Cap. 7

Mr.Darcy se sentou em sua poltrona, tentando se acalmar um pouco. Depois daquela reunião com os mercadores estava profundamente cansado e exausto. Era difícil se concentrar em algo quando estava longe de Elizabeth e se arrependeu um pouco. Deveria ter ficado um tempo a mais com ela, poderia ter ficado aquele dia inteiro com ela e saído rumo a Londres no dia seguinte ou então ter a levado a Londres com ele, mas sabia que isso seria terrivelmente imprudente para um casal comprometido. As pessoas iriam pensar que Elizabeth estava se entregando a ele antes do casamento, e mr.Darcy odiava o fato só de pensar que a futura mrs.Darcy seria alvo de fofocas e de olhares perversos da sociedade, eliminando totalmente essa ideia. Já havia enviado uma carta a Elizabeth e esperava ansiosamente que a resposta chegasse logo. Era atordoante saber que apenas por cartas poderia senti-la perto dele, apesar de estarem afastados á milhas de distância, ele se sentia um pouco reconfortado ao ler as palavras escritas por Elizabeth. Sua Elizabeth. Era a única maneira de comunicação que fazia com ela. Sentia falta de ouvir a voz dela e seus risos, de poder sentir e observar de perto sua vivacidade. Aquele momento lembrava a época que ficou afastado dela após ter ido embora de Netherfield com os Bingley e como sua admiração se converteu amor em questão de dias. Agora aquele mesmo amor se tornava mais intenso e inquieto do que antes.

Enquanto se perdia em seus pensamentos, mr.Darcy percebeu que tinha abandonado sua poltrona e agora caminhava pensativo em seu escritório, como fazia quando algo o incomodava e deixava-o nervoso. Já havia se passado dias depois do casamento de mr.Bingley, mas não sabia porquê sentia algo de errado nas cartas de sua noiva. Sentia incerteza a respeito do bem-estar dela. Sentia-a diferente, como se estivesse perturbada com alguma coisa. Depois de não suportar mais essas inseguranças, lembrou-se de um pouco tempo atrás ter pedido para seu primo Coronel Fitzwilliam ler uma carta dela, mas este não havia visto nada de suspeito e ao contrário, havia ficado feliz ao constatar que ele e Elizabeth, mesmo a distância, ainda se amavam perdidamente. Mas aquela sensação o deixava inquieto. Ele sabia quando ela escondia algo ou estava infeliz, mesmo a distância. Talvez fosse um pressentimento ou mera impressão. Ele não sabia, mas tentava a todo custo apressar a sua estadia em Londres resolvendo os negócios com agilidade, mas por vezes se encontrava perdido em pensamentos de Elizabeth e não conseguia fazer mais nada. Não sabia o que fazer para se acalmar quanto a essas suspeitas, temia que ela desistisse de se casar com ele porque talvez nesse meio tempo poderia ter perdido o interesse e amor por ele, mas sabia que isso era impossível. Poderia ser também que havia conhecido outro homem, mas se enfurecia só de pensar nisso. Se aquele mau pressentimento fosse verdade, iria até Hertfordshire e faria esse homem em pedacinhos, mesmo que isso desonrasse o nome de sua família. Aquela ideia era insuportável e mr.Darcy decidiu esquece-la se não poderia institivamente pegar a carruagem e manter Elizabeth longe de qualquer pessoa desconhecida e suspeita a seus olhos. Só iria se tranquilizar a respeito desse ciúmes incontrolável quando se estivesse com a aliança no dedo, mas por enquanto tinha que ter precaução. Elizabeth era bela e agora que a irmã mais velha tinha se casado, alguns homens poderiam se aproximar dela, deixando-o novamente descontrolado só de pensar.

De repente a porta se abriu, e o Coronel Fitzwilliam apareceu sorridente ao encontrar mr.Darcy, mas seu sorriso sumiu aos poucos ao observar o comportamento diferente de mr.Darcy

– Primo, você parece um pouco inquieto, Esta tudo bem?. – disse Coronel Fitzwilliam, olhando preocupado para mr.Darcy, que não fez questão alguma de esconder seus sentimentos.

– Digamos que estou um tanto submerso em meus pensamentos. – disse mr.Darcy, se sentando novamente em sua poltrona, para se acalmar.

– Então eu sou portador de boas notícias, meu caro primo, que o farão se sentir alegre em um instante. – disse Coronel Fitzwilliam, dando um tapa nas costas de mr.darcy, e se sentando em uma poltrona ao lado.

– Isso é ótimo. Realmente estou precisando de uma noticia boa para me deixar mais tranquilo. Mas alivie minhas preocupações, o que tem a me dizer? – perguntou mr.Darcy, recuperando a compostura.

– Lembra-se daquele senhor que vinha recusando todas as nossas propostas de compra de propriedade e vinha nos causando tantos problemas com suas exigências absurdas? – perguntou Coronel Fitzwilliam.

Mr.Darcy, depois de pensar alguns instantes, finalmente deduziu ao ver a felicidade que coronel Fitzwilliam expressava em seu rosto, e a que ele mesmo sentia.

– Esta me dizendo que ele finalmente aceitou a oferta?- concluiu mr.Darcy, se sentindo imensamente feliz ao dizer essas palavras e o profundo significado que isso tinha para ele.

– Sim, e agora poderemos fazer algo mais produtivo daquela região. Teremos muitos lucros com aquela compra, e isso se resolveu mais rápido que pensávamos. Portanto...- continuou Coronel Fitzwilliam, lançando um olhar cúmplice a mr.Darcy, que entendeu tudo só de observa-lo.

– Poderei voltar a Pemberly e ficar novamente perto de Elizabeth. – sorriu mr.Darcy, profundamente feliz por ter recebido tal notícia em um momento favorável como aquele, poderia cessar aquelas sensações e ver novamente sua noiva. Aquilo era um presente em um momento muito oportuno.

– Sim, e se dermos sorte você se casará em menos de 5 dias se tudo estiver realmente nos conformes. Desejo-lhe felicidades primo– disse Coronel Fitzwilliam, rindo e dando um abraço em mr.Darcy, que não parava de sorrir e finalmente suas preocupações estariam cessadas. - Então, o que pensa em fazer, meu caro primo? – perguntou Coronel Fitzwilliam.

– Não sei, penso que devo ir a Pemberly avisar Georgiana sobre essas boas notícias e partir direto para Hertfordshire.

–Não entendo primo, pensei que seu plano seria pedir para que miss Elizabeth fosse para Pemberly o mais rápido possível. – disse Coronel Fitzwilliam, estranhando as atitudes de mr.Darcy.

– Eu até poderia fazer isso, mas tenho certeza absoluta de que mr.Bennet odiaria que eu fizesse tal coisa, tem um grande afeto pela filha e gosta de sua companhia. Além disso, tem algo que preciso investigar.

– Investigar o que? – perguntou coronel Fitzwilliam, não conseguindo acompanhar o que mr.Darcy dizia.

– Sinto Elizabeth diferente, e tenho sensações ruins a respeito do nosso noivado, como se houvesse algo que ela gostaria de me dizer, mas que não pudesse ao mesmo tempo. Quero observa-la de perto. Vou partir imediatamente. – disse mr.Darcy, pegando seu casaco e ordenando a uma criada que preparasse a carruagem imediatamente.

Enquanto colocava roupas em uma mala pequena, sendo acompanhado pelos olhares confusos de Coronel Fitzwilliam que não sabia qual era a melhor pergunta para fazer a mr.Darcy de tantas que lhe passavam em sua mente de uma só vez.

– Primo, não entendo como pode achar isso tendo estado tão longe dela por semanas, e sinceramente já esta de noite, penso que seria melhor você sair amanhã de manhã. Estradas de noite são perigosas e penso que suas conclusões são nada menos do que uma reação natural de um homem prestes a subir ao altar, entendo que está nervoso, mas não se precipite. – aconselhou mr.Darcy, tentando acompanhar a pressa de seu primo.

– Se fosse uma reação natural, meu caro primo Fitzwilliam, saiba que eu não estaria tão desesperado. Esqueceu-se que sou um homem equilibrado? – disse mr.Darcy, pegando roupas aleatórias e as jogando desordenadamente na mala. – e além do mais, quero muito rever Elizabeth, sinto falta dela.

– Eu não sei, você anda bastante diferente desde que se tornou um homem comprometido. – disse Coronel Fitzwilliam, franzindo o cenho, se debatendo com suas próprias ideias.

– Como assim? – perguntou mr.Darcy, parando de arrumar a mala no instante e olhando para Coronel Fitzwilliam, prestando mais atenção na conversa, e esperando uma resposta do primo. Sabia que estava diferente, mas não sabia que alguém havia notado sua transparencia.

– Você anda distraído, perdido em pensamentos e quase sempre suspirando. É totalmente o contrário de seu comportamento, quando se trata de negócios, você esta sempre concentrado e otimista. Você anda inquieto e pensativo. Você está mudado. – disse coronel Fitzwilliam.

Mr.Darcy sorriu com as conclusões do primo, e por fim, fechou a mala e saiu do escritório, sendo acompanhado por Coronel Fitzwilliam, que esperava uma resposta ao que havia dito, e ao parar frente a carruagem, mr.Darcy se virou para o primo e disse apenas:

– Isso se chama amor primo, tenho certeza que você compreenderá um dia. Agora, vou atrás de respostas para minhas sensações a respeito de Elizabeth, tenho que saber o que esta acontecendo. Nos veremos em breve. – e dito isso mr.Darcy entrou em sua carruagem, rumo a Hertfordshire, esperando ansiosamente rever sua amada e acalmar suas sensações, mas agora que tinha parado para pensar, será que essas desconfianças da noiva estariam ligados a visita daquele rapazote francês insolente a mr.Bingley e será ele a causa daquela sensação de infelicidade que sinto Elizabeth?, pensou mr.Darcy, já sentindo a fúria vibrar pelo seu corpo e a ansiedade de chegar logo em Hertfordshire para acalmar seus ânimos.