Just Listen escrita por Lenora


Capítulo 18
Capítulo 16 - Pausa


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Siiim, eu sei, me desculpem, mas acabei por ficar sem internet por DUAS semanas. Juro que se não fosse por isso o capítulo vinha mais cedo. Mil perdões T^T

Mas enfim, como estão todos? Espero que bem
Não vou ficar de enrolação, ou muita, pelo menos. Não sei se o capítulo está com a qualidade dos demais, mas já adianto, que terá SuiKa aqui.

Uma coisa que eu não sei se particularmente gosto quando leio, mas achei que deveria trazer para cá foi o ponto de vista do Sasuke.Sei que a história é em terceira pessoa, mas é claro que em alguns momentos o narrador conta do ponto de vista de alguém específico. Pois bem, fiz com Sasuke, e não foi algo que me veio com tanta facilidade. Me digam, com toda a sinceridade, se está bom? Fiquei com um pé atrás com essa parte.

Sem mais delongas, boa leitura!



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 Não sabia de onde tinha vindo a ideia, e nem esperava que ela concordasse, mas quando ele a viu balançando a cabeça em concordância, teve de se policiar para que se movesse com calma, dando a ela a chance de se afastar caso se sentisse incomodada.

Aos poucos moveu suas mãos para seus ombros, subindo rumo à base de seu pescoço, onde sentiu-a engolir seco e fez um sinal para que ela começasse.

Não podia colocar em palavras ou gestos o momento em que, pela primeira vez, sentiu uma voz. Claro que ele já havia sentido a vibração do som de uma música eletrônica, mas isso era completamente diferente. Era abrasador.

  Enquanto os olhos verdes se encontravam escondidos, ele a encarava sem medo de se sentir culpado. A boca pequena e cor-de-rosa movia-se devagar, porém ele não se preocupou em prestar a mínima atenção para dizer o que ela falava. Ela havia mostrado para ele a letra, afinal de contas.

 Na verdade, as palavras pouco importavam. Deus, ele pouco se importava se ela estivesse falando qualquer coisa sem nexo naquele momento, porque, pela primeira vez, ele sentia uma voz. Sentia as vibrações suaves e os movimentos sutis através da pele alva e fina do pescoço dela. E aquilo era tão... mágico que quase o fez chorar. Não existia nada melhor ou mais belo que aquilo que ele sentia através das palmas.

 Aquilo que quase o fez se sentir normal depois de mais de treze anos.

 Mas apenas não era o bastante. Era preciso mais, ele queria mais, precisava de mais.

  Afastou-se fazendo com que a menina de cabelos róseos exibisse aquele par de olhos verdes que o atormentava durante a noite. Ele apenas a encarou sem saber como pedir isso a ela, e sabendo que ela não conhecia a linguagem de sinais o bastante para que o compreendesse, apenas agiu.

   Subiu seus dedos pelo ombro para dessa vez tombá-la em seu colchão, como já havia fantasiado dezenas de vezes antes. Vendo que os olhos dela se pareciam com pratos de tão arregalados, pegou seu celular para perguntar se ela estava bem, porém sua resposta não foi a que ele queria, apesar de ser a que ele esperava dela.

     Entretanto, já que precisava dela calma para seguir em frente, explicou o que queria fazer, apesar de ter certeza que ela não o compreendeu. Como poderia um surdo ouvir, afinal? Mas ela o surpreendeu de novo, consentindo sua aproximação e experimento.

   A primeira coisa que sentiu foi a vibração do seu coração disparado. A consciência de que tinha esse efeito sobre ela quase o fez sorrir, e de fato o teria feito se não tivesse tão concentrado em escutá-la. Depois de finalmente deitá-la, apoiou sua cabeça em seu peito, mondou-lhe um sinal para que ela começasse novamente.

  E ela o fez.

 Puta merda.

Puta merda. Puta merda. Puta merda.

 Ele nunca quis prolongar um momento tanto quanto esse.

 Ficou estático após o término dos versos da pequena e incompleta canção dela, tentando se reconstruir. Sabia que deveria se mover, levantar-se e agradecê-la, mas aquilo tirou todo o seu fôlego, sentia-se como se estivesse atravessado vinte piscinas olímpicas sem parar para tomar fôlego nem uma vez.

 Seus olhos estavam fechados enquanto tomava respirações profundas para reunir suas forças para se levantar, mas ele apenas queria pedir por outra música. Queria escutá-la de novo e de novo e de novo. Para sempre.

  Quando conseguiu por fim reunir toda sua concentração novamente, rolou para o lado, colocando um pouco de espaço entre seu corpo e o dela.

    Porra.

 Sentia que iria começar a chorar como uma criança a qualquer instante.

Virou o rosto para poder observar se ela se sentia tão alterada quanto ele, e pôde enxergar a garota na mesma posição, encarando o teto, estava tão convidativa naquele momento, que pôde sentir os músculos dos braços tencionarem para impulsionarem seu corpo para cima do dela de novo, mas quando ela tombou o rosto para olhar para si, os olhos verdes encontravam-se brilhantes.

Brilhantes demais.

Ela estava à beira das lágrimas, e não parecia feliz.

Ficou a encarando, tentando extrair todos os pensamentos ruins de sua mente e ficaram assim por um tempo que ele não soube dizer exatamente quanto, mas com o decorrer dos segundos, ela pareceu se acalmar e os olhos verdes escureceram.

Ele sabia perfeitamente o que se passava na mente dela agora, que era quase como se estivesse escrito em sua testa, mas ele sabia que não era bem isso, ela, na verdade, era apenas um reflexo de seus próprios sentimentos. E quando seu olhar caiu para seus lábios, ela os entreabriu, convidando-o à perdição.

E ele o fez.

Nada parecia ser capaz de impedi-lo a pular no abismo que ela oferecia.

 A não ser, é claro, a luz estroboscópica de seu quarto.

 Espere. Ele não tinha uma luz estroboscópica em seu quarto.

 Esse pensamento foi o bastante para despertá-lo do transe em que a menina o colocara. Afastou-se abruptamente, sentando-se rapidamente devido ao susto. Pulou da cama e a puxou pelo braço, tirando-a de seus lençóis.

Naruto não costumava bater na porta e hoje era o dia que havia combinado de conversar com Karin.

Karin.

Merda!

Ele levantou-se num pulo e puxou a garota por um de seus pulsos finos, colocando-a de pé, para logo atravessar o quarto enquanto arrastava ela. Abriu a porta do banheiro que dividia com o irmão e a empurrou para dentro, porém ela virou-se para ele e tentou voltar para o quarto por algum maldito motivo.

E ela não podia voltar para a porra do quarto agora. Então ele a virou de costas para si e a empurrou novamente, mas ela, teimosamente, bateu em suas mãos tentando voltar.

— Eu preciso das minhas coisas! — disse ela nervosa, apontando para cama. Sasuke correu através do quarto e socou tudo em sua mochila, não deixando nenhum vestígio da presença dela no ambiente, e voltou jogando tudo em seus braços, dando-lhe um impulso final para fechar a porta do banheiro.

Passando a mão por entre os fios negros, Sasuke atravessou o quarto mais uma vez  para abrir porta e encontrar a mãe com uma cesta de roupas.

— Naruto ligou e pediu que eu avisasse que Karin está ocupada e não vai poder vir — disse a mulher pausadamente para que o filho compreendesse. Porém Sasuke nem ao menos prestou atenção no que a mulher a sua frente falava, apenas tentava controlar a respiração e se acalmar. Alarme falso. Não era Karin afinal — Trouxe também umas roupas limpas. Está tudo bem, querido? Parece que acabou de ver um fantasma.

Sinalizou que estava tudo bem e deixou a mulher entrar no quarto e pousar o cesto de roupas em sua cama, porém ao ver os lençóis bagunçados, virou-se para si, com as mãos se movendo.

— Você não costuma se mexer muito enquanto dorme, está tudo bem? Teve algum pesadelo? — perguntou ela, indo até o filho, passando as mãos em seus braços como se para aquecê-lo.

“Estou bem. Apenas sonho ruim. Não lembrar” sinalizou de volta.

— Tudo bem, vou lá para baixo terminar minhas coisas, você vai ficar bem? — perguntou preocupada, apenas recebendo um aceno de resposta. Se encaminhou para fora do quarto, porém antes de sair virou-se para o filho novamente — Sasuke, viu Sakura em algum lugar? Acho que não a vi desde a hora que chegaram da escola.

Ele apenas negou e voltou para a cama, onde fechou os olhos e soltou todo o fôlego que nem percebia que prendia.





— Não entendo por que é tão relutante comigo — soltou ele depois que chegaram num posto de gasolina — Viu só como me comportei? Já saímos juntos por duas vezes e não encostei um dedo em você com segundas intenções.

Ela revirou os olhos enquanto tentava colocar seu aparelho auditivo no lugar e arrumar os fios ruivos com os dedos. Seus cabelos pareciam ter criado nós dentro dos próprios nós. Argh, ela apenas demoraria horas para arrumá-los novamente.

— Só terceiras né? — Ele riu enquanto erguia as palmas.

— Fazer o que? — Ele piscou um dos olhos em diversão — Mas me conta aí como é que isso aí funciona.

— Isso o que? — perguntou enquanto o seguia para a lanchonete. Suigetsu pegou uma mesa do fundo e sentou-se e ficou brincando com o vidro de catchup.

— Seus ouvidos — ele apontou — Você parece.... normal — ele deu de ombros — Não fica fazendo aquelas coisas esquisitas com as mãos.

— Aquelas coisas esquisitas são uma forma de linguagem — ela sorriu de canto — um pouco avançada pra gente como você, eu diria.

— Eu simplesmente adoro quando você fala assim comigo — e aí estava o sorriso cafajeste que o garoto exibia quase sempre que o via — Completamente sensual. Só perde para o seu revirar de olhos. É, esse mesmo — ele se ajeitou melhor no banco em que sentava, largando o tubo vermelho — Mas, falando sério, algumas vezes você parece me ouvir como uma pessoa normal. E acho que nunca te vi fazendo aquelas coisas com as mãos.

— Eu uso um aparelho auditivo — apontou para o ouvido esquerdo, o qual foi alvo dos olhos azuis do garoto platinado  — e já que eu tenho perda auditiva leve, com isso, consigo te ouvir bem. Mas eu sei falar na linguagem de sinais também, na verdade, Sasuke que me ensinou quando eu era menor.

— Ah, então você não é surda.... surda — ele ignorou totalmente quando ela citou o nome de Sasuke, como vinha fazendo sempre que ela deixava escapar. E por lembrar dele, ela sabia que o modo com que ele acabara de falar deveria aborrecê-la muito mais do que realmente o fez, como aconteceria com Sasuke ou qualquer outro surdo, mas ela sabia que só não teve essa reação porque, como ele dissera, ela não era surda, pelo menos não como a maior parte dos colegas de turma, mas ele se enganara. Ela também não se encaixava com os ditos “normais”.

Ela se sentia na maior parte das vezes como um peixinho fora d’água.

— É, mais ou menos — seus olhos desceram para a mesa. Havia perdido o pouco que tinha de bom humor. Percebendo a expressão que ela fazia, Suigetsu decidiu agir.

— Mas, hey, deve ser legal poder se desligar quando quiser — ele afastou uma mecha de cabelo para atrás da orelha para poder enxergar o aparelho que ela usava — Quer dizer, imagina só alguém enchendo o saco e você só ter que tirar isso daí da orelha. Eu iria adorar ter essa habilidade.

Ela sorriu de canto enquanto dava um leve tapa nos dedos que já se encontravam no pescoço alvo.

— É, às vezes isso vem bem a calhar — ela sorriu nostálgica quando lembrava de momentos que fizera exatamente aquilo que ele dissera quando Kushina gritava com ela e o primo por qualquer bagunça na casa que, de acordo com a própria, ela havia passado o dia inteiro limpando — Mas, então, parece que você sabe bem mais de mim do que o contrário.

Ele deu de ombros em resposta, recolhendo a mão.

— Nada demais. Moro com a minha mãe e meu padrasto, não tenho irmãos, completamente normal.

— Todas aquelas meninas tontas vão ficar decepcionadas por saber que você só tem esse rostinho bonito pra mostrar — Apoiou o rosto na mão o encarando — Agora entendo o porquê da moto, você realmente precisava de algo para chamar a atenção.

— Agora meu “rostinho bonito” não serve mais? — Perguntou enquanto fazia aspas com os dedos, o sorriso famoso já retornara ao rosto.

— Onde a conseguiu? Assalta bancos nas horas vagas? — Perguntou. Não sabia se era certo ter aceitado sair com o garoto (mesmo esta sendo a segunda vez), mas já que o tinha feito, não achava errado tentar conhecê-lo melhor.

— Montei ela com o meu pai no verão passado quando fui visita-lo.

— E você tem uma boa relação com ele?

— Ele é um cara legal, mas eu nunca o tive como uma figura paterna. Acho que agora ele quer descontar todos os anos que não ficou comigo, não sei — deu de ombros mais uma vez como se não se importasse. Karin percebeu que ele não estava muito à vontade de falar sobre os pais.

— E sua mãe e seu padrasto? Eles são bons com você? — O garoto sorriu de canto.

— Está tentando achar um motivo para eu ser um marginal?

— Nunca pensei que fosse um marginal — Não. Um marginal não.

— Agora estou curioso pelo pensa a meu respeito — ele gargalhou enquanto se apoiava na mesa. Ela o encarou.

— Não sei ao certo. Você parece aquele tipo de pessoa que não liga pra nada e não se importa com ninguém. Um perfeito clichê de bad boy — ele chegou mais perto do rosto dela.

— Vou te contar uma coisa então — ele baixou o tom de voz como se fosse lhe contar um segredo — meu melhor amigo durante muito tempo foi o meu avô, o pai da minha mãe.

Karin riu ao imaginar Suigetsu com toda aquela pompa jogando xadrez numa sexta-feira à noite.  

— Estou falando sério, pode rir à vontade. Minha mãe sempre trabalhou muito então não podia ficar comigo, dessa forma, fui praticamente criado pelo meu avô.

— Seus pais são divorciados?

— Eles nunca estiveram juntos de verdade, pelo menos não por muito tempo — deu de ombros — se conheceram em uma festa e ficaram um tempo juntos, quando minha mãe deu a notícia que tinha engravidado, o cara pulou fora.

— Então é por isso que você disse que não conviveu muito com ele — ele assentiu e levantou os dedos, chamando a garçonete para depois pedir pelos dois algo que ela não ouviu. — Você não faz muito sentido — ela soltou e ele a encarou em dúvida — Essa pose toda de cafajeste e sua história, isso tudo não faz sentido.

— Acho meu pai um babaca, se pensa que sou como ele. É apenas divertido ver meninas corarem quando dou atenção a elas, mas é só isso. Nunca pensei em engravidar qualquer uma delas.

— Não me importo com o que faz com as outras meninas — resmungou mau humorada enquanto pegava a lata de refrigerante que a garçonete trazia.

— Acho que foi por isso que você me chamou a atenção no começo, sabia? — Ela levantou os olhos — É, você estava lá e não se importou nem um pouco comigo, isso me chocou um pouco. E eu sei do papo de você ter um “namorado” e que...

— Por que sempre se refere dessa forma quando fala de Sasuke ou da minha relação com ele?

— Vocês me lembram meus pais, eu acho. Uma relação que não vai dar em nada e em lugar nenhum. Sei que fala que gosta dele, mas não acho isso verdade, afinal, você não estaria comigo se gostasse dele. E você sabe disso também, então não entendo porque vocês insistem nisso.

— Acha que ele não gosta de mim? — Perguntou.

— Não, ele gosta — ele suspirou — Bem, Sasuke parece ser um cara legal e tudo mais, vejo que vocês são amigos e esse é o ‘x’ da questão. Vocês não se gostam do modo como pensam e estão empacando a vida um do outro, é dessa forma que eu vejo.

Karin se lembrou da forma como Sasuke e Sakura se encaravam e se comunicavam de uma forma totalmente particular na manhã em que sabotaram o café-da-manhã de Naruto. Aquilo a fez parecer uma intrusa, o que as vezes pensava que era. Quer dizer, se não houvesse perdido os pais e Kushina não a tivesse a adotado, hoje, Sakura, Naruto e Sasuke seriam melhores amigos.  E talvez a rosada e seu “namorado”, como dizia Suigetsu, estivessem juntos no fim das contas.

E ali estava mais uma vez, Karin sendo a intrusa que não se encaixava em lugar nenhum. Era dolorido saber que não havia um lugar para chamar de seu, um lugar a que pertencer, ser sempre alheia a tudo.

— Hey, você está bem? — O garoto colocou uma de suas mãos em seu ombro, preocupado com o que a expressão dela que de irônica, havia passado para interessada para se tornar melancólica. Ao ouvir o que Suigetsu falara, acrescentando o discurso anterior de Sakura e a tentativa falha de voltar a sentir algo com Sasuke, tudo tornara a situação real.

O que ela estava fazendo?

Estava na cara que Sakura estava interessada em Sasuke e, talvez, ele tivesse interesse nela também, e lá estava ela tentando se agarrar em qualquer coisa só para não ficar sozinha? Só para sentir que pertencia a alguma coisa ou a alguém? Ela pôde perceber que desde a última conversa das duas, a rosada tinha ficado mais distante de si e ela sabia que a menina tinha toda a razão e motivo para isso.

Mas Sasuke não falara nada para ela também, não era? Talvez ele ainda gostasse de si, só estava com a cabeça.... em outros assuntos.

Nem ela mesma acreditava.

— Eu não quero ficar sozinha — sussurrou. Suigetsu ergueu os olhos para ela — Sasuke é tudo o que eu tenho. Kushina sempre foi minha mãe emprestada, assim como Minato é meu pai, Naruto foi forçado a me aguentar, Sakura não é bem minha amiga também, mas Sasuke sempre estava lá por mim. Me protegendo das outras crianças que insistiam em me perturbar, me ensinando a me comunicar através dos sinais, me levando para comer bolo no meu aniversário, só pra essa data não passar em branco.

— É disso que estou falando — limpou com a ponta dos dedos, delicadamente, as duas lágrimas que escaparam dos orbes castanhos — Ficar com alguém só por não querer ficar sozinho não é bom. Saber que você está numa relação que não vai dar em nada, assim como meus pais, me deixa puto. O fato de ter tantos casamentos destruídos se deve  porque na maior parte das vezes as pessoas ficam juntas pelos motivos errados.

Ela subiu os olhos castanhos para as gemas azuis dele.

— E o que te faz pensar que nós somos certos? — Ele apenas deu de ombros.

— Não estou pedindo para você acabar com o seu namorado perfeito e ficar comigo... — ele dizia, mas ela teve de interrompê-lo.

— Não, é exatamente isso que você está pedindo — revirou os olhos mais uma vez.

— Bem, sim — ele riu sem graça — é um crime ficar com a garota que eu quero?

— Não entendendo você, uma hora acha que sou uma vaca e na outra...

— Hey, nunca disse algo diferente! — Ele se sobressaltou — Você é uma vaca — ela estreitou os olhos — mas esse é o seu charme, assim como eu ser todo gostoso é o meu.

— Você não existe — riu ela antes de comer seu lanche.

Havia algo em Suigetsu que a fazia pertencer, não a ele, mas ao momento. Se é que fazia sentido.

— Pronta? ­ — perguntou ele a entregando o capacete. O dia com ele a fizera se sentir revigorada, de certa forma, só não sabia se estava pronta para voltar, mas mesmo assim tomou o capacete em mão e subiu na garupa.


Quando começaram a andar em alta velocidade, o aparelho de Karin se deslocara de forma que a impedia de ouvir, fazendo-a apenas se aconchegar melhor nas costas de Suigetsu, o abraçando mais firme, enquanto sentia o vento bater no rosto.

Não soube ao certo quanto tempo durou a viagem de volta, mas na hora em que Suigetsu deu tapinhas em suas mãos, soltou-se de seu agarre e pulou para fora da moto, logo arrumando seu aparelho auditivo.

— Onde estamos agora? — Perguntou enquanto olhava a cidade ao longe, o ambiente parecendo uma daquelas fotos incríveis que via nas revistas. O sol se punha, pintando o céu de laranja e as silhuetas das casa e edifícios de preto tornava a vista, ainda que simples, espetacular.

— Ainda fora da cidade, percebe como daqui conseguimos vê-la de cima? Me faz sentir longe dos meus problemas quando venho aqui, sabe, quando preciso de uma pausa — pulou fora da moto, deixando os capacetes em cima do acento e tomou a pequena mão entra as suas, puxando-a para frente.

— É, aqui definitivamente é um bom lugar para uma pausa — respondeu olhando para a cidade à frente. Casas pareciam pequenas e pessoas, minúsculas de onde estavam — Obrigada.

— Não pense que é de graça — respondeu risonho sentando-se na grama — Pegarei tudo o que me deve um dia desses, boneca.

Ela sentou-se ao seu lado e Suigetsu com toda a calma levou a mão para seu rosto, Karin fechou os olhos para sentir o toque cálido em sua pele, e retirou devagar os aparelhos de seus ouvidos, para não os danificar.

Após retirá-los, Karin ficou mergulhada no mais perfeito silêncio, e apoiou-se na cerca, cruzando os braços para deitar o rosto, deixando as pernas penderem no pequeno barranco. Permaneceu encarando a cidade pelo que pareceram horas e em nenhuma vez ela percebeu qualquer movimento que denunciasse a presença de Suigetsu, o que era completamente inédito, tendo em vista que ele não ficava quieto. Mas ele pareceu deixa-la meditar pelo tempo que necessitasse, respeitando seu momento de pausa.



Quando por fim se sentiu revigorada, abriu os olhos e o encontrou deitado ao seu lado, parecia dormir. Apoiando-se nos braços, Karin chegou perto e prendeu uma mecha atrás da orelha para que não cobrisse o rosto, e abaixou-se para cobrir os lábios dele com os seus por pequenos instantes. Despois de sentir a superfície um pouco áspera de seus lábios secos, retornou ao seu lugar e se levantou do chão, batendo no tecido da calça para retirar qualquer vestígio de sujeira que pudesse tem ficado em sua roupa.

Sabia que ele não dormia e ao percebê-lo de olhos abertos e sorrindo, o sorriso tão grande e verdadeiro, a ponto de seu rosto chegar a exibir pequenas e encantadoras covinhas, a fez quase revirar os olhos. Pôde perceber que ele falava algo, mas pela falta de seu aparelho auditivo e por estar começando a ficar escuro, não conseguiu entender.

— Não consigo ler o que seus lábios estão dizendo, preciso que ligue meus ouvidos robóticos de novo — Suigetsu os alcançou em seu bolço e os ajeitou para ela, tudo tão delicadamente que ela até estranhou.

— Eu disse que não precisava abusar de mim quando pensou que eu estava dormindo, se queria me beijar era só preciso pedir — seu sorriso irresistível já se encontrava desenhado em sua face mais uma vez.

— Eu sabia que não estava dormindo — respondeu, sorrindo minimamente pela forma com que os olhos dele se arregalaram. Karin deu um passo à frente, colocando suas palmas sobre sua camiseta roxa — Quer que eu peça agora?

Ele chegou perto ao ponto de tocar a testa dela com a sua, encarando seus olhos.

— Por favor — suplicou ele enquanto encarava seus lábios intensamente. Suigetsu sabia que Karin era, de certa forma, imprevisível, mas queria acreditar que o desejo que era capaz de enxergar em seus olhos castanhos era sincero.

Se ela começasse a rir ou desse para trás ele era capaz de sentar e chorar feito uma garotinha, que teve seu desejo mais profundo negado.

— Eu quero que você me beije agora — ele não esperou mais nenhum segundo para atender seu pedido. Saciar assim uma vontade que já o consumia há tempos. Não queria que o momento acabasse, não queria pensar que Karin provavelmente amanhã estaria nos braços do namorado. Não pensou em nada, apenas deixou-se levar pelo momento, coisa que fazia sempre que estava com ela e apenas com ela.

Karin, por sua vez, não se surpreendeu quando sentiu um par de mãos em seu corpo mais rápido do que achava possível. Enquanto uma seguia por suas costas até se encaixar em sua cintura, a outra se enroscava em seus cabelos, puxando sua boca para cobrir a dele, roubando qualquer partícula de oxigênio de seu corpo.

E então ela se deixou levar pelo momento. Sua pausa já havia durado tempo demais.





Ficou encarando a porta fechada que dava acesso ao quarto sem reação. Não sabia como explicar como, em questão de segundos, encontrava-se ali, expulsa como um cão de rua. Agarrou sua mochila mais forte contra o peito e deu meia volta, saindo pela porta do meio que dava para o corredor. Percebeu que o celular vibrar no bolso, mas não fez o mínimo esforço para pegá-lo.

Desceu as escadas e saiu pela porta da frente, sem um destino certo na cabeça.  Quando decidiu guardar as coisas na casa de Naruto, o celular vibrou mais uma vez. Quatro mensagens em duas conversas. Karin, de novo, a penúltima pessoa com quem ela queria falar no momento.

Karin: Estou falando sério.

Karin: Preciso falar com você

Suspirando, sentou-se na frente da casa dos Uzumaki e por fim respondeu.

Sakura: O que você quer?

Karin: Eu beijei Suigetsu.

Sakura: Achei que já tivessem passado disso.

Karin: Não.

Karin: EU beijei Suigetsu.

Sakura fechou os olhos e bateu a cabeça repetidas vezes na pilastra atrás de si. A situação só piorava, assim como era com uma pequena bola de neve rolando montanha abaixo.

Karin: Ele disse algumas coisas pra mim então eu fiz.

Sakura: Achei que o odiasse.

Karin: Eu só odeio a forma como ele me faz sentir

Sakura: Que seria...?

Karin: Não sei, mas me fez agir no automático.

Sakura entendia. Estava agindo muito no automático ultimamente. Mais vezes do que poderia, na verdade

Sakura: Então você gosta dele?

Karin: Sim.

Sakura: Você já sabe o que eu acho sobre isso.

Karin: Vc está certa

Karin: Vou falar com Sasuke

Karin: Mas ñ pelo tel. Ele merece uma despedida. Mas não agora

Sakura: Vai provar que vale a pena largar o menino de ouro dormindo com Suigetsu?

Karin: Cale a boca.

Karin: Só quero que distraia o Sasuke amanhã depois da sua apresentação.

Karin: Ñ quero falar com ele ainda.

Sakura: Vamos todos numa festa

Karin: Eu sei. Mas vai ser estranho

Sakura: Não quero ser sua cúmplice de novo. Me deixe fora disso

Karin: Suigetsu disse que gostava de mim.

Karin: Que gostava MSM de mim.

Karin: Quero ver se ele está msm dizendo a vdd.

Ela revirou os olhos. Aquela situação era tão ridícula que chegava a doer. Era apenas estúpida a forma que tanto Karin quanto Sasuke tentavam fingir que seu relacionamento não estava por um fio para ambos os lados, e, quando um finalmente dava-se conta disso, fugia até não poder mais.

Sakura: Faça o que quiser

Karin: Valeu.

Karin: Prometo que vou falar com Sasuke depois da festa.

Levantou-se e começou a descer a rua, porém antes lembrou-se da outra mensagem que chegara. Agora sim era a última pessoa com quem ela queria falar no momento.

Sasuke: Desculpe por isso. Achei que poderia ser Karin, mas era apenas minha mãe.

Sasuke: Não seria bom se ela tivesse ideias erradas

Aquelas mensagens apenas embrulharam seu estômago. No primeiro momento que ele a expulsara daquele jeito de seu quarto, ela entendeu o que se passava pela cabeça dele, mas o jeito com que ele a praticamente jogou para fora a magoou, a fez se sentir, bem, como uma prostituta qualquer com quem ele dava umas escapadas.

Sakura: Tudo bem

Ideias erradas.

Sasuke sempre arrumava um jeito de destroçar toda e qualquer partícula de esperança que, teimosamente, cultivava em si. Como é que ele podia chamar de “errado” aquilo que, pela primeira vez desde sempre, fazia seu coração bater mais forte? Como podia simplesmente classificar seus sentimentos como errados quando ela os experimentava pela primeira vez algo que parecia tão certo?

Depois de ler e reler aquelas pequenas palavras devastadoras, Sakura correu os dedos sobre o teclado digital, sentindo a vista embaçar.

Porém, ao revirar aquilo que ele lhe esfregava na cara fez com que ela apagasse a mensagem e enviasse outra, uma que, mesmo que minimamente, devolvesse um pouco sua raiva.

Sakura: Vai se foder

Quem estava cansada era ela. Se Karin quisesse dormir com Sasuke e Suigetsu ao mesmo tempo o problema não era dela, se Karin e Sasuke quisessem se casar e ter seis filhos enquanto a ruiva se encontrasse com Suigetsu às escondidas o problema era inteiramente deles. Ela estava cansada de toda essa situação.




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Notas finais do capítulo

Pois bem, é isso. Confesso que não revisei muito bem, pois queria trazer logo para cá, mas com o tempo eu corrijo uns errinhos aqui e lá. Se acharem algo absurdo podem me contatar.

Bom, no próximo capítulo teremos uma mudança na Sakura, no seu modo de agir e tal. Acredito que a fanfic não terá mais muitos capítulos.

Enfim, momento curiosidade (caso não queira nenhum mini spoiler não prossiga com a leitura):

0.5 - Mudei a capa. Sim, de novo HAHA
Sim, passo mais tempo mudando a capa do que escrevendo. Mentira!

Dando continuidade.

1- Para as músicas que coloco ao decorrer de alguns capítulos, as quais algumas "são" da banda das meninas, eu pego dentre as quais eu gosto (por isso já devem ter 385584585 da Avril Lavigne,) ou alguma que gostei da letra quando a ouço. Eu busco sempre tentar pensar em como elas descreveriam algum sentimento/cena de algum personagem.
Ou seja, algumas meio que dão pistas sobre o que vai acontecer em algum momento.

Caso queiram espiar, deixo aqui duas traduções que MUITO possivelmente entre em algum pedaço (algum que vocês esperam, acho eu hihi):
http://www.vagalume.com.br/boyce-avenue/only-girl-in-the-world-ft-alex-goot-traducao.html
http://www.vagalume.com.br/john-legend/all-of-me-traducao.html

Alguma sugestão sobre o que será? hihi

2- A Banda sofrerá um mudança logo. Uma das meninas vai sair.

3- Ocorrerá uma briga que gerará numa separação, ou será que uma briga que é originada de um rompimento? Aceitem a que acharem melhor nessa HAHA.

4- Mais de uma pessoa será hospitalizada.

Diversos spoilers hein? O que acham que acontecerá? Algum palpite?
Agradeço a quem leu até aqui e um beijo!
Nos vemos nos comentários!