As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 18
Kristina Muller Petroff


Notas iniciais do capítulo

Adivinha quem voltamos? E isso aí!! Então gente, sabemos que demoramos centenas de anos, mas esses meses têm sido corridos para nós duas, fora que tivemos um bloqueio criativo fdp que durou longos dias. Mas nós conseguimos. Quero agradecer todos os comentários e a BELA E LINDA recomendação da patronopotter. Obrigada, hermosa. Nos ajudou bastante. Temos uma surpresa para vocês, que acredito que vai facilitar bastante a vida e a curiosidade de todas, e eu a colocarei nas notas finais, então... LEIAM! Ah, algo me diz que não vamos demorar sete meses para o próximo capítulo, visto que estamos inspiradas :3 Agora vamos ao capítulo ♥ ~Miss Stilinski

Olá queridos e queridas mais que lindxs leitores. Senti saudades de vocês! Eu sei, 7 meses se passaram desde a última postagem, sabemos disso!! (E existem alguns reviews que eu ainda nem respondi, mas já estou providenciando isso)
Mas deixe-me dizer uma coisa para vocês: não façam faculdade de Letras! É exaustivo. Laís e eu tivemos alguns pequenos probleminhas com criatividade ao longo destes sete meses, não sabíamos o que fazer no capítulo e o fato de estarmos com a vida meio agitada acabou servindo de desculpa para irmos adiando cada vez mais e mais a escrita desse capítulo. Porém nós conseguimos! E voltamos! Com uma surpresa muito que boa para vocês saberem mais e acompanharem mais da fic mesmo quando demorarmos muito para postar por infelicidades do destino. Arrumamos um resuminho breve pra vocês se localizarem para ler esse capítulo e, enfim, To falando demais.
Eu queria agradecer muito e de todo coração a linda patronopotter que mesmo depois de um tempo de sumiço nosso nos deu uma recomendação maravilhosa que nos incentivou um bocado e nos ajudou a escrever mais.
Já To me demorando por aqui, prometo que de agora para frente tentaremos não demorar tanto com os capítulos e queria agradecer à todos que não nos abandonaram no meio caminho, a todos que se juntaram a essa jornada e a cada uma de voces que nos incentiva sempre a continuar. Nunca iremos desistir desta FIC enquanto ela não estiver terminada e isso é uma promessa, podemos até dmorar a postar, mas tenham a certeza que um dia esse post vem.
Vou deixar vocês curtirem o capítulo agora e espero vê-Los muito breve :*** ~Vic/ Lia



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~ Nos Capítulos Anteriores ~
Ainda que relutante, James foi atingido pela flecha do amor mais uma vez. Desta, pela herdeira cujo pai fora grande inimigo do seu no período escolar. Ignorando este detalhe, entretanto, nosso herói acabou se rendendo ao sentimento. Mas como toda boa história de Romeu e Julieta o final trágico tirou a vida da menina amada junto ao filho que está esperava.
Desolado e sem rumo James partiu para encontrar-se longe dali, na Austrália, onde decidiu deletar seu passado ao decidir começar do zero... com duas novas namoradas.
O ditado é certo e mentira tem perna curta, assim que descoberto o menino Potter fugiu para a Escócia e deixou que toda a dor o atingisse. Entregue ao álcool e a drogas mais pesadas se viu resgatado do fundo do poço por uma adorável garota de cabelos azuis que, junto a ele, enfrentou seus fantasmas do passado e curou suas cicatrizes. Após a despedida de sua falecida amada, James reuniu forças para continuar e, agora, continuaria sua jornada.

 

 

A música que tocava no bar, não sei porquê, me fez lembrar de Viola. Fazia três meses desde que eu a havia deixado, mas ainda sentia sua falta. Entretanto, eu sabia que ela precisava cuidar de outra pessoa que, agora, precisava mais do que eu.

O lugar onde eu estava era meio rústico, como se eu estivesse num pub dos anos 1800 — consegui comparar porque eu vira filmes trouxas que se passavam naquela época —, com o balcão de madeira, assim como as cadeiras e mesas. A decoração também parecia ter saído de filmes antigos, tal como as placas de informações, cujas eu não entendia uma palavra. Apenas as roupas das pessoas era que me informavam que ainda estávamos no século XXI.
Eu me concentrava na música, ainda com Viola nos pensamentos, quando meu novo amigo chegou com as bebidas, colocando-as em cima da mesa. Ele já estava leve.

— Chá gelado, James?! — gritou Dimitri Zkovsky, sim, demorei três dias para pronunciar o sobrenome dele.

Eu ri e peguei meu chá.

— Um de nós tem que carregar o outro. — Falei, sem dar o real motivo.

— Ah, fala sério! — exclamou ele, com seu sotaque.

— Sério — e dei um meio sorriso, antes de bebericar o meu chá gelado de pêssego. Claro que eu preferia o meu chá inglês quente. Mas aqui não tinha isso. Então eu preferi o gelado. Era bom, mas não tanto quanto o meu chá quente.

Quando cheguei aqui, eu estava perdido. Eu não sabia a metade das coisas que estavam escritas nas placas e me sentia perdidinho. Ninguém sabia falar inglês, nem escocês (eu havia pegado algumas coisas com Viola) o que dificultava e muito a comunicação. Eu estava lascado, até ver Dimitri em frente a um prédio bem grande e alto. Podia jurar que ele estava cantando alguma canção pop americana e tive que tentar a sorte.

— Oi, você fala inglês? — perguntei meio incerto, porque eu já havia feito centenas de tentativas ao longo daquela semana e nada. Dimitri virou-se e o cara era imenso. De longe não parecia que era tão grande assim. Ele era, pelo menos, uma cabeça maior que eu, tinha ombros largos e músculos demais. Eu senti que qualquer soquinho dele doeria mais do que qualquer Estupefaça. Ele tinha cabelos castanhos claros um tanto quanto grandes e olhos escuros.
Tremi na base quando ele me olhou. Sei lá, e se ele resolvesse me bater? Era bem capaz, principalmente levando em consideração a fama um tanto quanto agressiva que os búlgaros possuíam. Quase me encolhi.

— Deu sorte que sei um pouco. — Ele tinha bastante sotaque, mas deu para entender. Quase chorei de alívio.

— Conhece esse lugar? — e mostrei o papel.

Até porque eu não estava na Bulgária à toa. Verdade que quanto mais longe da minha família “melhor”, mas eu tinha um propósito e aquele era um dos países pelo qual o programa de intercâmbio passava. Tinha ciência de que meus problemas quanto a linguagem acabariam assim que eu começasse o curso, até porque reunir bruxos de diversos países em diversos países eles estipularam uma língua comum, para minha felicidade, o inglês. O grande problema era:

A) encontrar o local onde o curso aconteceria e

B) as aulas só começariam na primeira semana de setembro.

Ele olhou para o papel e depois levantou os olhos, sorrindo.

— Cara — cara? — Acho que seremos amigos. — Disse.

— Você também vai para lá?! — Indaguei surpreso.

— Você é um britânico de sorte, homenzinho. — Homenzinho?! Observei ele tirar do bolso uma varinha e suspirei aliviado. Podemos dizer que a Bulgária tinha um forte histórico de preconceito com trouxas e as comunidades evitavam se misturar, entretanto eu não tinha a menor ideia de onde ficava a comunidade bruxa mais próxima e estava completamente jogado ao mundo trouxa à espera de um milagre. — Também sou bruxo — sussurrou, curvando-se para mim e depois se endireitou, estendendo a mão. — Dimitri Zkovsky. E você?

— James Potter — falei o nome, mas não o do meio. Não havia apenas o meu pai com o sobrenome. Mas, Sirius? Todos saberiam.

— Filho de Harry Potter? — O cara estava surpreso.

— Não. Tipo outro Potter — respondi e ele soltou um "Ah", mas ficou me observando por alguns segundos. Depois, ele deu de ombros e botou a mão no meu ombro.

— Se segure, James — disse Dimitri e eu franzi a testa, confuso.

— O quê...? — E fui sugado para o escuro.

Devo dizer que eu realmente fiquei desconfiado de Dimitri no início — mesmo estando sóbrio, é difícil confiar em alguém estranho quando já se foi espancado por pessoas desconhecidas —, mas ele se mostrou digno de confiança nos dias que se passaram.

Primeiro ele me levou até o vilarejo onde se encontrava a sede do curso e me acompanhou durante minha inscrição. Em seguida, após saber que eu ainda não tinha um lugar para ficar — isso porque eu fiquei surpreso e desapontado ao descobrir que o curso não fornecia nem mesmo um quarto embaixo da escada — ele ofereceu sua casa, afirmando que o cara com quem dividia o apartamento anteriormente tinha sido transferido para a República Tcheca e tinha um quarto vago, além de prometer que não era um assassino e não me espancaria a noite. E agora nós estávamos nesse bar, aproveitando o meu último fim de semana de folga.

Ao longo do verão Dimitri acabou decidindo se inscrever para o curso também. “Qual é, menino Potter, se os professores decidirem começar a falar búlgaro no meio de uma aula, e, acredite em mim, eles vão, você terá um tradutor para te ajudar a lidar com aquilo.” Brincou quando eu perguntei o motivo para ele fazer aquilo, uma vez que ele já trabalhava como auror. A explicação mais séria fora de que poções em Durmstrang nunca tivera professores muito bons e seria bom se aperfeiçoar nesta área tendo o cargo que possuía.

— Cara — ele adorava me chamar de cara. — Tem várias gatas aqui.

— Para quem nasceu na Bulgária mesmo, gosta bastante de gírias de outros países, hein — eu ri, ainda bebendo meu chá gelado.

Dimitri deu um tapa em minhas costas, imaginei que esse era o tapa "amigável e leve" dele, ainda assim eu tossi um tanto quanto dolorido.

— Olha ali, Potter — disse ele, apontando com a cabeça para o lado. Acho que era para ser discreto. Mas Dimitri era um armário, como ele seria discreto? Olhei em volta. Bem, todos na Bulgária eram gigantes.

Eu olhei para onde Dimitri havia apontado — mais discretamente que ele — e vi uma bela mulher sentada ao balcão. Ela tinha lindos cabelos vermelhos, longos e lisos, olhos azuis penetrantes e pernas de tirar o fôlego. Não que não houvesse outras mulheres bonitas ali, mas aquela ruiva... ela fazia jus ao ditado "de parar o trânsito". Ela usava uma saia preta colada e uma blusa social preta e branca. Ela bebeu um pouco de sua bebida e olhou para mim. Eu sorri e levantei a minha caneca de chá para ela. Ela revirou os olhos, mas pude ver um sorriso brincar em seus lábios marcados de batom vermelho.

Voltei a olhar para Dimitri, que dava um sorriso esquisito em minha direção.

— Acho que deveria ir lá. — Disse ele com seu sotaque. — A gente se encontra às 01:00h aqui, ok?

Olhei para o meu relógio de pulso e vi que ainda eram onze horas da noite. Eu olhei para Dimitri e assenti. Eu gostava de Dimitri e, mesmo que ele estivesse meio alto, eu sabia que o grandão estaria ali no horário combinado. Às vezes parecia que ele era meu guarda-costas. Não que eu estivesse reclamando. Na Bulgária era sempre bom ter alguém gigante para proteger um magrelo como eu — na luta corpo a corpo, é claro.

Dimitri levantou-se da cadeira e eu também. Ele foi para um lado e eu fui até o bar, onde aquela bela criatura de cabelos cor de fogo estava sentada. Olhei-a de esguelha, mas ela não havia dado sinal de que tinha me notado ali.

— Hey, amigão — chamei e o barman me olhou. Droga, esqueci que ele não falava a minha língua. Então eu vi uma oportunidade. — Hey, moça. — A ruiva me olhou. Bom, isso indicava que ela sabia inglês. — Hã, tem como me ajudar, por favor? Eu vim para a Bulgária sem saber falar búlgaro.

— Deveria ter aprendido. Eu não vou a um país sem saber falar a língua nativa do lugar. — Respondeu ela, com um sotaque não muito forte.

— Ah… você sabe, nós ingleses temos o péssimo hábito de achar que o mundo todo é obrigado a falar inglês. — Brinquei, já rindo da piada, mas parei abruptamente ao perceber que ela não achara graça. Droga, eu estava enferrujado. — Desculpe. — Pedi, tossindo. — É que foi em cima da hora... poderia me ajudar?

Ela me olhou por alguns segundos e revirou os olhos outra vez, descruzando as pernas apenas para cruzá-las novamente ao contrário de como estava.

— O que quer pedir?

— Chá gelado de pêssego. — Respondi.

— Chá gelado? — Ela quis saber, com um indício de uma risada. — Ok. — Ela chamou o barman em búlgaro e pediu a minha bebida. O cara assentiu e ela se virou para frente.

— Obrigado — falei e ela assentiu. — Eu não posso beber... sabe como é, meu amigo já está meio chapado. — Ela não me deu atenção. — Meu nome é Ja…

— Calado, eu não quero saber. — Interrompeu-me, bebendo seu próprio drink.

— ...mes Potter.

— Como o filho de Harry Potter? — Ela virou-se para mim, olhando-me de cima a baixo. Com certeza ela queria ver se eu era realmente parecido com meu pai.

Eu suspirei.

— Não. Tipo outro Potter. — Dei a mesma resposta que havia dado para Dimitri quando nos conhecemos.

— Ah... lembra um pouco ele — disse ela, inclinando a cabeça. — Tanto faz.

— Não vai me dizer o seu nome? — eu quis saber.

— Eu nem queria saber o seu.

— Isso é injusto, porque querendo ou não, agora você sabe. — Retruquei e ela arqueou uma sobrancelha ao me olhar.

— Você tem quantos anos? Cinco? — Perguntou e então eu me senti envergonhado. Das duas uma: Ou eu realmente tinha perdido minhas invejáveis habilidades de paquera, ou as mulheres da Bulgária eram naturalmente rudes. — Ela revirou os olhos, mas acabou sorrindo. — Kristina Petroff.

— Prazer. — Sorri aliviado e bebi meu chá, que o barman deixara há alguns segundos sobre o balcão. — Gosto do seu nome. Não é difícil. O nome do meu amigão ali — Apontei para Dimitri que, em dois segundos, estava rodeado de garotas — é Zkovsky. Demorei três dias para aprender a pronunciar certo.

— O nome do seu colega é Zkovsky? — ela quis saber.

— Sim... por quê?

Kristina colocou um galeão em cima do balcão rapidamente e depois tornou a guardá-lo na bolsa. Logo eu entendi que ela também era bruxa.

— Olha só... temos alguma coisa em comum! — Exclamei, sorrindo. Kristina riu e assentiu. — Mas por que o nome de Dimitri a fez entender isso?

— A família Zkovsky pertence a uma antiga linhagem de bruxos da Bulgária — disse ela. — Eles não mudam seu sobrenome, casam-se entre si. Então são bruxos bem antigos e qualquer um saberia dizer que ele também é. Seu amigo não te contou?

— Não. Também nem perguntei — respondi, sincero. — Estranho... Ele não parece se importar com isso.

— Ah, porque os tempos são outros. Creio que seu amigo é da parte onde são mais liberais. — Kristina me olhou. — Mas todo mundo bruxo da Bulgária reconhece o nome Zkovsky.

— Legal — respondi, sorrindo. Meu amigo era famoso. Tínhamos mais coisas em comum do que eu pensara. — Então, Kristina, você é daqui?
— Sim, mas estive no seu país por algum tempo. Tive que voltar por causa do meu emprego. — Respondeu ela, demonstrando certo tédio e bebendo seu drink. — E você, James Potter?

— Conhecimento, por isso que eu vim para cá. — Falei, sorrindo, e ela ergueu uma das sobrancelhas. — O que foi?
Kristina bebeu seu drink até o fim, olhando para mim e, por Merlin, aquilo era muito sexy. Depois, ela se inclinou na minha direção, cochichando em meu ouvido:

— Quer saber um segredo, James? — eu assenti. — Eu vi você primeiro. — Deu vontade de dizer "Eu sabia!", mas fiquei quieto, pois ela ainda não havia terminado. — E adoro idiotas feito você. Mas… sabe, você está me entediando então… na sua casa ou na minha? — Perguntou, com tanta sensualidade e firmeza que eu me vi sem reação enquanto ela tirava o dinheiro da bolsa para deixar sobre o balcão.

— Hum… — Pare de se comportar como um virgem, James Sirius! — Na sua. — Respondi assim que ela voltou a me olhar, já levantando-se, ao lembrar que eu não tinha uma casa mesmo.

Ela sorriu e passou por mim, rebolando para fora do bar e eu babei por alguns segundos em sua bunda antes de acordar do transe e começar a segui-la até a rua. Ao alcançar o lado de fora, vi a ruiva encostada em uma parede, com uma espécie de canudo branco entre os dedos, mas assim que me viu ela descartou o que quer que fosse e se aproximou, soprando uma fumaça no ar antes de me encurralar contra a parede.

— Pensei que tivesse desistido. — Disse em uma espécie de ronronado, espalmando a mão em meu peito, eu sorri.

— Não tão fácil, gatinha. — Prometi e, no segundo seguinte, ela tinha a boca contra a minha. Antes mesmo que eu a pudesse corresponder, senti todo o meu corpo ser sugado para um vácuo.

Aparatamos em algum lugar, suspeitei ser a casa dela, mas não tive tempo para pensar a respeito. Kristina deu seu melhor sorriso safado e me empurrou para a parede, puxando minha blusa em direções opostas e estourando alguns botões.

Ela veio até a mim e me beijou. Era o tipo de beijo que te deixava tonto e extasiado ao mesmo tempo. Seus lábios sugavam os meus com rapidez, mas sem deixar de ser inebriante. Minhas mãos desceram pelo seu corpo e, logo depois, eu a apertei contra mim, fazendo-a gemer entre meus lábios. Depois, levantei sua saia, sentindo sua pele se arrepiar quando passei os dedos de leve pela sua coxa e subindo até sentir sua bunda.

Kristina não parecia ser o tipo de mulher com quem eu deveria ser... devagar. Ela queria sexo sem compromisso, assim como eu não queria um relacionamento. Por isso, eu não me senti culpado quando passei meus dedos em seu clitóris por cima da calcinha. Kristina soltou um gemido mais agudo, e eu me senti ainda mais compelido a continuar a carícia. Era adorável ouvi-la gemer e, quando eu senti que ela estava preparada, inverti as posições e a prensei contra a parede. Kristina apoiou-se em meus ombros e pulou para meu colo, posicionando seu quadril de maneira quase estratégica e sorrindo maliciosamente antes de atacar meus lábios novamente.

Cambaleei com ela em meu colo até esbarrar em, descobri com certo alívio e felicidade, um sofá. Inclinei-me com ela sobre o móvel e logo minha mão voltava a percorrer seu corpo, apertando as partes mais salientes e beijando-a. Kristina, ainda com as pernas enlaçadas em meu quadril, me puxou para mais perto enquanto se arqueava para mim.

Afastei meus lábios dos seus e desci meu rosto para seu pescoço, sugando e lambendo aquela região, recebendo gemidos em aprovação ao mesmo tempo em que sua mão se afundava em meu cabelo e o puxava, em um claro aviso para que eu continuasse, e assim o fiz. Mas não por muito tempo. Fazendo rastro por sua pele, desci os beijos até seu colo, porém, antes que eu pudesse alcançar seus seios, Kristina inverteu nossas posições, ajoelhando-se com as duas pernas ao meu redor e me deixando brevemente surpreso com a agilidade de seus movimentos.

A mulher sorriu, contente com o resultado obtido, e atacou meu pescoço, assim como eu fazia com ela momentos atrás. Talvez como um castigo ela também não se demorou muito por ali, afastando-se de modo que eu tivesse visão de todo o seu tronco e então levando as mãos até o blazer que vestia, desabotoando-o com uma torturante lentidão. A demora para tirar o blazer foi recompensada com a rapidez que ela arrancara a camisa que vestia, jogando-a em algum lugar distante, e deixando a mostra seu sutiã meia-taça preto.
Passei a mão em seus seios, fazendo-a sorrir, e então a puxei para perto, envolvendo-a com meus braços, alcançando o fecho do sutiã, desfazendo-o e deixando as alças caírem, fornecendo-me a visão que eu queria. Sentei-me no sofá, alcançando o seio direito de Kristina com a boca e o sugando, enquanto com a mão apertava o outro e brincava com seu mamilo, ouvindo exclamações e resmungos pronunciados em búlgaro, mas que certamente eram alguma espécie de aprovação e incentivo.

Inverti as carícias, levando minha boca até seu seio esquerdo e deixando o direito ao cuidado de minhas mãos, e Kristina, com as mãos enterradas em meu cabelo, continuava produzindo som que apenas me deixavam ainda mais excitado. Então, após alguns segundos, ela segurou meus ombros e me empurrou de volta para o sofá, seus olhos, anteriormente azuis, estavam negros de desejo.

— Você tem camisinha? — Perguntou ofegante e então eu tateei meus bolsos, puxando a carteira de lá e erguendo uma pequena embalagem quadriculada. Ela sorriu, tirando a embalagem da minha mão e então inclinou-se para me beijar. Mas seus beijos não parariam por ali.

Assim como eu pretendia fazer com ela, Kristina desceu dando beijos em meu corpo, deixando um rastro de calor por onde passava, seguindo a linha de meu abdômen até minha calça. O volume dentro desta já estava relativamente protuberante e isso pareceu a divertir, pois logo ela raspava os dentes, com delicadeza, na região, me fazendo gemer em êxtase.

Ela sorriu, contente, e então desabotoou minha calça, abaixando-a e eu fiquei na expectativa do que ela iria fazer. Sua expressão era de aprovação e então, lenta e provocante, ela abaixou a cabeça, passou a língua pelo topo e logo depois o tomou em sua boca. Deixei minha cabeça tombar para trás, maravilhado, e então, depois de ela dar atenção ao meu amigo, ouvi o barulho da embalagem se rasgar e a senti se afastar dali, me deixando extremamente frustrado.

Com a camisinha entre os dentes e um sorriso safado no rosto Kristina a colocou, sem tirar os olhos do meu. Se aquilo era possível, eu fiquei ainda mais duro por aquela mulher. Inverti nossas posições mais uma vez, apenas porque aparentemente Kristina gostava e queria ficar no comando, e, só por isso, eu não permitiria. Ergui sua saia novamente, deixando-a presa em sua cintura e voltei a beijá-la enquanto me posicionava entre suas pernas. Enrolando-as em volta de meu quadril novamente, ela me puxou para perto, e, então eu a penetrei.

Não tinha percebido o quanto eu precisava daquilo até naquele momento. Então eu fui com força, mas devagar. Kristina arqueou o corpo para cima, expondo seus belos seios aos quais eu não hesitei em atacar, ela exclamou em deleite.

Ela rebolava enquanto eu me movimentava para frente e para trás, aumentando e diminuindo o volume de acordo com as reações corporais da mulher. Eu suava, ela se agarrava em minhas costas, cravando suas unhas nelas, mas eu não importava, porque, em certo momento, nem eu nem Kristina queríamos delicadeza. Ela me pedia para ir mais rápido e eu obedecia. Ela gemia e eu ficava ainda mais excitado. Nós ficamos daquele jeito até que Kristina encontrou seu ponto máximo e, finalmente, gozou. Eu continuei até que eu mesmo consegui chegar ao meu ponto de prazer.

Saí de dentro dela e a segurei em meus braços durante mais alguns segundos, para que ela se recuperasse. Não vou mentir, era uma visão bela. Kristina virou um pouco de lado, dando-me espaço para deitar e então arrastou a unha em meu peito.

— Quem diria, garotão… — Disse com o sotaque forte pela primeira vez na noite e a voz rouca. Sorri, convencido, mas por estar levemente sonolento não lhe dei outra resposta.

Kristina inclinou-se sobre mim para alcançar algo no chão e eu fechei os olhos, mas ao sentir o cheiro de fumaça os abri novamente e a vi com um cigarro entre os lábios. Franzi o cenho e ela me olhou, jogando o isqueiro de lado.

— Aceita? — Perguntou tirando-o da boca e oferecendo-o a mim, soprando a fumaça para cima. Percebi naquele momento que era aquilo que ela estava fazendo quando eu a encontrei do lado de fora do pub. Ao perceber minha demora para respondê-la, Kristina riu. — Vocês crianças, sempre com medo de um cigarrinho. — Resmungou, voltando a levar o cigarro aos lábios e puxando o ar.

Fiquei levemente ofendido, primeiro porque eu não era uma criança, segundo porque eu não tinha medo de quase nada, e cigarro definitivamente não era um dos itens presentes no “quase”. Ergui minha mão para furtar o tabaco dela e levei-o a meus lábios, puxando o ar e então sentindo a fumaça preencher todo meu pulmão, tossindo compulsivamente no mesmo instante.

Novamente, Kristina riu.

— Não respire, apenas puxe a fumaça e depois a deixe ir embora. — Aconselhou e eu esperei alguns segundos para tentar mais uma vez, obtendo certo êxito desta. — Acalma e é maravilhoso depois do sexo. — Ela comentou, pegando-o de volta e eu não podia negar que ficara ainda mais relaxado.

Com um movimento falso acabei enxergando o relógio digital que enfeitava a mesa de centro da ruiva, percebendo que não demoraria a dar 01:00, então, levantei-me do sofá, sob o olhar atento de Kristina e me vesti. A visão da mulher ainda nua, fumando, me fez querer ficar pelo resto da noite, mas eu tinha marcado com Dimitri e precisava ir embora, e fora essa explicação que eu dei a ela.

Kristina levantou, presenteando-me com um beijo de despedida e me acompanhou, nua, até a porta. Assim que a madeira se fechou com um estrondo, eu aparatei em um beco próximo ao pub afim de reencontrar com Dimitri.

Eu estava certo de que eu não a veria nunca mais.

(...)

Mas obviamente eu estava errado.

No dia seguinte eu acordei cedo por estar ansioso pelo começo das aulas. O meu nível de comprometimento estava nas alturas e eu queria aquilo de verdade. Era como se, estar sóbrio e equilibrado, fizesse com que eu quisesse tudo mais intensamente, viver apreciando tudo o que eu tinha deixado escapar em minha época sombria. E não era apenas porque eu fizera sexo na noite passada.

Pulei da cama e catei um pergaminho dentro da minha mochila nova — eu havia comprado uma para ir à faculdade, enquanto a outra continha as minhas roupas —, pegando a pena e o tinteiro ao passar pela escrivaninha que, em breve, eu usaria para estudar. Fui para a cozinha, equilibrando minhas coisas nas mãos e, logo depois as depositei em cima do balcão.

Caminhei até a geladeira e peguei algumas coisas para comer. Preparei uma incrível refeição e me sentei, começando a escrever para Viola. Eu precisava escrever para ela; me ajudava a combater os demônios dentro de mim e eu adorava falar com ela. (Até porque, quando ela descobrira que eu estava na Bulgária, me mandou um berrador, dizendo que era melhor que escrevesse para ela sempre. Foi difícil explicar para Dimitri que ela não era a minha namorada, mas não entrei em detalhes profundos.)

Com uma torrada na boca, comecei a carta, dizendo que estava tudo bem e que eu estava tão empolgado para o primeiro de aula quanto eu ficara quando eu havia visto Hogwarts pela primeira vez. Não mencionei o sexo, mas falei da noite passada e em como eu me diverti apenas bebendo chá gelado de pêssego. Eu ri comigo mesmo quando terminei e selei a carta, indo atrás da coruja de Dimitri — ainda não sabia como pronunciar o nome dela em inglês.
Depois de mandá-la para o céu aberto da Bulgária, voltei a minha atenção para o café da manhã. De repente, eu estava faminto.

Eu estava ainda apreciando o belo desjejum preparado por mim quando Dimitri apareceu arrastando os pés até a cozinha. Eu ri e mordi o pedaço de waffles que eu havia feito naquela maquininha trouxa. Era muito bom.

— Bom dia, flor do dia. — Cumprimentei, com um sorriso cheio de waffles.

— Você não comeu tudo da geladeira, comeu? — respondeu ele, um pouco zangado, eu ri.

— Não, não comi. — Apontei para um prato coberto em cima do fogão. — E eu fiz pra você. Ingrato. — Pontuei, apenas porque Dimitri tinha um péssimo humor matinal e era absurdamente divertido provocá-lo.

Dimitri se virou para mim, pegou um suco da geladeira e foi até onde estava o prato, voltando logo em seguida e sentando-se de frente para mim. Ele mordeu o waffles e a sua expressão se suavizou. Eu sorri, triunfante.

— Eu tive uma namorada na Austrália, que me ensinou a cozinhar... — expliquei, quando ele me olhou indagador. — O nome dela é Allison e é, bem, uma trouxa. Cursava Gastronomia numa universidade de lá. — Meus pensamentos voaram para longe. — Agora ela me odeia... não que eu a culpe. Eu fui um imbecil, que eu jurara não ser...

— Parece que você tem muita bagagem — disse ele, me olhando atentamente. Eu sorri tristemente para ele e dei de ombros.

— Você nem imagina — respondi.

— Espero que esteja melhor. — O grandão realmente tinha um bom coração.

— Viola me ajudou nisso. E ainda ajuda. — Eu sorri.

— Viola, a menina-berrador. — Ele se lembrou, dizendo com aquele sotaque dele.

— É, ela mesmo. — Eu ri e, querendo mudar de assunto, voltei a me animar, antes que aquela escuridão voltasse a me assombrar. — Preparado para iniciar as aulas?!

Dimitri franziu a testa e eu fiquei confuso.

— O quê? Bebeu tanto ontem que esqueceu que temos aula?

Ele xingou em búlgaro. Deve ser legal xingar em outra língua; ninguém iria saber que eu estava xingando se eu não falasse com a entonação certa.

— Tenho que me arrumar! — Dimitri se levantou, mas eu o impedi de sair do lugar.

— Você pode terminando de comer. — Falei e me lembrei de soar como a minha avó. Isso me fez perceber que eu estava com saudades dela. Balancei a cabeça, enterrando esse sentimento para lidar mais tarde.

Dimitri riu e voltou a se sentar.

— Você pareceu a minha avó, falando desse jeito — observou ele e eu dei uma risada.

— Sei como é — murmurei, terminando de comer o meu café da manhã.

(...)

Quando aparatamos na faculdade, eu pude perceber o quanto de gente rica se sobressaía aos que eram humildes. E isso se via no fato de que a universidade bruxa deles não ofereciam alojamento para os seus estudantes estrangeiros. Ao meu lado, ouvi Dimitri bufar.

— É por isso que eu preferi me formar na Inglaterra. — Disse ele, ao ver uma garota passar com ar de metida. — Essa faculdade me dá nos nervos... minha família acha genial. — Dimitri disse com sarcasmo.

— Como assim?

— A família Zkovsky é tradicional e rica. — Respondeu ele, com um tom de nojo. — Longa história.

— Por que está comigo agora? — eu quis saber.

— Porque eu preciso. — Ele fez uma pausa, respirando fundo. — Vamos nessa, cara? Não gosto de me atrasar.

Eu dei uma gargalhada e tentei alcançar seus ombros, para lhe dar aquele tapinha amigável. Desisti assim que eu vi que era impossível eu fazer aquilo, já que ele era bem maior que eu. Dimitri riu e passou seus braços no meu ombro, me confortando.

Entramos na construção moderna e vimos muitas pessoas andando de um lado para o outro. Eu e Dimitri estávamos perdidos, então procuramos por pessoas que estivessem tão perdidas quanto a gente. E não foi difícil. Havia um grupo perto de um enorme mural, olhando para o mesmo como se não estivessem entendendo nada. Trocando um olhar com Dimitri, dei de ombros e fomos até eles.

No mural havia tantos papéis, tanta informação, que o pessoal que não sabia búlgaro ficava desnorteado ao tentar procurar o papel com as informações sobre o intercâmbio. Olhei para Dimitri e ele pareceu perceber o que eu queria dizer e foi até o mural, empurrando algumas meninas para o lado, ao pedir licença.

— Achei! — exclamou ele, depois de uma boa olhada. — Quem é do intercâmbio? — Perguntou e uma boa quantidade de mãos levantaram. Ele assentiu, pegou a folha de papel com o nome dos alunos e a colocou em evidência. — Vamos.

Ele nos conduziu e eu corri para ficar ao seu lado, admirado.

— Você realmente não é contente com essa faculdade bruxa — observei.

— Você não faz ideia. — Respondeu.

— Então por que está aqui? — Quis saber e ele parou abruptamente.

— Por causa do meu trabalho. Droga, James, vai me interrogar agora? — Perguntou, desafiador, e eu ergui as mãos em rendição. Ele bufou e voltou a andar.

Quando ele achou a sala em que nós, os intercambistas, ficaríamos, descobri que era um local parecido com um auditório. Era grande e havia um enorme quadro negro ocupando a parede. Tinha uma mesa comprida, com vários tipos de frascos, com líquidos e conteúdos diferentes, um caldeirão de estanho e outros aparatos para Poções. Achei interessante e bem organizado.

Os alunos que vieram conosco se espalharam, enquanto eu e Dimitri nos dirigíamos para o fundo do auditório e escolhíamos nossos lugares. Sentamo-nos e esperamos. Mas como eu era... curioso, voltei minha atenção para Dimitri, que estava muito quieto e com a postura rígida, como se estivesse em alerta. E talvez ele estivesse mesmo, sendo auror e tudo o mais.

— Você está em alerta — falei e Dimitri me olhou, mas eu olhava ao redor. — Tem alguma coisa errada?

— Não. Eu sempre fico assim quando estou em locais com muitas pessoas juntas. Meu trabalho me exige isso — respondeu ele e eu voltei a olhá-lo, vendo que Dimitri erguia uma das sobrancelhas. — Como sabe disso? Quero dizer, que eu estou em alerta.

— Meu... — quase deixei escapar uma pista sobre meu pai. — Namorei uma auror. — Desviei rápido. Não deixava de ser verdade. — Ela me odeia também. — acrescentei, franzindo a testa.

Dimitri riu.

— Por Merlin, Jay. Todas as mulheres com quem você se envolveu te odeiam? — quis saber ele.

— Nem todas... mas uma tentou me envenenar. — Lembrei de Clarisse.

— Eu não queria ser você — ele riu outra vez e eu balancei a cabeça.

— As desvantagens de ser irresistível. — Dei de ombros e ele riu.

Sabe aquele momento em que você está tão concentrado na conversa, que tudo ao seu redor some? Foi mais ou menos isso o que aconteceu, quando meu nome completo foi chamado. Meu nome foi pronunciado outra vez, como em uma chamada, mas por uma voz que me fez gelar.

Eu e Dimitri não estávamos falando alto, por isso, creio que a professora não ligou muito quando entrou. Entretanto, eu não a tinha visto. Só que, aquela voz, eu já tinha escutado. E não apenas ao falar, mas ao gemer ao meu ouvido. Eu arregalei os olhos, mas não me virei para frente. Olhava para Dimitri, que me encarava sem expressão.

Ela chamou outra vez e eu senti toda a sala murmurar, mas não me virei.

— James Sirius Potter, se não se apresentar nesse exato momento, terei de retirar seu nome da lista. — Disse ela, com sua voz autoritária de professora.

Mas aquilo que ela disse me fez acordar e eu virei para frente. Ergui a mão e ela ergueu os olhos para cima. Por que raios eu não fui até a diretoria para encobrir meu nome?

— Presente. — Minha voz ressoou pelo auditório.

Kristina Petroff me olhou com profundo reconhecimento, porém, não era como quando me olhara ao transarmos. Era... ameaçador.
Quem diria que eu havia feito sexo com a minha própria professora? Minha vida era realmente um desastre.

— Bom. Agora sabemos quem o senhor é — disse ela, com a voz fria e distante, como se realmente nunca tivesse me visto.

(...)

Ao longo das aulas, Dimitri não disse uma palavra. Kristina Petroff me ignorou, mesmo quando eu sabia responder às perguntas que ela fazia e isso me irritou profundamente. Mas o silêncio de Dimitri era pior, porque ele era meu amigo e realmente tinha algo de estranho com ele.

Eu fiquei com medo de tocar no assunto enquanto as aulas corriam, por isso, eu não falei nada também. Porém, eu não conseguia ficar em silêncio por muito tempo. Então, quando chegamos em casa, eu tomei coragem de perguntar:

— O que foi?

Dimitri, que se dirigia para o seu quarto, parou e girou para me encarar. Sua expressão era de quem fora traído e aquilo doeu em mim. Depois de Fred, eu realmente havia me apegado a Dimitri. Ele era tão leal quanto Fred e, de alguma forma, Dimitri me lembrava como era ter meu melhor amigo do meu lado.

— Deixa eu ver... — começou ele, fingindo pensar. — Ah, você sabe. Você tem o sobrenome do Harry Potter, o nome do filho do Harry Potter, o nome do meio do filho do Harry Potter e... olhando bem, você até parece um pouco com o Harry Potter. Mas não é o filho dele, certo?

Eu fiquei olhando-o por algum tempo, sem saber o que dizer. Mas Dimitri esperou que eu admitisse. E eu sabia que devia uma resposta a ele. Então me rendi, suspirando alto.

— Está bem, está bem. Eu sou filho do Harry Potter.

— Eu não quero me meter na sua vida, James. Mas, sabe, você tá vivendo debaixo do meu teto. Custava ter dito a verdade? — Ele praguejou, respirei fundo.

— Sou o mais velho, como sabe. Bem, como todos sabem, agora. — Eu ri, sem humor, e dei um tapa na minha testa. — Meu pai vai me encontrar.
Sentei no sofá, encarando o nada com os cotovelos apoiados nas pernas. Dimitri veio para perto de mim, mas não se sentou ao meu lado, nem nada. Só parou na minha frente e cruzou os braços. Ótimo, ele estava com raiva de mim.

— Por que não me contou? Por que não quer ser achado? — Quis saber ele, ainda com raiva.

— Qual o seu motivo para desejar ficar longe da sua família? — rebati, levantando os olhos para o meu amigo. Seu corpo se retesou para trás, como se tivesse levado um soco, e ele descruzou os braços.

— Quer dizer que você odeia a sua família? — Seu tom de voz era de surpresa.

— Não! Eu não odeio a minha família!

— Então o que é?! Eu odeio a minha. Qual é a sua razão para você sair por aí, mentindo para todo mundo que conhece?! !

— Porque não quero ser reconhecido! — respondi gritando. Depois, abaixei o meu tom de voz. — Quero viver a minha vida sem estar na sombra do meu pai. Ele provavelmente deve ser a pessoa que mais me entende. Ele passou a vida inteira à sombra do assassinato dos próprios pais! Ele nem podia sofrer em paz... — eu olhei para Dimitri. — Quero que as pessoas me reconheçam por quem eu sou. Não pelo o que meu pai é. E, em todos os países em que esse intercâmbio passar, continuarei com a mentira.

— Já passou pela sua cabeça que as pessoas que farão esse intercâmbio serão as mesmas?

— Algum deles vai me parar e me obrigar a mostrar minha identidade? — retruquei e Dimitri ficou em silêncio. — Quem acreditará? — fiz uma pausa. — Olha... eu não quis magoar você, nem menti para que eu pudesse enganar você... nunca foi minha intenção.

— Por que não diz para os seus pais onde você está?

— Acho que você não conhece Ginny Potter. — Respondi. — Depois que eu... fugi dos meus... fantasmas na Inglaterra, minha mãe me buscaria pela orelha e não deixaria terminar de fazer o intercâmbio.

— Que fantasmas você deixou para trás? — Dimitri franziu a testa.

— Isso... é um assunto que eu prefiro deixar nas sombras do meu passado — falei, porque eu não queria que aquilo tudo voltasse. Eu teria que escrever para Viola mais tarde, mesmo sabendo que a resposta da minha última carta chegaria no máximo no dia seguinte.

— Foi tão ruim assim? — perguntou ele, sentando-se ao meu lado.

— Foi. — Assenti com a cabeça. — Para mim, foi.

Dimitri e eu ficamos em silêncio por algum tempo.

— Você sabe que eu sou seu amigo. — disse ele, por fim. Eu sorri.

— Eu sei.

— Então saiba que se você precisar de alguém para conversar e sua namorada de cabelos azuis não for o suficiente, eu estarei aqui para você. — Ele disse e eu sorri agradecido. Ele fez uma pausa. — Minha família é rica e famosa. — Ele começou de repente e eu o olhei, já tendo esquecido o assunto

— Dimitri, você não precisa… — Ele ergueu a mão, me calando. Entendi que ele queria e precisava falar sobre aquilo.

— Como a sua. — Ele me olhou. — Quero dizer, por aqui, pela Bulgária. Não mundialmente, mas é. Ela é antiga, tem descendentes por todo o país, ajudou a comunidade bruxa da Búlgaria em tempos difíceis e são respeitados. Mas... eles são tradicionais, entende? Vivem ainda no passado de que, para manter o sangue puro, deveríamos casar entre nós. A realidade é que não é só aqui. Em várias partes do mundo, ainda se têm essa ilusão. Sangue é sangue, oras.

— Mas você é diferente — observei e ele assentiu.

— A maioria da família Zkovsky ainda tem esse costume — continuou Dimitri. — E pouco depois que eu fiz 18 meu pai começou a combinar meu casamento com um prima. Mas eu não queria aquilo, como também não queria trabalhar na política, então precisava dar um jeito de sair antes que ele me obrigasse a fazer o que eu não queria e, acredite, ele é bem persuasivo. Eu tenho uma tia que também não concorda com esses termos e vive no Reino Unido, e eu tinha muito contato com ela, que me fez ver que sangue puro é sangue normal. Então eu me mudei para a casa dela antes de fazer 19. Até hoje nós somos repudiados pela família Zkovsky, mas não nos importamos. Apenas o que importa é no que acreditamos.

— E sua mãe e seu pai? — perguntei. Aquilo se parecia com o que meu pai havia contado sobre os Malfoy e os Black.

— Minha mãe às vezes me manda uma carta ou um Patrono... acho que o sentimento de mãe ainda permanece. Meu pai... bem, ele me odeia porque eu fugi.

— Sinto muito, amigão. — Dei tapinhas em seu ombro.

— Não tem o que sentir. Minha família é minha tia. — Ele sorriu, triste. — Eu a amo como se fosse minha mãe. Mas eu tive que voltar e ser um auror na Bulgária. Ainda é o meu país. — Explicou-se e eu assenti.

— Bem, acho que eu sou ingrato, meus pais sempre foram incríveis, eu os amo, sabe? Mas eu preciso desse tempo para mim, eu preciso me encontrar além de mim, entende? Descobrir quem eu sou sem ser Potter. — Suspirei e Dimitri deu tapinhas em minha costa.

— Então você vai ser só James enquanto estiver aqui. — Concluiu e eu ri.
— Gosto de só James. — Lembrei-me de Viola e ele levantou, batendo nas calças e respirando fundo.

— Vou comprar uma cerveja gelada e seu chá de pêssego, temos trabalho a fazer. — Declarou e então deixou o apartamento.

Na próxima carta para a Viola eu faria questão de pontuar sobre como viver com Dimitri era uma tentação diária.

(...)

Nunca pensei que diria isso: eu sentia falta das matérias que eu julgava difíceis de Hogwarts. Eu queria matar todo mundo e depois me matar. Sério, não estava fácil. E, para piorar, Kristina, mais do que nunca, estava pegando pesado.

A cada dia que passava, eu começava a desejar que ela jamais tivesse me conhecido. Introdução à Poções era uma matéria que estava passando a ser péssimo de assistir. Particularmente, Kristina me pressionava, me ridicularizava e eu queria gritar. Mas sou filho de Harry e Ginny Potter. Eu fui criado para ser educado e respeitar as mulheres. (Não que eu não tenha sido um idiota com Holly e Allison.)

Mas aquela mulher estava me matando! Eu queria mesmo esganá-la. E as outras disciplinas também não ajudavam, pois eram tão difíceis quanto lidar com Kristina. Às vezes, Dimitri tinha que me acalmar de tão estressado que eu estava. Pensei que seria prazeroso aprender, mas parecia que os professores da Bulgária gostavam de ser carrascos com os alunos. Uma vez, eu cheguei a ver uma garota sair chorando de uma sala de aula.

Entretanto, mesmo com todo o estresse, eu não estava a ponto de desistir. Desistir não estava no meu sangue — pelo menos não nesse quesito. Se eu comecei aquilo, eu ia terminar, nem que no final do ano eu estivesse careca. Espera... careca? Não, isso não. Então, eu ia para a faculdade búlgara todos os dias esperando ter uma aula em que alguém não ficasse com os olhos marejados.

Para minha felicidade e sanidade mental o feriado de fim de ano chegou sem eu ao menos perceber e posso dizer que, mesmo o Natal sendo meu feriado preferido desde sempre, eu nunca fiquei tão feliz com sua chegada quanto naquele ano.

Era manhã de véspera de Natal e o centro da cidade estava um caos, porém meu humor estava maravilhoso, assim, eu saía desejando um feliz Natal e próspero Ano Novo para qualquer um que me empurrasse ou pisasse em meu pé, distribuindo também alguns pacotinhos de balas para as crianças que passavam em meu caminho.

Havia acordado junto com o Sol e para o bem da minha saúde física, deixei a casa sem acordar Dimitri, completamente disposto a enfrentar o frio congelante das ruas búlgaras.

Após uma maratona de tentar encontrar um peru, passar horas em filas e manter o bom humor em meio ao estresse das compras pré-Natal, lá estava eu, tentando voltar para casa com sacolas pesadas penduradas nos braços em meio a um mar infinito de pessoas apressadas e um humor bom o suficiente para fazer muitas delas me olharem com uma careta.

Quando, enfim, consegui chegar em casa, Dimitri estava deitado no sofá tentando equilibrar uma garrafa de cerveja na barriga.

— Cara, você não para de beber nem no frio?

— Aquece a alma. Você ficou quatro horas fora, tava fazendo o quê?

Eu o olhei, incrédulo. Quero dizer, eu estava cheio de sacolas na mão e a pessoa me vinha com essa pergunta?

— Estava numa competição em que tínhamos que caçar um peru. Quem conseguisse pegar e depenar levava para casa. — Disse revirando os olhos e caminhando pra cozinha.

— Sério isso? — perguntou se sentando para olhar na minha direção.

— Claro que não, é véspera de Natal e eu fui fazer compras no pior dia pra isso. — Pontuei guardando as compras.

— Ah. — Ele parecia desapontado. — James, sabe a senhora Bogdanov?

— Não, quem?

— Mileva Bogdanov. Ela mora na vizinhança, deve ter uns 90 anos..

— Não, deveria saber? — Ele negou com a cabeça, entrando na cozinha. — Ela morreu?

— Ela veio aqui hoje cedo. Me acordou, inclusive.

— O que ela queria?

— Nada demais. Ela veio me falar que respeita todas as pessoas, mas queria pedir para que eu não ficasse andando de um lado para o outro com meu namorado porque os netos dela viriam para o Natal e ela não queria que eles vissem essas coisas.

— Com seu o quê? — Parei meus movimentos e o encarei, meio incrédulo, incerto do que tinha ouvido. Dimitri riu.

— Namorado.

— Você... ? Por que não me contou que? Wow. — Ele riu de novo.

— Não, James. Eu não tenho um namorado. Não no momento, já tive algumas experiências se quer saber, mas ela estava falando de você.

Eu sou seu namorado? Você já beijou homens?

— É claro que você não é meu namorado. Mas aparentemente a vizinhança pensa que somos um casal gay. Creio ter ido um pouco além... — Comentou pensativo e eu abri e fechei minha boca várias vezes antes de conseguir falar:

— Wow. Espere. Muita informação. — Dimitri gargalhou.

— Relaxe Potter, você não é bem o meu tipo.

— Hey! O quê? Eu sou o tipo de todo mundo! Gostoso pra dedéu, eu sou lindo! Como posso não ser seu tipo? — Ele arqueou uma sobrancelha.

— Escute-se. — Aconselhou e eu fechei a geladeira, caminhando até um banco e afundando ali.

— Nós somos um casal gay.

— Não fica chateada, docinho.

— E eu sou a mulher...

— Claro, você quem é o magrelo pequeno.

— Você tem loção pra cabelos de flores que eu vi!

— É isso que deixa os meus cabelos mais bonitos que os seus.

— Isso não é justo.

— A vida não é justa, docinho. Agora ande logo mulher, essa ceia sai para hoje ou não?!

— Dimitri, você definitivamente não pode continuar me chamando de docinho.

— Prefere benzinho? Amor?

— Olha, cara, não leva a mal mas é que eu realmente não sou muito chegado nisso... — Ele gargalhou, dando um tapa nas minhas costas.

— Eu estou brincando, James! Eu realmente já tive uma experiência com um homem antes, mas serviu apenas para me mostrar que eu gosto mesmo é de mulher. — Ele riu. — Precisava ver sua cara. — Fingiu enxugar uma lágrima.

— Hey, eu tenho que resolver um probleminha no trabalho, volto antes da ceia, ok?

— Eu não achei muita graça. — Resmunguei, porém ria. — Se demorar eu vou ser obrigado a visitar os netos da senhora Bogdanov para dizer que você é um namorado horrível que me abandonou no Natal.

— Eu te desafiaria a fazer isso, mas tenho uma reputação a manter. Volto logo. — Informou, enrolando um cachecol em seu pescoço e então desaparatando.

Quando Dimitri voltou eu havia montado todo o circo. Improvisei uma árvore de natal, que na verdade era uma plantinha que enfeitava o canto da sala e eu havia decorado com qualquer coisa brilhante que eu achava na casa, arrumei a mesa e, claro, preparei quase toda a ceia.

— Cara, você sabe que somos nós dois aqui, certo? — Ele comentou enquanto olhava para o forno em que o peru assava.

— Não posso fazer muita coisa, sabe? Eles não vendem peru em diferentes tamanhos. Na verdade eu quase que não consigo pegar esse ai... — Comentei e ele deu de ombros.

A campainha soou e eu olhei para trás, Dimitri me olhou por um momento e assim que eu dei um passo para frente ele se apressou, barrando meu caminho para sala.

— Eu atendo! — Avisou antes de virar-se e sair correndo.

— Se for a senhora Bogdanov avise que estamos fazendo o possível para nos conter mas é muito difícil já que nós nos amamos tanto! — Gritei para ele, rindo, e inclinei-me de novo em direção ao forno para continuar vigiando a ave.

— Ah, Merlim! Eu sabia que você era homossexual. Sabia. Todo aquele cuidado com seu rosto e cabelo, metrossexual um caramba.

— O que é metrossexual, mamãe?

— Um cara que se preocupa muito com a aparência. — Explicou enquanto eu ainda tentava me recuperar do choque de ouvir aquela voz.

Esquecendo-me momentaneamente do peru ergui-me com cautela e então me virei na direção da porta, não tendo uma reação imediata para a imagem a minha frente.

— Feliz véspera de Nataaaal — Viola desejou abrindo os braços e balançando as sacolas que carregava.

— Viola?! Quê? Como? Wow.

— Ora, James, faça-me o favor! — Ela revirou os olhos, largando as sacolas no chão e vindo até mim, jogando-se em meu colo e me apertando em um abraço que eu não tardei a retribuir.

— Você falou o mês inteiro sobre como ama o natal e, sabe, eu percebi que você estava meio chateado, sempre que o assunto “família” surgia você ficava meio cabisbaixo. Como minha coruja conhece o endereço da Viola de cór...

— Decidimos que já que você não pode passar seu feriado preferido com sua família biológica, reuniríamos a que você juntou no meio do caminho. — Viola concluiu estalando um beijo em minha bochecha.

— Essa é a minha família. Eu achei. Sozinho. Eu que achei. É pequena... e incompleta, mas é boa. É, é boa. — Uma garotinha de não mais que 9 anos, parada ao lado de Dimitri, falou.
— Ela está viciada em Lilo & Stitch. — Viola explicou e eu sorri.

— Então você é a famosa Paisley?

— E você é o Papai Noel. — Ela concluiu, orgulhosa de si mesma.

— Pode me chamar de tio “mais legal do mundo” James. — Ela riu, enquanto vinha em minha direção para me dar o abraço que eu pedia.

— Eu prefiro papai.

— Bem, aí é com sua mãe...

— De jeito nenhum! O máximo que vai ser é o papai Noel mesmo. — Viola afirmou convicta e eu lhe mostrei a língua.

— Seríamos uma linda família feliz. — Afirmei revirando os olhos e puxando Paisley para meu colo.

— Hey! E eu aqui?! — Dimitri acenou, como se fosse realmente possível ignorar a presença dele ali.

— Você seria o tio homossexual. — Afirmei sabendo que o fato de estar segurando Paisley me pouparia de um soco.

— Não, você seria o namorado do papai homossexual. — Viola afirmou revirando os olhos. — Afinal, vocês estão realmente em um relacionamento ou que droga foi aquela?

— É uma longa história...

— Que cheiro de queimado é esse? — Dimitri quis saber.

— Meu peru! —Gritei, colocando Paisley no chão e correndo de volta para o forno.

(...)

No final os estragos foram nulos. O cheiro de queimado veio do vizinho, mas serviu para evitar que minha ave se queimasse e logo estávamos todos em volta da mesa, comendo, rindo, contando histórias e se divertindo. Me sentia da idade da Paisley enquanto Dimitri e Viola brindavam um ótimo vinho tinto e, eu, tomava suco de uva. Porém estava orgulhoso de mim mesmo por estar conseguindo me controlar tão bem todos aqueles meses.

Assim que a ceia acabou, brinquei um pouco com Paisley enquanto Viola arrumava meu quarto para elas dormirem e Dimitri tirava a mesa. O grandão se recolheu cedo, aparentemente ainda tinha assuntos pendentes no ministério e resolveria pela manhã. Paisley por ser uma criança não demorou a reclamar de sono e Viola fora colocá-la para dormir, eu, por minha vez, fiquei com a tarefa de lavar as vasilhas.

— Você sabia que pode usar magia para isso certo? — Viola perguntou, parando encostada na pia e de braços cruzados ao meu lado.

— Minhas mãos não vão cair, sabe... — Comentei enquanto enxaguava um prato, ela riu.

— É engraçado pensar que há apenas um ano eu estava arrastando um estranho bêbado para minha casa. O que eu tinha na minha cabeça, afinal?

— Olha, foi realmente algo estúpido de se fazer, mas temos que concordar que não poderia ter escolhido um estranho melhor. — Ela sorriu.

— E olhe só para nós dois agora...

— Você é mamãe.

— Você está fazendo o que sempre quis fazer. — Sorrimos, enquanto eu fechava a torneira e enxugava a mão.

— Estamos bem melhor agora. — Afirmei a segurando pela cintura e a puxando para perto.

— Principalmente você. — Disse como se fosse o óbvio, passando os braços por meus ombros.

— Detalhes. Já comentei que estou muito feliz com essa visita surpresa?

— Não em palavras, mas sua cara de bobão denunciou direitinho. — Sorri e então aproximei meu rosto do dela, selando nossos lábios.

Como eu suspeitava, ela não apresentou resistência e nem me empurrou para longe, apenas correspondeu e deixou o beijo rolar, mas também não tardou a separar-nos.

— Você ouviu a Paisley falando sobre o lance do papai...

— Não vai acontecer. James, você mal consegue cuidar de você mesmo. — Ela revirou os olhos.

— Eu sei disso, mas eu posso ser o pai legal, que tira do castigo e dá doces quando você passou ordens expressas que chega de doce por hoje. — Ela balançou a cabeça.

— Viu? Você não vai estragar minha garotinha.

— Você ainda vai casar comigo, Blumm.

— Nos seus sonhos. — Ela disse, selando nossos lábios mais uma vez.

— Então eu estou sonhando?

— Podemos dizer que estou realizando seu desejo de natal...

— Falando nisso, e as crianças no orfanato?

— Fui hoje mais cedo e voltarei amanhã a tarde, não posso ficar muito também. Saí do programa de intercâmbio, mas fixei na faculdade escocesa e estou cheia de trabalhos para fazer. — Fiz uma cara triste e ela sorriu. — Mas vou passar a noite. E então vai ficar aí a noite toda ou virá dormir? — Chamou, afastando-se de mim e caminhando na direção dos quartos.

— Você sabe que Paisley está dormindo no chão certo?

— É por isso que só vamos dormir. — Afirmou, frustrando-me, mas quem era eu para reclamar?

No dia seguinte Viola foi embora deixando-me com um gostinho de “quero mais”. Já estava sentindo saudades das duas antes mesmo de elas passarem pela porta da sala, mas, em compensação, estava imensamente feliz de ter tido a oportunidade de estar com elas naquela data. Dimitri voltou apenas a noite, parecia exausto e não queria conversar, mas na manhã seguinte estava com um humor completamente diferente. Apesar disso preferi não perguntar nada, ele contaria caso se sentisse confortável para isso.

E assim, em um piscar de olhos, o feriado acabou. Dimitri fez questão de me lembrar que voltávamos para as garras da Megera e desse jeito minha volta as aulas não foi lá tão maravilhosa. Porém eu voltei decidido de uma coisa, Kristina não mais me atormentaria daquele jeito.

Eu e Dimitri esperávamos a digníssima entrar em sala. Ele me contava sobre uma história em que ele teve a sobrancelha queimada em um treinamento para ser um auror. Eu ria muito, quando Kristina abriu a porta. Todos se calaram, mas eu não conseguia parar de rir.

— Senhor Potter, se não parar de rir, terá de sair de sala — disse Kristina. Eu parei e olhei para ela.

— Já parei, professora — e dei um sorriso debochado.

Kristina me olhou de modo superior e se voltou para turma. Troquei um olhar com Dimitri e comecei a prestar atenção no que ela dizia.

Eu sempre estudava para as aulas dela. Eu estudava tanto, que rejeitei vários convites para sair e conhecer gatas novas. Mas tinha um motivo: eu sabia que Kristina iria me irritar de alguma forma, então eu não deixaria que ela fizesse isso. Ou seja: ela me irritava de um lado, eu irritava do outro. Eu sempre tinha todas as respostas na ponta da língua, minhas poções eram sempre uma das melhores da turma e isso a deixava puta da vida.
Como sempre, Kristina fazia suas perguntas e eu as respondia corretamente (estava me sentindo a tia Mione. Agora eu sei como ela se sentia... ter todo o poder na sua mão... a sensação era maravilhosa). Depois ela implicava comigo por qualquer dedo que eu colocasse fora da linha.

Quando o sinal tocou, todos se levantaram e sua voz se propagou no auditório, dizendo que queria um pergaminho de 10cm sobre a poção de dormir. Dimitri me cutucou e eu o olhei.

— Daqui a pouco eu vou para casa, amigão. Vou resolver umas coisas. — Falei e Dimitri concordou, sem fazer perguntas. Depois da conversa que tivemos, acredito que cada um passou a respeitar ainda mais o espaço do outro.

— Te vejo mais tarde, então. Boa sorte — ele deu um tapa no meu ombro.

Eu sou a sorte — respondi e Dimitri riu.

— Deixe isso para as mulheres com quem sair — ele rebateu e saiu de sala.

Eu saí de onde estava sentado e fui até a porta, fechando-a em seguida com magia. Quando ela ouviu o barulho da porta, virou-se para o auditório a sua frente, respirando fundo enquanto recolhia os pergaminhos em cima da mesa, ainda sem notar minha presença.

Ficou um tempo assim, até que balançou a cabeça e virou-se para sair de sala. Ao me ver parado ali, com os braços para trás, Kristina pulou no mesmo lugar, quase deixando os papéis caírem.

Ela se recuperou e adotou sua expressão severa habitual.

— A aula já acabou, senhor Potter. Pode se retirar.

Eu fiquei um tempo parado, apenas olhando para ela. Seus cabelos estavam ondulados naquela tarde, seu vestido preto colado realçava suas curvas incríveis.

— Sabe... eu estou cansado, Kristina.

— Bom, senhor Potter, sua incompetência de lidar com pressão não é problema meu. — Ela disse rude e fez com que passaria por mim, mas eu a impedi.

— Eu sou o melhor aluno que você tem aqui, o mais esforçado, o mais dedicado. Literalmente o melhor, o único que sempre sai bem nas provas, que sempre acerta as poções de primeira e, ainda assim, você continua pegando no meu pé. Como se eu fosse um aluno bagunceiro do primeiro ano que vive atrapalhando a aula. — Eu ri, passando a mão pelos cabelos, bagunçando-os. — E eu descobri o porquê você faz isso. — Pontuei e a vi erguer uma sobrancelha, desafiadora. — Você faz isso por causa da nossa noite juntos. Não consegue parar de pensar nisso, consegue?

— Você é muito prepotente, James Potter — disse ela.

— Mas é a verdade, professora. — Rebati e ela ficou me olhando, em silêncio, ainda com a expressão tediosa e desafiante. — Percebi isso hoje. Tem medo que isso prejudique sua carreira? Tem medo de gostar de mim? — Cheguei mais perto dela e enrolei uma deu suas mexas de cabelo no meu dedo. Kristina respirou fundo. — Não se preocupe, professora Petroff. Isso vai ficar entre nós. — Sussurrei.

Então ela riu. Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou caminhando de volta para sua mesa e se apoiando ali, enquanto ria sem parar. Meu ego doeu naquele momento e eu cruzei os braços, esperando o acesso de riso dela terminar.

— Oh, Potter! — Ela se abanava, tentando recuperar o ar perdido pelos segundos prolongados de riso. — Você é adorável! Sabia? — Mais algumas risadas, então ela respirou fundo, olhando para cima. — Bem, já que meu desprezo o incomoda tanto acho justo eu lhe contar o motivo de sua existência.

— Agora seu tom era tão severo quanto em aula, quem entrasse ali agora jamais diria que ela estava gargalhando segundos atrás. — Você é bem mimado, certo? Filho primogênito do famoso Harry Potter...

— Eu não gosto de ser lembrado por isso, então se for uma referência, você pode esquecer... — Ela me ignorou.

— Acostumado a ter tudo o que quer, eu suponho. Exaltado por ser unicamente filho de quem é, nunca por suas realizações, que, aliás, sempre são creditadas a seu pai, porque obviamente você só foi capaz por ser filho de Harry Potter, está no sangue. Estou errada? — Fiquei calado, com os dentes cerrados, a mandíbula travada e uma vontade descomunal de esganá-la. Descobri naquele momento que eu não sabia lidar com a verdade. Ela riu contente e presunçosa. — Como eu suspeitava. Mas olhe só, meu problema com você não é esse. Não... certamente não gosto de alunos estrelinhas, mas, sabe Potter, eu tenho um problema ainda maior com caras que acham que podem ganhar algo após terem transado comigo.

— Então você realmente não consegue esquecer aquela noite... — Arrisquei presunçoso.

— Você está acostumado a ter tudo de bandeja, todos fazem o que você quer e porque não eu, certo? Mas deixe-me dizer uma coisa, eu não vou facilitar as coisas para você só porque você colocou seu pênis na minha vagina uma noite. Isso jamais teria acontecido se eu suspeitasse que você era meu aluno, mas aconteceu, e você não terá nenhuma regalia por aqui se depender de mim, ficamos entendidos?

— Então é mesmo sobre o que aconteceu aquela noite. — Afirmei com absoluta certeza e ri, me aproximando sem pressa de onde ela estava. — Não precisa ser tão severa consigo mesma, docinho. — Brinquei, já consideravelmente mais perto. — Sabe, muito do que você disse é verdade, infelizmente. Mas eu não vim para cá esperando regalia alguma, muito pelo contrário, o fato de você saber quem eu realmente sou foi um infeliz erro do destino, não estou aqui para me exaltar por ser filho de quem sou, estou aqui me escondendo desse fato, logo não espero e nem quero nenhum professor me tratando a pão de ló por ser James Sirius. Mas você... você se esforça tanto, por quê? Tem medo que eu tente algo com você de novo? — Me aproximei o suficiente para interceptá-la entre mim e a mesa, Kristina inclinou-se para trás, porém mantinha os olhos nos meus, implacáveis. — Será que está tão acostumada a sexo casual que está assustada com a possibilidade de querer repetir a dose? — Minha voz estava calma e sedutora, quanto mais ela se inclinava para trás, mais eu me inclinava para frente. — Não se preocupe, querida professora. Eu não vou fazer nada que você não peça.

— James... senhor Potter. Saia de cima de mim!

— Kristina... diga que não quer e eu paro. Vou embora e não toco no assunto nunca mais. Só irá me aturar nas aulas e eu serei obrigado a aguentar suas ferroadas calado. — Falei. — É só dizer que... não... quer. — Eu me aproximei lentamente dela e a beijei.

Kristina nem sequer tentou me repelir. A atração que ambos sentíamos um pelo outro era mais forte. Logo ela me puxava para si, ditando o ritmo do beijo e aproximando nossos corpos, libertando um desejo que ela sabia que tinha enquanto agarrava minha nuca com uma mão e torcia minha blusa com a outra.

Não vou mentir dizendo que eu não retribuí com a mesma intensidade. Eu nunca tive preferências na minha vida em questão de mulheres. Dependia sempre do meu nível de atração por elas e vou lhe dizer que Kristina era uma ruiva quente. Eu adorava sentir como aquela mulher (mais velha) queria mais do meu corpo, mais do meu beijo. E eu sabia que ela queria apenas isso: sexo. Eu não me importava de ser só aquilo para ela, sinceramente. Eu havia feito muitas mulheres sofrerem na minha vida, ser apenas mais um na vida de Kristina... não era nada.

E ela deixou isso bem claro ao parar de me beijar, empurrando-me para longe.

— Para fazermos isso, quero que tenha regras.

— Qualquer coisa. — Eu estava ofegante, ansioso por mais. Ela também.

— Não vamos nos apaixonar. Só sexo. — Disse e eu assenti veemente. Eu não ia me apaixonar, não estava preparado para isso de novo. — Isso não sai daqui, ninguém pode saber

— Meu amigo sabe. Ele viu a gente naquele dia.

— Desde que ele não abra a boca para ninguém...

— Ele é um auror, sabe manter segredo — Justifiquei e ela ergueu uma das sobrancelhas, mas depois balançou a cabeça em concordância.

— Ok... agora não me vem mais nada. — Kristina voltou a me beijar, mas eu a parei. — O quê?

— Eu também tenho uma regra. — Falei e ela fez sinal para que eu prosseguisse. — Eu sou seu aluno. Essa coisa de professor Snape já deu. Quero que me trate como todo o resto da turma, não como se eu fosse um idiota.

— Tudo bem... mas quem é professor Snape?

Eu ri e a peguei no colo, fazendo-a sentar-se no balcão onde ela colocava as poções. Ela passou as pernas pela minha cintura e eu já estava louco por ela.

— Não precisa saber disso.

E a beijei novamente. Kristina nem ponderou. Enquanto caldeirões e ingredientes para poções iam de encontro direto ao chão, eu só conseguia pensar em uma coisa: James Sirius Potter estava de volta ao jogo.

(...)

Assim que a porta se fechou atrás de mim um abajour iluminou a sala completamente escura e uma poltrona girou, fornecendo-me a visão de Dimitri com as pernas cruzadas e um livro que não consegui identificar qual no colo. O relógio digital brilhava as horas em vermelho na mesa ao lado da poltrona: 23:47

— Eu estou me sentindo naqueles filmes em que o marido infiel chega em casa tarde da noite e a esposa está a sua espera para jogar isso na cara e conseguir um cartão de crédito ilimitado para fazê-lo se redimir mesmo sabendo que no dia seguinte ele ainda vai transar com a secretária...

— Você quis dizer professora. — Corrigiu Dimitri com seu sotaque forte e eu pendurei as chaves no gancho atrás da porta.

— Querida, ela não significou nada, foi apenas uma noite e eu não parava de pensar em você.

— Você tá pegando nossa professora de poções, James Sirius Potter? Digo... só James?!

— Mas é claro que não! Eu sou fiel a você!

— Docinho, não minta para mim, só vai piorar as coisas...

Abaixei a cabeça com um quê de arrependimento no olhar e levei a mão ao peito, suspirando derrotado.

— Eu tô pegando nossa professora de poções para caralho. — Confessei rindo e, não sei de onde ou nem mesmo como, Dimitri estourou uma garrafa de champangne que surgiu de repente.

— Esse é o meu Docinho! — Bradou enquanto servia as taças e eu acendi as luzes, rindo e balançando as mãos no ar como se estivesse segurando um troféu.

— Eu sabia que toda aquela implicância era desejo selvagem pelo meu corpo.

— Certo, poupe-me dos detalhes. — Pediu entregando-me uma taça e eu dei de ombros.

— Nós dois faríamos o melhor filme pornô da história. — Afirmei e Dimitri ergueu as sobrancelhas para mim. — Kristina e eu... — Justifiquei e ele resmungou um "Ah tá".

— Isso significa que você vai ser o aluno de ouro daqui para frente?

— Não! Ela vai parar de pegar tanto no meu pé, mas já deixamos claro que isso não vai me dar nenhum privilégio. E ah! Ninguém pode saber disso, ok?

— O que te faz pensar que eu contaria para a senhora Bogdanov que você está me traindo com uma mulher?!

— Ela ficaria desapontadíssima...

Rimos e então bebemos o espumante, joguei-me no sofá em seguida e Dimitri voltou a sentar na poltrona.

— James, você gosta de quadribol?

— Eu adoro! — Respondi automaticamente, lembrando dos meus dias de glória em Hogwarts e sentindo um momento de saudade de tudo aquilo.
— Você está sabendo sobre a EuroCopa de Quadribol ou estava completamente desligado do mundo exterior?

— Desligado do mundo exterior. — Afirmei pensativo, lembrando que nem mesmo tinha procurado informações sobre a copa do mundo de dois anos atrás.

— Como eu imaginei. Bem, o país que vai sediá-la será a Bulgária e, mesmo a copa sendo apenas daqui cinco meses, já estão acontecendo alguns jogos em estádios não muito distantes daqui. Não sei dizer se são eliminatórios ou apenas treinos, mas, enfim, eu fui escalado para ser um dos aurores a fazer guarda em alguns desses jogos nos próximos meses e queria saber se você não gostaria de ir... Pegar um pouco mais leve nos estudos e voltar a viver cara, você só fica dentro de casa... Entrada franca. — Acrescentou e eu ponderei por um instante.

Eu realmente não fazia muita coisa além de estudar. No começo, quando cheguei lá, uns seis ou sete meses atrás, eu até saía com Dimitri para pubs ou derivados, mas desde que as aulas começaram eu realmente mantinha meu itinerário Casa — Faculdade bem rígido. E, apesar de estar saindo com Kristina - agora — eu realmente não fazia muitas coisas para me divertir.

E, se eu parasse para realmente pensar, o começo das aulas não era o grande responsável por isso, mas, sim, a morte de Saphira. Porque desde que ela se fora eu não deixei para trás apenas minha família, amigos e país, mas tudo que eu amava e que poderia de algum modo me lembrar dela.

Respirei fundo e balancei a cabeça, em silêncio, por um momento. Já tinham se passado mais de um ano e meio desde a partida de Saphira e o convite de Dimitri me fez acordar para o que Viola tinha dito: Ela morrera, mas eu continuava vivo. Então era a hora de eu realmente continuar a viver.

— Certo, e quais jogos seriam esses?

(...)

— Senhor Potter. — A voz áspera e rude me fez parar na porta e dar meia volta. Dimitri riu para si mesmo e continuou seu caminho enquanto o restante dos alunos passavam por mim.

— Sim, querida professora? — Sorri-lhe falsamente e Kristina me encarou com veneno nos olhos, juntando o restante dos materiais e fechando a porta assim que o último ser humano passou por esta.

— Minha casa amanhã a noite, tive uma ideia incrível e não, não envolve o Kamasutra, desculpe desapontá-lo.

— Amanhã não vai dar... — Comentei e ela ergueu as sobrancelhas ruivas para mim, quase gaguejei ao falar. — É que eu tenho um compromisso.

— Bem, vá depois que seu compromisso acabar. — Disse como se fosse óbvio.

— É que eu não sei quando isso vai acontecer... É quadribol... — Kristina revirou os olhos.

— Homens.

— Hey!

— Eu digo Hey. Você sabia que fala dormindo? É irritante e fofo. Seu amigo também fala um bocado, está na hora de você voltar a viver James e euzinha aqui vou te ajudar nisso. — Ela exibiu seu sorriso de 32 perfeitamente alinhados e brancos dentes.

— Sabia que Dimitri falou a mesma coisa?

— É, ele quem me passou o discurso. De qualquer maneira, você tem até meia noite para chegar na minha casa, do contrário esse corpinho aqui será apenas uma ótima lembrança no fundo da sua memória. — Disse acentuando seu sotaque apenas por saber que eu ficava louco quando ela falava em búlgaro e sair rebolando.

— Sim, senhora. — Comentei meio babão enquanto acompanhava o movimento de seus quadris com os olhos.

(...)

— Então quer dizer que você está se unindo a Kristrina para me "fazer voltar a vida"?

— Ninguém mandou você contar mais coisas para ela do que para mim, ela veio me procurar preocupada com você, fala que às vezes você tem pesadelos horríveis.

— É, estou trabalhando nesse trauma, é mais difícil quando Viola está longe mas já fiz um grande progresso. — Ele me olhou, desligando as bocas do fogão e suspirou.

— O ponto é: Eu não sei qual é o problema e aparentemente Kristina também não, só sabemos que existe um. E eu não quero saber se você não quiser contar, está ok. Mas concluímos que essa rotina, essa vida, não está te fazendo bem e tampouco vai te ajudar a passar por isso.

— Eu estou bem.

— Está bem até não estar mais. Viola me fez prometer que cuidaria de você e é o que eu vou fazer. E vamos lá, não estamos fazendo nada para te prejudicar. Vou te levar num jogo super legal de quadribol e Kristina... eu não sei, deve te levar para uma maratona de sexo? Talvez um mènage?

— Não me iluda. E ok, certo. Me façam voltar a vida então, quero só ver onde isso vai parar.

— Onde vai parar eu não sei, mas começa no jogo do seu país contra o meu. — Dimitri me deu um tapa nas costas e sorriu.

— Nós vamos acabar com vocês — avisei e, então, aparatamos.

(...)

Àquela altura, eu já estava sem voz. Ao meu lado, infelizmente, Dimitri se controlava, pois estava ali à trabalho. E o jogo ainda nem havia começado.
Aquilo tudo estava parecendo uma Copa do Mundo de Quadribol; tinha tanta gente que eu me perdia de vez em quando, já que eu estava meio sob "custódia" do auror Zkovsky. Muitas pessoas passaram por nós, as quais eu tive que me esquivar para não ser reconhecido, como, por exemplo, meu pai. Por algum motivo eu não tinha pensando na possibilidade de esbarrar com a minha família em um jogo da nossa seleção.

Quando todos se acomodaram no estádio, a narração do jogo começou. Dimitri ficou de guarda em um dos camarotes do extremo sul do lugar e, por consequência, eu também. Eu estava muito empolgado e estava enlouquecido, que quase não reparei que, no camarote em frente ao que eu estava, se encontrava Mellody Wood com... meu irmão. Parei de berrar e os observei por um tempo.

— O que foi, James? — perguntou Dimitri. Eu apontei para frente.

— Meu irmão...

— Ah — disse ele e voltou a sua posição, tocando meu ombro ao passar.

Eu sempre achei que eu nunca sentiria falta de Albus Severus, porque nunca cheguei a cogitar sair da Inglaterra. Mas, agora, eu sentia a saudade apertar meu peito tão forte, que quase me sufucou. E essa saudade, desencadeou uma saudade gigante de Lily Luna e de minha mãe. Procurei-as entre meu irmão e a Wood, porém não as encontrei. Meu pai, de acordo com a narradora do jogo, estava em um camarote ao norte, junto com políticos ingleses e búlgaros.

As vaias se tornaram estridentes e me fizeram retornar ao jogo. E, empurrando a saudade para o fundo do peito para visitar mais tarde, voltei a me animar com o jogo.

(...)

— AH, MAS A GENTE DETONOU COM VOCÊS! — gritei igual a um louco, rindo de doer a barriga, enquanto Dimitri andava ao meu lado de cara emburrada, em direção à saída do estádio.

Aconteceu que o jogo estava tão acirrado que eu já estava pensando que o jogo ia terminar empatado. Mas, então, o artilheiro da Bulgária tentou fazer o ponto, mas Oliver Wood defendeu tão perfeitamente, que a goles foi parar na mão da artilheira Gomez, que fez um ponto maravilhoso enquanto nosso apanhador bradava o pequeno pomo dourado em mãos. Foi tão lindo, que rolou um suor masculino dos olhos.

E, parando bem para pensar, essa foi a primeira vez em muito tempo em que minha cabeça se concentrou totalmente em me divertir. Sempre que eu ria, meus problemas ficavam ao fundo da minha mente, impedindo que meus sorriso chegasse aos meus olhos. Mas, dessa vez... Dessa vez, eu senti a plenitude de uma noite realmente divertida e percebi que sentia falta de montar em uma vassoura.

— Cara, não fique assim — continuei, sem parar de rir. — Não perdeu totalmente. Ainda tem o jogo contra a Irlanda, são "só" as eliminatórias.

— Cala a boca, James. Sua felicidade está ofuscando minha escuridão — respondeu Dimitri e eu ri mais ainda.

— Relaxa, grandão — falei e ele revirou os olhos. Dimitri olhou, então, para o relógio.

— Você não tem que se encontrar com alguém?

— Com quem? — Franzi a testa e Dimitri ergueu uma das sobrancelhas, então eu lembrei. — Ahhhh! Claro, estou indo.
Pisquei um olho para ele e aparatei, mas não sem antes rir mais um pouco da cara dele.

(...)

Aparatei na frente da casa de Kristina e esta, em um vestido tubinho vinho, com o quadril encostado no batente da porta e um cigarro nos lábios, me esperava na entrada.

— Eu sabia que você não ia abdicar tão fácil do seu parque de diversões. — Disse com uma voz rouca, fumaça saindo por entre seus lábios enquanto falava.

— Felizmente o jogo acabou antes da meia noite. — Dei de ombros e Kristina riu, descartando o cigarro no chão.

— Se divertiu?

— Sim! Há tempos não me distraia tanto! Mesmo com algumas surpresas, foi bom... — Falei mas meu sorriso se tornara meio melancólico ao lembrar-me de meu irmão e meu pai saindo do estádio, juntos, com a família Wood. Sinceramente, eu me imaginei correndo atrás daqueles dois e abraçando-os e rindo junto com eles, comemorando e voltando para casa para deitar no colo da minha mãe... Tive que me concentrar ao máximo para não fazer aquilo.

Kristina me encarou, vendo que eu estava viajando.

— Desculpe — falei e então sorri, batendo palmas. — O que faremos?

— Dançar — ela deu um sorriso malicioso. — Você sabe dançar, não sabe?
Cheguei mais perto dela:

— Querida, a pergunta certa é: o que eu não sei fazer?

Kristina deu uma gargalhada e me puxou para perto, aparatamos em seguida em um beco escuro e a ruiva me puxou para a entrada do lugar. Tinha uma fila bem grande para entrar, mas Kristina não era uma mulher de ficar em filas, assim, ela apenas passou por todo mundo, parando em frente ao segurança e falando alguma coisa em búlgaro com o homem, colocou alguns galeões em sua mão e logo ele liberou a passagem para gente.

O barulho era alto demais. A música não era igual a dos pubs, era mais eletrônica e parecia que todos ali estavam doidões. Nunca, em dois mil anos, eu iria pensar que Kristina gostava de frequentar esses tipos de lugares.

Ela foi para o bar e pediu uma soda para mim e um drink com álcool para si mesma. Ela me estendeu o copo de refrigerante e bebeu um gole do dela.

— Sabe — Kristina gritou —, gostaria muito de entender porque você não bebe.

— Muita coisa ruim pode acontecer quando se bebe muito — respondi no mesmo tom, sorrindo. Aquilo já nem doía mais.

— Hum... Vamos dançar! — E me puxou para a pista de dança.

Ela começou a dançar. Fechou os olhos e se balançou no ritmo da música de um jeito tão sexy, que logo me juntei a ela, segurando sua cintura e me movendo no mesmo ritmo. Então a batida aumentou e começamos a pular e pular e rir... Eu não pensava mais em nada, apenas que eu me divertia como nunca antes. De um jeito maluco, Kristina e Dimitri me faziam bem, assim como Viola.

Dançamos com nossos corpos colados e eu sentia o meu tesão por aquela mulher crescer ainda mais. Era incrível como entre Kristina e eu não tinha nenhuma questão sentimental — não que eu não gostasse dela. O caso é que, com todas as mulheres que eu me relacionei, sempre acabei me apaixonando de alguma maneira no final. E, ao que me parecia, não seria assim com Kristina. Creio que ela era... uma amiga com benefícios.

— Quero você — disse em seu ouvido, ainda dançando com ela.

Kristina respirou fundo e virou-se para me beijar profundamente.

— Vamos lá para fora.

Assenti e, por entre a multidão, nós fomos para os fundos daquela boate bruxa estranha.

No meio do caminho, Kristina começou a me beijar e a rir. Abri a porta com meu corpo e logo estávamos do lado de fora, nos beijando encostados na parede de tijolos. Quando eu estava prestes a subir o vestido de Kristina, ouvimos uma batida de porta e uma voz de garota gritar.

Kristina me afastou dela e olhou para o lado, onde uma menina que devia ter minha idade escorregava pelo muro e chorava.

— Você está bem? — Kristina perguntou em búlgaro, todo aquele tempo ali tinha me ensinado alguns termos simples. A menina olhou na nossa direção e inclinou a cabeça, deixando a luz iluminar seu rosto e eu gelei.

— Nós realmente devíamos ir embora agora. — Avisei em um sussurro e Kristina me olhou feio, tarde demais, a menina agora se colocava de pé e enxugava o rosto, agora sorria.

— O que você disse? — Perguntou começando a se aproximar. Percebi que seus fios louros estavam grandes, suas roupas menos chamativas, mas seus olhos... eles continuavam os mesmos. — Ah! Eu posso sim te dar um autógrafo, é claro! Você viu o jogo de hoje certo? Sim, eu sei. Modéstia à parte, o que seria da Inglaterra sem uma jogadora como eu, certo? — E gargalhou, cada vez mais perto.

— Kristina, acredite em mim, essa aí é biruta, vamos voltar lá pra dentro...

— Tenha compaixão, James! — a ruiva me repreendeu e então o rosto da garota se fechou como se Dementadores estivessem passeando por ali. Ela pareceu me notar apenas naquele momento, desviando os olhos de Kristina para mim e franzindo o cenho. E ela me viu. Ah, ela tinha, com certeza, me visto.

— James Sirius Potter?

— Ela te conhece como? — quis saber Kristina, olhando para mim.

— Desculpa moça, outro James. — Ri sem graça e segurei a mão de Kristina.

— Não sou estúpida! — Gritou e eu assustei, parando onde estava. — Eu te reconheceria na mais profunda escuridão, Potter! — Exclamou Clarisse Wood. — Você acabou com a minha vida. — Berrou ainda mais alto, tenebrosamente assustadora para alguém de rosto tão adorável e seios tão grandes.

— Em minha defesa, você tentou me matar e quase matou metade dos alunos da Grifinória. — Falei.

— Isso não justifica! Você... você... você tirou tudo o que eu tinha! Eu te amava Potter! Amava sim! Se você não tivesse me traído... Você não apenas me traiu! Você tirou o quadribol de mim!! Por que você fez isso? Você sabia que eu amava jogar! Eu era a melhor do time! — Ela encostou no muro e voltou a chorar. — Você é o louco, não eu! Eles me mandaram para um manicômio, eu não sou louca, não sou! É você quem não consegue ficar com só uma mulher. Eu não sou louca!

— Só queria esclarecer que era você que estava gritando agora há pouco...

— Eu quero voar no seu pescoço lindo! — Clarisse estava furiosa e eu estava recuando de volta para a porta da boate, com Kristina em meu encalço. — E eu quero te beijar. — Ela parou de chorar e riu, psicoticamente. — Você é tão lindo James e eu ainda te amo! Podemos recomeçar, eu te perdoo. Vamos ser felizes como nossos irmãos estão sendo. Apenas largue essa ruiva nojenta e venha para mim. Eu sei que você gostava dos meus beijos, sei sim, seremos felizes e então você pode jogar no meu time de quadribol.

— Escuta aqui, ruiva nojenta é a senhora sua... — Kristina passou por mim, gritando para Clarisse e eu a segurei pela cintura.

— Já disse que ela é louca, você não está vendo que ela é louca?

— EU NÃO SOU LOUCA!

— Clarisse? — Ouvi a voz de Albus. — Clarisse, está aí?

— Estou! E James está aqui também! — Gritou ela e eu arregalei os olhos. Abri a porta pela qual tínhamos saído com uma grande velocidade, até que a porta de frente se abriu e eu vi a silhueta de Albus. Meu coração disparou.

— James? Meu irmão? — Disse Albus, parecendo esperançoso. Uma parte de mim, queria ver o rosto do meu irmão; a outra... bem, a outra me fez fugir, mais uma vez.

Adentrei com Kristina novamente na boate, mas escutei Albus dizer, decepcionado:

— Não tem ninguém aqui, Clarisse. Vem, vamos pegar Mellody e ir embora, acho que te tirar do hospital não foi uma boa ideia, afinal.

— Eu não estou louca! Ele estava aqui, se agarrando com uma mulher, como sempre. Entrou por aquela porta!

— Clarisse...

Eu me virei para Kristina, que me olhava de forma indagadora. Meu coração estava disparado... Fazia tanto tempo que eu não ouvia a voz do meu irmão. Eu tinha que ir embora antes que aquilo me machucasse.

— Vem, vamos sair daqui.

Kristina apenas concordou e, então, desaparatamos.

— Você está bem? — Perguntou enquanto entrávamos na casa dela, assenti com a cabeça e ela se jogou no sofá, me encarando.

— Quem era aquele pessoal?

— Bem... A loira louca é uma menina que estudou comigo, Clarisse, nós ficamos um tempo mas a coisa saiu de controle...

— Ela realmente tentou te matar?

— Sim. Eu tinha 13 anos. — Expliquei e Kristina riu, mexendo em uma caixinha prata e tirando de lá dois cigarros, um ela colocou na boca, o outro estendeu para mim.

— E o menino que te fez sair correndo? — Perguntou quando eu me aproximei com o isqueiro para acender o charuto que ela tinha na boca.

Sentei ao seu lado, aceitando o cigarro que ela me oferecia e acendendo-o também. Encostei a cabeça no sofá e respirei fundo a fumaça do tabaco por uns instantes. Apenas depois de liberar a fumaça de meus pulmões que respondi.

— Meu irmão. — Disse, olhando para baixo.

Kristina soprou no ar e me encarou.

— Você sente saudade deles?

— Acho que eu não sabia disso até hoje. — Confessei, levando o cigarro até os lábios mais uma vez, Kristina se sentou, ficando com o rosto próximo ao meu.

— E por que não volta?

— Não posso... não agora.

— Bem... — Ela sorriu, dando uma última tragada em seu cigarro antes de descartá-lo. — Sei de uma distração perfeita para fazer você tirar isso da cabeça. — Sugeriu com a voz rouca ao pé do meu ouvido e eu sorri, balançando a cabeça.

— Acho que hoje não. — Disse e ela fez beicinho. — Hoje eu vou passar a noite tentando desistir de tudo e voltar para casa e então me lembrando do por que eu desisti de tudo lá primeiro. — Comentei, levantando-me do sofá, Kristina me acompanhou com os olhos, compreensiva.

— Te vejo segunda então?

— Quem sabe eu não apareço antes disso? — Pisquei para ela e desaparatei.

(...)
Eu realmente fiquei meio para baixo naquela noite. Não porque eu vira Clarisse, mas porque vi minha família. Eu queria voltar desesperadamente para eles, mas algo dentro de mim dizia que eu não estava preparado para aquilo. Não ainda.

Quando deitei em minha cama, na casa de Dimitri, o sono demorou a vir. Fiquei me revirando de um lado para o outro até que, finalmente, dormi... E acordei com um barulho na janela. Levantei da cama e fui até lá. Eu estava dolorido e nem um pouco descansado.

Abri a janela e vi que era uma coruja. E eu conhecia aquela coruja. Ela me estendeu a pata e eu peguei a carta; a coruja entrou e ficou esperando em cima da escrivaninha embaixo da janela, enquanto eu ia me sentar na cama, com as mãos trêmulas.

Abri a carta e meu coração despencou 3 metros da minha caixa torácica.

"Querido James,

Cansei de mandar cartas brigando ou implorando para que volte para sua família. Mas ainda estou... estamos... preocupados. Meu coração de mãe não consegue voltar ao normal, ele está sempre apertado porque falta você aqui.
E ontem ficou pior, já que Albus chegou em casa todo cabisbaixo e pensativo.

Ele me disse que Clarisse vira você num beco e que, mesmo que Clarisse tenha um parafuso ou dois fora do lugar, sabia que o ódio dela era de verdade. Por que não falou com seu irmão? Por que não disse nada? Por que não nos dá uma explicação? Querido, já se passou mais de um ano.

Enfim... Sentimos saudades. Fique bem. Volte para casa.

Com amor, mamãe."

Se era possível, fiquei ainda pior. Eu tinha um nó em minha garganta e meus olhos ardiam, tentando soltar as lágrimas presas ali. Eu queria muito, mas muito mesmo, escrever de volta, dizendo que eu os amava profundamente também sentia saudades. Só que eu não tinha coragem. Eu não fui um membro digno da Grifinória naquele momento, pois eu sabia que, se eu respondesse, eu voltaria atrás. Eu iria direto para os braços da minha Cara de Pimenta.

Então, eu fui até a minha gaveta e peguei uma fita verde, amarrando logo em seguida na patinha da coruja, que alçou voo para o céu.
Voltei a me sentar na cama e ali fiquei por um tempo.

(...)

Dimitri continuou indo aos jogos e me levando consigo na bagagem. A Bugária e a Inglaterra se classificaram para a Eurocopa no final, o que tornará as idas sempre mais legais. Eu me divertia muito ao seu lado, mas, chegou um tempo, em que eu deveria ir disfarçado, já que meu pai resolveu ficar no mesmo camarote que Dimitri e eu.

Era estranho e reconfortante ao mesmo tempo. Eu estava perto do meu pai mais uma vez e aquilo me parecia o bastante para poder matar a saudade. Uma vez, cheguei a apertar sua mão e abraçá-lo. Harry Potter ficou sem graça e olhou para Dimitri, pedindo explicações. Dimitri riu e disse que eu era apenas um grande fã. Porém, só naquele abraço, eu transmiti toda a minha saudade e meus sentimentos por aquele auror em especial.

Quando eu o larguei, eu sorri e pedi desculpas em escocês. Harry sorriu e foi para o seu lugar, longe de mim. Fiquei olhando-o por algum tempo, mas depois me concentrei no jogo.

Ao mesmo tempo, eu também me divertia com Kristina. Ela estava sempre me levando a lugares esquisitos, mas acabavam se tornando muito interessantes e legais. Fora que sempre acabávamos fazendo sexo. E, nossa, era muito bom.

Com ela, eu aprendi a fumar. O cheiro que eu julgava ser terrível quando mais novo acabou se tornando familiar e o tabaco sempre me acalmava, porquê, mesmo que todos os meus medos sufocantes tivessem me deixado, eu ainda estava estressado.

Eu intercalava os jogos com Kristina e com a faculdade e aquilo estava dando super certo. Até que chegaram as finais e, por dez pontos, a Austria ganhou a EuroCopa da Espanha. Mesmo que não tenha sido a Inglaterra a campeã, eu fiquei bem feliz por ter acompanhado bem de perto os jogos.
As provas da faculdade chegaram logo após os jogos e foram passando (eu tirara ótimas notas, como sempre) e, então, chegou o verão. E, com ele, as despedidas.

Eu estava colocando as minhas coisas na mochila, no último dia de aula, quando eu ouvi a voz de Kristina.

— Então você vai para a... Itália?

— É o que está no itinerário... — Respondi.

— Está disposto a um sexo de despedida? — Ofereceu ela e eu ri, indo até ela.

— Para você, minha querida, eu sempre estou disposto.

— Que bom — ela agarrou minha blusa pela colarinho. — Porque esse corpo aqui, depois que sair por aquela porta, não será mais seu.

— Eu sei. E sentirei falta — falei, pegando sua coxa e encaixando em meu quadril.

— Eu sei — ela respondeu e me beijou. E, então, fizemos sexo pela última vez. Devo confessar que foi tão bom quanto da primeira.

(...)

— Você vai embora amanhã de manhã, docinho? — Perguntou Dimitri, no batente da porta.

— Vou, sim — respondi, sem encará-lo.

— Não quer mesmo ficar? A casa é bem grande e... Você pode terminar a faculdade aqui — disse ele, como quem não quer nada. Eu sorri.

— Eu não posso, grandão. Tenho que ir até o fim... Já desisti de muita coisa nessa vida — eu me virei para poder vê-lo. — Tenho que terminar isso aqui. Mas sempre manterei contato.

— Hum...

Eu ri.

— Nunca pensei que você ia se apegar a mim.

— Nunca pensei que você ia se apegar a mim, homenzinho — repetiu Dimitri. Eu ri ainda mais.

— Vou sentir sua falta, Dimitri com sobrenome difícil de dizer.

— Eu também irei. — E me deu um abraço.

(...)

No dia seguinte, os alunos que iriam para Itália comigo se econtraram num ponto onde havia uma chave de portal e um representante do intercâmbio. Eu estava nervoso, mas, quando eu olhei para frente, vi Dimitri e Kristina parados, me olhando.

Eu sorri para eles dois e acenei. Ambos levantaram a mão e fizeram o mesmo gesto.

Kristina estava incrível com seu traje social sexy e Dimitri estava todo desengonçado como sempre e, mesmo assim, conseguia ter várias garotas aos seus pés. Eu balancei a cabeça e ri, sorrindo. Eu sabia que Viola havia me ajudado com meus problemas (os que me pareciam impossíveis) e cuidado de todas as minhas feridas (tanto as de verdade quanto as da alma). Mas aqueles dois também conseguiram fazer com que elas começassem a cicatrizar.

Eu devia muito àqueles dois. Porque eles me fizeram bem e eu jamais os esqueceria. Jamais. Porque eram meus amigos.

O representante falou para tocarmos na bota. Eu dei uma última olhada em Dimitri e Kristina. Toquei a bota e, logo depois, sentir algo invisível puxando meu umbigo.

 


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Notas finais do capítulo

E é isso aee! Espero que tenham gostado!
Ah, a surpresa: fizemos uma page no Facebook exclusiva para a fic As Mulheres de James Sirius Potter! Vamos postar contos, curiosidades, falaremos dos personagens e muito mais! Link: https://www.facebook.com/asmulheresdejsp/
Comentem!