Eu parecia estar com uma expressão estranha, porque meu pai percebeu :

– Amethyst, você está bem? - Perguntou ele.

– Tô bem, pai. Só estou pensando... - Eu disse torcendo para meu pai não perguntar mais nada, nem minha mãe.

Comecei a acelerar na minha comida, talvez eu pudesse ir para o meu quarto mais rápido.

– Filha, o que aconteceu algo? - Perguntou minha mãe.

Por que todo mundo tem que me encher o saco, hein?

– Não, mãe. Estou bem - Falei, finalmente terminei a comida, me levantei e coloquei o prato na pia da cozinha, na porta, minha mãe me interrompeu :

– Filha... - Minha mãe disse com tom de repreensão.

– Licença! - Eu disse, corri até meu quarto, tropeçando nos degraus da escada e com a sorte de não cair.

Ao chegar na porta de meu quarto, lembrei que eu havia deixado a minha mochila no sofá da sala, desci as escadas de novo e peguei-a do sofá, subi as escadas de novo e joguei a mochila na escrivaninha, fiz a tarefa de casa.

Confesso que eu sentia muita falta de meu celular, principalmente dos joguinhos que haviam nele, sei que parece coisa de pessoa desocupada, mas eu sentia falta deles.

Não sei porque eu estava tendo tanta dificuldade para comentar com os meus pais sobre a viagem, eu tinha alguma doença?

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Na saída do dia seguinte, Shailenne comentou sobre o que meus pais haviam falado sobre a viagem, minha resposta foi simples :

– Não falei com eles.

Shailenne ficou tão indignada que foi engraçado.

– Eu... - Ela soltou um grito - Eu perdi uns quinze minutos convencendo o Evan á ir e você nem fala com seus pais!

Eu ri, fiquei surpresa que ela não teve que pagar o Evan, nesse momento eu lembrei de ver se Evan estava sentado no banco, como sempre, estava sentado no banco, ele olhava rindo para mim e Shailenne. Sorri para ele, eu estava ignorando completamente o que Shailenne dizia.

– Amethyst! - Chamou Shailenne, ela me deu um tapa na testa forte, passei a mão na testa, aquela havia doído até no coração.

Senti Evan se aproximar de nós duas.

– Shailenne, como você é violenta - Brincou Evan - Era preciso?

Ela deu um suspiro alto.

– Amethyst, espero que você fale com seus pais - Shailenne disse, ela colocou dois dedos apontando nos olhos dela e depois apontou para nós dois, e foi embora.

Fiquei ali com Evan olhando Shailenne ir embora, parecia que eu tinha acabado de levar uma bronca de mãe.

– Quer ir á algum lugar? - Perguntou Evan.

– Você não tem que levar sua irmã para casa? - Perguntei, seria sacanagem deixá-la esperando ele para sempre.

– Não, ela não veio hoje para escola - Ele respondeu - Annie está doente.

– E o irmão exemplar veio para cá, fazer sei lá o que, e deixou a irmã morrendo na cama dela - Eu brinquei.

– Isso mesmo.

Nós rimos.

– Tá, empresta seu celular - Eu disse, ele deu seu celular sem perguntar nada, me afastei um pouco e disquei o número de celular de minha mãe.

– Mãe? - Falei.

– Amethyst? Que celular é esse? - Minha mãe perguntou confusa.

– É um celular de um amigo – Evan não parecia se importar muito com a conversa até ser mencionado como um amigo, segurei o riso - Mãe, vou chegar tarde hoje por causa de um trabalho de Ciências, tchau.

Desliguei antes que minha mãe pudesse responder qualquer coisa, dei o celular para o Evan.

– Amigo, hãn? - Perguntou ele, colocando o celular no bolso.

– Tenho que falar várias mentiras para convencer minha mãe... - Eu disse.

Ele deu uma risada curta.

– Ok, se você diz, vamos então - Evan entrelaçou a mão na minha e foi me guiando.

Fiquei vermelha como um tomate ao Evan pegar na minha mão, torci para ele não perceber isso.

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Evan me levou até uma praça não muito longe que eu nunca estive, era retangular,as beiras da praça eram de grama, árvores e alguns arbustos, no meio o chão era feito de pavimento com alguns bancos e um jardim com flores.

Ele parou na entrada da praça sem falar nada.

– Evan? - Perguntei meio preocupada.

– Desculpa, endereço errado...

Eu ri.

– Aonde você pretendia ir? - Perguntei, sorrindo por causa da risada.

Evan pensou um pouco antes de responder.

– Agora não lembro, desculpa... - Ele disse, meio encabulado.

– Ok, deixa eu ver se entendi... Você não lembra onde pretendia ir, mas sabe que esse não é o lugar certo? - Perguntei, confusa.

– É... - Acho que essa foi a resposta mais idiota que Evan havia me dado.

Puxei ele pelo braço e fui guiando ele até o parque perto de minha casa, eu sabia que era longe, mas a gênia não teve a inteligência de pegar um ônibus até lá.

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Ao chegarmos no parque, Evan fez uma careta, parecia estar enjoado daquele parque, puxei ele até uma árvore com sombra e sentei, eu estava cansada de andar naquele sol forte de meio-dia e ainda mais : Com fome.

– Você está bem? - Perguntou ele se sentando ao meu lado, o chato não parecia estar cansado - Parece até que não consegue nem caminhar alguns quilomêtros...

– Estou bem, ok? - Falei meio ofegante - Eu só estou meio que fora de forma...

Evan riu, me puxou pelo ombro até eu deitar de lado no colo dele, Evan colocou a mão em minha cabeça.

– A sua cabeça está quente, hein...

– O que você esperava? - Perguntei.

Ele me deu como resposta um cafuné em minha cabeça.

– Já está melhor? - Ele perguntou.

Eu sabia que se eu dizesse que sim ele iria simplesmente parar de acariciar minha cabeça.

– Mais ou menos... - Falei, rindo um pouco.

Evan me puxou de novo pelo ombro, me fez levantar e colocou a minha cabeça encostada na orelha da sua.

– Desde quando você é tão carente assim, Evan? - Perguntei rindo.

– Ah, não sei... - Ele respondeu também rindo - Fiquei assim do nada...

Nós dois rimos e Evan entrelaçou o braço em minha cintura.

Aquela sensação de seu corpo junto ao meu era muito gostosa.