I'll take care of you escrita por Bianca Scariot


Capítulo 2
2♡


Notas iniciais do capítulo

Olá amoras e amores ♡
Bom, como é começo de fic e eu estou bem animada, hoje já tem capitulo novo.
Boa leitura, e por favor, ao final comente '3'



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Sinto tanta falta de Prim. Não só dela, como também dos tempos que ela me lembra. Hoje vejo o quanto eu era feliz, com aquela vidinha medíocre destinada a procurar meios de não deixar minha mãe e minha irmã morrerem de fome. Naquela época, minha única preocupação era conseguir comida e renda para minha família. Hoje, que eu tenho muito mais dinheiro que preciso, e comida sobrando, minha única preocupação é em não ter mais uma família.
Depois que Prim se foi, minha mãe passou a se dedicar 23 horas por dia ao trabalho. Deixou me só, logo agora que me sinto tão sozinha. Eu queria perguntar a ela, por que preferiu curar seu luto se sobrecarregando de trabalho. Mas eu sei que cada um tem a sua maneira de espantar o sofrimento.
Haymitch tem a bebida, Peeta tem suas telas para pintar... E eu, o que me sobrou? Eu poderia caçar, mas isso só me traz mais sofrimento ao me lembrar de meu ex parceiro de caçada, que virou o assassino da minha felicidade. Sei que não foi sua culpa, ele nunca mataria prim, mas inconseqüentemente foi o que aconteceu e eu não tenho como não associar uma coisa a outra.
Quando aquela bomba explodiu, não apenas despedaçou o corpo da minha irmãzinha, mas também destruiu com meu psicológico.
O quarto escuro que encontro, deveria me provocar sono, já que faz semanas que não durmo direito. Mas acontece o oposto. Na escuridão, são as memórias que me perturbam. E a cada pensamento e flashback que vem a minha cabeça, uma crise de choro. Com cada vez mais intensidade e força. Minha cabeça lateja e meus olhos ardem. Mas esse não é nem de perto o meu principal mal estar no momento. Minha barriga se reveza entre se remexer, doer e arder. Minhas pernas não param de tremer, e eu já desisti de tentar distinguir se é de medo ou frio. Sinto meu corpo extremamente pesado, como se cordas me segurassem e eu tivesse que fazer um esforço sobre-humano até para trocar de posição na cama. Não sei há quanto tempo estou assim, desde que Peeta saiu. Noção de tempo é uma coisa que perdi gradativamente ultimamente.
Sinto me sufocada e tonta, então levo minha mão até o criado mudo ao lado da cama a procura de um abajur. Começo a tateá-lo, e então encontro algo bem melhor do que um abajur, o bloco de desenhos de Peeta.

O pego e levo até mim, mas logo volto minha mão a procurar o abajur. E ao achar, o ligo. A capa do bloco é totalmente preta, passo a mão sentindo a sua textura. Ao abrir o bloco, uma surpresa. O primeiro desenho sou eu, sorrindo com o arco em mãos. Ao folhear, mais surpresa. Fico completamente sem saber o que pensar, todos os desenhos do bloco me retratam. São muitos desenhos, em alguns eu estou séria, outros estou rindo, mas a maioria eu estou triste ou chorando. Em seus últimos desenhos ele me fez com uma aparecia bastante vulnerável, talvez seja assim que ele me vê.
Resolvo guardar novamente o bloco, não querendo entrar mais em sua privacidade, pois sei que ele odiaria.
Quando viro-me para o por no lugar onde o peguei, sinto toda comida voltar. Consigo por de volta o bloco, sem o sujar. Mas eu não consigo levantar me para poder vomitar em outro lugar, e acabo vomitando em mim mesma e na cama.
Depois de um tempo vomitando, sinto minha garganta arder. Sei que não tenho mais nada dentro de mim para vomitar quando pela minha boca começa a sair um líquido levemente verde. Arrasto-me para a lateral da cama, a fim de levantar-me. Mas parece que meu corpo não corresponde aos meus comandos. Começo a apoiar-me nas coisas, o que torna menos difícil a tarefa de manter-me em pé. Com muito auxílio dos móveis, consigo sair do quarto. A passagem pelo corredor é mais complicada, pois não recebo auxílio de móveis e a única coisa que posso me apoiar são as paredes. Ao chegar na escada, quase caio logo no primeiro degrau. Agarro-me ao corrimão, sinto minhas pernas fraquejarem, consigo manter-me de pé. Quanto mais desço as escadas, mais me sinto tonta e minha cabeça dói mais. Constatei que é mil vezes mais difícil descer uma escada em minhas condições do que acertar uma flexa no olho de um animal tão pequeno e rápido como uma lebre.
Ao chegar nos cinco últimos degraus, meus pé se atrapalham e a minha tontura não ajuda, quando vejo, já estou com a cara no chão.
Ouço os passos apreçados de Peeta vindo não sei de onde.
–Katniss! -Ele leva sua mão ao meu ombro, e vira-me, enquanto segura minha nuca com uma mão. -Você está bem? Onde ta doendo? Ta doendo muito?
–Peeta... -Ele olha atento para meus olhos. - Eu vomitei na sua cama.
–Você não pode estar falando sério! -sinto irritação em sua voz. - Pouco importa a minha cama! Você é completamente pirada.

Ele me pega sem seus braços e me leva até o sofá. Peeta se senta na mesinha de centro de mesa que ele não havia se esquecido de por no lugar.

–Onde é que esta doendo? –Ele pergunta preocupado.

–Você esta perguntando fisicamente né? Por que se não, nós vamos passar a noite inteira conversando.

–É, onde foi que você machucou depois que caiu?

–Minha perna direita. –Respondo a ele.

Peeta se levanta e vai até a cozinha. Não entendo bem o que ele foi buscar até o ver voltando com um saquinho com gelos em mãos. Ele volta a se sentar onde havia se sentado antes, e pega minha perna apoiando meu pé em sua barriga.

–Me mostra onde é que dói.

Eu levo minha mão até minha coxa, sussurrando um “aqui” baixinho. Ele pressiona o saquinho bem onde eu indico, e depois de um tempo, começa a arder.

–Peeta, ta ardendo!

–Tem que arder mesmo, caso não estivesse não estaria dando resultado. –Ele faz uma pausa. – Ta, vamos conversar pra você se distrair. E então, o que estava pensando quando decidiu descer elas escadas?

–Eu vou pra casa! –Tento falar o mais determinado que consigo.

–Haha –Ele finge uma risada. –Você sabe que eu não ia deixar né, e eu sou muito mais forte que você e não te deixaria passar.

–O jeito então é esperar você dormir. –Eu digo tentando parecer irônico.

– Claro, desse jeito cambaleando em tudo e tropeçando. Claro que vai! Você não consegui nem se manter em pé. –Ele fala seco.

Eu pego o saquinho de gelo de sua mão e jogo longe.

–Katniss! –Ele exclama.

–Peeta! –Tento usar o mesmo tom de exclamação.

–Será que você não vê que tudo o que eu estou fazendo é cuidar de você? –Ele pergunta, e eu realmente me sinto um pouco mal.

–Talvez ajudasse mais se você não me jogasse as minhas limitações na minha cara! – Eu grito, e começo a chorar, acho que é um choro de raiva, não sei, ultimamente eu tenho chorado por tudo.

Ele se senta ao meu lado, e me puxa para perto dele,

–Katniss, me desculpa. Sério mesmo. Eu estava irritado, desculpa ter descontado em você. –Ele me aconchega em seus braços.

–Me desculpe você. Por eu ser esse estorvou. Por eu ter armado essa ceninha patética. E também por ter sujado toda a sua camiseta agora com a minha roupa vomitada.

Sinto que ele sorriu.

–Isso é o de menos. –Ele se afasta de mim e limpa meu rosto com a mão. –Não chora, ta?

–Ta. –Eu respondo.

–Eu não sei o que fazer com você agora. Já que não posso te dar remédio de barriga vazia e nada para no seu estomago. –Ele fala pensando.

–Liga pra Johana. Ela sabe o que fazer. –Eu falo, ele me olha com uma cara confusa.

–A Johana ia me mandar te drogar. –Ele fala.

–Exatamente!

–Engraçadinha, eu não vou fazer isso. Bom, o que podemos fazer agora é tomar um banho. Por que né, não queria falar nada, mas você esta toda vomitada.

Ele me pega novamente no colo, e sobe comigo as escadas. Novamente, aquela dor de cabeça que sinto quando me mecho rápido voltou. Ele me leva até o quarto de visitas, me deita na cama e depois entra no banheiro que tem no quarto.

–Eu vou preparar um banho bem gostoso, com uma aguinha bem quentinha pra você. –Ele fala, me tratando como uma criança.

–Há semanas que eu não sei o que é água quente.

–E é por isso que agora você esta com esse febrão.

–Você esta parecendo a minha mãe.

–E é esse o meu dever. Prometi a ela que iria cuidar bem de você.

–Quando? –Pergunto não me recordando de algum dia que Peeta estivesse em contato com a minha mãe.

– Ante da turnê dos vitoriosos. –Ele fala como se fosse a coisa mais normal.

–Peeta, não acredito que você lembrou! -Falo entusiasmada.

–Essa é uma promessa que eu nunca esqueci. –Ele respondeu. E então, estabilizou se um silencio pesado no ar.

Depois de poucos minutos, ele aparece no quarto e caminha até mim.

–Pronto, seu banho já esta preparado. Tem que tirar a roupa agora. –Ele leva sua mão até a ponta da minha blusa, e eu solto um grito.

–Não!

–Vai dizer que você quer tomar banho de roupa.

–Não, eu consigo tomar banho sozinha.

–Não quero correr esse risco. Pelo menos te acompanhar e te ajudar a entra na banheira eu vou. –Que garoto insistente.

–Eu não vou ficar sem roupa na sua frente. Não vou. Eu não posso, eu estou horrível. –Digo, deitando me para o outro lado.

Ele leva sua mão até a minha perna, pousando a ali, e fala suavemente.

–Katniss, eu não me importo com isso. Não me importo com aparecia. Ninguém é perfeito. –Ele dá uma pausa. –Olha, um dia você vai ter que superar isso, o que acha de tornar tudo mais fácil e superar hoje mesmo?

–Peeta, por favor... –Deixo escorrer uma lagrima.

–Eu já sei o que podemos fazer!

E então ele sai, correndo, do quarto. Depois de alguns instantes, ele retorna com uma gravata em mãos.

–O que? –Sussurro baixo não entendendo nada.

–Se é assim que você se sente confortável, eu não vou ver. –E então ele venda seus próprios olhos, amarrando a gravata por trás da cabeça.

–Obrigada.

Quando termino de tirar a roupa, ele me apóia até o banheiro. Ele me segura para conseguir entrar na banheira, tornando mais fácil. A água estava quente, não muito, o suficiente para ser relaxante. Ele se sentou no chão e escorou suas costas na banheira. Ficamos em silencio o tempo todo, e quando já estava terminando o banho, falei.

–Peeta, o que eu vou vestir? Minha roupa esta imunda.

–Eu posso ir até a sua casa buscar alguma coisa. –Ele fala.

–Desculpa te dar esse trabalho todo.

–Estou só retribuindo. Não foi uma nem duas as vezes que você cuidou de mim.

–Ah, claro, esta fazendo isso pra retribuir. – Falo, e não consigo esconder o tom de magoa em minha voz.

–O que foi? –Ele pergunta, e eu não respondo nada, apenas me seguro na borda da banheira para levantar me.

Ele também se levanta, e tateia a parede a procura do armário da pia, onde ele abre e pega uma toalha. Caminha novamente até a banheira, onde passa a toalha por volta do meu corpo. Eu apoio meu braço em seu ombro, e tento sair da alta banheira, mas não consigo. Então ele leva suas mãos até a minha cintura e me suspende um pouco, e então eu consigo sair. Peeta segura uma de minhas mãos e passa meu braço por seu pescoço, para eu poder me apoiar melhor. E então ele me leva até a cama. Eu puxo a coberta que esta ao pé da cama, e ele me pergunta se pode tirar a gravata dos olhos, eu respondo que sim.

–Você não quer que eu vá com você? Para, sei lá, poder ajudar a pegar a roupa. –Sugiro, já sabendo a resposta.

–Boa tentativa. Mas não, não quero ter que te arrastar pra cá de volta. –Ele fala saindo do quarto.

Passado um tempo, eu já estava impaciente com sua demora. Mas então ele adentra o quarto.

–Você demorou. –Falo não muito alto.

–Demorei? Eu até fui rápido. –Ele respondeu, e eu pude ver uma pequena mala em suas mãos.

–Qual é a da mala? Você não esta achando que eu vou ficar aqui por muito tempo né.

–Eu apenas quis prevenir. Não sabemos ainda o que é que vai ficar no seu estomago. E metade dessa mala é só os remédios que você deveria estar tomando.

–Você não vai me dar eles né?

–Agora não por que você não esta em condição de tomar, se eu te desse agora, só ia destruir mais ao invés de ajudar. Mas quando você ficar boa, vai sim tomar tudinho. –Ele fala enquanto abre a mala e pega um pijama e depois guarda a mala no roupeiro. –Toma, eu vou virar de costas. –Ele fala enquanto me entrega o pijama e se vira.

Depois que coloquei o pijama, ele vai até a cama e arruma as minhas cobertas. Peeta puxa uma poltrona que estava escorada na parede mais para perto da cama.

–Você vai dormir na poltrona? –Eu pergunto.

–Espera que eu durma naquela cama vomitada? –Ele dá um leve sorriso.

–Não é mais confortável dormir no sofá?

–E acordar com o barulho de você caindo de cara no chão? Obrigada. –Ele tenta brincar, mas percebe que não tem graça nenhuma. –E a perna, ainda dói?

–Não muito, mas a dor na minha cabeça, estomago e a sensação de ter sido atropelada por um caminhão compensam. –Tento ser engraçada pra não ficar um clima pesado , mas não dá muito certo, e então simplesmente me viro para o outro lado.

Surpreendentemente, depois de não muito tempo, Peeta já esta dormindo. O observo dormir por um tempo. Suas feições tão tranqüilas, seu cabelo bagunçado, me lembram o antigo Peeta. Sito falta dele também. Queria tanto sentir aquela sensação de aconchego e proteção que os seus braços me forneciam anteriormente. Eu não só quero, como preciso disto agora. Mas sei que no momento, não seria bom que isso acontecesse. Queria tanto ter a intimidade e a relação que eu tinha com o outro Peeta. Mesmo tentando me convencer que não, eu sei que tudo mudou.

Vejo em seu rosto o desconforto que ele sente, e imagino não ser realmente muito confortável dormir daquele jeito. Sento me na casa, de frente para ele. Exito um pouco, mas levo minha mão até ele e dou um leve toque enquanto chamo seu nome.

–Peeta... Peeta...

–O que foi? Aconteceu alguma coisa? –Ele acorda instantaneamente e me olha assustado.

–Não, nada. –Tento acalmá-lo. – Só queria dizer pra você dormir aqui na cama, eu estou indo dormir no sofá.

–Não, de jeito nenhum.

–Você me parece tão desconfortável nessa poltrona... Então, olha, se você dormir no sofá eu juro que não vou tentar nada.

–Jura mesmo, não vai tentar fazer nada mesmo?

–Juro.

Então ele se levanta da sua poltrona. Arruma melhor minhas cobertas e sai do quarto, me desejando boa noite.

E depois de muito tempo me remexendo na cama, consegui em fim dormir.

“Perdida em meio as sombras das arvores, o ar frio congela meu rosto. Não são arvores quais quer, são as arvores tão conhecidas por mim. São as arvores da minha floresta. Estou deitada na grama seca, enquanto parece que meu corpo é pisoteado por milhares de pessoas, mas estou sozinha. Ouso então meu nome como um sussurro, no mesmo estante reconheço ser a voz de Prim. Levanto me lentamente, e começo a procurar de onde vem os sons. Ela me chama, cada vez mais, e sua voz fica cada vez mais desesperada. E então eu a vejo, a poucos metros de mim. E quando eu caminho até ela, uma explosão. E já não existe mais nada”

–Katniss, Katniss. –Ele me balança, não muito sutilmente, e eu acordo desesperada. –Sou eu, Peeta, calma.

–Nããão, a floresta...

–Nós estamos na minha casa, e só tem nós dois aqui, mais ninguém. Ninguém pra te fazer mal, não tem ninguém que possa te ferir.

Ele passa seus braços protetores ao redor de meu corpo, me trazendo mais para perto de si. Ao sentir o calor de seu corpo, derramo-me a chorar em seu colo. Ele acaricia meu cabelo, e fala coisas costumeiras de se dizer para acalmar alguém, com por exemplo “Esta tudo bem” ou também “vai passar”. Mesmo que essas palavras não tenham nenhum fundamento, elas parecem me acalmar.

–Tenta respirar mais devagar. Foi só um pesadelo, ta. –Ele dá uma pausa. –Idiota, eu sabia que eu deveria ter ficado aqui, eu sou um idiota.

–A culpa não foi sua. Mesmo se estivesse aqui, isso não impediria que eu o tivesse.

–É, mas eu poderia ter te acordado antes de você ter chegado na pior parte. Foi horrível chegar aqui e ver você se debatendo daquele jeito e gritando com tanto medo. Como foi que você conseguiu toda noite ter esses pesadelos, acordar, e ver que não tinha ninguém ao seu lado e que você estava em um quarto escuro e vazio?

–Não era só de noite, de dia também. Mas o que me atormentava eram as memórias. E você pode ter certeza, a pior parte era quando eu acordava.

Chorei novamente, e ele me apertou mais contra seu corpo. E com o tempo, o seu cheiro começou a me tranqüilizar, e o seu calor me deixou completamente aconchegada, e então eu pude voltar a dormir.


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Notas finais do capítulo

E então geeente, o que acharam?
Elogios, criticas, ideias, serão bem vindas.
Por favor, nao sai daqui sem comentar pelo menos um oizinho '3'



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