Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 86
Hotel, Alzira e arma.


Notas iniciais do capítulo

Mais de 4 mil palavras, espero que gostem! :)



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Por Eduarda.

O dia já amanheceu, Lucas está sentado na cama a meu lado pronto para descer pro café da manhã e com seu notebook no colo. É incrível o que podemos descobrir na internet, mas acho que hoje não é nosso dia de sorte. Não achamos nenhuma informação a respeito de Alzira, mais ninguém comentou na minha foto que a viu.

De manhãzinha, assim que acordei e fui pro banho, meu marido me seguiu e deu algumas regrinhas que eu apelidei mentalmente de: No puedo! Não posso, em espanhol...
São elas:

1°: Nada de correr.

2°: Não tomar decisões sem consulta-lo.

3°: Se encontrarmos ela: Nada de partir para agressão.

4°: Não me desesperar, ou deixar minhas emoções falarem mais alto. ( eu assenti com a cabeça, mas acho difícil cumprir isso. )

5°: Não sair sem ele.

6°: Não mata-la. ( Quando Lucas me falou isso eu até ri. É claro que essa ideia nem me passou pela cabeça, não sou assassina. ) e,

7°: Nunca mais sair de casa atrás de uma bandida, sem antes lhe informar.

Depois de todas essas recomendações/proibições, ele ainda fez um discurso de quase meia hora de como foi errado eu ter vindo pra cá no meio da madrugada.

"Eu deveria estar uma fera com você, soltando fogo pela boca, mas decidi te compreender e ajudar! Porém, vai ser a última vez que tu faz uma loucura dessas, ok?!" Essa foi a última frase da sua longa bronca, me senti uma criança que acabou de fazer algo errado.

Lucas se levanta da cama e guarda o notebook, depois me olhando diz:
JL: Já que não encontramos nada na WEB, vamos por suposição... Se você é uma fugitiva, do que vai precisar?
Du: De dinheiro! - Respondo. - Já pensei nisso, ela deve querer vender as joias...
JL: E é claro que não vai ser legalmente, afinal ela não tem nenhum documento que comprove que aquilo tudo é dela e nós já avisamos a polícia quais peças foram roubadas... - Ele faz silêncio e vejo que está pensando em algo. - Será que a Alzira ainda tem o dinheiro que pegou do cofre da Maria? Deve ter, senão não conseguiria fugir tão rápido, pegar um avião, pagar um ônibus, depois se manter nesse país até vender as nossas joias...
Du: É, ela não deve ter gastado tudo... - Respondo. - O que faria uma mulher com dinheiro, em outro país?
JL: Compras? - Ele ri. - Algumas iriam pro shopping...
Du: Ela já deve saber que colocamos a foto dela na internet, aposto que está andando disfarçada, se escondendo... Alzira não é burra, não iria ficar saindo atoa, dando a chance de reconhece-la.
JL: Então não faço ideia de onde ela pode ter ido!
Du: Talvez tenha alugado uma casa ou esteja em um hotel...
JL: Pode ser, mas o que fazemos? Vamos andar a cidade inteira, passar por todos os hotéis até acha-lá?
Du: Você tem uma ideia melhor? - Questiono.
JL: Não. - Ele diz, abrindo um sorriso. - Na verdade, a gente não tem ideia nenhuma! Se acharmos essa mulher, o que fazemos?
Du: É, eu não pensei nisso ainda...
JL: Temos que leva-la de volta pro Brasil!
Du: Ótimo, então nós pegamos ela pelo pescoço, damos uns bons socos até a Alzira desmaiar e depois a jogamos no porta malas do carro e...
JL: Eduarda, regra número 3!

"Nada de agressão... Droga!"
Du: Nem um puxãozinho de cabelo?

Lucas acaba rindo da minha pergunta mas balança a cabeça negativamente.

Saímos do quarto e entramos no elevador. Acho que nós dois estamos nos sentindo igual barata tonta, não fazemos ideia pra onde ir, ou por onde começar... Fecho meus olhos e ergo minha cabeça pra cima: "Podia dar uma forcinha aí, né?" Penso, estou recorrendo até a Deus.

As portas se abrem e de mãos dadas com Lucas vou até uma mesa no restaurante do hotel. Estou morrendo de fome e acho que ele também, precisamos de um café da manhã bem reforçado.

Enquanto bebo um suco de laranja, fico olhando a decoração. Aqui é tão chique, as pessoas em volta estão tão bem vestidas, arrumadas... Algumas delas me encaram, me reconhecem, mas ninguém tem coragem de vir até mim.

"Esse lugar deve ser o mais caro da cidade, me permiti vir aqui pois precisava de conforto. Mereço isso... " Ao ter esse pensamento, quase engasgo com o suco. Esse é o hotel mais caro e confortável de Assunção, é claro que Alzira viria pra cá, ainda mais se tiver dinheiro.
Du: Bingo! - Digo, em alto e bom tom. Meu marido me olha assustado e vejo que outras pessoas fazem o mesmo. Eu abro um sorriso gigante no rosto e falo: - Eu aposto um rim que ela está aqui!
JL: Por quê? - Ele diz, enquanto morde um pedaço de pão.
Du: Olha pra esse lugar... Imagina você viver a vida toda invejando quem vive no glamour, daí de repente tu tem grana, o que faria?
JL: Eu investiria o dinheiro para não acabar! - Eu o encaro e ele sorri. - Mas a Alzira com certeza iria gastar... Só que sei lá, seria muita sorte nossa se ela estivesse aqui.

Enquanto Lucas fala, vejo uma mulher com um chapéu, óculos escuros e uma bolsa enorme, da cor nude, se sentando a algumas mesas longe de nós.

É ela, é óbvio...

Me jogo para debaixo da mesa e logo puxo Lucas também. O puxão foi tão forte que sua cadeira caiu fazendo bastante barulho, certamente as pessoas estão encarando nossa mesa vazia, quem nos viu fazendo isso pensa que somos doidos.
JL: Enlouqueceu de vez? Acho que vou criar uma oitava regra: Não se jogue da cadeira pra debaixo de uma mesa... - Ele diz, começando a se levantar.
Du: Espera! - Seguro seu braço com força e ele cai sentado. - Só vamos sair daqui quando ela for embora... - Para minha sorte, tem uma toalha cobrindo a mesa. Ela não vai até o chão, deixa boa parte do nosso corpo à mostra, mas pelo menos esconde meu cabelo, um item muito chamativo. - Será que a Alzira nos viu? - Sussurro.
JL: Ela tá aqui? - Ele diz, quase gritando.
Du: Fala baixo, quer que essa doida escute sua voz?
JL: Desculpa... - Ele espia. - É aquela mulher lá? Tem certeza que é ela?
Du: Lógico que é... Quem usaria chapéu e óculos escuros dentro de um ambiente fechado, se não quisesse se esconder? Além do mais, ela tem o mesmo corpo e formato do rosto da Alzira!
JL: Ela te viu? Esse cabelo aí é difícil de passar despercebido!
Du: Acho que não deu tempo! - Respondo. - A desgraçada estava olhando pra baixo, acho que para não olhar diretamente pras pessoas, evitando assim ser reconhecida!

Vemos pés ao lado de nossa mesa e uma mão puxando a toalha, então um garçom aparece e fica nos olhando.
G: Todo está bien? - Eles nos encara intrigado, deve achar que somos dois loucos.
JL: Sí, es que nos gusta comer debajo de la mesa! Es costumbre en nuestro país... - Lucas, diz.
G: Ah sí, perdón entonces! - Ele fala, parando de nos olhar e voltando a seu trabalho.

Fito os olhos de meu marido e nós dois começamos a rir.
Du: É costume comer debaixo da mesa no Brasil? - Pergunto, tentando não gargalhar.
JL: Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça! - Ele diz, ainda sorrindo pra mim. - Nunca me imaginei um dia assim: Em outro país, com você, perseguindo uma assassina e ainda rindo disso.
Du: Quem seria o louco de pensar numa coisa dessas? Nossa vida daria um livro...
JL: Só espero que não seja um do John Green, quero um final verdadeiramente feliz, com todos os personagens principais vivos! Ok? - Ele ri.
Du: Ok!

Ficamos mais alguns minutos debaixo daquela mesa, não fazendo nada, nem falando, apenas nos olhando e sorrindo um pro outro. Nem vimos os minutos passarem, tédio ao lado dele não existe, muito pelo contrário, o tempo passa mais rápido, correndo, quase não o vejo... Falando em não ver, assim que volto a olhar pra mesa que Alzira estava, percebo que a mulher desapareceu.

Coloco metade do meu corpo pra fora da toalha e fico observando o restaurante, ela não está mais aqui.
G: Seguro que estás bien? - É o mesmo garçom da outra vez.
Du: Sí... - Meu espanhol é bem pior do que o de Lucas, mas eu sei enrolar. - Usted viu una mujer bem ali. - Aponto para mesa. - Cadê ela?
G: Una mujer de sombrero?
JL: Sí! - Meu marido também se levanta.
G: Se fue hace unos minutos...

Agradecemos a ele e vamos para a recepção.

Segundo informações da recepcionista, uma mulher conforme nossa descrição tinha acabado de sair pra rua.
JL: Ela disse se ia demorar?
L: Não falou nada... O senhor a conhece? - Lurdes, esse é seu nome, fala português perfeitamente.
JL: Sim, é muito minha amiga! Queria dar um oi pra ela... Em que quarto está? - Lucas pergunta.
L: Não sei se posso dizer...
JL: Ah, por favor! - Ele sorri sedutoramente então ela acaba dizendo.
L: Quarto 453!
Du: Obrigada, mais tarde eu e meu marido vamos lá! Só não diz que viemos aqui, tá? Queremos fazer surpresa!
L: Sim, claro!

Voltamos pro elevador e agora nós dois sabemos qual será o próximo passo.
JL: Temos que entrar no quarto dela, talvez as joias estejam lá!
Du: Duvido, a Alzira estava com a bolsa nas mãos, aposto que elas estão ali dentro! Ela deve ter ido vender... Acho que nunca mais as verei, gostava tanto da pulseira de rubis!

Lucas passa sua mão por meu rosto e me dá um beijo na testa.
JL: Fica triste não, eu posso te dar outras joias, outros rubis...
Du: Não é pela pulseira, e sim por todas as recordações boas que ela me trazia!
JL: Jura? Só isso? - Ele sorri. - Então pode ficar tranquila, eu vou te dar várias outras lembranças, muito melhores... - Meu marido aproxima sua boca da minha e nós nos beijamos.

As portas do elevador se abrem então começamos a procurar o número 453.

Quando finalmente achamos o quarto, entramos em mais um dilema: Como entrar?

Tentávamos achar uma solução, quando ela mesma nos achou. Escutamos o barulho da arrumadeira arrastando um carrinho e então pensamos a mesma coisa:

"Você distrai a mulher enquanto eu pego a chave dos quartos." Ela tem acesso, afinal arruma tudo quando os hóspedes saem.

Eu fiquei encarregada de pegar a chave mestra, então me encondo perto do elevador, enquanto Lucas espera a arrumadeira se aproximar dele.

Ela usa o uniforme do hotel e, a chave está sobre o carrinho que empurra, será fácil de pegar.
JL: Sho, cu lá be tó! - Lucas para a mulher e segura seus ombros.
M: Cómo?

Eu me aproximo lentamente deles e meu marido vira a arrumadeira para que ela não me veja.
JL: Siua te ma rê!
M: No hablás espanhol? Português...
JL: Quiuí, rá rá! - Me esforço para não rir, ele parece tão sério, que está falando algo com sentido, até eu acreditaria...

Pego a chave e vou até o quarto 453 que estava a alguns passos atrás de mim, abro a porta com cuidado, me preocupando em não fazer barulho, e depois me aproximo novamente dos dois para colocar a chave de volta no lugar.
JL: Rá, ré, rí, ró,ru! - Ele já está fazendo gracinha...
M: Estás jugando con mi cara?

Entro no 453 e então faço sinal de joinha, dessa forma ele percebe que está tudo certo, que já conseguimos o que queríamos. Lucas para de falar com a mulher e caminha até o elevador, eu fico escondida observando pela fresta da porta e escuto quando ela fala: Loco!

A arrumadeira vai continuar seu serviço e após alguns segundos, meu marido aparece no quarto.
JL: Sô o má xo mo! - Ele ri. - Somos uma ótima dupla, em? O que não conseguimos fazer juntos...
Du: Não conseguimos ser normais! - Sorriu. - Eu quase não me segurei, você podia ter distraído ela de outro jeito, pedido uma informação...
JL: Foi mal!

Nós começamos a fuçar o quarto, mexer nas coisas de Alzira e as joias realmente não estão mais aqui, ela deve ter as levado... Felizmente suas roupas estão, ou seja, ela ainda voltará pra cá.

Queremos encontrar qualquer coisa, uma pista que nos leve até ela, talvez nós pudéssemos a achar antes que vendesse todos aqueles diamantes e pedras preciosas contidas nas joias... Depois de alguns minutos revirando o cômodo de cabeça pra baixo, voltamos a estaca a zero.
JL: E agora? Não achamos nada... - Lucas fala, se jogando na cama.

Cruzo meus braços e fico pensando no que faremos... Olho a cabeceira da cama e vejo um bloco de notas. Não tem nada escrito nele, mas se alguém anotou alguma informação aqui, a marca com certeza ficou.

Eu o pego e percebo que tenho razão, Alzira escreveu algo nele, talvez algum endereço...

Por João Lucas:

Não tínhamos um lápis, mas rapidamente descemos para comprar um. Passamos o grafite sobre as marcas do papel e logo um endereço se revelou. Assim que o conseguimos, Eduarda pegou o carro que havia alugado e nós dois fomos até o local.

Quando chegamos, encontramos um prédio de 5 andares que não apresentava nenhuma suspeita.
JL: Será que ela está aí mesmo?
Du: Aposto que sim! - Du diz, saindo do carro. - Por que anotaria o endereço se não fosse vir pra cá?

Eduarda está com o cabelo preso em um coque, ele solto chamava muita atenção, não íamos conseguir passar despercebidos... Eu saiu do carro e vou atrás dela.
JL: Tá lembrada das regrinhas?
Du: Lucas, a única coisa que eu to pensando agora é em como eu vou acabar com a raça dessa mulher!
JL: Eduarda! - Eu a seguro. - Sério, eu to nessa contigo porque te amo, mas não me decepciona mais uma vez!
Du: Tá bom, eu sei o que no puedo fazer...

Ela puxa seu braço de minhas mãos e entra no prédio, eu a sigo.

O que será que funciona aqui? A faixada é linda e convidativa, mas as pessoas dentro parecem tão sinistras... Talvez seja um ponto de encontro de quem não presta.

Tem um elevador a nossa frente, mas nós não sabemos para que andar ir, nem se ela ainda está aqui... Estávamos andando até o cubículo de metal, quando ele abriu as portas e demos de cara com Alzira.

Ela está abraçada a sua bolsa nude, que agora parece ainda mais grande e cheia, e olha fixamente pra baixo.
Du: Te achamos vagabunda! - Minha esposa fala.

A assassina de Maria nos encara assustada e vendo que não pode fugir para fora do prédio, pois estamos na sua frente e impedimos sua saída, corre para as escadas.

Minha esposa imediatamente acelera o passo, eu vou atrás dela e grito: Regra número 1, nada de correr.

Ela freia e eu continuo correndo, a deixando para trás.

Ultimamente tenho perseguido pessoas com frequência, primeiro a Priscila, agora a Alzira... Daqui a pouco viro maratonista!

Eu subo dois degraus por vez, estou quase a alcançando, mas por incrível que pareça ela corre bem rápido também. A bolsa que a assassina carrega parece bem pesada, não deve conter joias, talvez alguns euros, dólares...

Ela parece desesperada para chegar a algum lugar, mas se continuar correndo só alcançará o final das escadas e então o topo do prédio. Sinto que estou sendo levado, mas por que ela faria isso?

Assim que os degraus acabam vejo uma porta, Alzira a abre e eu a sigo.

Estamos no alto do prédio agora, apesar dele não ser muito grande, daqui dá pra ver a maioria da cidade. Olho pro lado e me espanto com quem está aqui.
JL: Como conseguiu chegar tão rápido? - Pergunto, muito ofegante.
Du: Eu vim com o elevador! - Minha esposa responde e depois olha para Alzira. - Você é muito burra mesmo, em? Fim da linha pra ti, tu não tem pra onde fugir...
A: Eu que sou burra? - Ela coloca a mão em sua bolsa e tira uma arma. - Acho que não... Eu que trouxe vocês até aqui, os dois me seguiram! Idiotas!

Sim, ela tem razão, estou me sentindo exatamente assim, um idiota! Se antes meu coração já estava acelerado, agora eu acho que ele vai explodir a qualquer momento. Eu e Eduarda estamos na mira de um revolver, sem pessoas por perto, no alto de um prédio, em outro país e ninguém pode nos ajudar.
A: Como vocês me acharam? - Ela pergunta, se afastando de nós. Alzira está cansada também, muito.
Du: Eu perguntei na internet se alguém tinha visto você e me falaram que sim, na rodoviária...
A: Hm... Eu imaginei que colocariam minhas fotos no jornais, na internet, por isso andei com disfarces! - Ela fala. - Mas vocês me acharam muito rápido, ual!
JL: Somos bons nisso!
A: Pena que burros demais... O que vocês acharam que ia acontecer quando me achassem? Não pensaram na possibilidade de eu ter uma arma?

Não, na verdade não...
Du: Eu precisava te achar, falar com você!
A: Aé, pra quê?
Du: Para perguntar, saber se você se arrepende... Por que fez isso? Ela era sua amiga...
A: Amiga o cacete! - Ela grita. - Se fosse minha amiga mesmo, tinha me deixado mais que dois míseros imóveis... - Alzira ainda aponta a arma pra gente. - Sabe por que eu resolvi mata-la? - Balanço a cabeça dizendo que não. - Desde que comecei a trabalhar para ela esperei sua morte, sabia que eu estaria no testamento, percebi que ela não ia demorar muito pra partir dessa pra melhor, Maria era uma velha toda adoentada, fraca... Mas o tempo passou, ela conheceu seus filhos e eles pareceram recarregar a energia da velha! Eu fiquei sabendo que ela colocou os gêmeos no testamento, mas suportei isso, afinal a minha patroa era muito rica, mesmo que eu dividisse a fortuna com os dois ainda seria uma mulher milionária... Mas daí, a senhora resolveu engravidar de novo! - Ela aponta a arma para a barriga de Du. - Seria mais um para entrar no testamento, pra dividir a grana comigo! Não aguentei, eu não podia esperar ele nascer, tinha que acabar com ela antes... A culpa da morte da Maria é mais sua que minha, muito mais sua! - Alzira grita.

Eduarda não parece temerosa, a única coisa que vejo nos seus olhos é raiva.
Du: E o que você conseguiu com isso? Herdou só dois imóveis, que agora com certeza não serão mais seus, e ainda é fugitiva da polícia...
A: Eu me dei mal sim, mas vocês vão ficar bem pior que eu. - Ela olha para sua bolsa. - Só fiquei com a grana das joias, aliais, muito obrigada por comprarem peças tão valiosas... - Alzira sorri. - Porém eu, pelo menos estarei viva!
JL: Você vai mesmo nos matar? - Há lágrimas nos meus olhos, não queria acabar assim.
A: Se eu deixar vocês irem, com certeza vou me arrepender disso depois... - Ela aponta a arma pra mim. - Sinto muito, mas hoje mesmo os dois encontram a Maria! Dá um beijo nela por mim...
Du: Você é um monstro!
A: Nem tanto, não to feliz de fazer isso, sério... Mas é preciso! Porém, para provar que não sou tão má, deixo vocês escolherem quem morre primeiro!
JL: Eu! - Lhe peço. - Não suporto viver nem um segundo num mundo em que a Eduarda não existe... - Falo, com toda sinceridade que existe dentro de mim.

Minha esposa me encara brava e então diz:
Du: Nem pensar! - Ela olha para Alzira. - Eu primeiro!
A: Vocês tem que entrar num consenso...
JL: Se entrássemos, íamos decidir que preferimos não morrer! - Eu me ajoelho no chão e imploro. - Não mata a gente ou poupa pelo menos a Du...
Du: Não faz isso Lucas! - Eduarda me ergue. - Não seja covarde, não se rebaixe para essa aí! - Minha esposa parece bem brava.
JL: Covarde Du? Eu não acredito que você ta falando isso... O nosso filho tá aí, eu quero ver ele nascer, crescer... Você não?
Du: Eu quero que você haja como macho! - Há muita raiva nos olhos de Du, o que está acontecendo?
A: Ui? Vão brigar... - Ela sorri e abaixa os braços.
Du: Eu devia ter casado com um homem de verdade, que me defendesse, que não me deixasse entrar nessas roubadas...
JL: Você que insistiu para vir pra cá! Qual é? Quer morrer brigada comigo?

Escuto Alzira colocando sua bolsa no chão, ela deve estar muito pesada e nossa ex vizinha parece mais preocupada em prestar atenção na nossa conversa que no seu dinheiro... Nem a arma ela aponta pra gente, parece tão distraída...

Acho que saquei o que Du quer fazer.
Du: Tu é um idiota, maldita a hora que me casei com você!
JL: Eu digo o mesmo! - Grito.
A: Pelo jeito nenhum de vocês vai quer morrer primeiro, né?! - Alzira é o tipo de pessoa que adora ver o pau comer, está gostando de assistir a nossa "briga".
Du: Quer saber? - Du começa a dizer, ela é uma ótima atriz, por alguns momentos acreditei que estava realmente brigando comigo. - Eu te traí a vida toda, nem sei se os gêmeos são seus filhos...

Vejo Alzira rindo e colocando a mão sobre a boca, então percebo que esse é um ótimo momento para agir.

Pulo no pescoço dela e jogo sua arma longe. Eduarda desobedece a primeira regra e, corre para pegar a mala cheia de dinheiro.
JL: Quem é o burro agora? - Pergunto.
A: Você! - Ela responde e me dá um forte chute no meio das pernas.

Sinto uma dor gigantesca e levo as minhas mãos até o local, vejo Alzira saindo de perto de mim e pegando novamente sua arma.

Me levanto do chão e vejo Eduarda na beirada do prédio, um passo para trás e ela caí 5 andares, acho que meu filho não sobreviria a isso... Minha esposa está com a bolsa aberta, ela olha pra assassina de Maria, que aponta o revolver para sua cabeça, e fala.
Du: Se tu atirar em mim eu caiu junto com a sua grana! No mesmo minuto seu dinheiro vai ser distribuído entre as milhares de pessoas que estão lá em baixo... Vai arriscar?
A: Não faça isso, preciso desses dólares, acabei de consegui-los...
Du: Eu te entrego a bolsa e deixo tu ir embora, é só você dar a arma pro Lucas!
A: Como eu posso confiar em você?
Du: Nem todas as pessoas mentem e enganam... - Ela responde. - Eu juro que te entrego, por meus filhos!

Alzira abaixa a arma e se aproxima lentamente de mim. Entrega o revolver na minha mão e nesse instante Eduarda dá alguns passos em nossa direção.
Du: Eu cruzei os dedos! - Minha esposa sorri e joga com força a bolsa pra cima, do alto do prédio.

Tudo fica em câmera lenta por alguns segundos: Vejo as notas voando, a bolsa no alto, Alzira correndo em direção dela para tentar pegar, seus pés tropeçando e ela caindo junto com o dinheiro.

O tempo volta a passar normalmente então escutamos o barulho do corpo batendo no chão. Olho para baixo e vejo Alzira jogada na rua com milhares de notas de dólares em volta, as pessoas se aproximam dela, mas não para conferir se está viva, e sim para pegar seu dinheiro.

Daqui não vemos se ela ainda respira, mas tenho a impressão de que sua vida acabou: Não tem mais dinheiro, se sobreviver ficará com sequelas, ninguém se preocupa com sua vida, talvez seja presa... Apesar de tudo, até sinto pena!

A ambição da sua alma a destruiu, corroeu o seu ser, acabou com sua vida. Acontece com muitos, o desejo de ter cada vez mais nunca trás bons frutos...
Du: Eu a matei? - Eduarda pergunta.
JL: Não, talvez ela ainda esteja viva... - Eu a abraço. - Mas caso tenha morrido, saiba que a responsável por isso foi ela mesma!

O coque de minha esposa já se soltou, seu cabelo vermelho está voando com o vento, nós dois estamos abraçados no alto do prédio, nossos corpos ainda tremem...
JL: O bebe, ele está bem? - Pergunto, colocando a mão em sua barriga.
Du: Sim! - Ela ri e coloca a mão sobre a minha. - Melhor que a gente...

Ficamos ali por mais alguns minutos, tentando nos acalmar e observando as pessoas brigando e se batendo pelo dinheiro no chão.

O que o ser humano é capaz de fazer por esses pedaços de papel?

Acho que tudo...

Esse pensamento deprime!


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Notas finais do capítulo

Gostaram do destino da Alzira? O capítulo está sem revisar, finjam que não viram os erros de digitação/escrita kkkkk



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