Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins
Quando chego em casa, escuto uma música da Ke$ha tocando no rádio e vozes altas vindo da cozinha. Jogo minha mochila do lado do sofá e entro pela soleira.
Lucas, Vick e Rogério, meu irmão mais novo que gosta de ser chamado de Roger intimamente, estão falando alto e bebendo cocas diets. Vick e Lucas estão sentados à mesa, enquanto Roger esta usando avental e recostado na pia.
Eles me notam entrar e Roger é o primeiro a dizer algo.
– Não é o que parece – ele gesticula para o avental que usa.
Aceno com a cabeça enquanto procuro um lugar na mesa também.
– Então, por favor, me digam o que parece, porque se eu começar a supor coisas fica pior.
– Ele esta assando cookies – Vick explica, tocando em uma das mechas de seu cabelo louco e escuro. – Não é uma graça?
– Não, na verdade.
Roger me atira uma de suas luvas que vem com o uniforme.
– Só de olho nessa sua inveja, ouviu Brother?
– Me lambe – mostro a língua para ele. – E então, o que fazem aqui? – pego a coca da mão de Lucas e tomo um gole.
– Viemos te ver – Lucas diz encabulado enquanto praticamente arranca o copo da minha mão. Faço cara feia e ele me mostra o dedo do meio.
– Mas você não estava – completa Vick.
– Foi mal, eu estava no Dropcoff – suspiro. – Tive que ver alguém.
– Aquele seu namorado escroto? – Roger funga.
– Ele não é escroto – sibilo.
– Talvez pra você – ele dá de ombros. – Mas não gosto dele. Sabiam que um dia ele andou pelado a noite aqui?
– Rafael Capoci! – Vick ri.
– Não foi nada disso – eu tento explicar. – Ele só deixou cair à toalha.
– E você foi devolver ela hoje? – Lucas brinca totalmente alheio a zuera.
– Na verdade eu fui ver o Henrique – cutuquei-o. – Lembra? Aquele da minha aula de inglês?
– Sei, sei – Lucas assenti, mas então ergue um olhar. – Espera, ele?
– Como assim ele?
– Esse não é o namorado da Taffara? – Vick questiona.
Lucas faz uma careta.
– Ele mesmo.
E então minha mente junta as peças e eu me lembro. Taffara Kauane. Ela é da nossa escola e é conhecida por atormentar os oprimidos. Como não percebi antes? Deve ser porque eu nunca liguei de verdade pra essas coisas pra me importar o bastante. Porém, eu me lembro de Lucas reclamando sobre ela um dia. Parece que ela já ferrou muita gente nessa vida. É uma víbora.
– O que você estava fazendo falando com o namorado dela? – Lucas questionou, o tom alarmado.
Afasto-me um pouco de seu rosto muito próximo e acusatório.
– Vai com calma, cara – peço. – Não é nada disso. Ele só me pediu ajuda pra uma coisa.
– Sei – o tom de Roger é carregado de malicia enquanto ele fica de frente para o forno onde os cookies estão assando.
– Ele só quer ajuda com um trabalho de inglês – minto, lembrando que Henrique não quer que ninguém saiba. – Parem de ficar especulando, eu tenho namorado.
– E o que ele esta pensando sobre isso tudo? – Vick questiona. – Você contou a ele ao menos?
– Claro que contei – exclamo. – Eu não sou puta, gente.
– Às vezes – comenta Rogério.
Reviro os olhos para ele.
– E a reação de vocês quanto a isso não é diferente da dele – comento. – O que eu acho um absurdo. O Henrique não é gay, gente. Ele é legal demais da conta? É! Mas ele não quer nada comigo.
– Tem certeza disso? – Lucas questiona.
– Por que tá me perguntando isso?
Mas ele apenas me dá um olhar que não sei dizer se é critico ou preocupado. Ou seria os dois?
– Bom, se você diz que não é nada, não é nada – Vick dá de ombros. – Certo, Lucas?
– Certo – ele responde, mas seus olhos estão distantes.
E então Roger nos traz os cookies e a tensão acaba. Mas eu sei que Lucas não vai deixar pra lá. E nem eu mesmo vou deixar. O que ele quis dizer antes?
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