You're Always Here - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 24
Capítulo 24 - Eu gosto mais de você sóbrio


Notas iniciais do capítulo

AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE o/

Vai ter "I like you better sober" e se reclamar... bem, eu não sei, só sei que adorei escrever esse capítulo e espero que vocês se divirtam com ele também xD

Acho que não tenho muita coisa pra dizer... então nos vemos nas notas finais!

Boa leitura! ;)



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CAPÍTULO XXIV

Somos conduzidos ao refeitório, onde nos dão macarrão com carne. Me pergunto se isso é comida de gente, mas quando vejo que a bebida oferecida é água, desisto de tentar compreender qualquer coisa que seja relacionada a este Distrito.

Que fim de mundo.

Fico encarando a comida por um tempo e sinto meu estômago revirar. Você precisa comer, digo para mim mesma. Mas algo me diz que se eu o fizer, colocarei tudo para fora depois.

Olho para a pasta preta ao lado do prato e lembro de Cinna. Ele estaria me incentivando a colocar a comida no estômago agora, tenho certeza. E Portia estaria me dizendo que todo esse meu mal estar é resultado de uma "paixonite aguda" chamada Haymitch. Ele iriam rir e me contagiar com isso e, no final, acabaria comendo.

Se já estava sem fome, agora realmente não estou.

– Effie? - ouço uma voz bastante conhecida e, quando dou de ombros, vejo Katniss se aproximar com aquele amigo dela. Nossa, que memória horrível.

Ela corre até mim e me abraça tão calorosamente que acaba me passando um pouco de paz.

– O que está fazendo aqui? - ela indaga. Seus olhos cheios de ansiedade. É óbvio que eu seria a última pessoa que alguém imaginaria usando uma roupa como essa.

– Sou uma refugiada política - digo.

– Plutarch te resgatou?

– Resgatou, assim como ele diz - explico. - Eu e você não sabíamos de nada - minto em parte. Haymitch havia dito uma vez que Katniss não estava ciente do plano de fuga, da revolução. Só pioraria as coisas se eu deixasse que ela descobrisse que até eu sabia disso. - Agora estou condenada a esta vida de macacão - continuo, olhando para os lados, sentindo repulsa de todos os presentes aqui.

Olho por sobre o ombro de Katniss e lembro do amigo dela.

– É maravilhoso ver você de novo - digo e estico o braço para apertar sua mão, que ele retribui.

Volto a olhar para o meu prato. Pego o copo com água e o levanto.

– Acreditam nesse lugar? - indago, mostrando o objeto cheio com água gelada. - Eu sinto falta de café - volto a depositar o copo na mesa. - Não sabia que um lugar poderia ser tão rigoroso assim. Digo... Pensei que pelo menos nos escalões mais altos teria... alguma ação.

Katniss me olha de uma forma um pouco estranha, como se tentasse compreender o que eu digo e não conseguisse.

– Sinto falta das minhas perucas - digo e ponho uma mão na cabeça. Minha voz sai um pouco manhosa. - Ainda bem que lembrei que isso - aponto para o lenço na minha cabeça - era moda antigamente. Tudo que é velho pode voltar a ser novo... como a democracia... o que me leva a isso.

Afasto minha bandeja e puxo a pasta preta para mais perto, entregando-a a Katniss, que a abre de imediato, começando a analisar tudo que contém nela.

– Cinna - murmura, então volta a olhar para mim. - Ele está morto, não é?

Já esperava que ela fosse me perguntar isso. Ela não faz ideia de como isso ainda dói em mim. Talvez estejamos sentindo a perda na mesma intensidade. Éramos tão próximas dele...

Balanço a cabeça positivamente.

– Sim querida - digo, apenas.

Katniss volta a analisar a pasta. Todos os croquis que ele fez.

– Ele fez Plutarch prometer que não te mostraria isso até você decidir ser o Tordo por conta própria - explico enquanto ela continua analisando página por página. - Ele sabia dos riscos. Assim como todos nós... Ele acreditava nessa revolução.

Katniss para numa página com o croqui de uma armadura. Ao lado está escrito "eu ainda aposto em você".

– Ele acreditava em você - acrescento.

– São lindos.

Apoio um cotovelo na mesa e me aproximo um pouco mais de Katniss.

– Eles têm - digo firmemente. - Eles têm o traje do Tordo.

Katniss me olha um pouco assustada. Respiro fundo antes de prosseguir.

– Não há uma grande equipe de preparação aqui no Treze, mas vamos fazer de você a rebelde mais bem vestida da história.

~*~

Confesso que não consegui dormir direito. Passei a madrugada inteira me revirando, tentando imaginar como Haymitch está agora.

"Reabilitação" foi uma palavra que insistiu em se manter na minha cabeça desde que Plutarch me avisou sobre ele.

Ele está sóbrio.

Após me vestir e enfrentar uma fila para inserir a programação no meu braço, sigo Plutarch até um estúdio, onde faremos o primeiro vídeo e Katniss como o Tordo. Ela já está com sua armadura quando chegamos e percebo que o trabalho foi bem tão feito como rápido também. Me apresso em fazer sua maquiagem, visto que ninguém aqui entende disso. Limpo o estrago que fizeram em seu rosto e trato de deixá-la apresentável.

– Vamos fazer isso por você, por mim e por Cinna.

Um pequeno sorriso nasce nos lábios de Katniss. Sua determinação me faz sentir orgulho do que estou fazendo.

Quando ela finalmente se posiciona, me adianto até ela com o broche do tordo na mão.

– O toque final do Cinna - digo e prendo o broche do seu lado esquerdo, sobre seu coração.

"Todo mundo vai querer te beijar, te matar, ou ser você" digo por fim e volto para minha posição inicial, longe do cenário, um pouco atrás do ventilador.

– Perfeito - ouço a voz de Plutarch soar. - Absolutamente perfeita.

Plutarch começa a dar as coordenadas para Katniss se situar quanto ao que deve fazer e falar. De início ela parece atordoada, mas absorve cada palavra dele e concorda em fazer a primeira tentativa.

– Quando estiver pronta - ele diz e Katniss se abaixa, apoiando-se em um joelho. Depois de um sinal ela se levanta e começa a pronunciar.

– Povo de Panem! Nós lutamos, nós desafiamos, nós... - ela se perde e faz uma careta. Coloco um dedo na boca e começo a roer a unha.

– Ela sabe a fala? - alguém pergunta e tenho certeza de que o microfone não deveria estar ligado neste momento.

– Eu sei, desculpe - Katniss diz e tenta voltar a sua posição.

– Tudo bem, vamos de novo.

– Ela só está esquentando - digo, tentando ajudar.

É dado o sinal novamente e Katniss se levanta.

– Povo de Panem! Nós lutamos, nós desafiamos, para acabar com essa fome de justiça!

– Você acabou de batalhar! - Plutarch grita e pela primeira vez o vejo se alterar. - Desculpe. Desculpe pela explosão.

Olho para Katniss e a vejo um pouco desnorteada. Levar uma bronca de Plutarch assim chega a ser um pouco constrangedor.

– Você acabou de sair da batalha - ele explica. - Tente de novo.

Katniss volta a se abaixar e depois de mais um sinal ela se levanta mais uma vez.

– Povo de Panem! Nós lutamos, nós desafiamos, para acabar com essa fome de justiça!

Sua voz não nos passa a força que precisamos que mostre. Tento dizer algo para incentivá-la, mas está difícil. Faço uma careta quando ela termina.

Acho que passaremos o dia inteiro aqui.

É quando a porta se abre e eu me viro para ver de quem se trata.

Meu coração dispara e imagino que poderá sair pela boca a qualquer momento. Meu estômago congela e, por uma fração de segundo, minhas mãos formigam quando vejo Haymitch entrar.

– É assim, meus amigos - ele diz enquanto se aproxima - é como uma revolução morre.

Paro para analisá-lo. Ele está usando uma touca cinza e traz em suas mãos um lenço pequeno. Sua barba cresceu também. Ele me olha rapidamente e me contenho para não pular em cima dele.

– Olá Katniss - ele diz e só recebe um olhar de rejeição em troca. - É assim que cumprimenta um velho amigo?

Haymitch leva o lenço até o nariz e assoa.

– Talvez eu não te reconheça quando está sóbrio - ela praticamente cospe as palavras e continua fitando-o da mesma forma.

– Acho que pareço tão ruim quanto eu me sinto.

Fizemos mais três tentativas até Katniss conseguir chegar a um tom aceitável na sua voz. Ela sempre teve dificuldade em lidar com câmeras. Isso nós sabemos desde a primeira entrevista com Caesar.

Katniss segue na frente, entrando na cabine onde está Plutarch, após este fazer um sinal para que ela entre.

Olho rapidamente para Haymitch, que retribui o olhar. Mordo o lábio em meio ao meu nervosismo e minha vontade quase incontrolável de pular em cima dele e beijá-lo até não querer mais.

– Você está - começo a dizer enquanto sigo até a porta onde Katniss entrou - diferente.

Paro próxima a porta. É um pouco mais escuro aqui atrás, já que as luzes estão concentradas no cenário. Haymitch me segue e agora estamos um pouco mais próximos. Ele ergue as mãos com o lenço e assoa o nariz novamente.

– Posso dizer o mesmo de você.

Abaixo a cabeça e me sinto corar.

– O que houve com seu cabelo?

– Ah - exclamo e ponho as mãos sobre o lenço na minha cabeça. - Meu cabelo está um trapo - resmungo. - E para piorar, confiscaram todos os meus pertences. Meus produtos de beleza estão perdidos em algum lugar neste fim de mundo.

Cruzo os braços e dou de ombros.

Haymitch ri rapidamente.

– Deixa eu ver, então - ele diz e se aproxima.

– Não, não, não! Aqui não - recuo e seguro o lenço na tentativa de me proteger caso Haymitch avance mais um pouco.

Olho para os lados para me certificar de que estamos realmente a sós. Do um passo na direção de Haymitch e encontro o seu olhar.

– No meu compartimento às dez horas - murmuro. - Não se atrase.

Dou uma piscadela e Haymitch sorri. Estendo um braço para que ele aperte a minha mão, mas ele não o faz.

– Não é assim que selo acordos com você.

Não vejo razão em perguntar como seria, pois logo Haymitch aproxima seu rosto do meu. Fecho os olhos esperando que nossos lábios se encontrem, mas a porta da cabine se abre e eu me sobressalto com o susto. Imediatamente Haymitch começa a rir.

– Ah, me descculpem - Plutarch diz rapidamente e percebo que está prendendo o riso com a cena. - Temos uma reunião com a Presidente Coin para discutirmos sobre este vídeo. Ela já nos... aguarda, então, por favor...

Plutarch faz menção para que possamos ir na frente e seguimos rumo a sala da presidência.

Andamos todos em silêncio até chegarmos ao nível referente a sala da presidência. Todos se dispõem em seus lugares e Haymitch senta numa cadeira distante, no canto da mesa.

O vídeo de Katniss passa na tela, com cenário e tudo. Completo. Acredito que foi isso o que salvou sua atuação pouco confiante que presenciamos repetidas vezes até sair esta que vemos agora. Quando acaba, o silêncio se espalha por toda a sala e Katniss afunda na sua cadeira.

Então Haymitch se levanta.

– Senhora presidente - ele diz enquanto caminha até o centro, ficando na frente da tela para que todos possamos vê-lo melhor. - Permita-me, por favor.

Coin se recosta na cadeira e lhe dá espaço.

– Todos pensem em um incidente onde Katniss Everdeen comoveu de verdade - ele diz. Tento imaginar onde ele realmente quer chegar. Olho para os outros e todos também estão pensativos. - Não quando tiveram inveja do cabelo dela, ou quando o vestido dela pegou fogo - acrescenta e me pergunto se foi uma indireta para mim. - Ou quando ela atirou uma flecha com decência - ele se vira para Katniss e continua. - Nem quando Peeta fez vocês gostarem dela.

"Quero que pensem num momento onde ela fez vocês sentirem algo real", ele finaliza.

Várias lembranças me vêm a mente. Pigarreio e levanto um braço.

– Quando ela se voluntariou pela irmã na colheita - sugiro. Posso sentir todos os olhares sobre mim.

– Excelente exemplo - Haymitch diz e se volta para a tela. - Certo - prossegue. Haymitch passa o braço sobre algumas anotações, apagando-as imediatamente. - Espero que aquilo não tenha sido importante - ele diz para Coin, que permanece calada e escreve "voluntariou-se pela irmã" e logo suas letras um pouco trêmulas são substituídas por letras de fôrma digitalmente.

– Quando ela cantou a música para a pequena Rue - sugiro mais uma vez. Aquele episódio eu nunca esqueceria. Tudo aconteceu naquela época: os conselhos intermináveis de Cinna, as indiretas de Portia e minha aproximação com Haymitch.

Plutarch me olha e franze o cenho. Talvez ninguém esperasse que isso viesse de mim.

– Sim, quem não chorou com aquilo? - Haymitch completa o meu pensamento e olha para mim. - Sabe Effie, eu gosto mais de você sem toda aquela maquiagem - ele diz e volta a escrever na tela.

– E eu gosto mais de você sóbrio - digo, mas só percebo depois. Sinto meu rosto corar quando Haymitch desvia sua atenção da tela e olha para mim novamente. E sei que ele não é o único que me olha no momento.

Esqueci por um momento que não estamos a sós. Isso com certeza foi entendido como uma declaração em público.

Volto a me recostar na cadeira enquanto ouço todos chegando a conclusão que Haymitch queria: Katniss nunca precisou seguir um roteiro. Todas as cenas que comoveram os demais foram totalmente espontâneas. Essa é a nossa Katniss. A sua verdadeira imagem. A garota e não a mulher de 35 anos que querem mostrar, como disse Boggs.

Por fim, decidem mandá-la para o Distrito 8, o que ela aceita sem pensar duas vezes. Coin ainda fica com um pé atrás, acreditando que será arriscado e que ela poderá morrer, o que Katniss rebate dizendo que, caso aconteça, é bom que estejam filmando.

A reunião acaba e cada um volta aos seus afazeres. Olho na minha programação que o jantar está próximo e me adianto até o refeitório. Não vejo Haymitch desde a hora em que a reunião acabou. Também não faço ideia do que ele achou do que eu falei sobre gostar mais dele sóbrio.

Volto ao meu compartimento e espero dar a hora que marcamos. E quando o relógio marca 5 minutos para as 10 da noite, alguém bate na porta, o que faz meu coração errar uma batida.

Não preciso abrir para saber que é Haymitch que está aqui.


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Notas finais do capítulo

Hmmmmmm dona Effie...

E aí, quais são suas apostas, hein? Comecei a escrever o próximo capítulo agora, então imaginem à vontade enquanto ainda não posto.

Maaaaaas prometo postar o capítulo antes do evento desse final de semana, porque vai ficar complicado (vou emendar com meu aniversário que é dia 16) ok ninguém perguntou quando é o aniversário da Lovett mas ela disse mesmo assim :v

É isso, amores! Deixem seus comentários e façam a Lovett feliz ♥