uma mão.

E pouco tempo depois, silêncio.

As bombas cessaram.

Prendo a respiração, aguardando que alguém nos dê qualquer posicionamento.

Plutarch olha para Haymitch, que assente com a cabeça e o dá espaço para chegar ao centro do porão, onde pode ser ouvido bem por todos.

– Acabou - ele diz e o silêncio permanece. Certo. Acabou. Precisamos de mais.

Ele olha ao redor, percebendo a aflição no olhar de cada um presente até prosseguir.

– Snow está preso na mansão... Nós vencemos!

Imediatamente aplausos irrompem naquele porão que, até então, estava transbordando de medo. É como se um peso de um tamanho quase infinito tivesse sido tirado do meu peito. Está tudo bem. Vamos ficar todos bem.

Mas não. Tem algo errado. Mesmo com seu sorriso simpático de sempre, Plutarch vacila rapidamente e engole em seco.

– Mas, claro, para se fazer um omelete... é preciso quebrar alguns ovos - e nesse instante a expressão dele muda. Plutarch fica sério. - Não esperávamos que a estratégia de defesa de Snow fosse usar crianças como escudo. Exatamente. Crianças.

"Infelizmente o plano já estava em ação e não tivemos tempo de voltar atrás. E quando menos esperamos, as bombas estavam sendo lançadas."

Ponho uma mão na boca. Ele usou crianças para se defender. Deixou que esses serem inocentes morressem por sua causa, sem saber ao menos o que estavam fazendo...

Monstro.

– Infelizmente o número de mortes foi muito grande, apesar de termos conseguido salvar um a parte considerável delas. Mas não deixou de ser uma grande perda para todos nós aqui presentes.

Ainda não estou acreditando nas palavras dele, mas sei que é a verdade. Olho, então, para Haymitch e ele não está tão alegre quanto deveria estar.

Ah, não.

– Haymitch! - chamo e ele levanta a cabeça. Aceno para que ele se aproxime e ele o faz sem pensar duas vezes. Caminhando a passos lentos, ele vem até mim. - Ei... - ponho uma mão no seu queixo e o faço olhar para mim. - Aconteceu mais alguma coisa, não foi?

Haymitch suspira. Pouco tempo depois ele balança a cabeça, confirmando.

– Me conta, por favor - imploro, sentindo minha aflição aumentar. - O que aconteceu? Quem morreu?

Ele passa a língua nos lábios antes de responder.

– Prim, a irmã de Katniss - ele diz baixinho. - Ela foi atingida por uma das bombas.

~*~

Aguardamos até o dia amanhecer para sairmos do nosso esconerijo. Enquanto caminhamos, fico atenta aos dois lados, notando o estrago feito pela guerra. Tudo não passa de montes de pó.

Restos.

Haymitch caminha ao meu lado, seus dedos entrelaçados aos meus. Observa tão atentamente quanto eu, mas sei que não está se sentindo tão mal quanto eu. É como se a minha casa tivesse sido destruída. Tudo que era meu não existe mais. Tudo que era ligado a mim foi separado da minha vida. Para sempre.

Olho para Miri, do meu outro lado, e sei que ela está pensando o mesmo que eu. As cores foram embora. Tudo foi embora. Não há mais vida aqui.

– O centro de treinamento ficava bem ali, mais a frente - Plutarch comenta, apontando para frente. - Umas três quadras a frente.

Ficava.

É quando a minha ficha resolve cair de uma só vez. Olho para a minha direita e só vejo destroços. Destroços daquele prédio azul, onde eu costumava acordar todas as manhãs quando não estava na época dos jogos. Onde passei momentos bons e ruins da minha vida. Um dos meus primeiros investimentos desde quando comecei a trabalhar como escolta.

Ali, bem na minha frente, ficava a minha casa. E ela também não existe mais, assim como boa parte da Capital.

Sinto as lágrimas escorrerem pelo meu rosto quando caio de joelhos no chão. Observo o amontoado de tijolos na minha frente e lembro e cada momento que vivi aqui. Lembro de Cinna e Portia, de quando eles me visitavam, de tudo que passamos aqui.

Me sinto destruída.

Definitivamente, perdi tudo que tinha.

Sinto uma mão pousar no meu ombro e não preciso dar de ombros para saber que é Haymitch. Ele se abaixa ao meu lado e me abraça, deixando-me encostar minha cabeça no seu ombro enquanto as lágrimas continuam caindo.

– Nós temos que ir - ele diz. - O pessoal está lá na frente.

– Eu sei o caminho - respondo secamente.

– Não vou deixar você aqui.

Fungo mais uma vez. Não acredito que estou sendo grossa com ele agora. Justo agora.

Ficamos em silêncio durante alguns minutos enquanto continuo observando os destroços a minha frente.

Nada mais será como antes. Essa frase nunca fez tanto sentido como agora.

– Ei, vem - Haymitch diz, induzindo-me a levantar. Ele segura meu rosto nas mãos e passa os dedos pela minha face, limpando minhas lágrimas. - Você não pode ficar assim.

Não consigo mais encontrar a minha voz.

– Nós vamos para a mansão e lá decidiremos o que fazer. Tudo bem?

Concordo com a cabeça e Haymitch me abraça. Fecho os olhos com força, tentando me manter firme, mas isso parece impossível. Sei que depois de hoje não conseguirei voltar aqui. As lembranças são fortes demais para que eu tenha que enfrentá-las mais uma vez.

Haymitch segura firmemente a minha mão e, juntos, vamos em direção a mansão que, agora, está sob o comando dos rebeldes.

~*~

Conseguimos nos alojar num quarto confortável. Não havia percebido o quão cansada eu estava. Mas Haymitch estava bem pior. Apesar de todo o trabalho que tivemos até chegarmos aqui, eu havia esquecido que na mansão o estoque de bebidas alcoólicas é absurdo e desde que chegamos, não paramos de esbarrar nelas.

Haymitch voltou a acordar dos seus sonhos inquietos e eu tenho certeza de que tem a ver com a bebida. O que me intriga é não saber se ele bebeu ou não, porque até então ele não tocou no assunto, mas sei o quanto isso o está torturando.

Assim que meu despertador toca, informando que são cinco horas da manhã, me viro para depositar um leve beijo na sua cabeça e saio da cama. Finalmente o grande dia chegou. A execução.

Plutarch havia me dado as coordenadas. Todos os habitantes sobreviventes iriam se reunir a frente da mansão para assistir. Eu deveria preparar Katniss antes de chegar a grande hora tão desejada e lhe dar uma força. Mas, para ser sincera, não faço ideia do que posso fazer. Ela acabou de perder a irmã, mas eu nunca...

Não, talvez eu saiba muito bem como acalmá-la. Passei por algo bastante próximo a isso e, até onde sei, Katniss não ficou sabendo. Talvez isso me sirva como um bom apoio. Um equilíbrio para nós.

Respiro fundo após colocar minha peruca dourada e ando pelos corredores, sem saber a hora exata e encontrar Katniss. Sinto falta da minha agenda.

Encontro Miri quando dobro num corredor e rapidamente ela vem até mim. Sorrio levemente quando vejo que ela tem uma pequena torta de morango com chocolate em uma das mãos e me entrega.

– Sei que você gosta - ela diz.

– Obrigada.

– Então... cadê o Haymitch? - ela pergunta, despreocupada, enquanto termina a sua tortinha.

– Dormindo - digo e suspiro. Dando, em seguida, uma mordida na torta.

– Aconteceu alguma coisa? - Miri indaga e sei que não vai deixar passar em branco.

Ela passa um braço no meu e começamos a caminhar.

– Estou com medo de que ele volte a beber.

– Por que você acha isso?

– Está vendo este lugar? - levanto uma mão, apontando para o que há ao nosso redor. - É praticamente um depósito de bebidas! Ele vai acabar cedendo...

– Effie, você tem que manter a calma! Ele pode ter realmente mudado! Não precisa ficar aflita assim, o tempo todo... - ela continua olhando para frente e viramos em outro corredor. - Hoje será um grande, grande, grande dia, não é?

Não deixo de evitar uma breve risada perante seu comentário.

– Claro, Miri.

Ela me conduz até o jardim, onde nos sentamos e eu fico imaginando como deve estar Katniss agora. Tudo ao nosso redor está destruído, mas a mansão está intacta. O palco está montado e logo a plateia chegará para assistir ao tão esperado espetáculo de Panem.

A morte de Snow.

Um arrepio percorre o meu corpo enquanto aproveitamos o silêncio que paira sobre o ambiente. Precisávamos disso. Precisávamos de um momento de calmaria depois de toda essa confusão.

Chega a hora do almoço e nos encaminhamos a cozinha, mas nem sinal e Haymitch. Katniss passa rapidamente, mas sequer tenho tempo e cumprimentá-la - e acredito que ela nem chegou a me ver. - Então me sento à mesa com Miri e Plutarch, que chega logo em seguida.

Ele permanece em silêncio, mas me lança alguns olhares ansiosos enquanto come, mas aguarda que terminemos até falar.

– Effie... - pigarreia e limpa o canto da boca com um guardanapo. - Acho melhor falar com o Haymitch. Ele não está muito bem.

Olho descrente para Plutarch, que aparenta estar cansado.

– Não me diga que...

– É melhor você ir - ele diz apenas e, automaticamente, me levanto e saio a passos rápidos pelos corredores.

Não pode ser. Ele não pode ter feito isso. Começo a dizer para mim mesma, mas está muito óbvio. Ele não conseguiria.

Mas ele prometeu, penso novamente. Trinco o maxilar e, quando chego a porta do quarto, sinto meu estômago congelar.

Respiro fundo e coloco uma mão na maçaneta.

E quando abro a porta, a visão que tenho é que o tempo voltou mais ou menos 3 anos. Haymitch está largado em cima da cama e há, pelo menos, duas garrafas de whisky jogadas no chão. Ele se incomoda com a luz da fresta aberta na porta e faz uma careta.

– Katniss, eu já disse que vou, agora vai embora! - ele resmunga com sua voz embargada. O ambiente está fedendo a álcool e ele nem se importa com isso.

Meu olhos estão úmidos novamente. Mas dessa vez eu não quero agir como antes. Não quero acalentá-lo até fazê-lo dormir novamente. Não quero sentar ao seu lado e dizer que está tudo bem.

Porque nada está bem agora.

– Não é a Katniss, Haymitch - digo, apenas, e percebo sua expressão mudar. Ele finalmente abre os olhos ao ouvir a minha voz e parece que agora, se arrepende do que fez.

– Effie, eu...

– Eu sei o que você fez - digo secamente, ainda parada na porta.

– Effie, me desculpe...

– Você não tem um pingo de consideração por mim, não é? - minha voz sai tão controlada que por um instante me pergunto se sou eu mesma que estou falando agora. Talvez seja só a velha Effie, a Effie que tinha o controle de tudo. - Quer saber? Pode continuar bebendo. Se é isso o que prefere...

– Não, não, por fav...

Não chego a ouvir o resto pois fechei a porta e voltei para o corredor. Respiro fundo e retiro a mão da maçaneta. Ele não irá sair. Ele voltará a beber, como sempre fez.

Volto a caminhar pelos corredores até chegar a última porta. Katniss estará chegando no quarto a qualquer momento e, até onde sei, a equipe de preparação já se encontra lá. Abro a porta e vejo Fulvia retocando as sobrancelhas, de frente a um grane espelho. Ela me vê e abre um grande sorriso, mas apenas movo o canto dos lábios em resposta. Ela parece não se importar e volta a se concentrar na sua maquiagem.

– Ansiosa, Effie? - ela indaga, continuando e frente ao espelho, o que me alivia, já que ela não está me fazendo perguntas como "o que houve?", "quer desabafar?".

Era o que Portia faria.

Sento-me numa cadeira e suspiro.

– Todos estão, não é?

– Estão mesmo! - ela diz, empolgada. - Espero que a Katniss se saia bem. Ah, mas ela sempre se sai, não é? Você a conhece melhor do que eu.

– É... Conheço.

A porta se abre e rapidamente Katniss aparece. Ela está transtornada, ansiosa.

– Effie - ouço-a dizer ela me encara de uma forma estranha.

– Olá Katniss - respondo e me levanto da cadeira, com uma prancheta nas mãos. Me aproximo da garota em chamas e lhe dou um beijo no rosto.

"Bem, parece que teremos outro grande, grande, grane dia pela frente. Então por que você não começa sua preparação e eu verifico os detalhes?"

Katniss concorda com a cabeça e Fulvia a ajuda a se arrumar enquanto dou alguns toques. Na verdade minha cabeça está bem distante daqui. Está naquele quarto imundo, fedendo a álcool, olhando para um Haymitch jogado de qualquer jeito na cama.

E tudo está desmoronando. Primeiro minha casa e agora ele.

Espero Fulvia terminar com os arranjos e peço licença para conversar com Katniss um instante.

– O que foi, Effie?

– Está nervosa? - indago e ela assente com a cabeça. - Imaginei.

Sento-me ao lado dela e seguro suas mãos nas minhas, fazendo-a olhar para mim.

– Posso fazer uma pergunta?

– Pode, claro.

– O que você acha dessa... Alma Coin?

– Nunca gostei dela, Effie - ela responde diretamente. - Para ser bem sincera.

Balanço a cabeça lentamente, concordando com ela.

– Por que está me perguntando isso?

– É que... ela não é o que ela tenta aparentar ser...

– Onde você quer chegar? - ela indaga, decidida. Seus olhos semicerrados mostram sua determinação.

– Bom, é que... - desvio o olhar rapidamente, pensando se é uma boa hora para falar sobre isso. Mas eu preciso. Não posso deixar que alguém pior do que Snow ocupe seu lugar. - É que se não fosse ela... eu ainda estaria grávida.

Katniss leva dois segundos para assimilar tudo. Então põe as mãos na boca, pasma. Dou um sorriso triste e abaixo a cabeça. Não gosto de me lembrar disso. Eu só queria esquecer.

– Você estava grávida do Haymitch?

Tudo bem, não era essa a reação que eu esperava.

– É óbvio, Katniss! De quem mais seria?

– Não, não! Tudo bem! Eu entendi! É só que... - ela estica uma mão até a minha barriga. - É difícil imaginar... Mas não se preocupe - ela volta ao seu tom sério. - Eu já tenho algo guardado para ela.

~*~

Estou parada atrás de uma janela da varanda da mansão, bem próxima a Katniss. Daqui consigo ver todos lá embaixo, ansiosos para serem vingados. Todos eles tiveram algo tirado de si e estão aqui com sede de justiça. Assim como eu, assim como Katniss, ou qualquer outro presente.

Todos, sem exceção.

Percebo um movimento ao meu lado e dou de ombros. Haymitch está parado, olhando para além da janela também, mas não está concentrado nisso. Franzo o cenho e percebo a ausência do odor que ele exala quando está bêbado. Porque ele não está fedendo nem um pouco.

Volto a olhar para frente, mas, com o canto do olho, percebo-o dar de ombros dessa vez. Então tento manter meu olhar fixo e não vacilar. Mas isso parece impossível.

– Me desculpe - ele diz. - Eu não devia, eu sei... Mas você tem que saber que é difícil pra mim.

Não faço ideia do que está acontecendo lá fora.

Volto a olhar para ele e isso parece me destruir.

– Você tomou banho? - indago.

– Tomei.

Balanço a cabeça e volto a olhar para a frente, mas ele me impede.

– Ei, Effie - ele volta a dizer e dessa vez me segura pela cintura. - Não fica assim, vai.

– E como você quer que eu fique?

Haymitch suspira e passa a língua nos lábios. Acabo acompanhando com o olhar e ele percebe.

– Quero que deixe isso de lado. Eu não disse que ia ser fácil. Eu fui fraco, eu sei, mas... eu posso tentar.

– Como?

– Olha, você pode me ajudar - ele diz enquanto suas mãos passeiam pelas minhas costas e nos matem mais próximos. - Como antes, lembra?

– Quando eu perdia o meu sono enquanto você berrava? É, eu lembro.

– Não essa parte. Quando você ia até o meu quarto e ficava comigo até eu voltar a dormir.

– E depois você se aproveitava de mim.

– Você gostava - ele retruca.

Bufo e tomo um pouco de distância.

– Depois resolvemos isso, Haymitch - digo e volto a me concentrar em Katniss, que está puxando uma flexa.

– Como, princesa? - ouço sua voz vindo de trás de mim. E suas mãos contornam minha cintura mais uma vez.

Rio brevemente e dou de ombros.

– Você sabe como.

Haymitch deposita um leve beijo no meu pescoço e eu me arrepio com o toque. Fecho os olhos por um instante e, quando os abro, Katniss está posicionando seu arco.

É agora.

Mordo o lábio, na torcida.

Katniss atira. Mas a flecha não acerta Snow. Acerta Coin, que cai da sacada segundos depois.

– ISSO! - grito no mesmo instante. - É isso mesmo, Katniss! Isso, garota! Isso!

Começo a pular como uma criança. Minha nossa! Estou comemorando a morte de alguém, é isso mesmo? Mas quando olho para Haymitch, ele está bastante satisfeito com o ato da garota, então continuo comemorando alegremente, enquanto Katniss continua no mesmo lugar, ereta, olhando o resultado.

Coin está morta.

Agora me sinto vingada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E LÁ SE FOI A VACOIN!!!!! Gente, eu amei esse apelido "VaCoin" xD Guardei no core!

Bom, antes de mais nada queria dizer a vocês que eu já estou com saudades dessa fic, mas depositarei essas saudades na minha próxima long hayffie que sairá assim que der xD

Como sempre, espero que tenham gostado do capítulo! xD

E pra quem não sabe, escrevi uma oneshot deles essa semana, então corram lá http://fanfiction.com.br/historia/610689/Entregue/

Comentem e deixem a Lovett feliz *-*