Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 60
Capítulo 60: Medos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Ideias, sugestões e críticas são sempre bem vindas.



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Por João Lucas

Enquanto tiro a roupa de Eduarda penso em todas as vezes que já fiz isso... Em nenhuma delas foi tão triste assim.

Du está fraca, abatida, perdida...

Quando ela fica nua, coloco suas roupas no cesto e a ajudo a tomar banho. Enquanto esfrego seu corpo, ela se segura para não cair. Acho que minha esposa não come direito a dias. Está bem mais magra e parece não ter muitas forças.

Passo o shampoo em seu lindo e longo cabelo vermelho e, quando ela coloca a cabeça novamente em baixo d'água, fico observando a espuma descer por seu corpo.

Já faz mais de 2 semanas que não ficamos juntos, que não a tenho em meus braços e não possuo seu corpo. Me sinto tentado a agarra la, mas sei que não é o momento. Ela não está em condições.

Quando sua cabeça se vê livre das espumas, ela abre os olhos e diz:
Du: Chega desse banho...

Desligo o chuveiro, pego a toalha e coloco envolta de seu corpo. Quando ela já está enxuta, a levo para se sentar na cama.
JL: E então, o que você quer vestir? - Falo, indo em direção ao closet.
Du: Tanto faz. - Ela responde.

Du que sempre foi uma mulher com um estilo próprio, que escolhia e customizava todas suas roupas, agora me diz "tanto faz".

Fico parado olhando aquele monte de panos, e tento me lembrar de qual delas Eduarda gosta mais. Acho que vestidos não são seu tipo de roupa preferido, por mais que ela use... "Talvez uma calça jeans e uma blusa, isso nunca parece errado..." Penso.

Pego lingeries e as roupas que havia escolhido.
JL: Pode ser isso? - Pergunto um pouco receoso. Moda feminina não é a minha praia.
Du: Sim. - Ela nem olha.

Du se veste com minha ajuda e depois se senta na cama de costa pra mim para que eu penteie seu cabelo.
JL: Caramba, tá bem embaraçado...
Du: Acho que a última vez que o penteei foi na noite que perdi o nosso filho. - Sua voz embarga ao falar a palavra "filho".

Não entendo: Ela dizia que não queria, mas agora quando não tem, fica arrasada. Não estou julgando nem nada, só acho difícil de compreender. Talvez nem ela mesma entenda.
JL: Não era pra ser...
Du: Eu ainda acho que a culpa é minha.
JL: A culpa não é de ninguém. O bebe não vingou, não iria vingar nunca. Você sabe, ele não estava no útero. Coisas assim acontecem e são mais comuns do que imaginamos.
Du: Nunca mais quero engravidar... Tenho medo disso acontecer de novo!
JL: Não precisa! Não vai acontecer... - Falo, terminando de pentear seu cabelo.
Du: Obrigada... - Ela se vira na cama para me olhar e, começa a dizer: - Por estar me apoiando, cuidando de mim... Por tudo!
JL: Eu é que agradeço! Obrigada por ter me deixado voltar para sua vida. Cuidar de ti é o que mais quero... Você sabe disso!

Eu me aproximo de seus lábios e lhe dou um beijo. Ela coloca a mão em minha nuca e corresponde.

Quando nos afastamos a olho sorrindo e ela me diz:
Du: Não estou com fome, mas acho que preciso comer...
JL: É, precisa sim! - Sorriu. - Vou pedir para prepararem alguma coisa para você! Ok?
Du: Tudo bem!

Saiu do quarto e vou em direção as escadas. Quando chego na cozinha, digo a uma das empregadas:
JL: Será que dava para desenrolar um rango rapidão?! Alguma coisa que sustente, e não demore muito para ficar pronta... Tenho que sair com a Eduarda.
C: Claro senhor Lucas, daqui a pouco peço para alguém levar lá no quarto!

Agradeço e subo as escadas. Ao invés de ir para o quarto de Du, dou uma passada no quartinho de meus filhos. Eles estão dormindo, enquanto a baba os olha.
C: Os bebes brincaram quase o dia todo e agora apagaram... - Diz Carmem, assim que me vê.
JL: Ah sim... - Fico os olhando e depois pergunto: - A Du não tem vindo muito aqui ver eles né?
C: Não... - Ela fica triste ao dizer isso. - As vezes acho que os bebes sentem falta da mãe! Mas entendo ela, a Eduarda está passando por um momento difícil!
JL: E ela vai sair dessa, pode ter certeza!

Volto para meu quarto e encontro Du do mesmo jeito que a deixei. Sentada na cama olhando pro nada.
JL: Daqui a pouco sua comida chega... - Sorriu. - Fui dar uma olhadinha nos nossos filhos, eles estão cada vez maiores. O Dinho deu até uma engordadinha por esses dias.
Du: Eu vou tentar ir lá mais tarde, depois da consulta!

Ana trás a comida que eu havia pedido e então começo a alimentar minha esposa.
JL: Olha o aviãozinho... - Digo, brincando.
Du: Sei que fui eu que pedi, mas to sem fome... - Fala, relutando para abrir a boca. Eu insisto, e ela acaba sedendo.

Depois de alguns minutos Du finalmente acaba de comer. Desço para levar o prato até a cozinha e, ao voltar pro quarto encontro Eduarda escovando os dentes.
JL: Nada como uma boa pratada de comida para dar uma animada!

Ela olha para mim com a boca toda cheia de espuma, e me dá um sorriso. Foi um pouco forçado, mas ainda assim um sorriso. Isso me anima!

Vamos até o consultório de Fernando, um ótimo psiquiatra recomendado por algumas amigas de minha mãe e, felizmente temos sorte. Somos atendidos rapidamente! Pelo que parece um dos pacientes dele desmarcou a consulta.

Dr. Fernando faz inúmeras perguntas e no final recomenda uma terapia. Até perguntei se não era melhor fazer um tratamento com medicação, mas ele disse que era cedo para isso. Se minha esposa não reagir bem a terapia, aí sim remédios seriam a solução viável.

Estamos saindo do consultório quando o Doutor me segura pelo braço e sussurra:
F: Pode ser um tratamento demorado, não tem como dizer em quanto tempo ela ficará boa... Você tem que ser forte e apoiá-la sempre. - Ele diz.
JL: Não se preocupe, eu sei disso. Vou estar com a minha esposa o tempo todo, vou ajudá-la a sair dessa. - Sorriu. - Nós dois vamos sair dessa!

Nos despedimos do médico, e vamos para o carro. No caminho minha esposa diz:
Du: Eu não queria estar dando tanto trabalho assim...
JL: Você nunca me dá trabalho, nunca!

Na volta para casa passo no meu hotel. Pego todas as minhas malas e fecho a conta. "Vou voltar para minha casa, para minha família!" Digo à recepcionista antes de ir embora. Ela não perguntou nada, mas eu senti a necessidade de dizer. Quero que todos saibam!

Quando estaciono meu carro na garagem, desço rapidamente para abrir a porta para Eduarda.
Du: Que cavalheiro...
JL: Sempre fui!

Du entra em casa vai direto para o nosso quarto. Pelo jeito não se lembrou do que disse mais cedo. Ela não passou no quartinho dos nossos filhos.

Enquanto Eduarda tira os sapatos, eu vou com minhas malas até o closet. Abro todas e começo a colocar minhas roupas no cabide.
JL: Esse é o seu devido lugar... - Falo, para uma de minhas camisas.

É tão bom estar aqui fazendo isso. Sinto uma felicidade quase inexplicável! Arrumo todas as minhas gravatas, as separando até por cor, e não fico entediado disso. Sempre achei muito massante esse tipo de coisa, mas hoje é diferente. É como se tivesse arrumando a minha vida e não simplesmente pedaços de panos.

Quando acabo de tirar tudo da mala e colocar nos cabides e gavetas, saiu do closet e encontro Eduarda deitada na cama.
JL: Você tá dormindo? - Sussurro.

Ela não responde, então compreendo que o silêncio é um sim.

Não passam das 7 horas da noite, é muito cedo para dormir, mas mesmo assim decido me deitar a seu lado. Tiro os sapatos, e deito lentamente na cama. Chego mais perto de minha esposa e coloco meus braços sobre seu corpo.

Não vou conseguir pegar no sono a essa hora, deitei aqui porque quero apenas senti-la!

O cheiro de seus cabelos, a sua pele quente e macia... Tudo isso recarrega minhas energias e, vou precisar de muita nos próximos meses.

( 2 meses depois do início do tratamento)

Por Eduarda:

Acordo e não sinto os braços de Lucas sobre meu corpo. Ele deve estar trabalhando... Desde que voltou para casa, fica o tempo todo a meu lado. Seu pai manda os documentos que ele precisa assinar aqui para casa, e Lucas faz os balancetes e relatórios tudo daqui. Algumas vezes ele vai na empresa para participar das reuniões do conselho, porém fica pouquíssimas horas longe de mim.

Acho que o tratamento está funcionando. As vezes ainda me sinto mal, tenho crises de choro, fico desanimada, triste e negativa... Porém, Lucas sempre está lá com a palavra certa para me dizer. A terapia está realmente ajudando, me faz enxergar que eu posso fazer muitas coisas, que a vida ainda pode me possibilitar muitas maravilhas.

Semana passada foi a primeira vez que fiquei o tempo todo com meus filhos sem me sentir em nenhum momento triste. Isso é uma conquista, meu psicólogo vai gostar de saber.

Me levanto da cama e vou até o escritório de Lucas. Esse cômodo da casa já existia, porém nunca havíamos o utilizado
Du: Bom dia... - Digo, assim que abro a porta e o encontro olhando para alguns papeis.
JL: Bom dia meu amor. Tá tudo bem?

Ele sempre me pergunta isso. Todos os dias! As vezes a resposta é não, mas hoje me sinto bem.
Du: Tudo ótimo! - Me sento em uma cadeira. - Já tomou café da manha?
JL: Já sim, acordei cedo. Quero acabar isso logo para ir com você na terapia.
Du: Não precisa ir sempre comigo! Posso ir sozinha, ou alguém me acompanha...
JL: Mas eu gosto de ir! - Responde, sorrindo.
Du: Ele nem deixa você entrar na sala comigo...
JL: Eu sei, mas é legal. Adoro ficar horas esperando naquele banco. Já bati meu record no fruit ninja! Eu gosto de te esperar...
Du: E eu gosto de ter você me esperando. Me sinto muito bem quando saiu da sala do psicologo e dou de cara com você!
JL: Mas é lógico... Bonitão como sou, você só tem que se sentir bem!
Du: Cada dia que passa mais convencido. - Sorriu.- Mas agora vou te deixar trabalhar... - Me levanto da cadeira e dou um selinho no meu marido.

Saiu do escritório e vou até a cozinha. Tomo meu desjejum ali mesmo e quando acabo vou para o quarto de meus filhos.
Du: Bom dia Carmem. - Falo, enquanto fecho a porta.
C: Bom dia dona Du, tudo bem?

Todos pegaram essa mania. Sempre me perguntam.

Sorriu para a baba de meus filhos e balanço a cabeça indicando que sim.

Meus bebes estão em cima de um tapete brincando com alguns brinquedos. Eu me abaixo e pego Martinha do colo. A aperto contra meu peito e lhe dou um beijo na bochecha.
Os gêmeos estão com mais de 11 meses, falta pouco para completarem 1 ano de idade.
Du: O tempo tá passando tão depressa, a gente nem batizou eles... Não sei como minha sogra ainda não implicou!
C: Vocês vão fazer festa no aniversário de um aninho?
Du: Ainda não sei, o Lucas não falou nada. Acho que ele fica um pouco receoso, por eu ainda não estar 100%.
C: Mas a senhora tá quase lá. Faltam só uns 30... - Ela ri.
Du: Tá mais pra 40! - Sorriu.

Me sento no chão e fico brincando com meus bebes. É tão bom estar com eles e sentir uma coisa boa dentro do peito. Como se meu coração estivesse feliz... Estar com meus filhos agora é uma terapia. Não consigo mais ficar triste vendo e ouvindo suas risadas. Elas só me deixam melhor.

Algum tempo passa até que escuto o barulho da campainha. Desço as escadas para ver quem é e, vejo Marta indo em direção ao escritório de Lucas.

Minha sogra tem sido incrível por esses meses. Sempre vem me visitar e faz o possível para me deixar melhor. Até suas piadinhas, que as vezes são de mal gosto, ela evita fazer. Talvez com medo de ferir meus sentimentos.

Vou até o escritório de Lucas e a porta está encostada. Ia abri-la para entrar, até que escuto meu nome. Decido ouvir a conversa.
JL: Ela está melhorando sim mãe... - Escuto Lucas dizendo.
MM: Que bom meu filho, agora você tem que recomeçar a viver... Tu não pode ficar só nessa casa. Olha para você?! Nunca esteve tão branco!
JL: Eu não posso sair e deixar a Eduarda aqui!
MM: Eu sei Lucas, você nunca faria isso, mas é que eu me preocupo contigo! - Eles ficam em silêncio, até que Marta continua a dizer: - Mas me conte, já começou os preparativos para a festa de meus netos?
JL: Ainda não, nem sei se vou fazer... Tenho que perguntar a Eduarda se ela topa!
MM: Mas por que Lucas? Se ela está doente você que toma as decisões... Vai ser o primeiro ano de vida dos gêmeos, você tem que comemorar isso!
JL: É, eu sei...
MM: Se você quiser eu posso cuidar de tudo!
JL: Ok, vou achar ótimo! Mas me conta, tu veio aqui só para isso? Perguntar da Du e me convencer a fazer uma festa?
MM: Tem algum problema nisso? - Ela ri. - Fiquei com saudades do meu caçula, ele mal aparece na empresa...
JL: Eu não tenho mais tempo para ir lá.
MM: Hoje a tarde tem reunião do conselho, vamos escolher as peças da nova coleção. Tente ir...
JL: Eu adoraria, mas não vai dar. Vou acompanhar a Eduarda na terapia.
MM: Essa terapia é de casal?
JL: Não, por quê?
MM: Porque se não é de casal, você não precisa ir meu filho!
JL: Mas acho importante ir com ela. Gosto que a Du saiba que eu estou ali.
MM: E você fica lá por horas sem fazer nada?
JL: É um pouco chato as vezes, mas vale a pena quando a vejo saindo do consultório. Sempre consigo ver esperança nos seus olhos e isso me dá esperança também...
MM: Está sendo difícil, não é?
JL: Claro que sim... As vezes ela está bem e eu penso que tudo acabou, mas dai de repente a Eduarda tem uma crise de choro e eu fico com medo de que isso nunca passe. Fora o fato de que... - Ele para de falar. - Esquece, não é nada...
MM: Agora que começou termina! - Diz, minha sogra.
JL: É que a Du... Eu e ela, a gente nunca mais ficou sabe? Nunca mais... - Ele não termina a frase, fica com vergonha de dizer isso para sua mãe.
MM: Vocês nunca mais transaram? - Ela pergunta.
JL: Não... Ela nunca mais quis. Mas tudo bem, eu entendo!
MM: Você AINDA entende... E se ela ficar assim por mais 2, 4, 6 meses? Você vai entender?
JL: Ela vai melhorar logo. Já ta melhorando! - Eu o escuto falando, e pela primeira vez não percebo confiança na sua voz. Lucas nunca me demostrou isso, parece que com sua mãe se permite falar o que sente.

Me sinto mal, e uma vontade de chorar me consome. Eu realmente quero ficar com ele, mas tenho tando medo... Sexo não trás só prazer, pode causar gravidez também! E por mais que saiba que se me proteger nada vai acontecer, ainda sinto medo.
MM: Se ela está melhorando por que não quer ficar com você? - Pergunta minha sogra.
JL: Sei lá, a gente nunca conversou sobre isso. Toda noite ela deita na cama e dorme, eu não pergunto nada... Respeito isso!
MM: Nem acredito que aquele menino rebelde virou esse rapaz tão integro, compreensível e bom. Muitos outros homens não iriam aguentar...
JL: Sabe, é claro que eu queria voltar a transar com a Eduarda, mas do que eu mais sinto falta é de ver ela bem! Queria não sentir medo de faze-la chorar enquanto conversamos, queria sair de casa e não me sentir culpado por deixa-la sozinha... Sinto tanta falta da minha amiga doidinha, que vivia falando gírias, que cuidava de mim, que me dava carinho... - Sua voz muda, ele parece estar chorando. - Eu já estou quase perdendo as esperanças de ter essa Eduarda de volta. A que joga vídeo game, que ri, que gosta de dirigir...
MM: Não chore... Desse jeito quem ficará doente é você! Ela vai melhorar, vamos confiar no tratamento. Tu não disse que ela já voltou a ficar com os bebes? Então, isso é um progresso. Vamos comemorar!
JL: Eu sei mãe... Eu só queria desabafar, contar os meus medos para alguém! - Há silêncio no escritório. Os dois estão se abraçando, imagino eu.

Me afasto da porta, e vou em direção as escadas.

Eu preciso melhorar, não quero que o Lucas se sinta assim...

Mas e se eu não ficar boa nunca? Não quero o fazer infeliz para sempre. Seria melhor se tudo acabasse, se eu acabasse...

Nunca fui amada por meus pais, não tenho nenhum tipo de contato com meus irmãos, e a única pessoa que me ama de verdade pode se cansar de mim.

Por que valeria a pena viver?

Estou correndo de volta para o quarto, quando Ana me vê chorando.
A: O que aconteceu? Tá tudo bem? - Eu não responto.

Entro na minha suite e tranco a porta.

Por João Lucas:

Dizem que as mãe sentem quando seus filhos precisam de ajuda. A minha deve ter realmente sentido. Queria conversar com alguém, contar como me sinto, e ela veio parar aqui como num passe de mágica.
MM: Se a terapia não der mais resultados, o médico vai receitar os antidepressivos. Você vai ver, uma hora a sua Eduarda vai estar de volta.
JL: Obrigada mãe... Você é muito boa nesse negócio de consolar! - Sorriu.
MM: Por nada... - Ela se levanta da cadeira - Agora tenho que ir para casa... Me leva até a porta?
JL: Claro! - Digo, me levantando também.

Caminho com dona Marta até a saída e me despeço:
JL: Manda um abraço pro pai, fala para ele vir aqui qualquer dia desses...
MM: Falo sim meu filho. - Ela ia saindo, quando se lembra de algo. - Vou fazer a lista de convidados para a festa dos bebes. Ok?
JL: Ok... - Sorriu. - Já estou até vendo todas as crianças da alta sociedade reunidas cantando "Parabéns para você" pros meus filhos.
MM: E assim que vai ser!

Minha mãe vai em direção ao carro, e fico a olhando partir. Dou um tchauzinho com a mão e fecho a porta.

Estou voltando para meu escritório quando vejo Ana descendo as escadas.
A: Eu pedi para ela abrir a porta, gritei e tudo, mas a dona Du não responde! - Ela parece nervosa.
JL: O que aconteceu?
A: A Dona Eduarda passou chorando por mim, eu até tentei conversar mas ela bateu a porta na minha cara. Estou preocupada!

Subo as escadas correndo e ao chegar na porta do nosso quarto chamo por Du.

Ela não responde.

Começo a gritar seu nome ainda mais alto. Tenho medo de que ela cometa uma loucura.

Olho por debaixo da porta e vejo que Eduarda não está encostada nela. Na verdade não a vejo em nenhum canto do quarto.

Tomo uma decisão: Vou arrombar!

Pego distancia e vou correndo com tudo em direção a porta: Nada acontece.

Tento mais uma vez, mas as dobradiças não aparentam nenhum dano. Estou amaldiçoando a pessoa que escolheu essa porta tão boa.

Grito novamente por Eduarda e continuo sem resposta. Sabe lá Deus o que ela está pensando, o que quer fazer, ou o que já fez...

Decido tentar mais uma vez.

Pego uma distancia maior, e coloco toda minha força no choque contra aquele pedaço de madeira. Sinto meu ombro doendo, porém também percebo que as dobradiças estão se quebrando.
JL: Só mais um vez... - Digo a mim mesmo.

Me afasto e junto coragem. Desse jeito meu ombro sairá do lugar.

Quando estava indo mais uma vez contra a porta, escuto passos apressados vindo em minha direção.
A: Achei a chave mestra! - Ela fala sorrindo.
JL: Cacete, a gente tem isso?

Pego a chave de sua mão e enquanto abro a porta me sinto um burro. Quase quebrei as dobradiças e meu ombro atoa.

Entro no quarto, e não vejo ninguém. Fico em silêncio e escuto o choro de Du vindo de dentro do closet.

Fico aliviado em ouvir isso. Melhor o choro do que nenhum som...

Ana está a meu lado, e também parece preocupada. Eu peço para que ela nos deixe sozinhos, e vou até onde Eduarda está.

Minha esposa encontra-se agachada no chão, perto de onde ficam os sapatos.

Eu me aproximo, e me sento a seu lado. Não sei o que dizer... A minha vontade é chorar também.

Ficamos quietos por longos minutos, até que ela fala:
Du: Desculpa...
JL: Você me matou de susto. Pensei que... - Paro, não quero dar ideias.
Du: Eu até pensei nisso, mas não tenho coragem... Sou medrosa!
JL: Não Du, você é muito corajosa. Quando a única solução parece ser a morte e escolhemos a vida, mostramos que temos coragem para enfrentar tudo. - Falo, a puxando para se deitar no meu colo.
Du: Cara, eu me odeio... Eu queria estar bem Lucas, queria que você estivesse bem!
JL: Você vai ficar boa, confia em mim. E quando isso acontecer, eu também estarei bem. É só ter paciência.
Du: Eu ouvi a sua conversa com a Marta. Tu não tem tanta certeza assim...

Fico em silêncio. Não posso mentir, eu realmente tenho medo de que ela nunca se recupere.
Du: Não quero te prender a mim e ao meu sofrimento!
JL: Mas eu quero me prender a você... - Me abaixo e dou um beijo no topo de sua cabeça.
Du: Posso te contar uma coisa? - Diz se levantando de meu colo e sentando-se novamente. - Eu finjo que estou dormindo...
JL: Não entendi... - Respondo.
Du: Quando a gente deita, eu finjo que estou dormindo para não ter que ficar com você!

Essas palavras magoam e me deixam sem saber o que dizer. Ela não me quer, não sente mais desejo por mim. Isso dói!

Du vê que fico sem reação e começa a explicar.
Du: Eu te quero muito, sinto falta do seu corpo, dos seus carinhos...
JL: Então por que faz isso? - Pergunto.
Du: Sei lá... E se eu engravidar de novo? Não sei se aguento, não agora!
JL: Meu amor, a gente se protege! - Falo, passando a mão por seu rosto.
Du: E se não funcionar? Se não der certo...
JL: Claro que dá, não precisa ficar com medo. Quando a gente voltou, você disse que acreditaria em mim sempre. Então, estou te dizendo: É seguro, juro!

Minha esposa se aproxima lentamente de minha boca e eu deixo que ela mesma me beije. Nossos lábios se encontram e um beijo que começou lento, logo fica mais rápido e feroz.

Puxo Eduarda e ela se senta em meu colo. Continuamos a nos beijar de um jeito que a muito tempo não nos beijávamos. Só paramos para respirar.

Quando abro meus olhos novamente, depois do beijo, vejo Eduarda sorrindo.
JL: Temos que falar com seu médico. Talvez tratar uma bipolaridade... - Sorriu. Foi uma piada, mas logo depois de dize-la fico com medo de magoar Eduarda, afinal estou sugerindo que ela tenha outro problema de saúde.
Du: Você é meu antidepressivo... - Fala, acariciando meu rosto. - Eu acredito em você, eu te amo, eu quero te fazer feliz...
JL: Você já faz!

Eduarda beija meu pescoço lentamente e depois sussurra em meu ouvido:
Du: Vou fazer mais ainda... - Ela coloca a mão por debaixo da minha blusa e passa a mão por meu peitoral.
JL: Tem certeza que quer fazer isso? - Sussurro, com medo dela dizer não.

Eduarda para de passar a mão por meu corpo e encara meus olhos dizendo:
Du: Tanto quanto o céu é azul...

Penso em responder que a noite ele é preto, e no por do sol meio alaranjado. Porém, quem sou eu para contraria-la?!

A partir de hoje nosso céu não é colorido e, azul é minha cor preferida.


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Notas finais do capítulo

Amanha tem Amor & Sexo! haha
Comentem suas opiniões! :D
Acho que essa foi a fic mais grande, espero que não tenha ficado entediante...



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