Marinwaal: besties forever escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 6
Reconciliação


Notas iniciais do capítulo

Então, gente.. eu estou muito, muito, mas muuuuuito feliz por finalmente ter conseguido voltar a escrever aqui. Estava com a consciência pesada por ter demorado tanto para atualizar :'(

Mas aqui está o/
O capítulo é basicamente Haleb (de novo), mas prevejo muitas cenas Marinwaal no futuro para compensar :3



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Recebi olhares variados enquanto caminhava em direção ao apartamento de Caleb na manhã de quinta-feira. Constatei desaprovação dentro de alguns deles, mas a maioria, vindo de senhoras de idade, estava recheada de pena e compaixão.

“Deus, o que será que aconteceu a essa pobre menina?”, elas deviam pensar. Uma delas parou para perguntar se eu estava bem e se precisava de algo. Passei as mãos pelos olhos e, agradecendo a gentileza, me desvencilhei rapidamente.

Mas elas tinham o direito de se espantar. Afinal, eu devia estar mesmo horrenda. Havia passado a noite inteira em claro – consequentemente, olheiras do tamanho de formas de lasanha deveriam pender abaixo de meus olhos – e o barulho do tapa que dera em Caleb na tarde passada, ainda nítido em minha mente, não parava de me assombrar.

Não iria conseguir viver se não pedisse desculpas. Sem condições – tanto físicas quanto espirituais – de ir para a escola, vesti o primeiro moletom que encontrei dobrado na primeira gaveta de minha cômoda – eu nem sequer sabia que ainda tinha moletons, mas acho que em situações desesperadores eles milagrosamente aparecem – e, sem me dar ao trabalho de me maquiar, prendi os cabelos em um coque frouxo e saí para encontrar Caleb enquanto minha mãe estava de costas fazendo café em seus tradicionais saltos de bicos finos.

O prédio de Caleb ficava a três quarteirões de minha casa mas, quando cheguei lá, meu coração palpitava fortemente e eu nem sequer lembrava do caminho que tinha percorrido. Não saberia o que fazer se ele não quisesse falar comigo.

Felizmente, Caleb abriu a porta no segundo toque da campainha.

Ele estava descalço e, embora vestisse calças jeans, a camiseta cinza básica e os cabelos lisos na altura do queixo um tanto desgranhados diziam que não fazia muito que saíra da cama.

– Ei, você – ele se apoiou na maçaneta da porta escancarada. Não parecia surpreso em me ver, tampouco bravo.

Sua voz estava calma, o que me fez relaxar e tomar coragem para olhá-lo nos olhos. Caleb quase sorria. Na tv passava algum filme com explosões.

– Me desculpe se te acordei – eu disse, quase inaudivelmente.

– Não acordou.

Assenti, satisfeita, revezando o olhar de minhas sapatilhas para os pés descalços dele.

– Jesus, você está horrível! – soltou Caleb depois de um tempo, parecendo achar graça – Um caminhão passou por cima de você, por acaso?

Por dentro sinto que sim, pensei, presumindo que meu rosto deveria estar inchado e vermelho de tanto eu ter chorado no caminho até ali, mas apenas neguei com a cabeça, rindo de leve.

– Por que está aqui? – Caleb perguntou, a voz ainda calma e doce. Compreensiva, eu diria.

O sorriso tênue que percorria meus lábios desapareceu.

– Porque preciso que você me perdoe – levantei a cabeça novamente, os olhos outra vez cheios de lágrimas – Por favor. Já sinto as garotas se afastando quando o assunto é... você sabe. E não posso suportar que você me odeie por causa disso também.

Caleb me acolheu prontamente em um abraço assim que me viu dar um passo em direção ao carpete de sua sala.

– Eu jamais odiaria você – ele sussurrou, beijando-me na testa, em seguida levantando meu rosto em direção ao seu com dois dedos em meu queixo – Tem noção do quanto eu te amo?

Não respondi, apenas olhava-o fundo nos olhos com meus braços ao redor de sua cintura.

Caleb selou meus lábios com os seus delicadamente. Sua boca tinha gosto de creme dental de menta. Não havíamos nos beijado desde a manhã de terça-feira e eu até então estava sofrendo com a abstinência.

Aprofundei o beijo, rindo em meio a ele quando os cabelos de Caleb fizeram cócegas em minhas bochechas. Tinha meus braços ao redor de seu pescoço quando ele passou um braço por trás de meus joelhos e me ergueu, sem desconectar nossos lábios, me levando para o sofá em seguida.

O filme violento agora estava no mudo. Permaneci em seu colo e trocamos beijos calmos por longos minutos. Tinha meus dedos entre seus cabelos e, de tempos em tempos, acariciava o lado de seu rosto onde ele havia levado o tapa. Não reprisava a cena em minha cabeça – até porque a única coisa na qual eu conseguia me concentrar era o movimento sincronizado de nossos lábios, que pareciam se encaixar anatomicamete – mas sabia que tal nunca mais iria se repetir.

Paramos apenas quando a falta de oxigênio começou a ser um problema. Ele tinha o semblante sereno e pude sentir que eu também tinha. Mordi sutilmente o lábio inferior, apreciando aquele gosto de menta que agora estava em minha língua.

Desci de seu colo e estendi as pernas no sofá, recostando confortavelmente em seu peito. Caleb tinha os braços ao meu redor e brincava com meus dedos.

– Me perdoe também – pediu ele, depois de um tempo.

Franzi uma sobrancelha, em confusão.

– Por quê?

– Eu sei o quanto Mona significa para você e, embora não seja nada fácil para mim admitir isso... eu não a conheço. Pode ser que ela tenha tido razões para... ainda que seja completamente impossível para mim entender quais são.

Pude perceber que ele se enrolava com as palavras, tentando de todas as formas juntar as peças daquele quebra-cabeça. Ele ainda não estava convencido da inocência de Mona, mas era notável que ele estava tentando entender o meu lado. Sorri, pensando no quão fofo aquilo soava.

– Nós não precisamos falar sobre isso de novo – eu disse em uma voz baixa, acariciando o braço esquerdo de Caleb, sentindo que seus músculos estavam tensionados.

– Precisamos – disse ele, me puxando carinhosamente de volta para seu colo. As pontas de seus dedos agora passeavam por minhas costas, me provocando cócegas leves. Podia notar que ele estava angustiado – Eu quero te ouvir. E não quero nunca mais te dar razões para me querer fora da sua vida.

De repente todos os músculos presentes em meu corpo se contorceram devido a culpa. Não podia acreditar que eu havia feito Caleb se sentir assim. Beijei dengosa e delicadamente o ponto de pulso em seu pescoço.

– Você sabe que eu nunca quis dizer aquilo de verdade, não sabe?

– Acho que sim – ele corria a palma da mão esquerda por minha coxa direita. As carícias eram quentes e relaxantes. Caleb suspirou. – Eu não quero ser aquele típico cara chato e superprotetor que controla todos os seus movimentos. É só que... – fez uma pausa e sorriu – você é uma cabeça de vento, na maioria das vezes, Hanna. E eu não consigo parar de me preocupar com você.

Rimos juntos.

– Você não é assim – garanti, beijando-o mais uma vez – E mesmo que fosse, eu amo o jeito como você se preocupa comigo. Você me faz sentir... importante! – disse a palavra final como uma criança sonhadora diria – E é por isso que não quero que haja mais mentiras entre nós – exitei um pouco antes de respirar fundo e prosseguir. – Eu fui visitá-la também. Na segunda-feira. Quando disse que tinha ido ver a Dra. Sullivan.

Caleb me olhava nos olhos, como quem já esperava ouvir tal coisa. Parecia um tanto decepcionado.

– Por que não me disse antes?

– Porque... eu sabia qual iria ser a sua reação, mas... Caleb – coloquei as duas mãos em seus ombros, sentindo meus olhos brilharem ao falar – , ela não estava do mesmo jeito que estava no sábado. Estava diferente. Começou a falar, estava doce, infantil e vulnerável. Estava afetada, é claro, mas... – senti meu sorriso desaparecer.

Baixei a cabeça, as lágrimas já tomando conta do fundo de meus olhos outra vez. Respirei fundo, pensando em Mona naquela cama, penteando os cabelos daquela boneca. Parecia tão desprotegida! Como uma criança que se perde da mãe em um supermercado. Só que ninguém mais parecia enxergar isso, apenas eu.

– Eu não vou desistir dela – disse, meio que para mim mesma, passando uma mão pelo rosto, decidida – Vou trazê-la de volta. E –A que não tente ficar no meu caminho, porque me sinto forte o suficiente para matar –A, -B, -C e o resto do alfabeto!

Caleb deu uma leve risada e me beijou na bochecha.

– Essa é você, não é mesmo?

Assenti.

– A parte triste é que... eu sinto que as garotas não confiam em Mona. E elas vão tentar afastá-la. Vão tentar me fazer escolher. Exatamente como Alison fizera. Ela dizia que se eu quisesse almoçar com o grupo, por exemplo, Mona não viria junto. E muitas vezes eu fizera isso. Escolhera. Doía demais. E... eu não posso mais fazer isso. Eu as amo igualmente – olhei para Caleb em busca de alento.

– Ei – ele me sacudiu levemente ainda em seu colo, a fim de me fazer enxergar o óbvio – Alison está morta. Ela não pode mais influenciar ninguém.

Por um momento, a ênfase que Caleb colocara na palavra “morta” fez eu me sentir aliviada, mas, um segundo depois, fui dominada por uma sensação de... pena. Mas por quê? Alison DiLaurentis não tivera pena de ninguém até o último dia de sua vida.

– Não importa – respondi, desapontada – Alison as moldou. Ela moldou todas nós.

– Não é você mesma quem diz que “para o design de uma peça de roupa, não adianta uma empresa ‘roubar’ o molde da outra, o que importa é a criatividade da estilista”?

Rimos.

– Da onde você tirou isso? – Caleb me perguntou – Da Vogue?

– Os maiores pensadores da humanidade moderna se encontram naquelas páginas – brinquei, beijando-o mais uma vez.

– Meu ponto é – continuou ele, docemente – que a Alison se foi. E os traços que ela deixara neste mundo também. Não vê? – ele desfez meu coque e brincou um pouco com as pontas de meus cabelos, que agora estavam mais claros e curtos, um pouco acima do ombro. Costuvam ser compridos e cor-de-mel, quase como os de Ali – E eu conheço aquelas garotas, talvez não tanto quanto você, mas conheço. E pelo que eu já vi, elas não estão aqui para passar o legado de Alison de geração para geração.

Suspirei, descendo do colo de Caleb e me aconchegando entre o sofá e seu peito mais uma vez.

– Talvez você tenha razão.

– E sobre o negócio de trazer Mona de volta – ele continuou – Eu vou dar um jeito de falar com o coordenador do Radley, está bem?

– Não, Caleb – eu disse, acariciando o braço esquerdo dele – Me deixe cuidar disso.

Ele demorou alguns segundos para responder. Senti que ele arqueava uma sobrancelha, em descrença.

– Tem certeza?

Sorri.

– Eu meio que tenho um discurso em mente.

– Aposto que tem – ele achou graça.

Bem, um discurso propriamente dito em mente eu ainda não tinha, mas era certo que eu entraria naquele quarto para ver minha melhor amiga mais uma vez nem que eu tivesse que abrir um buraco na parede usando apenas as unhas.


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Notas finais do capítulo

Hanna Banana é dura na queda :3