As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 27
Bônus: O Casamento


Notas iniciais do capítulo

Eu aposto que você não viu essa chegando. E, pra ser sincera? Nem a gente! sdpisajpdojasd Menos de 4 meses e capítulo novo? Esse certamente é um recorde desde o nosso primeiro hiato né? Mas aqui está. Só pra esclarecer algumas coisinhas: Nós não tínhamos esse capítulo planejado! Vocês vão perceber que ele é mais curto que os demais, mas por um bom motivo e a gente promete compensar nos capítulos seguintes e ainda aproveitamos pra deixar esse presentinho singelo aqui pra vocês aproveitarem um capítulo amorzinho e adorável com uma participação de TedToire que deixa meu coração quentinho. Sem mais delongas, espero que vocês gostem! / Lia

Oii, gente! Não demoramos 3 anos para postar! Será que dessa vez vai pro nosso James? Será que a mulher da vida dele é essa mesma? Será que os palpites de algumas leitoras estavam certos?? Em breve terão mais! Boa leitura ❤️❤️ /Laís



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Os dias corriam como o brutal vento do outono e o casamento de Victoire e Teddy enfim chegou. Tanto meu irmão quanto minha prima nunca estiveram tão relaxados e estressados ao mesmo tempo. No sábado de 14 de outubro, a praia do Chalé das Conchas ganhou uma nova decoração. Dezenas de cadeiras cobertas por panos brancos se espalhavam na areia fofa e um arco adornado em flores estava centralizado entre as fileiras de assentos. Da porta do chalé ao pequeno altar de madeira, erguido sob o arco, um tapete de areia, que alguns minutos atrás era composto por um pano branco, guiava o caminho até a paisagem que era completa pelo céu misto e o mar cinzento quebrando na praia.

Uma série de feitiços foram lançados no lugar onde ocorreria a cerimônia para impedir a invasão da chuva caso ela decidisse cair, mas a pedido dos noivos só a água foi deixada do lado de fora, o que significava que o vento soprava sem piedade, enchendo sapatos com pequenos grãos de areia e forçando senhorinhas francesas correrem atrás de seus chapéus espalhafatosos. Quando perguntei, anos depois, a Teddy e Vic se eles desejavam ter feito algo de diferente, como celebrar a cerimônia na tenda lateral erguida para a festa, a resposta que ambos me deram era de que mudariam um único detalhe: tirariam as proteções contra a chuva.

Quando encontrei Ruby na sala de estar do chalé, ela estava deslumbrante, e a calma em meu peito e tranquilidade com a qual eu a olhava me deram a certeza de que tínhamos tomado a decisão certa. Ruby sorriu pra mim, indicando que tudo estava bem entre nós dois, e juntos demos início a pequena procissão em direção ao altar, que foi seguida pelos demais padrinhos e, então, Teddy.

Manter os convidados quietos com o tempo como estava não estava sendo uma tarefa fácil. Metade da plateia mantinha as mãos na cabeça, uma parte da outra batia os pés, incomodados, no chão e o restante gritava ou resmungava com grãos de areia nos olhos, nariz, boca ou nos três ao mesmo tempo. E, então, a porta do chalé abriu-se e Victoire pisou para fora. Imediatamente todo mundo se calou, com a melodia dos instrumentos de corda e sopro se unindo de forma harmônica ao vento sendo os únicos sons que ecoavam dali.

O vestido não era nada além de simples. Com delicadas e finas alças nos ombros, um singelo decote adornado por rendas que contornavam por sua cintura e então o comprimento longo e fluído da seda cintilante, ele era uma versão um pouco mais sofisticada de uma camisola, muito parecida com uma que Vic já usara diversas vezes. E eu percebi que, enquanto Teddy chegava àquela mesma conclusão, os olhos de meu irmão transbordaram de lágrimas quase imediatamente. Ainda assim, enquanto observava minha prima seguir para o altar, eu caí para o 2º lugar das pessoas mais bonitas do mundo pelas próximas horas.

Os cabelos de Vic estavam soltos, a não ser por uma única mecha lateral presa por um delicado pingente de concha azul. Enquanto os convidados lutavam para manter os penteados no lugar, os fios dourados de Victoire apenas ondulavam ao vento, criando um efeito de comercial a cada passo que a ⅛ veela dava. Teddy não tinha olhos para mais ninguém. E Victoire não parecia sequer ter notado a presença de convidados ali.

Caminhava com uma graça que nunca tinha tido antes em toda sua vida, as mãos unidas em frente ao corpo segurando um buquê também repleto de azul enquanto ela flutuava pelo tapete, o sorriso fixo em seu rosto, o olhar preso no de Teddy. Se estava incomodada com o vento ou as baixas areias voadoras, não demonstrou. Para Vic era como se tudo estivesse saindo exatamente como planejado. Já Teddy estava arrumado de forma inédita. O terno bem alinhado, a postura firme, os sapatos polidos. E, ainda assim, ele estava uma completa bagunça. As lágrimas escorriam para dentro de seu sorriso e ele não se importava nem um pouco com esse detalhe, maravilhado com a mulher que se aproximava cada vez mais dele. Os cabelos pareciam ser incapazes de decidir uma só cor. Quando o topo de sua cabeça ganhou orelhas lupinas, a gargalhada de Victoire sobrepôs qualquer outro som, mesmo o assobio do vento ou as ondas quebrando ali perto. E, então, encontraram-se.

Eu particularmente estava maravilhado com o amor que transbordava daqueles dois. Incapaz de impedir meu próprio sorriso enquanto os observava admirado, igualmente sem fôlego, e completamente grato por fazer parte daquele momento. Então Albus me deu um cutucão e eu voltei para a realidade, deixando meu lugar da fila de padrinhos e ficando de frente para os noivos e os convidados ali presentes.

— No princípio era o James. E ele estava no princípio com Victoire e Teddy, antes mesmo das câmeras de Rita Skeeter exporem para o mundo inteiro o primeiro beijo da minha prima. E, como eu fui a primeira testemunha do dia em que esse casal começou efetivamente, nada mais justo do que eu realizar a cerimônia, não é?

Eu tinha assumido a responsabilidade de encontrar um celebrante. Garanti a todos que estava tudo certo, tinha encontrado alguém de extrema confiança e que não precisavam se preocupar. As condições climáticas pareciam me ter sido favoráveis já que ninguém me cobrou a presença da pessoa responsável por seguir com a cerimônia e, agora, alguns olhares ligeiramente chocados me encaravam, enquanto alguns riam da piada. Victoire e Teddy, porém, sequer tinham notado. Eles estavam completamente obcecados um pelo outro. Eu suspeitava que se nossa tia-bisavó Tessie levantasse e começasse a fazer um strip-tease eles ainda não perceberiam. Merlin, se as ondas se transformassem em um tsunami e todo mundo fugisse gritando, era muito provável que eles continuariam ali, de mãos dadas, encarando um ao outro nos olhos.

— Certo. Então vamos começar. Boa tarde a todos vocês que se uniram a nós no dia de hoje para celebrar a união entre Victoire Bell Delacour Weasley e Edward Remus Lupin. — Dois segundos se passaram. — Potter. Eu conheço esses dois por toda a minha vida. Teddy é, mesmo que não oficialmente, meu irmão mais velho, e Vic é como se fosse minha irmã mais velha, mas calma! Não é da forma estranha que vocês estão pensando, afinal não tem nenhum purista por aqui. — Apesar da brincadeira eu lancei um olhar de relance para a minha irmã de verdade, que teve a decência de corar, e Hugo, que claramente parecia desejar que a ventania de areia o soterrasse bem ali. — Desde muito pequeno eu pude testemunhar a relação de Teddy e Vic crescer. Eles sempre foram a dupla perfeita, unidos com o propósito de garantir que os mais novos de nós não se matassem com piruetas irresponsáveis e dedicados a impedir que Fred, Dominique e eu puséssemos fogo na Toca.

“Eu não consigo me lembrar de um único momento em que Teddy e Victoire não estivessem juntos, caso estivessem no mesmo lugar. Eu presenciei enquanto a amizade deles evoluía para algo mais e eu posso afirmar com certo orgulho que estive presente nos momentos em que esse amor transbordou, então posso dizer, sem sombra de dúvidas, que não há nada no mundo mais certo que este casamento. Vocês dois sempre estiveram destinados a estar juntos e me alegra poder estar aqui para presenciar e oficializar essa união para toda a eternidade. Eu poderia falar por horas sobre esse casal, e eu pretendo fazer isso quando meu discurso como padrinho chegar, mas agora eu deixarei que eles compartilhem conosco um pouco desse amor. Teddy, seus votos.

Então eles estavam ignorando o mundo propositalmente, porque quando encorajado a continuar Teddy não hesitou, o que significava que ele tinha me ouvido antes. Tudo bem, sem ressentimentos, eu repetiria as piadinhas mais tarde na festa. Eu sabia que o Lupin tinha um longo pergaminho em seu bolso, mas Teddy manteve as mãos nas de Vic e os olhos fixos nela ao respirar fundo antes de começar.

— Eu amei você no minuto em que te vi pela primeira vez. E eu sei que eu era novo demais, mas, mesmo com lembranças um tanto quanto nubladas do dia em questão, eu já soube ali que você era diferente de tudo e todos que eu conhecia. Eu amei você cada dia e cada vez mais. Seu jeito, seu sorriso, simplesmente você. Eu amo meu padrinho, mas era você o motivo que me fez passar tanto tempo na casa dele quando mais novo. — Rude. — Eu não conseguia, nem queria, ficar longe de você. Meus dias eram melhores ao seu lado, fosse como fosse, e todas as minhas lembranças felizes têm você nelas. Você é o amor da minha vida e o motivo por eu conseguir conjurar um patrono corpóreo. E crescer ao seu lado, me apaixonar por você cada vez mais e com mais intensidade, é um privilégio que eu jamais serei capaz de colocar em palavras. Eu esperaria você por mais três décadas, séculos, milênios ou éons e eu prometo demonstrar todos os dias o quão feliz e grato eu sou por você ter aceitado ser minha. E eu estarei ao seu lado sempre e para sempre, para te ajudar com curativos no joelho se você cair da vassoura ou para segurar sua mão a noite se você tiver pesadelos. Eu vou cuidar de você e amar você ainda mais do que tenho feito nos últimos anos, se isso for possível, e eu mal posso esperar para começar nossa vida juntos.

O vento parecia ter se acalmado para ouvir aquele discurso e, graças a isso, era possível ouvir os fungados e choros dos convidados. Victoire chorava de forma graciosa, as lágrimas escorrendo por seu rosto sem borrar a maquiagem, uma singela risada irrompendo entre o pranto em momentos específicos da fala e uma alegria pura e genuína explícita mesmo nas gotas que corriam por seus bochechas. Ela fungou, e tirou as mãos das de Teddy por apenas um segundo a fim de secar o rosto.

— Eu amei você antes de sequer entender o que isso significava e eu amei você todos os dias da minha vida, mesmo naqueles em que isso parecia errado ou incerto. Você é e sempre foi o meu porto seguro, meu confidente, meu melhor amigo. Em momentos em que eu tinha dúvidas, você era a minha certeza. Eu nunca seria capaz de explicar a felicidade e alegria que sinto todos os dias ao saber que você me escolheu para ser sua e eu prometo me dedicar em cada segundo para merecer e ser digna do seu amor. Não existe mais ninguém no mundo com quem eu queira dançar descalça na grama no meio da madrugada. Ninguém capaz de me fazer sentir tão segura e despreocupada. Você foi a primeira escolha que eu fiz por mim mesma, mesmo que na época eu não tivesse percebido isso, mesmo que tenha demorado um tempo para que eu aceitasse isso, e eu pretendo passar o resto das nossas vidas compensando por cada segundo que não estivemos nos braços um do outro. Eu amo você e eu continuarei amando você nessa e em todas as outras vidas. Você é o motivo dos meus sorrisos e o meu lar e eu não aguento mais um segundo sem estar casada com meu melhor amigo então, James, por favor, acelera.

Teddy tinha intensificado o choro que tinha começado quando ele a viu. E eu também não tinha ficado para trás, mas com a exigência de Vic eu precisei me recompor rapidamente, enxugando as lágrimas de forma desajeitada

— Certo, agora as alianças. — Chamei e Lily levantou-se da primeira fileira com um largo sorriso no rosto e uma pequena almofadinha em que dois anéis encontravam-se um sobre o outro. — Como nós ensaiamos… — Encorajei os noivos e Teddy rompeu a ligação com Vic para pegar o menor aro disposto na almofada.

— Receba esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade e a promessa de que irei amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida e além.

 O anel deslizou pelo anelar de Vic e eu aproveitei aqueles minutos para voltar a chorar. Victoire repetiu os movimentos e falas e ao fim das promessas da loira eu estava fungando de novo.

— Então com o poder em mim investido por um duende estranhamente simpático do Beco Diagonal, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

As vivas, palmas e felicitações implodiram por toda a praia quando Teddy inclinou-se para alcançar Victoire. A chuva grossa começou no instante seguinte e, com a cerimônia encerrada, os convidados correram pelo perímetro não protegido da região cerimonialista à tenda, que possuía todos os feitiços necessários para impedir a invasão do vento, chuva ou areia. As risadas de Teddy e Victoire, que pararam por um minuto no meio do caminho, decidindo fazer a primeira dança como casados debaixo da chuva, importavam muito mais que qualquer comentário mal-humorado sobre o tempo e logo a festa começou.

 

Eu tomava um drink próximo ao bar, observando os noivos — agora secos — rodopiarem pela pista de dança, quando Fred se aproximou, Dominique apenas alguns passos longe, envolvida na música que ela agora curtia ao lado do irmão enquanto meu primo solicitava dois drinks para o barman e parava ao meu lado, admirando a namorada por um instante enquanto aguardava o pedido.

— Vai ficar aí parado a festa toda?

— Não posso tirar um minuto para admirar minha família e me sentir grato por todos vocês?

— Huh, tenho duas respostas pra isso. Um. Quanto você já bebeu? E dois. Tá planejando fugir de novo, é?

Eu ri, balançando a cabeça. Os drinks de Fred chegaram, mas ele continuou ali.

— Sinto muito que não tenha dado certo com Ruby. — Disse enfim e eu ergui os ombros, finalizando a minha bebida.

— Teria sido legal, mas acho que não era pra ser mesmo, e tá tudo bem. — Fred me analisou por um momento, como se buscasse algum indício de que aquilo fosse mentira. Eu continuei relaxado, o que pareceu ser suficiente pra ele.

— Sabe, casamentos são datas espetaculares para homens solteiros. Aprendi isso no meu curto período como tal. Dezenas de mulheres encantadas com essa coisa toda, super emocionadas, perguntando-se quando é que vai chegar a vez delas. Você devia aproveitar.

— Nunca, em todos os meus anos de vida, eu imaginei que você, Frederic Joseph Johnson Weasley, estaria dando conselhos de solteirice para mim. Em que tipo de máquina do tempo bizarra eu entrei? — Fred riu, pegando os drinks e dando de ombros.

— As coisas mudam. Mas sabe, está cheio de francesas em finos vestidos por aí, e um monte de outras mulheres apenas a espera. Seja para um caso rápido de uma noite para tirar Ruby definitivamente do seu sistema ou para encontrar o seu tão aguardado amor, não há noite melhor que essa. — Ele piscou um olho para mim e, com a música terminando, foi na direção de Dominique, entregando a ela um dos drinks e se unindo para a próxima dança.

Conclui que Fred tinha razão.

E eu não sei exatamente onde meu orgulho fica ao assumir isso, mas ele não estava errado. Casamentos eram de fato datas ótimas para se distrair. Quanto a encontrar o amor da minha vida por ali eu achava difícil, mesmo que a tenda estivesse abarrotada de primas distantes de Victoire que eu nunca tinha visto e ex-alunas — já adultas — de Teddy, eu ainda conhecia a maioria das pessoas ali, porém realmente deixar aquela festa acompanhado não me faria mal. E já que eu precisava estudar a língua francesa antes de embarcar para o intercâmbio, que o objeto de estudo fosse a de uma das Delacour ali perdida.

Virei mais um drink antes de me jogar na pista de dança com o restante da família. Apesar de estar dançando, eu também estava procurando quem seria a companhia perfeita para aquela noite. E então encontrei. Perto da divisa da tenda para a praia. Chovia lá fora e a morena de cachos volumosos parecia encarar as gotas que caíam, oferecendo a mim uma visão paradisíaca de seu belo traseiro.

O vestido vermelho, bem colado ao seu corpo, era longo, mas a posição que ela estava e a fenda lateral profunda na peça providenciava uma sugestão das belas pernas que se uniam em harmonia perfeita ao restante do corpo escultural. Aproximei-me com um sorriso maroto nos lábios, parando a apenas um passo de distância ao chegar perto de seu ouvido e sussurrar:

— Belas pernas.

A mulher se sobressaltou levemente, o que interrompeu a cantada que eu tinha em mente, e virou-se em câmera lenta na minha direção. Quanto mais do rosto dela se revelava, mais meu sorriso morria, dando espaço para uma expressão de puro choque enquanto a realidade me atingia de uma só vez e eu ficava completamente estupefato, congelado no lugar, encarando a pessoa em minha frente, que me analisava com um sorriso singelo, divertido, e uma sobrancelha arqueada, naquele que era um rosto estupidamente bonito e que, apesar de eu já ter visto diversas vezes antes, jamais tinha enxergado daquela forma. Até aquele exato momento.

— Eu sei que você costuma falar isso para todo mundo, mas confesso que nunca imaginei que um dia falaria para mim.

— Leão…Lis… Elisabeth! — Eu estava claramente tendo problemas em raciocinar.

— Olá, James, faz bastante tempo, né?

Eu continuava a encarando. Lisa estava… Merlin! Provavelmente tinha sido nervosismo, o ser pego desprevenido, mas minhas mãos suavam e meu coração parecia que iria sair pela boca. A mulher estava maravilhosa. De alguma maneira exatamente igual a última vez em que eu a tinha visto, mas tão diferente. Ela parecia transbordar confiança e eu estava fazendo um esforço incrível para manter meus olhos no rosto dela que, assim como o corpo, bastava para deixar qualquer marmanjo — eu — de boca aberta.

Mas era Lisa! E não importava o quão bonita ela estivesse, minha mente tinha travado completamente no minuto em que eu percebi que tinha dado em cima dela. Mesmo que brevemente, mesmo que eu não tivesse completado a cantada, que envolvia as pernas dela nos meus ombros, a intenção ainda estava ali, e eu sabia, e era Lisa! Eu abri a boca, mas nenhuma palavra saiu. Lisa riu.

— Você desaparece por anos e não pode sequer dizer oi para uma velha amiga? — Cobrou, cruzando os braços e inclinando um pouco o pescoço. E naquele momento eu não consegui impedir meus olhos de espiarem o volume no decote do vestido, odiando a mim mesmo por aquilo e voltando a olhá-la nos olhos, belíssimos olhos castanhos com uma maquiagem tão singela que era como se ela não estivesse usando nenhuma. Ela continuava com uma expressão de quem estava se divertindo. — Todo esse tempo em seja-lá-onde-você-estava retrocedeu toda a educação que seus pais te deram, foi?

E, então, eu falei. E Deus sabe o quanto eu preferia ter permanecido calado.

— Todo esse tempo fora não me preparou pro quão gostosa você estaria quando eu voltasse.

O QUE CARALHOS FOI ISSO? Meus olhos se arregalaram no minuto que as palavras deixaram meus lábios. Por que subitamente eu tinha voltado a ser um adolescente babaca com hormônios à flor da pele? E, mais importante ainda, por que caralhos eu tinha dado continuidade ao flerte com Lisa?, que agora erguia ambas as sobrancelhas.

— Sério, Potter? — A diversão agora a tinha deixado, ela parecia um pouco irritada e ligeiramente surpresa, eu pisquei.

— Desculpa eu não… — Não o quê? Queria dizer aquilo? E se eu quisesse... Porém, se quisesse, por quê?

— James Sirius Potter! — Uma voz masculina há muito não ouvida me fez virar a cabeça.

Stephen Thomas se aproximou, envolvendo a cintura de Lisa com um dos braços e parando em frente a mim. O sorriso do homem que se aproximou de mim era realmente animado, o que fez me sentir culpado por, dez segundos atrás, estar cobiçando a namorada dele, já que eles evidentemente ainda estavam juntos.

Minha opinião? Barangos! Imagina ainda namorar com sua namoradinha da escola anos depois? Não ousem perguntar o motivo pelo qual eu tinha perdido tempo me incomodando com isso, não existe uma resposta.

— Eu sabia que estava vivo! Lisa também. Dominique ou Fred às vezes mencionavam como achavam que você já tinha morrido, mas a Lisa aqui nunca acreditou nisso, né amor? Não, ela sempre falava que vaso ruim não quebra fácil.

Lisa ainda olhava para mim, agora com uma expressão mais neutra, apenas balançando a cabeça brevemente, concordando com as falas de Stephen.

— E eu, claro, concordava com ela. Até porque se você tivesse morrido mesmo alguém com certeza teria achado o corpo, sabe?

— É preciso muito mais que alguns anos longe da família pra me matar, Stephen. — Concordei, forçando um sorriso, mas eu tinha pensado em algumas respostas um pouco mais mal-criadas para dar ao invés dessa.

— Eu amo essa música! — Lisa disse de repente, envolvendo a cintura de Stephen. — Vamos dançar. Bom ver você James!

Disse somente, afastando-se sem demora dali. Eu a observei ir, embasbacado, ainda tentando entender o que tinha acontecido ali. Só percebi que Fred tinha se aproximado quando ele passou a mão no canto da minha boca.  Eu me assustei e dei uns tapas para que ele afastasse a mão dali.

— O que está fazendo?! — Exclamei, passando a mão na minha própria boca e olhando incrédulo para o meu primo, que ainda dava umas boas risadas.

— Limpando a baba que você deixou cair ao ver Lisa. — Explicou ele, ainda rindo.

— Bom, acho que agora quem bebeu demais foi você. E eu preciso beber mais. — Resmunguei apenas, deixando Fred para trás e indo na direção contrária ao que o casal tinha ido instantes atrás, a imagem de Elisabeth ainda fresca em minha mente.



Algumas doses de álcool mais tarde eu tinha feito as pazes com toda a situação. Eu não tinha dado em cima de Lisa porque ela era Lisa, eu não tinha ideia daquele fato quando me aproximei. E mesmo mais tarde, depois que eu já sabia e continuei o flerte, foi apenas um reflexo. Ela era inegavelmente uma linda mulher e eu estaria mentindo se dissesse que não tinha reparado aquilo. Não importava quem ela era, era apenas uma verdade. E sobre querer socar Stephen, era pura simplesmente pelo tom condescendente dele ao mencionar minha possível morte, nada tinha a ver com a mão que segurava tão possessivamente a cintura de Lisa. Não lembrava dele ser tão babaca, mas, bem, acho que as pessoas mudam.

O DJ parou e então foi anunciada a primeira dança - oficial - dos noivos. Eu troquei o drink por um longo gole de água gelada e fui em busca de Ruby, que me aguardava na margem da pista enquanto Teddy e Victoire dominavam o local. A música lenta começou a tocar e, exatos sete movimentos depois, eu, Ruby e os demais padrinhos nos unimos à dança. A Chang, como prometido, estava alguns centímetros mais baixa, e eu não pude deixar de brincar e rir com as lembranças de nossas aulas.

Não demoraria até que outros casais se juntassem à pista e, com a mudança de ritmo, damas começariam a ser giradas pelo ar, encontrando outros parceiros no movimento seguinte. Ruby foi substituída por Victoire, que logo daria lugar à Dominique e então, sem aviso prévio, minhas mãos pousavam na cintura de Lisa, que exibia um sorriso tão largo que me fez prender a respiração e tropeçar nos meus próprios pés por um instante.

— Qual é, Potter, essa dança não é tão difícil assim. — Repreendeu e eu recuperei meus sensos, lembrando-me que eu havia feito aulas para aquilo e decidido a fazer Lisa morder a própria língua.

— Sabe, Leãozinho, eu senti sua falta.

A surpresa no rosto de Lisa poderia estar refletida no meu tão logo a frase fora dita. Nos últimos anos eu não tinha me permitido passar muito tempo pensando em casa, e foram raríssimas as vezes que a Carter cruzara minhas lembranças, mas, agora que eu tinha dito aquilo, com ela ali nos meus braços, eu percebi que era uma afirmação sincera. Não que eu sentisse falta dela sempre me atazanando, mas a presença dela. Afinal, ela era uma das minhas amigas mais antigas, mesmo que vivêssemos trocando farpas. Por fim ela apenas maneou a cabeça.

O giro veio e Lily logo segurava minha mão, mas meu olhar seguiu Lisa, que agora sorria abertamente para Hugo, mas… não.

— Colabora comigo, que eu colaboro contigo. — Falei pra Lily, jogando-a de volta para o meu primo e suavemente puxando Lisa de volta para mim, com graça o suficiente para não atrapalhar a sintonia da dança geral.

Lisa piscou, atordoada, ao ver-se novamente em minha frente. Agora mais dedicado, puxei-a para mais perto de mim, conduzindo com mais segurança a dança, o que a deixou boquiaberta.

— Ok,  então você sabe dançar, mas você não sabe o que está fazendo. — Pontuou, pronta para girar-se de volta para Hugo, eu a conduzi de forma que, mesmo com a troca de pares, ela permanecesse comigo.

— Eu sei exatamente o que estou fazendo.

Eu não sabia o que estava fazendo. Eu podia ver Ruby se aproximando, logo os pares voltariam ao normal, mas eu me recusava a deixá-la ir.

— Estou surpreso que não tenha tentado me matar, como todos os outros.

— É porque tem gente demais aqui e iria estragar o casamento, o que é injusto, afinal, eles esperaram por você para casar.

— Esperto eles, já que eu deixei essa festa muito melhor. — Eu sorri e a encarei. Queria dizer algo a mais, fazer alguma piada, falar qualquer coisa, mas nada vinha em mente. Lisa balançou a cabeça.

— Senti sua falta também, James. — Com um singelo sorriso, ela enfim se libertou dos meus braços e rodopiou em direção a Albus.

— Oh! — O sorriso de Luna morreu assim que ela me encarou, mas o olhar dela brilhava e uma risadinha logo a dominou.

— O que foi? — Perguntei, confuso, forçando-me a manter os olhos na pequena loira à minha frente. Luna riu um pouco mais, balançando a cabeça.

— Adorei seu corte, James, ficou muito bom em você. — Eu sorri, pomposo, com o elogio, mas Luna logo se ia, Ruby voltava, e a música chegava ao fim.

— James, tá tudo bem? — Tinha um quê de preocupação na voz de Ruby, e eu percebi que buscava por um vestido vermelho no meio da multidão quando voltei o olhar para frente, assentindo. Apesar de concordar, eu não tinha tanta certeza.

Eu provavelmente já tinha bebido além da conta, aquilo fazia sentido. Era hora de suspender o álcool. E eu tomei aquela decisão assim que anunciaram que era o momento dos discursos, tarde demais. Olhei para o palco, observando meu tio e tia subirem primeiro. E, pela primeira vez, eu esqueci o que eu iria dizer.

O discurso dos meus tios foi bonito; tia Fleur quase não conseguia falar por conta das lágrimas que escorriam pelo seu belo rosto, mas conseguimos entender o que ela estava querendo dizer. Quando eles terminaram eu sabia quem iria a seguir: eu. Chamaram o meu nome e eu demorei um pouco para aparecer, porque precisava de um tempo para me recompor. As pessoas ficaram quietas, esperando. Então eu respirei fundo e segui para o palco.

Quando passei por onde Vic e Teddy estavam sentados, pude perceber que eles respiraram aliviados. Eu havia demorado tanto assim? Eu pisquei para eles, dando um sorriso típico de James Sirius Potter. Assim que subi no palco, um microfone mágico surgiu em minha frente. Todos os convidados me olhavam curiosos e outros surpresos por eu estar ali. É... parecia que o meu retorno triunfal não havia chegado até todos. Eu podia ver a cara de tacho de Scorpius Malfoy me encarando. As pessoas esperavam eu começar. O meu sorriso maroto se alargou e creio que os convidados soltaram o ar que prendiam. Eu dei uma risadinha e balancei a cabeça.

— Hoje é um dia especial, galera! Acostumem-se, não sou um fantasma — Esse não era o início do discurso que eu havia preparado em minha mente, mas após tatear meus bolsos eu percebi que não tinha levado minha colinha, e como eu estava levemente embriagado, eu precisaria improvisar. — Desde sempre eu vi esses dois crescerem juntos. Vi algumas brigas, mas em sua maioria, só vi amor. Amor este que eu quis me inspirar em ter, além do amor dos meus pais. Vic e Teddy nasceram para ficar juntos, mesmo eu sendo um moleque de doze anos, eu sabia. Essa união — apontei para o salão —, é apenas uma formalidade, para que todos sintam a alegria que eles emanam pelo lugar, pois ambos já estavam juntos antes mesmo de saberem o que eram um para o outro. “Parentes”, melhores amigos, amantes... foram muitas fases, muitos passos para chegarem aonde são, para Teddy e Victoire tornarem-se um só, que eu particularmente gosto de chamar de  “TedToire”, não tem uma sonoridade ótima? Pois é... Eu fiquei muito tempo fora, como todos bem sabem — Dei um sorriso. — Mas graças a Deus, eu pude presenciar e ter a honra de ser o padrinho master desta união, desculpa aí, galera, eu sou mais importante, e me enche de alegria participar de uma parte tão importante nessa etapa de suas vidas. Eu amo vocês. E quero ser padrinho dos seus filhos! Viva, Teddy e Victoire! — ergui a taça, sorrindo e todos comemoraram junto comigo.

Eu desci do palco e sorri para Vic e Teddy, que tinham os olhares mais amorosos em minha direção. Segui para uma das mesas bem ao fundo e me sentei ali, pegando o primeiro pratinho de comida que eu vi pela frente. Daqui, eu não conseguia ver mais ninguém, era a vez de Ruby dizer o discurso dela, mas eu nem prestei atenção. Estava concentrado em minha comida, que não vi a pessoa se aproximar.

Algo em mim vibrou em antecipação, mas quando eu ergui os olhos fiquei apenas surpreso, e um pouco decepcionado.

— Foi um discurso bonito — falou a minha prima e eu levantei o olhar para Rose. Ela estava muito bonita, com os cabelos soltos e seu vestido verde escuro longo.

— Obrigado — respondi, dando um sorriso para ela. — Está bonita.

— E você está bem. — Ela me olhava de forma avaliadora, sorrindo.

— Alguns anos tentando não ser morto faz isso com as pessoas. — Brinquei e eu vi o seu olhar se arregalar e depois a tristeza neles. Eu balancei a cabeça, tentando tranquilizá-la. — Eu estou bem, juro. Vi que ainda está com Scorpius.

— É um problema para você? — O tom de sua pergunta não era desafiador ou defensivo; carregava uma ponta de dor que eu não sentia mais. Rose parecia estar preocupada... mal sabia ela que essa fase tinha passado.

— Não... não me importo mais. Na verdade… meus parabéns, fiquei sabendo do casamento, estou feliz por vocês. — Eu a olhei para que ela visse que eu estava sendo sincero. — Aprendi muita coisa quando estive fora e algumas delas foram... perdoar, esquecer e seguir em frente.

— Bom saber disso — disse Scorpius, surgindo atrás da esposa. Ele parecia mais velho do que realmente era, mas não havia nenhum pesar em seus olhos... provavelmente, não mais. Acho que eu precisava desse reencontro.

— Doninha Júnior! — Comentei, dando um sorriso, mas vendo que Scorpius meio que crispou os lábios, lembrando-se do quanto eu podia ser irritante.

— Mas algumas coisas realmente nunca mudam — acrescentou Scorpius e eu ri, percebendo que ele não estava querendo me esganar. — Pode parecer estranho, mas fico feliz que esteja bem. Eu também precisei ficar. — Eu o olhei e assenti, entendendo muito bem o que ele queria dizer.

Scorpius pareceu tenso de repente, afastando-se um pouco de Rose para se aproximar um pouco mais de mim, e passou as mãos pelos cabelos.

— Eu sei que… tivemos nossas diferenças… hm… um tempo atrás. Eu era uma criança mimada idiota e… enfim, queria apenas me desculpar oficialmente por qualquer coisa. Nós meio que somos da mesma família agora e também tem… se um dia você precisar de alguém que te entenda pra conversar… sabe?

Eu sabia o que ele queria dizer nos espaços que ele não preenchia com palavras, e acenei com a cabeça. Mas hoje era um dia feliz. E eu fiquei feliz por Scorpius estar bem também. E Rose. Acho que ambos se ajudaram naquela época; infelizmente, quem poderia ter me ajudado naquele ano se fora. Eu me sentia grato pela oferta de Scorpius e sabia que ele jamais se recuperaria completamente daquela perda, mas depois daqueles anos, eu estava bem, então apenas sorri.

— Eu também fico feliz que esteja bem, cara — respondi, por fim, e eu estava sendo sincero. Rose parecia à beira das lágrimas por causa disso. — Mas essa coisa de sermos da mesma família? Rá, não somos mesmo.

Rose e Scorpius se entreolharam, confusos e eu revirei os olhos.

— Até parece que o casamento de vocês foi válido sem a minha presença! 

Os dois riram e balançaram a cabeça. Eles estavam mesmo achando que eu estava brincando? Eu acho que realmente passei muito tempo fora, o pessoal da minha família estava muito esquecido para o meu gosto. Eu os olhei de maneira séria e eles pararam de rir, franzindo a testa. Merlin, eles eram sincronizados!

— É sério? — quis saber Scorpius.

— Claro que é. Te dou a benção e tudo o mais, mas eu exijo uma celebração decente e oficial comigo lá. Eu tenho certeza que Hugo não fez a Rose passar metade da vergonha que eu conseguiria fazer! — respondi. Eles balançaram a cabeça e Rose fez Scorpius se levantar, para que se afastasse de mim, antes que eu pudesse convencer o marido dela a de fato refazer a cerimônia para que eu pudesse expor todos os micos da pequena Rose.

— A gente vai dançar.

Ela avisou e eu bufei, revirando os olhos e sabendo que aquela conversa não tinha terminado ainda. Fiquei no mesmo lugar, agora já de barriga cheia e menos bêbado, olhando para a minha família e amigos se divertirem. Acho que eu deveria me levantar e ir até lá, fazer parte desse momento especial.

E foi o que eu fiz. 

Por alguns momentos, eu esqueci o episódio com Lisa e toda aquela bobagem que eu não sabia explicar. Eu ri, bebi, dancei, impliquei com meus irmãos, meus primos e até mesmo com os noivos. Eu podia sentir que todos estavam felizes ali e eu estava feliz por estar de volta e poder participar da vida deles outra vez.

Entretanto, ao me sentar para descansar, ainda podia sentir os efeitos de ver Elisabeth naquele salão que, no momento, dançava alegremente com Dominique. Mini girou Lisa no mesmo lugar e eu observei o sorriso de Lisa se espalhando em seu belo rosto. Engoli em seco, porque era como se eu a estivesse vendo em câmera lenta outra vez; podia parecer que eu estava alucinando, mas seus olhos encontraram os meus quando ela parou do giro. Ok, talvez eu tivesse imaginando coisas, mas, por aqueles breves segundos, eu senti algo dentro de mim dando sinais de que iria acordar. De que estava acordando. E eu não conseguia decifrar o que era.

Lisa, então, sorriu. Merlin, meu coração parou por dois segundos antes de voltar a bater com toda a força que tinha. Trinquei os dentes para mim mesmo; virando a cabeça em outra direção. Talvez fosse a atmosfera do casamento, o fato de ter passado tanto tempo sem vê-la, mas aquilo já estava ficando patético. Era de Lisa que eu estava falando! A gente nunca se deu bem, a não ser no campo de quadribol. Sempre estávamos nos bicando, sempre implicando um com o outro. E ela namorava. O que eu estava fazendo? Meus olhos voltaram para onde ela estava com Domi segundos antes, mas elas não estavam mais na pista de dança. Respirei aliviado, apenas para que ambas se sentassem em minha frente. Levei um susto quando as vi ali.

As duas pareciam alheias aos meus impasses e aos meus sentimentos em conflito. Elas ofegavam por conta da dança de poucos minutos atrás, sorrindo. Eu havia esquecido como aquelas duas sempre se divertiram juntas. Lisa enrolou os enormes cabelos em um coque, o movimento captou o meu olhar e depois me fez desviar o rosto para onde Mini estava sentada. Ela me olhava e eu pisquei um olho em sua direção.

— Você está estranhamente quieto — comentou Mini, pegando dois copos de água que passavam por uma bandeja mágica.

Ergui uma das sobrancelhas para ela.

— Estou maquinando a minha próxima traquinagem. — Respondi, sorrindo. — Agora que eu não tenho mais um casamento pra organizar, para cuidar das coisas, preciso de uma nova ocupação.

— Casamenteiro está na lista? — perguntou Lisa, depois de beber seu copo de água. Estreitei os olhos para ela.

— Desde que não seja o seu. — dei de ombros.

— Ah, aí está ele. Já estava ficando preocupada. — Lisa provocou, mas eu decidi não responder, voltando a minha atenção para Mini, que tentava não franzir a testa.

— Vamos aos negócios. Você. Fred. Quando será o casório? Para eu poder organizar tudo, porque, sozinhos, não conseguirão fazer um arranjo de flores.

Ao lado de minha prima, Lisa soltou uma gargalhada, inclinando a cabeça para trás. Involuntariamente, um sorriso escapou de meus lábios, mas eu logo tentei tirá-lo do meu rosto. Mini, graças a Merlin, estava muito mais ocupada em ficar brava comigo, do que reparar que eu observava demais sua melhor amiga.

— Primeiro: eu sei, sim, escolher arranjos de flores. Segundo, não casarei agora. Esqueceu que em breve serei madrasta? — Dominique estremeceu e eu ri.

— Tanta mulher no mundo pra engravidar e Fred me engravida logo a Freya — disse Lisa, meio que enojada com o fato.

— Acho que ele estava bêbado demais para raciocinar — falei, prestando atenção no olhar de Lisa. Ela olhava para mim dois segundos atrás e agora olhava para algum ponto bem longe de mim.

Ela suspirou e voltou a olhar para nós dois, se levantando.

— Duvido, acho que os dois estavam drogados — Lisa respondeu, já em pé, segurando os sapatos pretos nas mãos. Ela trocou olhares com Dominique, uma conversa silenciosa, a qual eu não entendia e muito menos fazia parte, e depois olhou novamente para mim, com um sorriso de lado. — Fico feliz que esteja de volta, Potter. Espero que não caia enquanto faz suas traquinagens. Vejo vocês depois. 

Lisa acenou para nós dois e seguiu para onde Stephen a esperava. Eu a fiquei olhando se afastar, sentindo que a mesa havia ficado incompleta. Apesar de Fred não estar presente no momento, me lembrou da época em que éramos apenas nós quatro no vagão de trem, indo para Hogwarts.

Os dois saíram e eu continuei encarando o lugar onde ambos estavam havia poucos segundos. Reprimi a vontade de suspirar. Eu ainda conseguia sentir o perfume doce dela no ar... e eu só podia estar ficando louco.

— Acho que é melhor limpar — ouvi a voz de Dominique. Virei-me para encará-la

— O quê?

— A baba que você deixou cair — ela riu e saiu da mesa, indo procurar o próprio namorado, me deixando sozinho. Eles me pagavam!

 

Algumas horas mais tarde eu tinha voltado para a linha. Continuava alternando álcool com água ou suco, equilibrando minha embriaguez, e alternando a dança com meus familiares com flertes rasos à desconhecidas. Quando Victoire avisou que jogaria o buquê eu encorajei Felicity, uma ruiva charmosa que tinha estudado com Teddy quando ele se inscrevera em um intensivão de licenciatura, a participar da tradição.

Felicity lecionava transfiguração em uma escola pequena numa aldeia bruxa no sul da Irlanda, tínhamos diversas coisas em comum, e aquele fato a fez corar absurdamente antes de se unir ao grupo de mulheres que se aglomerava atrás de Victoire. Eu segui a ruiva com o olhar por um tempo, mas tão logo ela chegara à organização e minhas orbes se desviaram para a morena de vermelho bem no centro daquele grupo.

Capturei uma taça de champagne que flutuou perto de mim, alheio aos discursos e brincadeiras feitos, e observei o buquê de flores azuladas tomar os ares. Por alguns segundos fez-se a confusão. Dominique estava do lado de fora, rindo e apontando, mas logo em meio à zona de vestidos e penteados elaborados o arranjo azul se ergueu, firme em uma mão que o segurava com força.

As demais pessoas se afastaram enquanto Lisa ria e comemorava a vitória. Com algumas pétalas no próprio cabelo, a mulher deixou a multidão em encontro a Stephen, que fazia piadinhas junto a Fred antes de tomar a namorada nos braços e beijá-la.

Eu virei a taça de champagne de uma só vez na goela e tive apenas um vislumbre de Felicity voltando em minha direção antes de desaparatar dali.


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Notas finais do capítulo

A propósito, eu ainda não tive tempo de responder os comentários do último capítulo, mas pretendo fazer isso em breve e adoraria saber o que vocês acharam desse também! E ah! Para vossas informações o próximo capítulo já está pronto! Nós vamos apenas esperar um tempinho para ganharmos alguma vantagem, mas temos confiança que os tempos de espera de agora em diante serão muito melhores.

O que acharam desse casamento e da festa? E dos reencontros que pegaram James desprevenido? Conta pra gente!



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