Pov. Mili.

Que estranho o Cícero ter escutado o nome da Vivi...

*Flashback - ONN*

Vivi: Eu não gostava do meu pai porque ele batia em mim e na minha mãe, mas a Tati era muito pequena por isso não se lembra.

Mili: Isso é horrível. Como se chama?

Vivi: Cícero.

*Flashback - OFF*

Deve ser o pai da Vivi! Da forma que ele sabia o nome dela sem ter escutado só pode. Se eu tivesse me lembrado mais cedo teria falado com ele. O Cícero veio connosco se sentindo culpado, mas se eu falasse agora não faria boa figura...

Pov. Chico.

Coitada da Vivi, tão nova para uma desgraça dessas! Que Deus a ajude!

Eu estava tentando cozinhar mas não conseguia, então, fui para a rua apanhar um pouco de ar quando vi uma menina que aparentava ter 11 anos, a chorar, toda machucada e desarrumada, a andar sem rumo, sem destino. Fui falar com ela.

Chico: Oi menininha, está tudo bem com você?

Xxxxxx: Está sim. - pareceu fraca.

Chico: Como se chamas? Eu sou o Chico.

Xxxxxx: Leonor.

Chico: Para onde você está indo?

Caiu-lhe uma lágrima. Ela devia ser órfã...

Chico: Onde estão os seus pais?

Leonor: Agora a minha mãe é uma estrelinha e o meu pai também... - Começaram a surgir várias lágrimas dos olhos da garota.

Chico: Vem menina, vem... - a levei para o orfanato.

No hospital...

Pov. Tati.

Apenas eu, a Mili, Mosca, a Cris, o Duda, o Juca e o Binho viemos ao hospital por causa da minha irmã. O Juca foi com ela na ambulância e nós restantes viemos com a Carol.

Acho que o Binho só veio para me fazer companhia, eu insisti para ele ficar e ele disse que não ia me deixar só. Muito fofo ele.

Parei de pensar quando a Mili me trouxe só o vigésimo-sétimo copo de água com açúcar...

Mili: Toma Tati. - disse me entregando o copo.

Tati: Obrigada.

Cris: Ela vai ficar bem, calma. - aquela palavra, "calma" só estava me dando mais nervos e ainda por cima, estavam todos me olhando. Naquele momento só me apeteceu berrar. Eu quero paz!

Eu fiquei olhando o Duda abraçando a Cris e o Mosca a Mili. Porque é que eles conseguem e eu não? Porque só eu e ele temos algo que impeça um relacionamento normal? Aí eu só quis chorar de tudo! Pelo amor que está impedido por uma amizade, pela minha irmã, por eu ter um pai que não conheço, por a minha irmã dizer que esse nosso pai batia-nos, etc.

Binho: Tati, você está bem?

Tati: Não Binho, não! - comecei a chorar ainda mais.

Binho: Não chore, eu estou aqui, bem do seu lado. Eu não gosto de ver uma pessoa que eu tanto amo nesse estado.

Tati: Ainda tá falando de mim? - questionei após ele dizer "pessoa que eu tanto amo".

Binho: Claro! Vem cá. - eu o abracei muito forte.

Doutor Fernando: Oi pessoal!

Todos: Oi!

Carol: E aí, novidades da Viviane?

Doutor Fernando: O estado dela é muito delicado... - quando ele disse isso eu arregalei-lhe os olhos.

Tati: Como assim? Ela está bem? - disse me levantando rapidamente.

Doutor Fernando: É melhor eu falar para a Carol.

Tati: Ela deve estar mal... Se não quer falar para uma criança...

Juca: Deixa ouvir Tatizinha!

Doutor Fernando: A Vivi está em coma...

Tati: Não pode! - só corri e fugi dali pra fora. Eu não sei bem onde estava, acho que estava debaixo daquelas camas, sabem? E fiquei por lá, a tentar conformar-me com tudo.

Mili: Gente, e agora?! - disse a garota muito preocupada.

Carol: Eu sei onde ela pode estar... Quando a mãe da Dani morreu, ela fugiu e se escondeu debaixo daquelas camas, chorando. Pode ter acontecido o mesmo com a Tati!

Cris: Vamos logo, tadinha!

Eu estava lá e comecei a ouvir umas vozes conhecidas a aproximar-se. Carol!

Carol: Vamos lá ver... aha! Encontrei-te!

Tati: Me fala que é tudo mentira, por favor!

Carol: Tati, infelizmente está em coma, mas a tua irmã não morreu!

Tati: Eu quero-a aqui comigo...

No orfanato...

Pov. Pata

Eu estava falando com a Bia, a Ana e a Maria sobre a Vivi quando de repente vimos o Chico entrar com do seu lado uma menina que aparentava ser meiga e que era muito bonita.

Chico: Crianças, esta é a Leonor. Encontrei-a nesse estado, andando por aí sem rumo, sem pais, sem nada.

Todos: Oi Leonor! - ela olhou para todos com um olhar de quem tinha visto magia.

Maria: Leonor, senta aqui com a gente!

Leonor: Posso ir Chico?

Chico: Claro! Mas primeiro, alguma menina tem uma roupa para emprestar para ela?

Ana: Eu acho que tenho. Vem comigo Leonor!

Elas foram à frente e nós fomos atrás. Ela tomou banho, vestiu a roupa da Ana e foi comer uma sanduiche. A menina é de se confiar e doce.

Leonor: Obrigada Chico por me acolher!

Chico: Ora essa! Isto é um orfanato, serve para acolher crianças órfãs!

Leonor: Obrigada na mesma.

Bia: E se contasse como tudo aconteceu? - hoje a Bia estava espantosamente simpática.

Leonor: Os meus pais morreram atropelados e eu fui mandada para um orfanato...

Chico: Quer dizer que fugiu?

Leonor: Não foi bem isso. Nesse orfanato eu e os meus amigos descobrimos que andavam a dar-nos carne de cavalo, cão e gato para comer. Aí, eu fui a única que teve coragem para enfrentar o cozinheiro que era muito mau. Ele me amarrou e prendeu-me numa retrete com ratazanas, baratas, aranhas e outros bichos parecidos, eu consegui soltar e fugi, mas perdi-me porque nunca tinha ido à rua desde que entrei naquele orfanato.

Pata: Meu Deus! Que crueldade!

Chico: Pois é Pata! Pessoas como esse cozinheiro devem ir para a cadeia!

Maria: Algo nessa história não está batendo certo...

Leonor: O quê?

Maria: Se não ia para a rua, como ia para a escola?

Leonor: Fica descansada, não estou mentindo. Tínhamos aulas lá mesmo.

No hospital...

Pov. Mili.

Deus! Porquê? Neste momento poderíamos estar alegres no orfanato a correr, a saltar e a brincar! A pobrezinha da Tati, está chorando muito, ela não merece isto tudo! É peso demais para uma criança!

Continua...