Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 18
Capitulo 18: UTI




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Por João Lucas

Queria estar na sala de parto junto de minha mulher, mas infelizmente, fui impedido pelos médicos. Acho que é por meu aparente desespero.
Estou perto da sala, apenas uma parede me separa de Eduarda.
Ando de um lado e pro outro tentando recuperar minha calma.
Está demorando de mais. Alguma coisa deve ter acontecido! Olho pra minha mãe e ela também parece estar aflita, porém como sempre, não perde a classe.
MM: Você vai acabar fazendo um buraco nesse chão. Para um pouco, senta nesse banco e se acalma.
Resolvo seguir seu conselho e me sento ao seu lado.
Minutos depois, um enfermeiro sai de dentro da sala de parto e me encara.
JL: Os bebes já nasceram? Como está minha mulher?
Enfermeiro: Ainda não, tivemos um problema! - Diz, aparentemente nervoso.
JL: Como assim não? Vocês estão lá a muito tempo. Pelo amor de Deus, o que tá acontecendo?
Enfermeiro : A pressão dela abaixou demais, ela desmaiou! Vamos fazer uma cesária urgente pra tentar salvar os bebes!
JL: Tentar? Como assim? - Digo indo as lágrimas - E como está minha mulher?
Enfermeiro: Desculpe, eu tenho que ir, me mandaram preparar a UTI - Ao me dizer isso, sai correndo pelos corredores do hospital.
Se antes eu já estava desesperado, agora nem sei mais o que sinto!
Começo a chorar com mais intensidade e sou acolhido pelo abraço de minha mãe.
MM: Calma meu filho. Vai ficar tudo bem!
JL: Mãe... - Digo em meio aos soluços - É isso que eu entendi? Meus filhos e a Du estão correndo risco de vida?
MM: Tenta se acalmar meu filho, ficar desesperado só vai piorar a situação. Daqui a pouco você vai ter um troço. Já basta seu pai morrendo de infarto nessa família!
JL: Mãe... Eu não vou aguentar ficar aqui parado sem fazer nada!
MM: Quer fazer alguma coisa? Então reza meu filho! Reza que é só isso que podemos fazer agora!
Resolvo seguir o conselho de minha mãe, e ao levar meus olhos pro alto, peço a Deus que Eduarda volte pra mim. Peço que meus filhos estejam logo nos meus braços. Imploro pra que esse momento tenebroso acabe logo e, que tudo termine bem.
Como num passe de magica, ou em um milagre, minhas preces são atendidas logo em seguida.
Escuto vindo de trás da porta um forte choro de bebe. Me levanto da cadeira e fico esperando algo mais acontecer. Alguns minutos se passam e consigo ouvir outro bebe chorando.
JL: Nasceram! Eles nasceram... - Digo abraçando minha mãe.
MM: Parabéns meu filho!
As portas da sala se abrem e vejo Eduarda, toda entubada, deitada em uma maca. Tento me aproximar mas sou afastado pelos médicos.
JL: O que ta acontecendo? Onde vocês estão levando ela?
Dr: Nós estamos indo para o centro de unidade intensiva, saia da frente por favor...
Fico em estado de choque. Minha mãe me tira do caminho da maca e quando volto a realidade pergunto:
JL: Eles levaram a Du pra UTI? É isso mãe?
Minha mãe não me responde, simplesmente se vira e corre atrás dos médicos. Eu faço a mesma coisa, sigo aquela quantidade absurda de doutores até que eles entram em uma sala e me impedem de acompanha-los.
Uma enfermeira vem até mim e me leva a uma parede de vidro. Por ela posso ver os médicos colocando inúmeros aparelhos em Eduarda.
Desisto de olhar. Essas cenas estão acabando com minhas esperanças.
Me sento no chão, em um canto qualquer, e coloco a cabeça sobre meus joelhos.
Sinto a presença de minha mãe ao meu lado, mas felizmente ele não me diz nada. Sabe que nesse momento não quero escutar a voz de ninguém, a não ser que seja a da Du.
Começo a pensar em Eduarda, em tudo que vivemos, em como somos felizes. Penso no tempo em que eramos só amigos... Mesmo naquela época, eu não poderia viver sem ela. Hoje então, não suporto nem a ideia de não te-la comigo.
Não sei como consigo, mas adormeço ali. No chão duro, sentado, e sem noticias de Du.
Quando finalmente abro meus olhos, acordo assustado e me levanto do chão logo em seguida.
Estou todo quebrado, minhas costas doem e minha cabeça lateja.
Olho no relógio e percebo que apaguei por quase duas horas. Vou até o vidro, com esperanças de ter sonhado tudo aquilo, e ao chegar mais perto vejo Eduarda.
Começo a chorar novamente, até que sinto uma mão em meu ombros.
MM: Como está se sentindo meu filho?
JL: Péssimo! Por que me deixou dormir?
MM: Foi melhor pra você, evitou 2 horas de agonia...
JL: Tanto faz... Mas eae? Como a Eduarda está?
Dr: Ela já está fora de perigo- Com todo meu desespero, nem havia visto o Doutor do lado de minha mãe - Se sua mulher continuar reagindo bem assim ao medicamentos, até semana que vem receberá alta.
Por um momento nem acredito no que estou ouvindo, quando consigo assimilar o que escutei, corro e dou um abraço no médico. Logo em seguida, volto a chorar. Mas dessa vez é de alegria, de emoção. Como é bom poder sentir essas lágrimas descerem de meu rosto.
JL: Se ta falando sério? - Digo o soltando do abraço
Dr: É claro! A pressão dela está quase normal, os batimentos cardíacos estáveis... Se tudo ocorrer bem, em menos de dois dias já poderá ir para o quarto normal.
Novamente sinto vontade de abraçar o médico, porém dessa vez, me controlo. Volto meus olhos para o vidro e fico observando Du.
Sei que ela não está me escutando, mas sinto a obrigação de lhe dizer algo:
JL: Obrigada por não ter desistido meu amor...
Dr: Sabe, sua mulher é muito forte! Antes de desmaiar, ela pediu para salvarmos os bebes... Tivemos que optar por quem socorrer primeiro, e como ela já havia dito antes, optamos pelas crianças. Felizmente, conseguimos salva-la também!
Ao ouvir as palavras do Doutor me lembro de meus filhos. Ver a Du naquele estado e passar por todo esse desespero, até me fizeram esquecer deles.
JL: Doutor, onde eles estão? Ta tudo bem né?
Dr: Sim, eles estão ótimos. Já fizeram os primeiros exames e agora estão no berçário... Sua mãe já foi vê-los, não é? - Diz olhando para Dona Marta.
MM: Sim! - Diz se emocionando. - Eles são as coisinhas mais fofas que já vi. O menino é a sua cara. A mesma boca... Já a menina, me lembra muito a Eduarda!
Não acredito, a primeira pessoa a conhecer meus filhos foi minha mãe. Chega até ser irônico. Eu o pai, serei o segundo e, Eduarda, a mãe, será a última.
Paro de pensar nessas coisas e vou para o berçário.
Lá, sou obrigado a vestir uma touca e uma espécie de avental azul. Uma enfermeira faz sinal para que eu passe álcool em gel nas mãos e logo em seguida libera minha entrada.
Passo por várias crianças até que finalmente vejo duas com pulseiras com as seguintes palavras:

" José Alfredo Medeiros. "Marta Medeiros
Pai: João Lucas Medeiros Pai: João Lucas Medeiros
Mãe: Eduarda Medeiros" Mãe: Eduarda Medeiros"

Meus filhos.
Os dois estavam dormindo, um do lado do outro, completamente tranquilos.
Me ajoelho perto de seus "berços" e fico os observando. Minha mãe tem razão: Ele parece comigo. A mesma boca, a mesma sobrancelha. Ela não, me lembra mais a Eduarda. O mesmo nariz, formato do rosto..."
O tempo que passo ali com eles, pra mim parecem segundos, mas logo sou informado que tenho que me retirar. Segundo a enfermeira: " Já passei tempo demais ali."
Volto até a UTI e encontro minha mãe observando Eduarda.
MM: Os conheceu? Me conte, qual é a sensação? - Diz sorrindo pra mim.
JL: Eu nunca pensei que pudesse sentir tanto amor assim!
Minha mãe me abraça e logo em seguida me diz.
MM: Eu tenho duas notícias. Uma boa... E uma maravilhosa!
Sorriu pra ela e lhe peço.
JL: Começa pela boa.
MM: A boa é que liguei para seus irmão e eles estão vindo conhecer os sobrinhos!
JL: E a maravilhosa?
MM: As visitas a Eduarda foram liberadas. Claro que por pouco tempo....
JL: Eu não acredito! - Corro até uma enfermeira e lhe peço que me deixe entrar.
Depois de vestir outro avental azul, e higienizar muito bem minhas mãos, sou liberado para entrar.
Me aproximo de Eduarda e ela parece estar dormindo. Pego em sua mão, me abaixo e lhe dou um delicado beijo na testa.
Quando me ergo novamente, os olhos de Du estão fixos em mim. Quando os vejo, sinto uma enorme vontade de chorar. A algumas horas atrás, cheguei a pensar que nunca mais os veria.
Du: Lucas... Os meus filhos, eles estão bem?
Percebo que ela faz um esforço enorme pra falar, então coloco meus dedos sobre sua boca e digo.
JL: Calma! Ta tudo bem... Eles estão ótimos, são lindos!
Ela sorri pra mim e fecha seus olhos novamente. Apesar de já estar fora de perigo, ainda está muito fraca.
Coloco minha cabeça perto da sua, e fico ouvindo sua respiração.
Essa é a melhor coisa que escuto desde que nasci.
Queria que ela já estivesse bem, que pudesse conhecer nossos filhos de imediato, mas não foi assim que aconteceu.
Queria dizer pra ela o quanto a amo, e como ela me faz feliz. Queria conversar sobre nossos filhos, falar sobre suas características... Queria dizer um milhão de coisas, mas agora não posso. O tempo de visita é curto. Sinto que vou chorar novamente, mas não me permito.
Olho para Eduarda que dorme tranquila e, chegando mais perto, sussurro em seu ouvido:
JL: Obrigada por não desistir. Hoje você me fez um homem completo. Eu te amo!
Gostaria que ela tivesse ouvido isso... Mas não tem problema, ainda tenho todo o tempo do mundo para lhe falar!


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