Os movimentos dele lentamente começavam a aparecer. Era como um estudante preguiçoso que teimava em acordar em uma manhã de segunda-feira. A rosada que até o momento assistia o acontecimento, começou a enxugar as lágrimas com o dorso da mão e preparou-se para avisar a algum profissional sobre o Uchiha, não queria ficar ali quando ele finalmente abrisse os olhos. Porém, para sua felicidade, Orochimaru logo aparecera atrás dela.

– Orochimaru-sama! – disse Sakura espantada pela chegada inesperada do médico. – Parece ele começou a recobrar a consciência. – disse baixinho enquanto se recompunha, observando o Uchiha que de olhos fechados mexia os dedos como se não o fizesse há séculos.

– Sim – disse o homem de cabelos longos sorrindo. – Isso é realmente uma boa notícia. – disse enquanto via Sakura olhar com uma expressão estranha para o garoto e depois para o ele. – Ah, sim. Pode ir querida. Afinal, não queremos que isso ocorra, certo? – falou enquanto apertou o ombro da jovem de leve, deixando-a ir logo após.

Mal saíra do quarto, Sakura deixou-se escorregar perto de uma parede e soltou um pequeno assobio de alívio. Estava feliz por Sasuke finalmente ter acordado, ela havia sentido inúmeros sentimentos como perda e, principalmente, culpa. E agora estava um pouco mais aliviada. Contudo, não sabia o que aconteceria a partir daquele momento.

(...)

Hinata estava em uma reunião nas empresas Hyuuga, fora contratada desde que se formara. Seu pai era a cabeça do local e um grande homem de negócios, sempre ocupado em liderar aquele mundo voltado à arquitetura. Os membros estavam preocupados em elaborar designs mais sofisticados e modernos para outras empresas amigas, assim poderiam fazer mais contatos. No entanto, a moça de olhos perolados por mais que se tentasse não conseguia se concentrar na discussão, estava pensando no que havia se tornado a vida da amiga rosada. Antes, ela era uma moça feliz e sorridente. Agora, mesmo mostrando seu antigo "eu" aos amigos, colegas de trabalho e pacientes, a Hyuuga sabia que a mente da amiga estava um caos total devido ao que havia acontecido um ano atrás. Além disso, ela tinha seus próprios problemas com Naruto, sempre foram muito próximos desde a universidade e chegaram a estabelecer um relacionamento. Mas, devido ao trabalho, o loiro viajava constantemente e os dois quase não se viam, estava começando a ter duvidas sobre a estabilidade do namoro.

– Então, Hinata – disse seu pai trazendo-a de volta a realidade. – Como minha filha e sucessora qual sua opinião sobre a nova montagem das equipes?

Hinata levou uma leve cutucada da irmã mais nova, Hanabi. Esta cochichou sobre o que eles estavam falando para não deixá-la levar bronca.

– Acho que essa uma escolha muito interessante. – disse Hinata se levantando e mostrando um gráfico que preparara recentemente. – Como podem ver, essa nova distribuição irá agilizar o trabalho e ampliará a competência de nossa empresa. Por fim... – Tinha que agradecer a irmã um dia.

(...)

Em um grande prédio, em Tóquio, funcionários andavam de um lado para o outro. Aquele era um local cheio de computadores de última geração, repleto de profissionais competentes e atarefados, sem dúvida, era um lugar onde todos tinham sempre muito dever a cumprir. Seu chefe, Shikamaru Nara, discutia com Temari, sua sócia, sobre os assuntos do local, a grande Teccloud, seu grande sonho e maior empreendimento, ele, finalmente, conseguira superar seus maiores ídolos de infância, Bill Gates e Steve Jobs, e ficara reconhecido como um homem inteligente e inovador em todo o mundo. Era famoso, tinha bons amigos e amava sua namorada complicada. Porém, sentia falta de um de seus maiores funcionários e, mais ainda, de sua amizade. Devido a um acidente, o engenheiro de computação alfa de sua empresa, Sasuke Uchiha, estava ausente do trabalho e com ele, várias contaminações entraram no local.

– O que vai fazer, Shikamaru? – perguntou Temari com um olhar sério. – Esses vírus estão invadindo nosso banco de dados e afetando nossos produtos, sem o Sasuke aqui para ajudar não tem como resolver esse problema.

– Que saco, Temari. – disse Shikamaru irritado. – Eu sei perfeitamente o que está acontecendo e também sinto falta dele e de seu trabalho, mas o que posso fazer? Não é fácil achar caras com a competência e o conhecimento dele. Eu mesmo não consigo fazer isso tudo sozinho. O que a Sakura tem falado sobre o assunto?

– Não muito. – falou Temari um pouco tristonha. – Ela disse que ele teve certa melhora, mas até agora nem um sinal de movimento, nada...

– Entendo... – falou Shikamaru.

– Mas o que vamos fazer?

– Eu prometi a Sakura que o emprego dele aqui sempre seria garantido assim que acordasse, mas você sabe como essas coisas são, o tempo está acabando e precisamos de alguém que nos ajude a acabar com esses vírus malditos...

Nem bem terminou de falar, o celular de Temari começou a vibrar e ela o atendeu. Shikamaru ao ver o modo como ela falava logo percebeu do que se tratava, pois a garota que antes estava aflita, logo começou a exibir um pequeno sorriso, que depois se transformou novamente em uma cara triste. Quando finalmente a loira desligou o aparelho o garoto logo começou o interrogatório.

– Quem era? – perguntou sério.

– Era a Sakura. – disse Temari. – Ela disse que o Sasuke acordou. – falou olhando para os pés.

– Ele acordou? – perguntou Shikamaru deixando-se cair na cadeira de sua mesa, aliviado. – Que notícia, maravilhosa! Espere só até o Naruto souber e...

De repente, o moreno parou de falar e notou que quando seus olhos se encontraram com os da loira ela os desviou, estava séria e algumas lágrimas estavam contidas nos seus olhos.

– O que foi, Temari? – perguntou um pouco surpreso. – Aconteceu alguma coisa?

(...)

Assim que vira o que acontecera, a Haruno continuou a realizar suas outras tarefas no hospital. Logo que chegou novamente a ala dos idosos ela relatou tudo a Chiyo, eram como neta e avó. Embora ela quisesse saber sobre a família da mulher, ela nunca a contara, limitava-se a contar outras histórias do passado. Então, Sakura se considerava a família de Chiyo. Esta ficou super feliz ao saber que o moreno havia, finalmente, despertado de seu sono e abraçara a menina de cabelos róseos fortemente.

– Filha, essa notícia é ótima! – disse a mulher a abraçando novamente. – E quando você pretende vê-lo novamente.

A pergunta doeu como uma facada. A rosada ainda não sabia o que ia fazer a partir daquele momento, se iria falar com o Uchiha de novo ou se iria deixar o caso passar. Na verdade, tudo o que sentia era medo, queria correr para abraçá-lo, pedir desculpar, sentir seu perfume de novo e, quem sabe, até relembrar o passado. Mas apenas achava que ele nunca a perdoaria, que ela o havia traído e era indigna de receber sua confiança novamente.

– Eu não sei, ainda. – falou sem jeito. – Tenho que pensar e falar com nossos amigos.

Sentiu uma mão em seu ombro. Nem precisava virar-se para saber o que era, só havia uma pessoa que a chamava daquele jeito. Despediu-se da amiga e seguiu o médico para saber do que se tratava.

Não longe dali, no laboratório do hospital, um enfermeiro de longos cabelos acinzentados bem amarrados num rabo de cabelo, preparava algumas drogas especiais. Ao seu lado estava um homem alto, forte e de cabelos tão longos que caiam pelas costas. Os dois conversavam calmamente, exceto durante alguns intervalos em que o funcionário parava a" reunião" a fim de se certificar de que ninguém estava por perto. Seu nome era Kabuto Yakushi.

– Então, parece que o Sasuke acordou. – falou o homem de cabelos negros com sua voz grave. – Você tem certeza?

– Sim. – disse Kabuto enquanto ajeitava os óculos. – Fui informado pelo próprio Orochimaru e permaneci no quarto dele por algumas horas, só não entendo direito qual o seu plano e o que quer ganhar com isso. – falou sério.

– Não importa, garoto. – Falou o outro cruzando os braços. – Ainda precisa de um tempo para ver se você é realmente confiável. Após isso saberá o que quiser.

– Ainda duvida de minha lealdade? – perguntou o de óculos.

– Veremos... – respondeu dando um frasco pequeno e uma seringa para o outro. – Apenas certifique-se de dar isso a ele.

– Entendido. – disse Kabuto dando uma risadinha sinistra.

Orochimaru levou Sakura até uma sala onde os dois sentaram-se de frente ao outro.

– É sobre o Sasuke? – perguntou Sakura alarmada, seus olhos ainda estavam um pouco vermelhos.

Notando a aflição da garota, o médico não sabia o que fazer. Queria ajudá-la e dizer que tudo ficaria bem e para que ela não se preocupasse tanto. Porém, ele sabia que não seria tão fácil assim.

– Não se preocupe, Sakura. – disse Orochimaru. – Uma equipe veio para verificar a saúde do senhor Uchiha e ele apresenta boas condições. Eu mesmo estive lá.

Sakura deu um suspiro de alívio enquanto Orochimaru continuava.

– Ele apresenta bom estado cardiovascular, sua pressão está controlada e não possui danos notáveis em seu intelecto. – falou Orochimaru olhando a Haruno. – O mesmo já sabe onde está, continua consciente de quem é, o que faz e das pessoas que conhece. Ainda faltam alguns exames a serem feitos, claro.

– Então está tudo bem. – sorriu vitoriosa.

Daí, percebeu que apesar da boa notícia o homem possuía o olhar triste e aflito, como se estivesse escondendo alguma coisa.

– O que foi? – perguntou alarmada. – Aconteceu alguma coisa.

Orochimaru retirou os óculos, suspirou e depois a encarou.

– Perdão, Sakura. – disse ele sério. – Mas o Sasuke-kun já não consegue enxergar mais.