Temporits Actis escrita por Krika Haruno


Capítulo 36
Capitulo 36: Reditus




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Nunca o silencio foi tão incomodo quanto naquele momento. Ninguém conseguia dizer uma só palavra. Teriam a chance de voltar para o futuro, mas ao mesmo tempo queriam ficar.

— Está tudo acertado, alem de os mandarem de volta, - iniciou Irene. – apagarei na mente de vós, - dirigia-se as pessoas do passado. – esse trecho. Não se lembraram desses acontecimentos.

— Não vamos nos lembrar deles? – indagou Regulus.

— Não. Tudo voltará ao normal.

— Mas eu não quero esquecer. – retrucou o pequeno leonino. – não quero esquecer de Aioria, de Lithos e dos outros.

— Sinto muito, mas é preciso restabelecer o equilíbrio.

— E quanto a nós? – Shion tomou a frente. – Dohko e eu faremos parte do futuro.

— Estão inclusos, não se lembraram de nada.

— E a Lara? – indagou Kanon, na esperança que ela voltasse a vida.

— Infelizmente não posso fazer nada por ela. Ela está no mundo de Hades e nenhuma alma retorna de lá. Para não causar um dano a linha do tempo, na mente das pessoas do passado, será como se ela tivesse desaparecido. Estais preparados? Lançarei o feitiço agora.

 - Agora? – Hasgard olhou para Aldebaran, não queria que o amigo fosse embora.

— Não poderei manter o portal aberto por muito tempo. Digam adeus.

Selinsa agarrou o braço do virginiano, por debaixo da mascara as lagrimas rolavam.

— Eu sabia que esse dia chegaria, mas... – a voz saiu embargada. – eu não quero esquecer você...

Shaka continuava com o olhar fixo para frente.

— Eu não quero esquecer tudo que passamos...

O sentimento de Selinsa era compartilhado por todos.

— Eu amo você Shaka.

O virginiano deixou uma lagrima rolar. Sabia que mais cedo ou mais tarde iria se separar dela, só não imaginava que fosse tão difícil.

— Sel...

— Eu não quero te esquecer. – agarrou ainda mais o braço dele.

Delicadamente o virginiano a abraçou.

— Você não vai me esquecer. – tentou mostrar tranqüilidade, mas sabia que ao cruzar aquele portal, Selinsa iria esquecê-lo. – assim como eu não vou te esquecer. Eu te amo hoje e sempre. – a abraçou mais forte.

Hasgard olhava a pupila.

— Hasgard.

A voz de Aldebaran o trouxe de volta. O brasileiro estava com a mão estendida.

— Foi um prazer conhecê-lo. Sinto-me honrado por sucedê-lo.

— A honra em minha. – retribuiu o gesto. – obrigado por tudo e proteja Atena.

— Está certo.

Os dois trocaram um abraço.

Manigold trazia um olhar despreocupado.

— Vai voltar para o santuário, meus parabéns. – estendeu a mão para Giovanni.

— Cuide-se. Proteja o mestre.

— Protegerei.

O aperto de mão foi caloroso, assim como o de Shura e Cid.

— Proteja Atena acima de tudo. – disse Cid.

— Tem a minha palavra. Obrigado por tudo.

Cid deu um leve sorriso. Mu aproximou de seu mestre.

— Shion.

— Você é um cavaleiro excepcional. Sei que cumprirá seu dever.

— Eu prometo.

— Pena que não me lembrarei dessa passagem, mas fico feliz em saber que vou encontrá-lo no futuro.

— Faço as palavras de Shion as minhas. – disse Dohko. – não só você Mu como a todos. Será bom revê-los.

Athina olhava para Gustavv, não queria que o amigo se fosse.

— Não faça essa cara. – o sueco fez aparecer uma rosa branca. – não poderíamos ficar aqui para sempre.

— Mas...

— Quero que me prometa uma coisa.

— O que?

— Cuide de Albafica. – disse no ouvido dela.

— Eu prometo. – sorriu.

— Gustavv. – chamou o pisciano do passado.

— Cuide dela.

— Cuidarei. Obrigado por tudo.

— Foi uma honra.

Áurea mantinha os olhos baixos, apesar de saber que encontraria Shion no futuro, não seria a mesma coisa, ele iria esquecê-la e tudo voltaria ao normal.

— Áurea.

Ao erguer o olhar recebeu um abraço de Hakurei.

— Cuide-se está bem. E cuide dele.

— Sim... – deu um meio sorriso. – você também se cuide.

— Lembra daquele favor que te pedi?

— Favor?

Hakurei usando a telepatia a lembrou.

— Farei sim. Fique tranqüilo.

Shion a fitava. Se eles iriam se encontrar no futuro porque tinha que esquecê-la? Certamente quando voltasse as coisas mudariam e...

— Áurea.

Ela o fitou. Ele aproximou e surpreendendo a todos a beijou.

— Eu não vou te esquecer... não vou... – estavam próximos com ele segurando as mãos dela entre as suas.

— Shion...

— Vou te esperar por esses anos. – a fitava. – eu te amo Áurea. Acredite nisso.

— Eu acredito. – a voz saiu embarcada, foi inevitável o cair das lagrimas.

Kanon os fitava com pesar, de certa forma estavam sendo separados como foi com Lara. Uma separação em vida, não seria pior?

— Eu acredito em reencarnação. – disse Deuteros fitando o ariano. – sei que Lara renascerá na sua época, encontre-a.

— Deuteros...

— Encontre-a e a faça feliz. É o meu único pedido.

— Tenha a certeza disso.

Os dois apertaram as mãos. Saga aproximou da dupla.

— Cuide-se Deuteros.

— Obrigado por tudo. E não se esqueçam que Castor e Polux andam juntos.

— Não esqueceremos. – disseram os dois geminianos do futuro.

Selinsa continuava abraçada a Shaka. Hasgard aproximou.

— Shaka.

— Cuide dela por mim. – disse.

— Cuidarei, tem a minha palavra.

Asmita continuava em silencio.

— Asmita... – o silencio dele a perturbava.

— Minha aparência pode mudar, – a voz saiu fria. – ou passar muitos anos, mas cruzarei o tempo para te encontrar. – a fitou.

A amazona com os olhos rasos tirou a mascara.

— Promete? Promete que vamos nos ver de novo?

Ele aproximou colando sua testa na dela.

— Sim. Eu vou achá-la não importa como.

— Quando me achar eu quero a minha corrente de volta. – sorriu.

— A terá. – sorriu.

Kárdia brincava com o botão da camisa.

— Você tem que ir mesmo Kamus?

— Eu não pertenço a essa Era.

— Apesar de ser um chato, vou sentir sua falta. – não o fitou.

— Eu também.

Fez um gesto que não era o seu habitual: deu um abraço em Kárdia.

— Não seja tão imprudente e escute Dégel.

— Vou tentar....

Dégel olhou para Miro.

— Se cuide Miro.

— Obrigado por tudo Dégel. E cuide de Kárdia, sabe como são as crianças.

— Eu não sou criança!

— É.

— Retire o que disse!

— É um bebê. – o grego brincou com os cabelos dele, como se ele fosse uma criança.

— Miro... – cerrou o punho nervoso.

— Proteja isso. – colocou o dedo no peito dele. – ainda é muito novo para morrer. – disse sério.

— Farei isso... – disse encabulado.

— Esses dois... – Dégel sorriu.

— Cuide de Kárdia. – disse Kamus. – ele precisa da sua orientação.

— E Miro da sua. – sorriu.

Os dois trocaram um aperto de mão.

Abraçado a Lithos, Regulus chorava.

— Não fique assim. – a garota tentava acalmá-lo.

— Perdi meu pai, agora perco você e o Aioria, não é justo.

— Regulus.

— Aioria. – o garoto saiu dos braços da grega para ir nos dele. – fique.

— Meu lugar não é aqui. Quero te pedir uma coisa.

— O que...

— Tome conta de todos. Fique sempre ao lado de Sísifo e proteja Atena.

— Está bem.

— Sísifo.

— Não se preocupe Aioria, tomarei conta dele. – depositou a mão no ombro dele. – fique tranqüilo.

— Ficarei.

— Tome conta dela. – olhou divertido para Lithos. – e pode deixá-la ir a todas as festas. Ela precisa se divertir.

— Farei o possível. – sorriu.

Lithos o fitava, a expressão dele não tinha se alterado, era como se ela fosse fazer uma viagem de breve duração. Será que ele já não a amava mais, a ponto de não se importar?

— Pode deixar eu irei. – disse fria.

— Lithos? – a fitou surpreso.

— Cuide bem do Regulus.

O sagitariano estranhou o jeito rude dela, mas depois sorriu.

— Bobinha... – aproximou. – me escute. – depositou as mãos nos ombros dela. - Eu já te disse uma vez e vou repetir.

— Fale. – o rosto estava virado.

— Olhe para mim. – a voz saiu imperativa.

Ela o fitou.

— Não importa o que aconteça, meu amor por você vai me guiar de volta. Vai esperar por mim?

Ela ficou calada, segurando as lagrimas. Ele simplesmente a abraçou.

— Já é hora. – a voz da deusa fez-se presente. – apresentem-se.

— Quero agradecê-los. – Sage tomou a frente. – obrigado por tudo.

— Não tem o que agradecer mestre. – disse Saga. – estamos honrados por conhecê-lo. O senhor como também o cavaleiro de Altar. – o geminiano o fitou.

O momento derradeiro havia chegado. De posse do báculo Irene o ergueu. Seu cosmo misturou-se ao cosmo de Atena.

— Pelos poderes investidos a mim: Reverse Tempus.

O báculo emitiu uma luz forte cegando-os por alguns segundos, logo em seguida apareceu um portal. Aos poucos os dourados foram passando. Shaka, Áurea, Marin e Lithos foram os últimos. Selinsa nos braços de seu mestre chorava. Asmita conservava a expressão séria, enquanto a desilusão era vista no rosto de Shion. Sísifo trazia o rosto sereno....

O portal fechou-se. O cavaleiro de virgem abaixou o rosto.

— Para completar a minha missão lançarei em vós um feitiço de esquecimento.

— Posso perguntar algo? – indagou Sísifo.

— Sim.

— O que Pontos quis dizer com “Atena é previsível e troca apenas os pares.”

A deusa sorriu.

— Ilíada, o cavaleiro de Leão. Apesar de toda dedicação dada ao santuário, ao morrer sentiu-se em divida com o mesmo, já que o abandonou para cuidar do filho. Ele pediu para voltar e assim cumprir sua missão que era lutar por Atena. Foi lhe atendido e renasceu como cavaleiro de Leão, Aioria.

— Aioria é o Ilíada? – Hasgard estava surpreso.

— Isso mesmo.

Regulus arregalou os olhos.

— Meu pai... Aioria...?

— Eles eram realmente parecidos. – disse Hakurei.

Sísifo sorriu, tinha a leve sensação que Aioria era seu irmão. E se isso era realmente verdade era bem provável que...

— “Meu amor está perto.”

— Agradeço a compreensão de vós. – ergueu o báculo. – Oblivione.

Sentiram uma nevoa ao redor, aos poucos a mente foi ficando turva...

De olhos fechados Shion concentrava-se.

— “Não vou esquecer... não vou esquecer... não vou esquecer... Áurea..”

O feitiço foi lançado e como esperado a passagem dos dourados foram apagadas.

Os cavaleiros acordaram do “transe” achando que aquela festa era apenas mais uma comemoração. Lara foi dada como desaparecida e Pontos, Chronos ou pessoas do futuro não passavam de nada.

Meses depois Sísifo encontrou Atena levando-a para o santuário e anos depois começava a guerra contra Hades...com as primeiras baixas...

...Aquilo era impossível, Albafica não poderia estar morto. O coração saltava pela boca e as pernas doíam, mas alcançaria Shion.

— Mestre Shion!

Parou a certa distancia recuperando o fôlego. Shion a olhava segurando o cavaleiro de Peixes nos braços.

— Se... essa guerra santa continuar....os cavaleiros vão continuar a morrer? Vão lutar e se ferir como o senhor Albafica? – os olhos estavam marejados. – Eu não quero ver os cavaleiros feridos... – as lagrimas aumentaram. – nem que o senhor Albafica tivesse morrido.

Athina foi de joelhos ao chão, seu coração doía.

— Nós não lutamos para morrer, vivemos para cumprir a missão que nos foi encubida... para proteger o amor e a justiça na terra... Albafica lutou por tudo isso e também... para proteger você.

Ao escutar Athina chorou ainda mais.

— Ele queria que vivesse.

— Não a esse preço! Não a esse preço....

Shion compadeceu dos dois. Fitou o amigo que jazia em seus braços. A vida tinha sido dura para ele, está tão perto da pessoa querida e não poder tocá-la.

— Temos que seguir em frente Athina. – deu um longo suspiro.

— Para onde vão levá-lo?

— Seu corpo será limpo e enterrado como manda a tradição.

— Eu posso ir...?

— Claro. – Shion pressentiu uma presença. – quem está aí?

— Muito prazer em conhecê-lo, Shion. Sou Atla, leve-me ate o grande mestre, trago uma mensagem para ele.

Levaram Albafica para um pequeno templo que ficava atrás do templo de Athena. Seu corpo foi depositado numa mesa de mármore onde seria limpo e preparado. Ainda trajava a sagrada armadura de Peixes. Athina estava ajoelhada ao lado dele. Shion havia permitido sua entrada ate que as servas chegassem.  Fitava o rosto outrora desperto agora coberto pelo sangue.

— Perdi meu pai... agora perdi você... – tocou o rosto dele.

Levantou, beijando os lábios frios.

— “Não vai continuar sozinho, irei com você.”

Só havia um meio de acompanhá-lo. Deixou-se tocar pelo sangue dele em varias partes. Sabia o quanto aquilo poderia ser letal, mas era o que queria. A vida não tinha mais sentindo sem ele. Deitou ao seu lado segurando fortemente sua mão. Colocou a cabeça no peito, fechando os olhos...

Selinsa corria por todos os lados atrás de Athina. Estava preocupada, pois ficara sabendo que parte da vila tinha sido destruída. Correu ate o templo de Athena, tinha recebido informações que ela tinha sido vista com Shion. Entrou por uma entrada lateral encontrando Sísifo.

— O que foi Selinsa?

— Você viu o senhor Shion?

— Está com o mestre, por que?

— Quero perguntar se ele viu a Athina, soube que o vilarejo...

— Ela está bem. – o ariano surgiu. – está no templo atrás da estatua. O corpo de Albafica está lá.

— Então ele.... – segurou o choro.

— Infelizmente. Preciso buscá-la antes que as servas cheguem.

— Eu vou com você.

— Eu também. Ela deve está arrasada.

Os três dirigiram-se para lá. Shion abriu a porta entrando primeiro.

— Não pode ser... – balbuciou incrédulo.

— O que foi Shion? – Sísifo que vinha logo atrás parou surpreso. – Zeus...

— Athina? – Selinsa precisou segurar-se.

Aproximaram rapidamente.

— Athina! Athina!

O ariano a chamou varias vezes sem sucesso.

— Athina acorda. – Selinsa a tocou, sentindo frieza. – Zeus... – levou a mão a boca.

Sísifo tocou seu pulso, não sentiu nada. Fitou o corpo dela cheio de sangue, provavelmente de Albafica.

— Ela foi envenenada. Se expôs ao sangue dele. Eu lamento Selinsa.

— O que esta dizendo Sísifo? – Shion não acreditava. – ela não está...

— Está sim. Ela o acompanhou, na certa houve muito contato do sangue na pele dela.

Fitou as mãos unidas.

— Que sejam felizes.

... O saldo da guerra? Apenas dois cavaleiros sobreviventes, que carregariam a esperança de dias melhores ate a geração futura...

X.x.X.x.X.x.X

 

... Estavam parados diante do templo de Atena. Estavam silenciosos.

— Voltamos? – indagou o taurino.

— Sim. – respondeu Shaka de forma baixa. – sinto o cosmo de Atena.

— Vamos entrar. – disse Saga.

Dentro do templo cercada por Shion, Dohko e Aiolos, Atena envolvia seu báculo com seu cosmo. Havia conversado com as Horas e as Moiras encontrando uma maneira de trazer seus cavaleiros de volta.

— Espero que dê certo. – disse Aiolos. – espero que...

Arregalou os olhos, Atena parou o que estava fazendo na hora, assim como Dohko e Shion que trocaram olhares. Os quatro abandoaram a sala indo para o salão do trono... os olhos da deusa encheram de água.

— Por Zeus... – sorriu.

— Aioria! – gritou Aiolos.

Os dois irmãos deram um forte abraço.

— Como é bom vê-lo. – disse o leonino.

— Pensei que nunca mais o veria. Como voltou? – o fitou. – que roupas são essas?

— Longa historia.                  

O sagitariano desviou o olhar, sorrindo.

— Lithos...

— Oi Aiolos. – aproximou.

— Graças a Zeus. – ele a abraçou.

A garota apreciou o contato, por alguns segundos pensou que estava abraçando Sísifo, mas logo a realidade mostrou-se.

— Atena. – Saga ajoelhou diante da deusa. – obrigado por nos ajudar.

— Mas como...

— O báculo. – disse Mu. – ele nos trouxe de volta.

— Irene! – exclamou. – ela conseguiu.

— Seja bem vindo Mu. – disse Shion.

O ariano fitou seu mestre. Apesar da aparência não ter mudado muito sentia o peso dos anos nele. Era uma pena que ele não se lembrava de nada.

— Obrigado mestre.

— Vocês estão vestidos... – Dohko os fitava curioso. – que roupas são essas? Ate parece com a roupa que eu usava na juventude nas festas oficiais.

— Chronos nos mandou para sua Era Dohko. – disse Kamus. – fomos parar no santuário antes da guerra santa.

Os quatro ficaram surpresos. Áurea olhava Shion trajando a vestimenta de grande mestre. Tinha que se contentar em apenas olhá-lo de longe. Shion notou o olhar aproximando.

—  Seja bem vinda Áurea.

— Obrigada mestre. – fez uma leve reverencia.

— Estou feliz por vê-los. – disse voltando a atenção para os outros, deixando uma grega entristecida.

— Obrigado mestre, nós... – Miro parou de falar.

A atenção de todos voltou-se para a porta dourada e aproximação de cinco cosmos.

— Está na hora de colocar um ponto final nisso. – MM estralou os dedos. – vou fazê-los pagar pelos banhos frios que tomei.

Quando Pontos entrou na companhia dos demais titãs levou um grande susto. Esperava encontrar apenas Atena e mais três cavaleiros. Tomando a frente Saga contou a ele o que tinha acontecido e uma batalha teve inicio. Foi difícil, mas no final a elite de Atena conseguira derrotar os deuses. Faltando uma parte para dar um ponto final a tudo, Atena reforçou o selo da Megas Depranon e foi ate o local onde Chronos estava selado, eliminando o mal pela raiz. A terra estava salva.

Aos poucos a vida voltava ao seu curso normal. Kanon parecia mais tranqüilo em relação a Lara. Shaka passava a maior parte do tempo recluso. Marin pegava-se pensando em Asmita. Áurea mantinha-se afastada de Shion e Lithos afastou-se de Aiolos. A simples presença dele lembrava-a de Sísifo e com isso uma semana se passou...

Desde que voltara, Áurea fazia o possível para não ir ao templo e quando tinha que ir tratava o ariano com recato. Não foi diferente quando foi ao templo a pedido de uma das servas. Rezou para que não encontrasse o cavaleiro e não o encontrou. Munida de uma vassoura, começou a varrer o pátio da estátua. Ao final dirigiu-se para atrás da estatua para contemplar a vista da cidade.

Sentada, fitava as construções que se estendiam alem do horizonte. Lembrava-se constantemente do pedido de Hakurei e não sabia se atendia ou não. Tinha medo de Shion encher-lhe de perguntas e ao final falar coisas que não devia.

— “O que eu faço...” – pensou dando um suspiro desanimado.

— Quando eu era jovem, tudo que dava para ver era uma densa floresta... agora...

Áurea assustou-se.

— Shi-on?! Quero dizer mestre.

— Desculpe se a assustei. – sorriu.

— Não foi nada...

— Os anos realmente passaram. – disse fitando a paisagem.

Ela ficou calada, surpresa pela presença dele.

— Posso me sentar?

— Cla-ro.

O mestre sentou ao lado dela, bastante próximo, o que a deixou constrangida. Vez ou outra olhava a figura altiva.  A expressão do rosto continuava a mesma, os cabelos tinham ficado mais verdes e os olhos de castanho para o violeta, mas nada que diminuísse a beleza dele.

— Posso te perguntar algo? – cortou o silencio.

— Claro mestre.

— Por que tem me evitado?

— Eu? – engasgou. – de manei-ra algu-ma mestre. – gaguejou. – desculpe se passei essa impressão.

— Não precisa mentir. A vantagem de se viver muitos anos é essa. Passamos a conhecer as pessoas.

— Desculpe, eu... – abaixou a cabeça constrangida.

— Áurea.

— Sim...

Ela mal teve tempo de pensar, sentiu os lábios de Shion juntos aos seus. O cavaleiro não se limitou a apenas um selinho, tomou lhes os lábios beijando-os torridamente.

— Shion... – saiu num murmúrio.

— Quando aquela deusa, - afastou-se um pouco, mas as respirações estavam próximas. – jogou aquele feitiço, fechei os olhos e me concentrei na sua imagem. Não queria te esquecer.

— Então... – o fitou.

— Mas foi algo forte e depois que ela sumiu não me lembrava de nada, ou quase nada. – afastou-se. – carregava no peito um sentimento de saudosismo e todas as noites sonhava com um rosto o qual não me lembrava. Era o seu rosto. – passou a acariciar o rosto da grega. – no meio da guerra contra Hades lutei contra um inimigo que me fez reviver isso. – mostrou a cicatriz que tinha no braço. – após o combate a sensação de saudosismo aumentou ate que um dia tudo veio na minha mente. Sua chegada... a luta contra Pontos... e a sua partida... jurei que esperaria o tempo que fosse para te encontrar... – sorriu. – e hoje...

— Lembra-se de tudo? – os olhos estavam marejados.

— Sim. E agora que te achei, nunca mais vai sair da minha vida.

— Shion...

— Casa comigo?

— Eu...

— Não aceito um não como resposta. – a voz saiu firme. – não se esqueça que sou arrogante e prepotente.

Ela riu.

Poucos dias depois o santuário testemunhou algo inédito: Shion era o primeiro grande mestre a se casar.

A festa seguiu ate a madrugada. Lithos sem sono sentou-se na porta da casa de Leão. Olhava para o céu pensando em Sísifo.

— Está sem sono?

Olhou para trás deparando com Aiolos.

— Um pouco.

— Posso me sentar?

— Pode.

Seguiu alguns minutos de silencio. Lithos voltou a atenção para o céu, Aiolos por sua vez a fitava. Desde que a vira pela primeira vez, havia se apaixonado. Achava que com a volta dela poderia conquistá-la, mas a figura de Sísifo o impedia. Aioria contara sobre o que tinha acontecido com eles no passado. O sagitariano fitou a mão esquerda dela, depois voltou a atenção para o céu.

— Gosto de olhar o céu a noite. – disse quebrando o silencio.

— Eu também. – respondeu sem fita-lo.

— Acho que mesmo com o passar dos anos ele não muda. As estrelas que estamos vendo agora são as mesmas que verei no futuro, ou que alguém viu no passado. Você pode esta em qualquer lugar que estará vendo o mesmo céu.

— Acha mesmo? – indagou lembrando-se das palavras do marido.

— Acho. O céu conecta as pessoas.

Lithos o fitou.

— O que disse?

— Que o céu conecta as pessoas. – respondeu. – desculpe, - coçou a cabeça encabulado. – estou te importunando com as minhas maluquices.

— Não é isso... é que... – abaixou o rosto.

Aiolos silenciou-se, certamente ela estava pensando nele. Deu um longo suspiro levantando.

— Sei que se sente sozinha, - disse olhando para o céu, Lithos o encarou. – então olhe para o céu... nós sempre estaremos conectados por ele.

A grega piscou algumas vezes, era a mesma fala que Sísifo lhe dissera uma vez, alem  do mais a voz de Aiolos soara um pouco diferente.

— “Estou ficando louca...”

— Boa noite. – disse o sagitariano saindo.

— Aiolos....

No dia seguinte Áurea tinha uma decisão tomada, contar a Shion sobre o pedido de Hakurei. Encontrou o marido no pequeno escritório.

— Está muito ocupado?

— Não por quê?

— Hakurei me fez um pedido. Ele quer que você vá a Star Hill e pegue algo debaixo do altar principal.

— Altar principal? – estranhou. – mas não há nada lá.

— Deve haver.

— Quando ele te disse isto?

— Antes de irmos embora. Disse que era importante.

Shion estranhou, mas resolveu obedecer. Passando a mão na grega dirigiram-se para o local. Áurea ficou encantada, jamais imaginara que estaria em Star Hill e que lá fosse tão bonito. Depois de contemplarem a vista os dois entraram no pequeno templo. Shion aproximou-se do altar ficando sem entender. Não havia nada lá.

— Será que ele não se enganou? – indagou Áurea. – ou eu entendi errado.

— Talvez...

O cavaleiro passou a mão por baixo da mesa, ate então nada de especial, mas sentiu uma leve ondulação no centro da mesa. Abaixou-se para ver melhor e foi com muita surpresa que viu uma fresta na mesa de madeira. Forçou um pouco e totalmente pasmo tirou um pequeno envelope amarelado com seu nome gravado.

— O que é isso? – Áurea aproximou.

— Tem o meu nome.

Rapidamente o ariano abriu o envelope e começou a ler a carta contida nele. A grega o olhava impaciente e ficou temerosa ao ver a expressão de surpresa seguida de pálida.

— O que foi Shion?

O ariano tremia, os olhos marejaram, mas ele segurava as lagrimas.

— Shion o que foi? – tocou no braço dele.

— Leia. – passou a carta para ela.

Áurea começou a ler, no meio da pagina olhou rapidamente para o marido.

— Isso é verdade?

— Continue a ler. – disse no seu mais auto controle.

Voltou o olhar para o papel amarelado, o que estava escrito ali...

— Estou surpresa...

— Por que ele não me contou? Eu tinha o direito de saber!

— Ele... as vezes... temia que você o rejeitasse.

— Jamais faria isso! – gritou exaltado. – como ele pode? – levantou. – eu tinha que saber que ele era meu pai!

Áurea voltou a atenção para o papel.  Estava surpresa por saber que Hakurei era o pai de Shion.

— Esta com raiva dele?

— Não...- sentou. – eu não sei...  eu tinha o direito de saber, ainda mais naquela época. Ele me treinou, ele... – deixou algumas lagrimas escaparem.

— Ele sabe dos seus sentimentos. – Áurea o abraçou.

— Tantas coisas que eu queria dizer... tantas que queria perguntar...

— Ele sabe. – abraçou mais forte.

— Obrigado por me trazer ate aqui. – sorriu.

— Vamos?

— Sim.

O casal levantou e estava prestes a sair quando um brilho no fundo do templo chamou a atenção deles.

— Espere aqui. – Shion tomou a frente.

O cavaleiro foi ate o fundo da construção, um brilho prateado ofuscava a visão, foi com grande admiração que o ariano viu uma urna.

— Uma armadura?

Aproximou um pouco mais arregalando os olhos.

— A armadura de Taça?! – tocou a urna.

— O que foi Shion?

— A armadura de Lara. Ela apareceu depois de tantos anos... será que... vamos voltar para o santuário.

De posse da armadura Shion e Áurea voltaram. Marin esperava pelo mestre no salão principal, Atena estava com ela.

— Mestre Shion. – fez uma reverencia.

— Aconteceu alguma coisa Marin?

— Aconteceu, mas nada alarmante. É sobre as novas aspirantes. Elas chegaram ontem e hoje apliquei um teste nelas.

— E?

— Uma delas tem um grande potencial.

— Para usar a armadura de Taça? – indagou.

— Como? – o fitou surpresa.

— A armadura de Taça apareceu.

— O que está dizendo Shion? – Atena apareceu. – a armadura?

— Sim Atena. Estava em Star Hill quando ela apareceu.

— E sobre esta aspirante. – a deusa olhou para Marin. – acredita que ela tem esse potencial?

— Sim Eu sugiro que um cavaleiro de ouro a veja treinar. Shaka seria uma boa opção.

Shion também havia pensado a mesma coisa. Se suas suspeitas estivessem corretas, a tal aspirante seria capaz de usar a armadura.

— Permite Atena? – indagou à Atena.

— Claro. Convoque-o.

Marin conteve o riso, estava torcendo para esta certa.

Desde que voltara para o futuro, o cavaleiro de virgem havia ficado mais introspectivo, passava horas olhando a casa de Touro. Apenas saia quando era ordens de Atena ou Shion, o que cumpria naquele momento. O grande mestre lhe pedira para acompanhar os treinos de algumas aspirantes. Dirigiu-se para o coliseu secundário onde ocorria os treinos das amazonas. Sentou na arquibancada passando a observar um grupo de cinco garotas que treinavam com Shina e Marin.

Elas eram boas e notara levemente que o cosmo de uma delas era mais desenvolvido do que das outras. Apenas prestaria atenção nela como o ordenado, contudo...

A garota elevou seu cosmo e com esse movimento Shaka também levantou e não suficiente abriu os olhos.

— “Esse cosmo...”

Vendo que Shaka estava de pé, Marin encerrou os treinos e por cosmo solicitou a presença dele.

— Meninas, esse é o cavaleiro de ouro de virgem, Shaka.

As cinco fizeram uma leve reverencia sem fita-lo.

— Seus níveis são excelentes, se continuarem assim serão ótimas amazonas.

— Obrigado. – disseram as cinco.

— Apresentem-se. – disse Shina. – podem tirar as mascaras.

A medida que diziam seus nomes tiravam as mascaras. Na ultima...

— O meu nome é Lisa.

Ela tirou a mascara encarando-o.

Shaka esboçou um pequeno sorriso, sem duvida aquela jovem de olhos azuis e cabelos violetas era Selinsa.

— Seja bem vinda, - sorriu. - olhos cor do céu... Lisa.

A garota não quis demonstrar reação, mas ao ver aquela figura seu coração disparou, ele era exatamente como em seus sonhos. Marin internamente sorria, desde que a vira pela primeira vez tinha a impressão que se tratava da aspirante de Hasgard e diante do trocadilho que o virginiano dissera não teve duvidas.

— Se me der licença Shaka, vamos continuar os treinos em outro local.

— Tudo bem. – disse sem desviar o olhar da aspirante. – voltarei para o templo. Foi um prazer conhecê-las.

Shaka voltou para o templo e disse a Shion que a menina que Marin apontara tinha potencial para vestir a armadura de Taça, porem não contou que se tratava de Selinsa. O mestre por sua vez não perguntou, mas tinha certeza que se tratava da pupila de Hasgard. As palavras ditas por Lara, o surgimento da armadura o levavam a pensar tal possibilidade.

No restante do dia e inicio do outro o virginiano não voltou a ver a aspirante. Tentava controlar a ansiedade, pois tudo não poderia passar de ilusão. Nos raros momentos que saia de sua casa, dirigiu-se para um pequeno jardim que havia perto do coliseu.  Ficou surpreso ao ver mais alguém no local.

— Boa tarde. – disse polidamente.

Lisa que estava sentada na grama olhou para trás.

— Desculpe, aqui não é permitido ficar?

— É sim. – aproximou-se. – vocês aspirantes podem ir a todos os locais, exceto algumas salas do templo de Atena.

— Entendi.

— Pode me contar a sua vida?

Lisa estranhou o pedido, e ia negar, mas diante do olhar dele desistiu. Desviou o olhar para o pulso esquerdo dele, gostou de vê-lo com aquela pulseira dourada.

— Nasci numa vila alguns quilômetros daqui. Eu sou a mais velha de quatro irmãos e desde pequena aprendi a defendê-los.. – riu. – eu desse tamanho batendo em marmanjos... meu pai soube que em Rodoria eles aceitavam moças para se tornarem amazonas. Passei alguns anos num centro de treinamento e ontem fui escolhida para me tornar uma aspirante.

A essas horas Shaka estava sentado perto dela.

— Você tem um grande potencial.

— Obrigada. – fitou a pulseira. – o que é isso?

— É o sinal do meu amor. Conheci uma aspirante e me apaixonei por ela. Chegamos a casar e como não tinha alianças...

— É permitido o casamento entre cavaleiros? – indagou surpresa.

— Eu casei escondido... – sorriu.

— E qual amazona ela se tornou?

— Eu não sei... tive que vir embora antes desse momento.

— Faz muito tempo que não a vê?

— Muito.

Lisa o fitou, ele era um estranho, mas se sentia completamente a vontade perto dele. Alem do mais seus olhos azuis eram como os do sonho.

— Promete não rir de mim?

— Prometo.

— Desde pequena eu tenho sonhos esquisitos. Estou num lugar de construções antigas e em meio a guerras. – abaixou o rosto. – fico angustiada pois sei que pessoas queridas estão morrendo, mas toda vez que penso em desistir ou estou em perigo, sinto uma presença ao meu lado. Não consigo ver seu rosto, nem ao menos sei seu nome, contudo seus olhos... – olhou para Shaka. – ele possui olhos como os seus. Sei que parece estranho... minha mãe me disse que são recordações de uma vida passada.

— E o que acha?

— As vezes penso que sim...

— E o que sente por essa pessoa que aparece nos seus sonhos? – indagou, com o coração em disparada, sem duvidas aquela garota era a sua Sel.

— Saudades...

Shaka sorriu.

— Aí está você. – a voz de Shina fez presente. – estou a sua procura. Oi Shaka. – dirigiu-se ao cavaleiro.

— Oi. – respondeu polidamente.

— Vamos Lisa.

— Claro. – levantou. – ate mais cavaleiro.

— Ate.

Lisa saiu sobre o olhar atento de Shaka. Minutos depois Marin apareceu.

— Shaka.

— Oi Marin.

— Cadê a Lisa?

— Saiu agora a pouco com a Shina. Você sabia que era ela, não é?

— Então é ela mesmo? – indagou animada.

— Sim. Ela me contou sobre uns sonhos que teve na infância. Sem duvida nenhuma ela é a Sel.

— E o que vai fazer?

— Sinceramente? Não sei. Ela tem lembranças daquela vida, mas não sei se lembra do nosso amor, talvez seja melhor ela seguir a vida sem mim.

— Está certo disso? – Marin sentou ao lado dele. – você tem a Selinsa de volta, não desperdice essa chance. Lithos, Kanon e eu... temos esperanças mas... pense. – levantou. – o mestre está convocando.

— Aconteceu alguma coisa?

— Ele vai designar as aspirantes para as armaduras.

O coliseu estava repleto de pessoas, no mais alto local estavam o mestre e Atena. A direita da deusa seus cavaleiros de ouro e a esquerda cinco urnas, sendo uma delas a de Taça. Ao centro da construção Marin, Shina e as aspirantes. Áurea e Lithos acompanhavam a cerimônia.

— Lembro de quando foi a nossa vez. – disse Miro ao lado de Aioria. – mal me continha de ansiedade.

— Eu me lembro.

Aiolos olhava fixamente para as garotas abaixo, o que não passou despercebido aos olhos de Shura.

— Parece que temos um apaixonado. – brincou. – quem é a felizarda?

— Quem é aquela garota? – indagou ignorando a brincadeira e apontando de forma discreta para a garota ao lado de Marin.

— É a aspirante da Marin. – disse Deba. – seu nome é Lisa e dizem que tem um grande potencial.

Shaka que ouvia a conversa manteve-se calmo.

— Eu a conheço... – murmurou.

— Não tem como. – disse Shaka. – ela chegou ontem ao santuário.

— Meu irmão me falou, - iniciou Kanon. – que Shion pensa em fazer dela a amazona de Taça.

— Amazona de Taça... – sorriu, o que não agradou nem Shaka nem Lithos.

— Por que pergunta? – Kanon o fitava curioso.

— Sem duvidas a armadura voltou para sua legitima dona. A consagração deu certo.

Shaka arregalou os olhos, tinha se esquecido que antes de morrer Lara consagrara Selinsa a armadura, por isso a armadura só voltara agora, era porque Selinsa ainda não estava no santuário, alem do mais...

— “Será possível que alem de Selinsa...” – fitava o sagitariano.

Lithos olhava para o cavaleiro, aquela expressão na face dele lembrava a de Sísifo.

— “Estou imaginando coisas.”

A voz de Shion silenciou a todos, começava a cerimônia. As urnas foram colocadas a frente das amazonas, cabia a armadura a escolha de quem ia proteger. Lisa olhava fixamente para a urna do meio. Sentia-se atraída por ela. Shion observava a garota, se ela fosse realmente a Selinsa, a armadura a escolheria.

 Uma a uma as armaduras de prata escolheram suas donas, restando apenas a de Taça.

— A armadura de Taça pertence a Lisa. – disse Shion. – podem abri-las.

As demais aspirantes apenas precisaram tocar nas suas urnas para que elas abrissem, com Lisa foi diferente, o cosmo da Taça uniu-se ao dela.

— “Selinsa renasceu na nossa época.” – o grande mestre sorriu e desviou a atenção para Shaka.

Depois de um breve discurso de Atena, a cerimônia terminou. Lisa recebia os cumprimentos de alguns cavaleiros de ouro.

— Parabéns Lisa. – disse Aiolos depositando as mãos nos ombros dela. – honre essa armadura, a sua antecessora foi de grande valor.

— Eu sei. – sorriu, apesar de ser a primeira vez que o via sentiu familiaridade no olhar. – honrarei a ela e meu mestre.

Quem ouvia e sabia da verdade achou que num lapso de memória falava de seu mestre Hasgard, quem não sabia achou se tratar de uma pessoa qualquer. As pessoas dispersaram, Lisa voltava para seu alojamento, amanha começaria seu treinamento para tornar-se amazona.

— Lisa.

Olhou para trás. Era Shaka.

— Oi.

— Posso conversar com você?

— Claro.

Sentaram perto de algumas colunas tombadas.

— Parabéns pela armadura.

— Obrigada. Senti o cosmo da armadura conectando-se ao meu.

— É assim que acontece.

Seguiu alguns minutos de silencio.

— Sou eu? – indagou Shaka. – a presença que aparece nos seus sonhos sou eu?

Pega de surpresa ficou calada.

— Desculpe. – pediu o virginiano, agira precipitadamente.

— Quando o vi no Coliseu tive certeza. – o fitou. – não sei explicar, mas é você.

Sendo mais rápido, Shaka a beijou. Como ansiara por aquele contato. Lisa no principio ficara assustada, mas depois deixou-se levar. Sem explicação aparente, sentira falta daquele toque, de alguma forma Shaka fazia parte de sua vida.

— Shaka...

— Quer casar comigo?

— Co-mo? Mas eu...

— Vai continuar o seu treinamento, será a amazona de Taça como Lara, assim o quis, mas nada impede de vivermos juntos. Te perdi uma vez, não quero perder de novo.

— Do que está falando...

— Com o tempo vai se lembrar. E então aceita?

Não sabia o que dizer, aquilo era fantasioso, foi para o santuário unicamente em busca do sonho de se tornar uma amazona ... desde pequena ansiava por conhecer a pessoa de seus sonhos e agora ela estava na sua frente, mas julgava que as duas coisas eram incompatíveis.

— Posso ser uma amazona e ficar com você?

— Claro.

— Eu aceito.

Logo a noticia se espalhou e com ela a confirmação que Lisa era a jovem pupila de Hasgard. Shion e Atena não ficaram contra o casamento, ele seria realizado em breve.

Em Leão, Lithos recebia a noticia de Aioria.

— Então quer dizer que a Lisa... como estou feliz por Shaka!

— Áurea e Shion, Selinsa e Shaka encontraram o final feliz. – disse o leonino.

— Estou feliz por eles.

Aiolos deitado no sofá escutava a conversa.

— Isso me dá esperanças. – sorriu. – talvez eu encontre-o.

— Torço por você, por Kanon e por Marin. Talvez o destino traga Sísifo, Lara e Asmita ao santuário.

— Espero que as Moiras ouçam isso. – disse a grega. – e os traga de volta.

— Não são elas que trouxeram Lisa de volta. – disse o sagitariano continuando na mesma posição.

— Como não? – indagou Aioria.

— Foi o amor de Lisa que a trouxe de volta, o desejo de reencontrar Shaka.

Aioria e Lithos ficaram calados.

— Talvez tenha razao. – Aioria deu nos ombros. – vou treinar. Vamos irmão?

Aiolos levantou, Lithos o fitava, nos últimos dias pegava-se pensando nele o que achava errado, já que era Sísifo quem amava, mas tinha que reconhecer que Aiolos não lhe era indiferente. Ela parou na frente dele impedindo sua passagem.

— Acha que Sísifo vai voltar para mim?

Ficou calado, novamente ele voltava as conversas.

— Ele sempre está com você. – disse sério, para depois suavizar. – assim como Selinsa, meu amor me guiou de volta. – disse ao pé do ouvido dela, para em seguida sair.

Lithos sentiu um arrepio.

Kanon desde que voltara assumira o cargo de chefe da segurança, apesar de ter a permissão para morar em Gêmeos, pediu a Atena uma pequena casinha nos arredores de Rodoria. Com moveis simples assemelhava em muito a antiga casa de Lara e era lá que passava a maior parte do tempo.  Voltara resoluto em encontrar a amazona, contudo a realidade mostrou-se mais dura. Como achá-la em meio a tantas pessoas? Talvez não tivesse a mesma sorte de Shaka. Para agravar Lithos e Marin também não tinham encontrado Asmita e Sísifo. Resignou-se em apenas guardar as boas lembranças. Andava despreocupadamente pelos arredores da vila, parou em frente a uma igreja ortodoxa, fitou a porta vendo um grupo de freiras. Achava interessante uma vila outrora devotada a Atena agora tendo outros credos. O grupo começou a descer as escadarias e o grego continuou a andar.

Ele passou ao lado delas, mas parou ao ver algo brilhando no chão. Abaixou para pegar,era um crucifixo de certo de uma das freiras.

— Ei – virou-se. – senhoritas. – disse, pois não sabia que termo usar com elas.- deixaram cair.

Uma das freiras olhou para trás voltando.

— É meu.

— Aqui. – Kanon estendeu o objeto.

— Que Deus o abençoe. – disse a freira. – obrigada.

— De nada.

Os dois fitaram-se Kanon arregalou os olhos, não era possível que...

— Lara... – deixou escapar.

A moça o encarou com seus olhos negros, a face daquele homem não lhe era estranha.

— Lara...

— Iara. Meu nome é Iara.

— Iara!

Ela e Kanon assustaram com o chamado.

— Mais uma vez obrigada.

Estava saindo, mas teve seu braço retido.

— Onde posso encontrá-la?

— Convento das irmãs da Luz. – disse sem entender porque dissera aquilo a um desconhecido.

— Irei te ver, às dez horas da noite.

Aquilo era loucura. Se Saga o visse certamente o trancaria no cabo Shounion. O que um cavaleiro estava fazendo as dez horas da noite, na frente de um convento cristão, esperando uma freira o qual só sabia o nome?

— “Estou ficando louco...” – pensou Kanon escondido atrás de um poste.

Olhou no relógio, este marcava dez horas e dez minutos, olhou para o convento, todas as luzes estavam apagadas.

— Estou louco... – disse.

Estava prestes a ir embora quando escutou um “pisiu” olhou na direção do chamado deparando com uma pessoa. Não pode ver por causa da falta de luz, mas sabia que se tratava dela.

— Oi. – aproximou do portão.

— Dê a volta. – a voz saia baixo. – tem um pequeno portão do outro lado.

— Está bem.

Com um sorriso nos lábios dirigiu-se para o outro portão. Não teve que esperar muito, a pessoa abriu-o com cuidado e fechou-o.

— Vem.

Ele foi arrastado por alguns metros, ate num beco.

— Oi. – disse Kanon.

— Estou perdida se me descobrirem. Que loucura estou fazendo. – a moça segurava fortemente seu crucifixo.

— O meu nome é Kanon. – estendeu a mão.

A moça o fitou. Aqueles olhos...

— Me chamo Iara.

— Tem um lindo nome. – o geminiano a olhava fascinado.

— Por que me chamou de Lara?

— Por que... pode parecer loucura mas você... você...é... – parou por um momento. Aquilo era delírio. Estava com uma freira, o que poderia trazer complicações para ela e para ele só porque ela era parecida com Lara? Sua mente já estava afetada a esse ponto?

— Eu o que...?

— Nada. – deu um suspiro. – me desculpe, não quero te trazer problemas, vou levá-la de volta.

— Espere. – Iara o segurou. – é que... – o rosto estava rubro. – Kanon... não é?

Respondeu com gesto afirmativo.

— Desde pequena fui criada num convento, pensei que a minha vocação seria ser uma irmã, mas... – abaixou o rosto. – fui recriminada muitas vezes por ler e gostar sobre mitologia grega... especialmente por Atena.

Kanon ouvia atentamente.

— Sempre achei fascinante esse universo, mas... – o fitou. – é confuso, mas desde pequena eu tinha a impressão de pertencer a outro mundo, há um mundo em que lutamos por um ideal e que...e que um dia alguém viria me buscar.

O geminiano estava com a respiração suspensa.

— Quando te vi, não pensei duas vezes em aceitar esse encontro. Não pense que sou uma mulher leviana, é que... senti que de certa forma você faz parte desse mundo e...

Não houve palavras, tudo que Iara viu e sentiu foram os lábios de Kanon junto aos seus. A principio ficou assustada, pois nunca fizera isso, mas aquele contato... sentia certo saudosismo nele.

— Quer vir comigo? – indagou segurando o rosto dela entre as mãos.- para o seu verdadeiro lar?

— Eu posso ir?

— Claro.

— Mas... – olhou para suas vestes.

— Escute. – Kanon a segurou pelos ombros. – você tem uma nova oportunidade de ser feliz e viver em paz e protegida. O lugar para onde quero levá-la por enquanto está em paz, mas não sei ate quando. Te protegerei com a minha vida se for preciso, mas saiba que corre perigo ficando ao meu lado. Entrei uma vez em sua vida e as conseqüências... – abaixou o rosto. – quero ter você de volta, mas sobretudo quero te ver bem, nem que esteja longe de mim.

Iara o fitava intensamente. Realmente sentia que ele era a pessoa que iria buscá-la, mas estava com medo. Esse mundo, que dizia se pertencer também trazia sofrimento. E onde estava, no meio das outras irmãs sentia paz e tranqüilidade.

— Kanon... eu...

— Seja qual for a sua decisão, sempre me terá. – sorriu. Talvez o destino tinha escolhido para ela ficar com Deuteros e não com ele. Ele ainda poderia aparecer na vida dela.

— Eu quero seguir com você. Tenho medo do que possa acontecer, mas quero ficar ao seu lado.

O geminiano sorriu. De forma carinhosa a abraçou.

— Vou te fazer feliz, muito feliz.

Durante a noite Kanon escondeu Iara na sua casa em Rodoria, mal o dia nasceu levou-a ate Shion e Atena. Os dois ficaram preocupados com a atitude do cavaleiro, mas diante do fato de também acharem que Iara era Lara concordaram.

Os dias foram passando e para a surpresa deles Iara tinha muitos conhecimentos sobre o santuário, principalmente da época de Shion. O grande mestre não teve duvidas que se tratava da mesma pessoa, contudo um fato serviu para confirmar ainda mais....

Lisa estava no templo de Atena com sua futura armadura, ela conversava com o mestre e Marin sobre os rumos de seu treinamento.

— Está certo então Lisa. Continue seus treinos.

— Obrigada mestre. – fez uma leve reverencia. – com licença.

Estava saindo quando parou de repente, sentiu um fraco cosmo vindo da armadura. Marin e Shion também sentiram.

Naquele exato momento Iara entrava juntamente com Atena.

— Como vai Lisa? – indagou a deusa.

— Muito bem senhorita.

— Deixe apresentá-la. – aproximou. – Iara, essa é Lisa aspirante a armadura de Taça. Lisa, Iara minha ajudante.

As duas fitaram-se com um sorriso nos lábios.

— Eu não te conheço...? – indagou a aspirante.

— Também tenho essa sensação. – Iara sorriu.

— Prazer.

As duas trocaram um aperto de mão. Os olhos de Iara desviaram um pouco, para a urna da armadura nas costas da aspirante.

— Posso tocar? – indagou sem tirar o olhar do objeto.

— Claro. – Lisa virou de costas.

Iara tocou a tampa da urna, não sabia explicar, mas sentia algo vindo daquele objeto.

— Parece que já vi isso antes... – sorriu. – fico feliz que esteja com você.

— Obrigada. Farei de tudo para honrar sua antiga dona.

— Eu sei que sim. – a voz saiu um pouco séria, mas não menos alegre.

Atena trazia um sorriso. Mesmo com o passar dos anos os laços de amizade adquiridos entre Lara e Selinsa não tinham acabado.

Com os momentos de paz, Atena resolvera restabelecer o festival em sua homenagem. A vila estava decorada, varias barraquinhas de comidas típicas espalhavam-se pela ruelas. Um conjunto tocava musicas gregas tradicionais. Na praça principal haviam feito uma grande roda onde os moradores dançavam.

Shura, Miro e MM bebiam numa barraca de vinhos. Kanon, Iara, Lisa e Shaka estavam num canto conversando. Áurea reclamava com Shion, mesmo numa comemoração ele continuava vigilante. Os demais estavam esparramados. Lithos estava sentada perto de Aioria, Aiolos tinha sumido.

— Não quer ir dançar? – indagou o leonino, estava preocupada com a expressão dela.

— Não... – disse vagamente.

— Mas você sempre gostou de dançar.

— Não tem graça. Alem do mais sou uma mulher casada.

— Lithos... sei que tem esperanças, mas...

— Kanon achou a Lara num convento. – cortou-o. – eu vou encontrar o Sísifo.

Aioria não disse mais nada. A grega voltou à atenção para as pessoas dançando no centro. Lembrava-se de quando dançara com o marido.

— “Tenho saudades...”

— Vamos dançar?

A grega ergueu o olhar, deparando com a mão estendida de Aiolos. Surpresa não conseguira dizer nada, ele simplesmente a pegou pelo braço arrastando-a.

Aioria achou providencial o convite, nos últimos dias Lithos andava calada e nada que um pouco de diversão não resolvesse. Torcia para que ela encontrasse Sísifo, contudo julgava-se difícil tarefa. Passou a observar os dois.

O casal posicionou-se frente a frente, quando a musica teve reinicio, o sagitariano lhe estendeu a mão como manda a dança. Lithos aceitou, sentindo aquela mão macia segurar a sua. As lembranças daquele dia vieram imediatamente. O toque de Aiolos era semelhante ao toque de Sísifo.

Bailavam numa perfeita sincronia, deixando os cavaleiros impressionados, pois não sabiam que Aiolos dançava tão bem. No solo dos homens, não decepcionou executando muito bem os passos, isso sem tirar os olhos dela. A cada dia sentia que amava ainda mais aquela garota, ela dominava-lhe ate em seus sonhos. Lithos fitava-o, a faixa na testa, os cabelos num castanho um pouco mais escuro, tudo a fazia lembrar o sagitariano.

Sorriram um para o outro, num dado momento aproximaram os corpos, como a musica mandava, a grega por pouco não ruborizou ao sentir Aiolos encostar-se nela. Ficou receosa, apenas o marido a deixava assim, por que com Aiolos sentia a mesma coisa? Será que estava começando a olhá-lo com outros olhos?

Ao final...

— Você dança muito bem. – disse.

— A parceira que é boa. – pegou a mão dela dando-lhe um beijo. – obrigado.

Lithos estremeceu.

— Aiolos...

— Fico feliz que ainda use isso. – apontou para a aliança prateada. – é sinal que tenho para onde voltar.

A grega arregalou os olhos, mas não teve tempo de dizer nada, pois Aioria aproximara.

— Não sabia que era dançarino. – passou o braço pelo pescoço. – onde aprendeu?

— Sempre fui prendado.

— Não acha que ele é convencido, Lithos? – indagou Aioria.

Ela continuava calada, surpresa demais para dizer algo. Não era possível que...

— O que foi Lithos?

— Nada... preciso beber algo, estou com sede.

Saiu sobre o olhar curioso do leonino e sério do sagitariano. No meio do caminho encontrou com Áurea.

— Lithos o que foi?

— Acredita que podemos ter lembranças de nossa vida passada?

— O que? Do que esta falando?

— Acredita ou não? – perguntou nervosa.

— Não acreditava mas... Lisa e Iara são a prova viva. Mas por que pergunta?

— É que... – olhou para trás, vendo os irmãos. – nada... bobagem minha.

Durante toda a comemoração Lithos evitou ficar perto de Aiolos. Não sabia se era imaginação, ou fato da semelhança, ou ate mesmo por está desenvolvendo sentimentos por ele o certo que queria distancia.

Depois da dança Aiolos ficara mais sério. Antes do fim da festa pediu a presença de Aioria, Shaka, Lisa, Marin, Áurea e Shion.

— Aconteceu algo Aiolos?

— Aconteceu. – disse sério.

— Mandaram me chamar? – a loira que estava nas barraquinhas viera correndo. – aconteceu alguma coisa? – Lithos fitou o irmão.

— Lithos. – a voz de Aiolos era firme. – sei que não se passou tanto tempo, mas desde a primeira vez que te vi me apaixonei por você.

Aioria o fitou arregalando os olhos.

— Como...? – murmurou.

— Isso mesmo Aioria. Eu gosto da Lithos, mesmo ela gostando do Sísifo.

A própria não sabia o que falar.

— Já alguns dias venho pensando sobre isso e tomei uma decisão. – tirou algo do bolso. – quer casar comigo?

Os presentes ficaram perplexos, que pedido de casamento mais repentino era aquele? Lithos estava pasma.

— Aiolos...

— Sinto ciúmes de sua relação com Sísifo, mas de uns tempos para cá... o que eu sinto por você é mais importante. Sei que ele representa muito para você, mas... estamos no presente e...

Ela o fitou seriamente.

— Acha que o céu conecta as pessoas? – indagou, causando estranheza nos demais.

— Sim... – sorriu.

— Quando me casei com Sísifo ele prometeu que sempre estaria comigo, que não importava o que poderia acontecer, o amor que ele sentia por mim o guiaria de volta. Posso acreditar nisso?

— O cavaleiro de Virgem disse certa vez a uma jovem, - a voz ficara ainda mais séria. – que o tempo passaria, que os corpos poderiam mudar, mas que o amor seria sempre o mesmo.

Marin o fitou na hora. Aquela frase era de Asmita.

— Aiolos... – murmurou.

Shion que ouvia ficou ressabiado. Aiolos parecia muito com Sísifo tanto fisicamente quanto na personalidade. Lembrava-se vagamente que Irene afirmou que Aioria era Ilíada, se era verdade...

— “Sísifo...?”

— Me aceita? – o cavaleiro trazia um par de alianças. – me aceita como sou agora?

Os olhos da grega encheram de água, não precisava de mais provas, todo esse tempo, Sísifo esteve ao seu lado, ela só não enxergou. Estava presa a imagem dele no passado que não percebera.

— Ele sempre voltará para mim...

Lithos o abraçou. Aioria ainda não entendia o que se passava ali, mas Marin, Shion e os outros entenderam.

— Eu sempre estarei com você. – Aiolos a abraçou mais forte. – não importa o que aconteça, meu amor sempre vai me guiar de volta...

Aquele dia completaria seis meses do dia que voltaram do passado. Marin subia lentamente as escadarias que levavam ate o templo. Shion e Áurea estavam juntos, Lithos encontrara Sísifo na forma de Aiolos. Kanon havia achado Lara, assim como Shaka encontrara Selinsa. Estava feliz por eles, mas no fundo... na sua mente ecoava as palavras ditas por ele antes de sua partida: “Minha aparência pode mudar,ou passar muitos anos, mas cruzarei o tempo para te encontrar.”. Marin deu um longo suspiro.

— “Eu sei que vamos nos encontrar.”

Um pouco mais confiante entrou. Ela participaria de uma reunião sobre os novos aspirantes. Sentados na sala de reuniões que foi conduzida por Atena decidiram sobre os novos rumos do santuário. Ao final Lithos e Áurea juntaram-se a eles, na sala do trono. O único que não participava era Shaka que estava na Índia.

— Como as coisas são interessantes. – disse Lithos servindo-se de uma xícara de chá. – Aiolos as vezes tem atos como os de Sísifo.

— Os corpos mudam, mas a alma é a mesma. – disse a japonesa.

— Mudando de assunto. – disse Áurea. – soube que vai treinar novas aspirantes.

— Selinsa, quero dizer a Lisa, - sorriu. - está quase apta a receber a armadura de Taça, quase não precisa de treinos então peguei mais duas meninas.

Interrompendo a conversa de todos, a porta dourada se abriu, era Shaka.

— Desculpe não chegar a tempo Atena. – fez uma reverencia..

— Não tem importância.

— Não sei se foi prudente, mas tive a liberdade de trazer uma pessoa.

Todos ficaram curiosos, Shaka não era de levar estranhos ao santuário.

— E quem seria? – indagou Shion meio ressabiado.

— É um monge. Ele foi deslocado há alguns dias ao monastério onde fui criado. Ele tem uma historia peculiar – Shaka olhou para Marin. – ele me disse que desde pequeno tem lembranças de sua vida passada. Dizia ter morado na Grécia e pertencer a um grupo seleto de protetores de uma deusa grega.

Shion e Dohko que fitavam Shaka ficaram surpresos ao verem um rapaz entrando pela porta atrás dele.

— Não é possível... – o ariano deixou escapar.

— Que nessa época, – iniciou o virginiano. – conheceu uma amazona e se apaixonou por ela.

A expressão de Marin foi mudando, principalmente ao perceber alguém atrás do cavaleiro.

— Esse monge fez uma promessa que iria encontrá-la mesmo que levasse séculos.

Shaka deu passagem ao rapaz. O monge trajava roupas budistas, os cabelos eram curtos e negros, os olhos azuis.

— Marin. – ergueu o colar que usava no pescoço.

A amazona levou as mãos ao rosto, os olhos estavam marejados, o coração batia descompassado. Lithos e Áurea também choravam.

As lagrimas desceram grossas pela face da amazona que paralisada não se mexia. O monge caminhou ate ela parando na sua frente, delicadamente tirou as mãos que cobriam seu rosto e ergueu seu queixo pra que ela o fitasse.

— Agora posso ver claramente o seu rosto... ele é belo.

Marin chorou ainda mais.

— Asmita...

Os dois se abraçaram.

— Eu disse que te encontraria.

— Eu... eu... – não conseguia formular frase alguma.

— Asmita. – Dohko aproximou.

— Você não mudou nada. – sorriu. – tem o mesmo rosto infantil de seu discípulo.

— Seja bem vindo.

— Obrigado. Meu nome nessa época é Samir, mas podem continuar me chamando de Asmita.

Atena de longe chorava, estava muito feliz pelas coisas terem terminado bem. Sentiu uma presença ao seu lado.

— “Agora tudo está em ordem.” – disse uma voz na mente dela.

— “Obrigada Irene. Obrigada por não apagar esse sentimento deles.”

— “Seria injusto eles ficarem separados. Preciso ir. Cuide-se.”

— “Mais uma vez obrigada.”

A presença sumiu. Atena voltou a atenção para os casais ali presentes.

— É o começo de uma Era de paz.

... Qualquer intervenção no tempo, por menor que seja altera-o. Uma ação realizada ou não realizada desencadeia ações futuras. A ida deles para o passado não foi de toda solucionada, a simples presença deles alterara o destino de muitos....

Depois da rápida passada no templo de Atena, apareceu num pequeno templo de onde se tinha a visão do Olimpo. Adentrou encontrando com duas mulheres uma loira e outra ruiva.

— Parece que tudo se resolveu. – disse a loira. – Bem vinda Irene.

— Obrigada Dice.

— Mas sabemos que as ações da amazona de Taça não foram totalmente consertadas. – a ruiva adiantou.

— Sei disso Eunômia. Por causa disso alguns destinos foram alterados. – Irene sentou-se num banco reclinado. – Ate Atena entrou nos sonhos do cavaleiro de Escorpião.

— Convenhamos foram ações que não perturbam o equilíbrio já restabelecido. – disse Dice. – deixaremos agora nas mãos das Moiras.

— Sim.

Concordaram as outras duas.

... Santuário, alguns anos depois da morte de Aiolos....

Sentados em ruínas, dois jovens conversavam, era tardinha e não demoraria para o sol se pôr.

— Você e Gahran pegam no meu pé. – disse um garoto ruivo sentado de mau jeito.

— Por que faz coisas erradas. – disse a garota um pouco mais nova que ele de cabelos castanhos claros.

— São uns chatos. – torceu o nariz.

— Eu desisto.

Suspirou desanimada, voltando à atenção para frente onde viu duas crianças brincarem. A menina que a fitou, acenou de longe. Com um sorriso nos lábios a loira fez o mesmo.

— Para quem está acenando?

— Aquelas crianças. – apontou.

O ruivo as fitou.

— Você não toma jeito hein Lithos?

— E o mestre Aioria não passa de uma criança emburrada.

— Eu sou o que?

Logo deram inicio a um bate boca....

Mesma cena com outro ponto de vista...

Duas crianças brincavam em meio as ruínas. O menino parou passando a fitar ao longe a estatua da deusa Athena. A menina que brincava com uma bola o olhou.

— O que foi? – indagou, ela possuía cabelos castanhos e olhos verdes.

— Nada. – respondeu o garoto de cabelos azuis claros. – só estava lembrando do passado...- olhou para o céu. -  Daqui a pouco o sol vai se por.

— É. – respondeu a menina ficando de pé.

— Depois disso nós vamos ver.

— O que? – perguntou com curiosidade parando ao lado dele.

— O que você quis sempre saber. Se há um jardim atrás da ultima casa.

— Eu disse isso?

— Talvez não, mas eu sei que você sempre quis saber Thina. – disse virando o corpo para a frente.

A menina fez o mesmo.

— É mesmo eu gostaria de saber, Albafica. – fitou dois jovens sentados a certa distancia.

A menina ergueu os braços acenando. A garota que estava sentada acenou de volta.

— Vamos? – o menino olhou para Thina.

Ela concordou com a cabeça começando a andar. Alguns passos a frente o menino parou olhando para trás, para onde Lithos e Aioria estavam.

— “Para eles e todo santuário seguirão dias muito difíceis e para nós a chance de recomeçar... “– deu um sorriso. – “Adeus.”- despediu-se.

O menino correu para alcançar a menina, ela lhe fitou sorriu estendendo-lhe a mão. O garoto olhou surpreso e sorrindo retribuiu o gesto.

— “Quente... o toque dela continua quente.”


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Notas finais do capítulo

Mais uma fic terminada. Agradeço muito a todos que acompanharam ao longo desses meses. Obrigada pelas reviews e o carinho. Foi muito gratificante escrever essa fic. Peço desculpas pelos erros de português, algumas falhas na formatação e na demora para postar.
Muito obrigada!
n/a: Reverse tempus – reverso do tempo
Oblivione – esquecimento
Reditus - regresso



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