Uma vida diferente... Sonho ou pesadelo? escrita por Arianny Articunny, MoonyB


Capítulo 24
Teste




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Pov's Hana

À tarde foi meio tediosa. Lembro que antes das atividades começarem Calipso se separou de nós e foi para algum lugar por aí, Nick e eu apostamos que foi pra falar com certo filho de Hefesto. E no meio da segunda atividade do dia, Nick perdeu a paciência e se mandou também. Ou seja, fiquei sozinha. Ótimo. Assim que a atividade terminou fui embora também e tentei localizar pelo menos uma daquelas duas. Consegui ver Calipso ao longe pensei em me aproximar e falar com ela mas ao notar a cara de poucos amigos que ela estava mudei de ideia e virei na direção oposta procurando minha amiga. Eu estava andando sem um destino certo, então ouvi vozes e vinham do... esqueci o nome do lugar. Cheguei mais perto e vi que eram Leo e Calipso. Fiquei escondida para poder ouví-los. Não era por curiosidade, só queria entender esse garoto e o que ele sente pela Calipso. Eles conversaram e se acertaram. Calipso foi embora quando a Nick chegou e os dois começaram a discutir. Esses dois não tem jeito. Espera, ele beijou ela! Ai meus deuses! Ótimo, agora ela está correndo atrás dele e jogando coisas. Segui eles sem ser notada.

Segui eles até em frente ao chalé do Leo, onde eles voltavam a discutir. Nick reclamou da forma que ele tratava ela e por tê-la beijado, ela parecia quase chorar. Leo não ficou atrás, também falou poucas e boas pra ela. Eu assistia tudo me sentindo, de certa maneira, dividida, eu conseguia entender os dois lados. Depois de um tempo discutindo ela foi embora e ele entrou no chalé, ficando um tempo lá dentro. Deitei na grama e fiquei olhando pro céu. A noite estava linda. Nem percebi o tempo passar. Quando dei por mim Leo estava saindo do chalé. Parece que eu não sou a única com problemas de sono.

–Hana! -exclama surpreso ao me ver vindo sentar ao meu lado.

–Eu! -brinquei e ri da sua cara de surpresa.

–O que está fazendo aqui fora? Em frente ao meu chalé? -ele perguntou estranhando.

–Você não é o único que não consegue dormir. -falei.

–Tive um sonho ruim. -ele fez uma careta- Mas o que te traz aqui? Você nunca vem pra esse lado dos chalés.

–Exatamente. -respondi sorrindo. -Meu sono é meio bipolar. Tem vezes que eu durmo super bem e outras que é impossível. -expliquei

–Você não respondeu exatamente a pergunta. -ele falou. Me deixando com um dilema: falo o que vi ou não? Hum... O que eu faço? Eu quero falar com ele sobre isso. Mas não sei se isso é o melhor... Foda-se! Eu vou falar.

–Eu vi. -falei simplesmente.

–Viu o que? -ele perguntou confuso.

–Você e as garotas. -falei grossa. As vezes ele consegue ser mais lerdo que eu.

–... -ele ficou quieto sem graça.

–Não vou te julgar. Eu entendo. -sorri para tentar reconforta-lo.

–Entende? -ele repetiu. -Eu não sei porque tudo está indo por esse rumo...

–Sim, entendo. Por que sei que você não quer machucar nenhuma delas. -falei séria.

–E ironicamente quem sai machucado sou eu. -ele comentou.

–Talvez não. Nada acabou ainda. Só tenha paciência. -olhei pro céu.

–Pobre Leo Valdez. -alguém comentou bem atrás de nós, e lá estava um grupinho de filhas de Afrodite. Me encolhi e abaixei a cabeça pra o cabelo esconder meu rosto.

–O que querem? -Leo perguntou sério. Me surpreendi agora.

–Vocês não vão acreditar no que nós vimos! -elas falaram.

–E você, pobre Valdez, não vai gostar nada! -outra completou sorrindo maliciosamente.

–O que é? -ele perguntou irritado com o suspense.

–A querida filha da Lua de vocês, não é nada santa como se faz parecer, acabamos de ver ela, bem... Digamos... Agarrada com o gato do McDied! -uma delas respondeu maliciosa. Arregalei os olhos. Olhei pro lado, Leo estava paralisado.

–Só me digam, qual a relação de vocês com isso? Nenhuma, foi o que pensei. -falei olhando pra elas com sarcasmo.

–Estamos apenas passando e vimos a cena dos dois. Acredite, ficamos surpresas. Afinal foi ela quem iniciou o beijo. -a garota falou.

–Por que não voltam pro chalé pra retocar essa maquiagem borrada de vocês? -ótimo. Agora estou falando de maquiagem igual a elas.

–Credo. Tanto faz. Foram vocês que perguntaram o que tínhamos visto. -elas falaram e foram embora. Para miiiinha alegria. Leo estava estático no lugar desde que elas falaram aquilo.

–Já sei que não vai adiantar eu falar nada. -falei me levantando.

–Isso me incomoda, sim. Mas só eu achei isso estranho? -ele falou me impedindo de levantar.

–Não. Eu também achei. -respondi.

–Porque realmente é estranho. -uma voz feminina falou atrás de nós pela segunda vez, me virei pronta pra brigar com as minhas "irmãs", mas não eram elas.

Quando vi quem era gelei. Meus olhos devem ter dobrado de tamanho. Provavelmente o Leo não estava muito diferente de mim. Era Afrodite, ela estava ali, parada, bem na nossa frente. Minha mãe estava falando pessoalmente comigo.

–Olá, querida. -ela me saudou sorrindo.

–Mãe?! -retribui o sorriso.

–Sim, sou eu. -ela afirmou- Finalmente nos encontramos, minha preciosa.

–Desculpa interromper esse momento, mas o que a senhora está fazendo aqui? -Leo perguntou envergonhado. Que fofo! Ele está corado.

–Praticamente todos estão aqui! -ela explicou nos deixando ainda mais confusos- Zeus quer reunir todos pra testar vocês.

–O que? Como assim testar? -perguntei confusa. -Que tipo de teste? -agora eu falei séria.

–Bem... Como era mesmo? Algo pra provar se vocês são uma ameaça ou não.... Mas não importa! Eu ouvi o que vocês estavam falando. Sobre aqueles dois! -ela falou se animando no final.

–Mãe! -gritei séria. -Agora não é o momento. Depois falamos sobre isso. -completei.

–Sinto muito querida mas isso é mais importante do que você imagina. Eu sou a deusa do amor, eu deveria ser capaz de ver dentro do coração de todos porém existem duas pessoas que sou incapaz de ver. -ela falou seria.

–Sério? De quem? -perguntei curiosa. Porque ela não consegue? Eu realmente estava interessada em saber.

–O seu e o da sua amiga, a filha de Ártemis. -ela respondeu.

–Eu e a Nick? Porque? -perguntei não muito surpresa.

–Ninguém sabe ao certo. Tudo que sabemos é que há 50% de chance dos poderes funcionarem ou não. -ela explicou.

–Explica melhor. -pedi quando percebi que o Leo estava entendendo tanto quanto eu.

–Por exemplo tem horas que é possível para mim ver e sentir o que se passa em seu coração, porém tem horas que é tão impossível quanto tentar ver através da névoa sem possuir a visão. -ela explicou.

–Ah, sim. Agora entendi. Isso é só com você? Ou os outros deuses também tem algum poder que aconteça isso? -perguntei. Quanto mais soubermos melhor.

–Com qualquer poder é assim. Com qualquer um. -ela revelou. -Por isso Zeus lhes teme tanto. Por isso tantos vão ir atrás de vocês interessados no que são capazes. -ela comentou.

–Vamos atrás da Nick. Quanto antes fizermos esse teste melhor. -falei me levantando e estendendo a mão para Afrodite.

–Tem algo muito estranho acontecendo. E creio que com ambas. Mas estou preocupada com a Nick. -ela falou.

–Porque? -perguntei um pouco magoada.

–O relacionamento dela com o filho de Zeus é confuso. Não consigo dizer se ela o ama mas uma coisa é bem clara. Existe uma grande atração entre eles. Uma atração muito perigosa. -ela explicou. -As coisas estão indo rápido demais, eu creio. Assim como entre você e o filho de Ares. -ela mencionou. Me fazendo corar.

–E se ela gostasse dele? -perguntei me referindo ao Leo. Ela o mediu dos pés a cabeça e pensou um pouco.

–Não tem como saber. Não consigo dizer qual dos dois ela realmente gosta. -ela comentou.

–E se fosse o filho de Hades com a sua filha? -Leo perguntou entrando na conversa.

–Bem... Não vejo problema de meus filhos namorarem com qualquer outro semideus, independentemente dos pais. -ela falou.

–Eu não vou namorar ninguém. -falei vermelha, só que dessa vez pela irritação.

–Ok, ok... Mas eu não vejo no futuro você eternamente solteira. -minha mãe falou dando uma piscadela.

–Que?! -exclamei surpresa. -Olha mãe, desculpa estragar, mas eu não quero namorar. Você tem todos os seus outros filhos para sonhar. -completei piscando de volta.

–Eu não estou sonhando, minha querida. Eu disse que as vezes não consigo e as vezes eu consigo ler seu coração. E seu coração não mente. -ela sorriu.

–O que você viu no meu coração? -perguntei receosa. Estava com um pouco de medo da resposta.

–Você vai descobrir com o tempo, pequenina. -ela respondeu graciosa. -Por agora, deve se preocupar com sua amiga. Torça para que a atração tenha se desenvolvido de forma irreversível.

–Eu conheço ela. Ela não ama ele. Se essa é a sua preocupação. -falei fria. Eu queria conversar com a minha mãe, mas ela estava preocupada demais com a Nick pra falar direito comigo. Eu também estava preocupada com a Nick, mais do que Afrodite, mas ela é minha mãe, podia pelo menos fingir que se importa comigo. Ah, quem eu quero enganar? Eu não dou a mínima kkk. Acho super legal minha mãe se preocupar com a minha "irmã". As vezes me pergunto se ela pode ler a minha mente também. Será?

–Ela o ama. Não consigo dizer de que forma mas ela sente algo por ele. Minha preocupação é que ela se nega a sentir, ela renúncia aos seus próprios sentimentos. Seu coração está confuso, ela está cega pela raiva e ansiosa pra mostrar que os outros estavam errados. Ela pode fazer algo que irá se arrepender. -ela falou seria olhando do Leo pra mim.

–Já disse que não precisa se preocupar. Ela ama ele como um irmão ou melhor amigo, mas eles foram separados durante anos por que ele sumiu e ela pensava que estava morto. -falei irritada. Dei as costas pra eles e fui na direção da clareira. Eu sei que não é o momento pra isso, mas eu preciso esfriar a cabeça.

–Já que você está tão certa disso... O problema é: ela sabe disso? -ouvi minha mãe dizer. E as palavras ecoaram em minha mente. Ela sabia?

Cheguei na clareira e me certifiquei de que não havia ninguém. Tirei a calça, o casaco e a blusa e fiquei apenas com a roupa íntima. Mergulhei na água e fiquei no fundo. Não dá pra chorar embaixo d'água. Tudo que eu quero é esquecer. Esquecer de tudo. De mim. Ninguém precisa de mim. Ninguém precisa de mim quando tem a Nick e as filhas de Afrodite.

–Hana... -ouvi minha mãe chamar meu nome. Ignorei e continuei controlando minha respiração. Não quero voltar pra superfície.

–Hana. Não pense que não me importo com você, é claro que o faço. Eu lhe falei de minhas preocupações sobre sua amiga pois sei que ela ouvira você, ao contrário do que seria se eu falasse com ela, poderia acabar piorando a situação. Eu temo que alguém use eles para conseguirem controle sobre vocês. Sei que você não admite mas sabe que no fundo sente algo por aqueles dois, caso contrário não teria os deixado se aproximar tanto de você. Independente de tudo vocês duas ainda são garotas, garotas especiais, mas ainda sim garotas, que por mais que neguem tem sentimentos como todas as outras. E as pessoas vão usar isso contra vocês, mesmo que seja sem perceberem. -ouvi ela dizer.

Voltei pra superfície e a encarei.

–Acha que eu sou idiota? Ok, talvez eu seja. Eu sei porque não falou diretamente com ela, mas o que te faz achar que falar comigo vai resolver? Não sei se reparou, mas eu só te chamo de "mãe" pra não começar uma discussão. Sinceramente eu não acredito que voce seja a minha mãe. Não temos nada a ver. -falei fria. Tomei fôlego e voltei pro fundo.

–Os filhos nem sempre se parecem com os pais. -ela disse calmamente. Mas tem no mínimo algo em comum. Algo que seja comum a todos os filhos. Eu sou feia, introvertida e não tenho o charme. Como posso ser uma filha Afrodite?

–Ser filha de Afrodite é mais do que ser bela, ser extrovertida e ter o charme. Se trata de sentir o coração dos outros, tentar ajudá-los e aconselha-los. Você é bela a sua própria maneira mesmo que não ache isso. O charme é apenas uma ferramenta pra tentar chegar ao coração das pessoas, o maior dos charmes é conseguir fazê-lo com suas próprias palavras. -ela falou. -Deves encontrar sua amiga antes que seja tarde demais e outra pessoa o faça, pois se não algo terrível pode acontecer.

Não aguentei. Ela realmente não presta atenção no que eu digo. Voltei pra superfície.

–Vou repetir a pergunta: o que te faz achar que falar comigo vai resolver? Por que não fala com a Nick? -falei irritada, acho que nunca estive tão irritada.

–Sua amiga sempre faz questão de lembrar que ela não acredita no amor, então porque ela pararia pra escutar a deusa do amor, me diga! -ela exclamou.

–Isso eu entendi. A questão é: Por que acha que eu acredito? -perguntei nervosa.

–... -a deusa ficou quieta, e deu alguns passos para trás com um olhar magoado.

–Não importa o que me digam. Eu não sou sua filha. Não que eu não queira. Adoraria ser linda como as suas filhas, mas eu não sou. Não me sinto como uma filha sua e acho que ninguém acha que eu sou. -desabafei sentindo meus olhos encherem de água.

–Oh, criança! Está tudo bem em duvidar. Não ache que és a única que tem dificuldade a acreditar sobre o parentesco, é mais normal do que imagina. Com você as coisas só são mais complicadas, há uma guerra dentro de você. Entre seu lado Hades e o lado Afrodite. Mas acredite em mim minha filha, eu jamais mentiria ou brincaria com isso. -Afrodite falou se aproximando e me abraçando carinhosamente.

–Quantos filhos seus tem problemas de autoestima? -perguntei olhando em seus olhos. Eu queria que ela fosse sincera.

–Praticamente nenhum, eu admito. Mas não quer dizer que nunca houve ou que nunca haverá. A autoestima não tem haver com ser minha filha ou não. Isso depende de cada pessoa e da sua história. -ela respondeu sincera.

–Filhos de Afrodite são confiantes e lindos. -aumentei o tom de voz e fechei os olhos.

–Alguns não. Alguns não tem essa confiança a princípio. -ela falou calmamente ainda me abraçando e fazendo carinho no meu cabelo.

–Eu queria ser bonita como você. -admiti e senti meu rosto esquentar. Abracei ela de volta.

–Sabe que cada pessoa me vê como a pessoa que mais ama e não como eu sou realmente não é? -ela falou séria.

–Como assim? -perguntei abrindo os olhos e olhando pra cima, já que ela era mais alta que eu.

–As pessoas não veem a mim, como eu realmente pareço. E sim veem alguém parecido com quem elas mais amam. -ela explicou.

–Como é sua aparência real? -perguntei. Queria ver se eu via ela minimamente parecida com o que ela é.

–Acho que para eu poder te explicar melhor você deve me falar como você me vê. -ela pediu.

–Branca, olhos azuis, cabelo castanho mel, comprido, liso com cachos na pontas. -falei.
Afrodite arregalou os olhos e ficou boquiaberta.

–Como...? -ela sussurrou surpresa me deixando confusa.

–O que foi? -perguntei intrigada com a sua expressão.- Passei muito longe? -completei.

–Não. -ela negou, e eu franzi as sobrancelhas intrigada.-Você acertou. -ela completou.

–Jura? Como? -perguntei animada e sorrindo.

–Como você acertou? -ela perguntou e eu confirmei- Não sei, talvez.... -ela diz pensativa.

–Talvez...? -repeti para incentivar ela a continuar.

–Talvez você seja capaz de ver as pessoas como realmente são, independente dos poderes que estiverem atuando pra mudá-las, mas... -ela completou ainda bastante pensativa.

–Isso é bom, não é? -perguntei um pouco receosa. O que eu realmente queria saber é se Zeus consideraria isso uma ameaça.

–Bem sim, eu creio, mas isso é extremamente raro. -respondeu.

–Acho melhor irmos atrás do Leo e da Nick. Temos um teste pra fazer. -falei me levantando e colocando a roupa.

–Espero que não seja tar... -ela não terminou a frase ao soar um trovão, e vermos umas nuvens de tempestade formadas apenas numa área acima de uma parte da floresta. Só pensei em uma coisa.

–Temos que correr. -falei segurando sua mão e correndo pro outro lado da floresta. Chegamos junto com o Leo, que estava ofegante como se tivesse corrido uma maratona. Olhei em volta, quando meus olhos se focaram na Nick. Ela estava meio que escondida atrás do Gabe, e eles pareciam discutir com alguém que eu ainda não tinha conseguido enxergar.

–Ora, ora... Eu não esperava por isso. -ouvi uma voz grave e masculina dizer.
Olhei pra trás. Era Nico. Um certo alívio invadiu meu corpo.

–Nico. Graças aos deuses. -falei e o abracei. - Estamos ferradas. -completei o encarando.

–Porque? O que houve? E o que está acontecendo ali? -ele perguntou enquanto observava a aura meio pesada que se formava junto com o incômodo silêncio que se seguia.

–Eles querem nos testar. Pra saber se realmente somos uma ameaça pra eles. -falei, ele arregalou os olhos e me apertou e começou a fazer carinho no meu cabelo.

–Calma, eu estou aqui com você. -ele falou. Ouvi um risinho. Era a minha mãe. Senti meu rosto queimar. Esqueci que ela estava lá. Nico olhos pro lado e paralisou.

–A-Afrodite? -ele perguntou com os olhos arregalados. Que fofo! Ele estava todo vermelho.

–Olá! -minha mãe respondeu bem humorada sorrindo. Que vontade de cavar um buraco e me enterrar nele!

–Quem diria que a criança proibida não iria se importar com os laços de sangue e se envolveria com o próprio parente. -ouvi a mesma voz grave de antes, me aproximei mais da pequena clareira que eles estavam e vi um homem, não muito velho nem muito novo de cabelos negros. Ele era...

–Ele é Zeus, o rei do Olimpo. -minha mãe falou como se lesse meus pensamentos, coisa que acho bem provável.

–Ele tem os cabelos negros? -perguntei. Não tinha certeza se eu podia ver todos os deuses como realmente são.

–Sim. -ela respondeu séria.

–Você sabe muito bem que parentesco por deuses não conta. Sem falar que você é casado com sua irmã. -Afrodite falou irritada, intervindo na conversa.

–Mas os dois não são parentes apenas pelo lado divino. -o deus respondeu com um sorriso malicioso, olhei para Nick confusa já que nunca havia ouvido sobre isso, tanto ela, quanto Gabe estavam bem corados. -E para os mortais relacionamentos assim não são muito bem vistos.

–Você não devia se meter. A deusa do amor sou eu. Além do mas, eles não estão cometendo nenhum crime. E ninguém disse que se amam, podem apenas sentir atração um pelo outro. -ela falou meio que dando bronca.

–Não é da conta de ninguém o que eu sinto ou deixo de sentir. Muito menos de você Zeus. Ou agora se importa com o que eu faço? -Nick se manifestou fria.

–Não vim aqui para discutir com você. Vim para avisar sobre um teste que vocês vão fazer. -ele falou irritado, mas quando mencionou o teste um sorriso maldoso se formou em seus lábios

–E...? E d-a-í? O que tem de mais nesse seu testemunho? -Nick falou indiferente.

–Todos os deuses concordaram em fazer um teste com vocês duas. Para avaliarmos os poderes de vocês. -ele falou sério.

–Hum... Legal, mas você ainda não falou que teste é esse. Eu não perguntei pra que ele servia ou quem concordou com o que. -Nick deu os ombros, e o deus bufou irritado. Ela não ajuda muito.

–Seja rápido e direto. Sem enrolar. -falei prevendo o discurso que ele pretendia. Ele me lançou um olhar de poucos amigos. Arqueei uma das sobrancelhas em resposta. Ele bufou novamente. Acho que nós duas temos o dom natural de tirar Zeus do sério.

–Se estão tão curiosas assim que tal irmos dar início ao teste? -Zeus falou mal humorado.

–Finalmente. -falamos juntas. Sorri de canto.

–Embora creio que não deva ser grande coisa. Tomara que dê pelo menos para nos divertimos. -Nick comentou.

–Você devia ter mais respeito, garota. -Zeus falou sério olhando pra ela.

–Por mais uma pessoa que quer me ver morta? Não, obrigada. -ela rebateu no mesmo tom.

–Vão continuar discutindo ou vamos fazer esse teste? -perguntei cruzando os braços sem paciência.

–Fale isso pro deus que independente dos séculos e milênios que ele viva jamais irá amadurecer completamente. -Nick diz.

–Ora, sua... vamos começar logo. -ele falou e segui em direção a um trono que eu não sei como apareceu ali.

–Que os jogos comecem. -sussurrei com um sorriso de canto.

–Que a sorte esteja conosco. -Nick sorriu e ajeitou a postura.

–Vocês podem usar as armas que quiserem, deem seu melhor. -Dioniso anunciou e se posicionou em seu lugar. Olhei pro lado. Tinha uma estante com várias armas. A Nick foi direto no arco e flecha. Merda!

–Por precaução e por ser mais legal também, vou pegar uma espada. -ela falou mais pra si mesma do que pra mim. -O que? Combates a curta distância combinam mais comigo. -eu ri desse comentário dela. Essa Nick não tinha mesmo jeito.

Peguei um cinto cheio de facas e um chicote. Pensei em pegar uma espada, mas lembrei da adaga que Nico me deu. E vi Nick dar um sorriso meio demoníaco ao pegar dois socos inglês. Coloquei o cinto e pendurei o chicote nele. Um raio cortou o céu. O jogo começou.

–Vocês não vão pegar nenhum escudo? -ouvi Hermes perguntar.

–Pra que? Nos ocupar atoa? Não preciso disso. -Nick respondeu, dando um sorriso de lado.

–Tenho outros planos. -falei. Já estava com uma estratégia pronta na minha mente para várias situações.

Então algumas bolas de diversos tamanhos voaram pra cima de nós vindo de várias direções e ângulos. Facilmente desviamos delas e rebatemos algumas.

–O que diabos foi isso? Tão de sacanagem com a gente né? É queimada por acaso? -Nick provocou.

–Não deu nem pra suar. Achei que fosse um teste de verdade. -falei pra Nick. Nos encaramos. Aquilo parecia brincadeira de criança.

–Isso não dá nem pra brincar direito! -ela reclamou e se sentou no chão. Então senti uma presença estranha.

–Nick, tem alguém ou alguma coisa se aproximando. -falei.

–Eu senti também. -ela respondeu se colocando de pé e observou em volta, até vermos uma silhueta conhecida entre os outros campistas. Nick rosnou- Hana. Olhe.

–Já vi. -falei também rosnando. Sim. Nós rosnamos quando ficamos irritadas. Como ele tem coragem de aparecer no acampamento depois de tudo? Nick pegou o arco e flecha e disparou na direção do nosso querido traidor. Os campistas ficaram assustados e com isso começou um tumulto.

–Ai!! Essa doida está atirando aqui porque?! -ouvi uma garota histérica falar.

–Caraca, quase que isso acertou em mim! -outra pessoa disse. E no meio dessa confusão acabamos perdendo ele de vista.

–Merda! -falei irritada. Todos estavam gritando e correndo. Aquilo estava me deixando irritada. Olhei pro lado. A Nick estava com as mãos nos ouvidos. Não me controlei. Fechei bem os olhos.

–PAREM! -gritei. Tudo ficou em silêncio.

–Vejamos só que recepção calorosa vocês me proporcionaram. -Kenzo disse se aproximando, agora longe dos nossos colegas do acampamento.

Joguei uma das facas, deixando ele preso. A faca acertou sua blusa e o prendeu na árvore. Ele arregalou os olhos pelo susto de quase ter sido atingido. Ele foi tentar soltar a faca mas Nick o prendeu pelo outro lado com uma flecha deixando-o imobilizado.

–Se tentar qualquer gracinha eu te mato. -ela ameaçou com o arco e a flecha em posição.

–Sem nem pensar duas vezes. -completei girando uma das facas entre os dedos.

–Hey, acalmem-se. Sem matar ninguém, por favor. O que está acontecendo aqui? -Quiron perguntou enquanto ficava entre nós e o desgraçado.

–Pergunte pra esse traidor. -falei irritada. Ele tinha que pagar pelo que fez.

–Traidor? Mas eu não fiz nada! -o garoto retrucou com carinha de inocente e confuso.

–Seu bastardo! Infeliz! Mentiroso de uma figa! -Nick gritou segurando a camisa do garoto o erguendo. Quíron estava olhando abobado tipo "quando e como ela passou por mim?".

–Eu diria pra você arder no fogo do inferno, mas isso seria muito pouco pra você. -falei atrás de Nick. Quíron parecia se surpreender cada vez mais.

–Meninas se comportem. Kenzo está no acampamento faz tempo sempre foi um bom garoto, nunca fez nenhum mal a ninguém. -Quiron falou. E para a Nick essa foi a gota d'água. Ela voltou sua fúria na direção do centauro.

–Nunca fez mal a ninguém?! Fingir ser amigo, tentar te assassinar e matar seu companheiro de alma é o que pra você? Ainda mais que ele é um espião e trabalha pra Zeus e ainda por cima, pra piorar tudo é o hospedeiro de Cronos! -ela gritou, enquanto a grama adquiria um aspecto selvagem e se enrolava nas pernas do centauro e galhos esmagavam Kenzo na árvore.

Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu sou a única pessoa que consegue controlar ela. Andei devagar em sua direção e então segurei seu braço. Ela se virou pra mim com um olhar selvagem. Coloquei uma mão de cada lado de seu rosto e fechei os olhos. Comecei a pensar em coisas boas e calmas. Senti que ela tinha voltado a respirar normalmente e seus batimentos voltaram ao compasso habitual. Seu corpo relaxou. Abri os olhos, ela estava me encarando.

–Eu sei que é pedir muito, mas tenta se controlar um pouco mais. Eu também quero matar ele, mas temos que manter a calma e ser mais racionais que Zeus. -sussurei pra ela.

–É mais fácil pra você! Ele não matou alguém que era praticamente parte de você na sua frente! -ela rebateu.

–Ele matou você. -falei fria. Não podia acreditar no que ela tinha dito pra mim. Dei as costas e saí. Se nem ela me queria alí ninguém queria. E eu não insistiria para ficar.

–Desculpa, Hana. Não devia ter falado dessa forma. Você sabe que nunca foi fácil pra mim me controlar, a morte do Toby só piorou tudo. -ela falou baixinho pra mim, segurando meu pulso.

Puxei o pulso e continuei andando. Não queria ouvir mais desculpas. Era sempre assim. As pessoas me machucavam e pediam desculpas. Eu preciso pensar. Eu ia aceitar as desculpas dela, sempre. Só preciso me acalmar. Uma risada maléfica soou pelo acampamento. Olhei pra trás apreensiva, eu conhecia o dono daquela voz. Na árvore onde apenas à alguns minutos atrás tínhamos prendido Kenzo não tinha mais ninguém.

–Viu como é fácil criar discórdia e ódio entre vocês duas? Porque não acabam com isso de uma vez e fazem o que nasceram pra fazer? Se juntem a mim e destruam o mundo e as pessoas que as magoaram. -Cronos falou, ele estava bem na minha frente.

–Não há discórdia entre nós. Ela está alterada e perdendo o controle, o que é compreensível. E eu preciso pensar. -falei séria o encarando.

–Você não tem tempo pra isso. Sabe se vocês não se unirem a mim por vontade própria, existem outras formas de controlá-las. E só porque vocês não se uniram a mim, ninguém mais o fez. -ele falou sorrindo maliciosamente. De repente diversos semideuses, uns poucos do acampamento e outros de forma começaram a se juntar a ele.

–O que você vai fazer? -perguntei dando alguns passos pra trás. Coloquei a mão no cinto e peguei duas facas.

–Vou forçá-las a mostrarem aos deuses motivos pra eles temerem-nas. -ele respondeu. Dito isso um dos garotos saiu do grupo e correu em minha direção com a espada em punho. Desviei e me defendi, mas ele continuava atacando.

–Hana! -ouvi Nico gritar e correr na minha direção. Outro garoto saiu do grupo e o imobilizou. Uma flecha voou e acertou na perna do garoto que eu enfrentava e outra no braço do que prendia Nico.

–Hana está tudo bem? -Nick perguntou se aproximando de mim. Me levantei. Me joguei em cima da Nick. Nós duas caímos no chão no mesmo instante que uma flecha passou no lugar onde estávamos segundos atrás.

–Mas que diabos...? -Nick exclamou enquanto tínhamos que rolar pois estavam mirando em nós. Peguei uma das facas e joguei na direção da garota que atirava em nós. Quando percebi o que tinha feito já era tarde demais. A faca cravou em sua barriga na altura do pulmões.

–Não, não, não... -eu repetia sem acreditar no que tinha feito.

–Hana, respire e acalme-se. Lembre-se, a morte é uma benção. -Nick falou séria.

–Só pra quem quer morrer. -falei.

–Sendo tão idiota de nos atacar dessa forma acho que ela queria. -Nick falou abrindo um sorriso maléfico. Me levantei e peguei outra faca. Se era guerra o que queriam é guerra o que vão ter.

–Gente, mas se vocês fizerem isso não é exatamente o que ele quer? E dará uma pior impressão de vocês pra Zeus? -Nico falou preocupado.

–Não quero matar. Só não vou ficar parada pra ser usada de alvo. -falei séria

–Tanto faz! Nada prova que isso não é uma pegadinha e faz parte do teste. Afinal, eles ainda não se manifestaram. -Nick comentou impaciente .

Ela se virou rapidamente e com o arco em posição, atirou em alguém. A flecha acertou bem no meio da testa. A vítima, nada inocente com certeza, caiu para trás morta. Uma garota te eu reconheci como umas das de Afrodite foi pra cima dela. Eu novamente joguei a faca. Dessa vez pegou no pescoço ela caiu e uma poça de sangue crescia ao seu redor.

–Agora sim. Que comece a diversão. -Nick anunciou e desembainhou a espada e saiu correndo na direção dos semideuses inimigos.

Algum tempo depois já havíamos derrotado todos. Menos Cronos, pois ele novamente havia desaparecido. Mais da metade estava morta e os restantes bastante feridos. Com um estalar de dedos vimos que tudo que tínhamos visto não era real, bem... Quase tudo. Ainda estávamos cercadas por corpos.

–Lembro de alguns de vocês dizerem que elas iriam hesitar em matar alguém. -Zeus comentou estranhamente satisfeito.

–Quem eram aquelas pessoas? -perguntei com medo da resposta.

–Ninguém importante. -Zeus respondeu indiferente.

–Quem são? -gritei irritada

–Você acha que me lembro? São apenas fantasmas por assim dizer. Pessoas que não deveriam mais existir, traidores, vilões, ladrões, coisas assim provavelmente. -o deus respondeu no mesmo tom de antes.

–Pessoas no mesmo nível que nós pra você, "vovô"? Incômodos? -Nick diz com a voz carregada de sarcasmo.

–... - Zeus a encarou e ficou olhando-a nos olhos.

–Então esse teste era apenas uma forma se livrar desses incômodos? -ela provocou sustentando o olhar.

–Sua...! -o deus se irritou e ameaçou levantar.

–Por favor parem vocês dois! -uma voz suave soou , era Ártemis, ainda com a mesma aparência que havíamos visto dias atrás. Sorri. Finalmente alguém racional. Me aproximei dela. Ela sorriu pra mim.

–Finalmente alguém racional. -falei quando ficamos frente a frente.

–Olá novamente. -ela sorriu.

–Juro que tento. -falei me referindo a Nick e sorri tímida. Ela riu.

–Isso é normal. Sendo filha da deusa que também representa a liberdade e tudo aquilo que não pode ser contidos, ela não poderia ser diferente. -ela riu da própria fala. Fiquei séria. A deusa me olhou assustada pela rápida troca de humor.

–Então...? O teste era só isso? Porque está um tédio. -Nick reclamou. Segurei a mão de Ártemis. Eu sabia que quanto mais a Nick provocasse mais complicadas as coisas ficariam. Senti minha mão sendo apertada de volta.

Alguns segundos depois sinto uma sensação estranha. Como se algo ou alguém estivesse tocando minha mente e tentando vasculhar cada canto dela. Gelei. Odeio a sensação de que conseguem me ver por dentro.

–Não! Pare com isso! -ouvi Nick gritar. Deviam estar fazendo o mesmo com ela. -NÃO! -dessa vez houve dor no grito dela, olhei para ela e vi que estava ofegante.

–Zeus, tem algo estranho. Um tipo de bloqueio na mente dela. -ouvi um dos deuses falar, provavelmente quem estava fazendo isso, mas preferi nem olhar quem. Deixei minha mente fechada e me concentrei em impedir que lessem ela. Eu não ia gritar. Não ia chamar atenção. Senti algo forçar as minhas memórias sem sucesso.

–Elas estão fechando as mentes delas é quase impossível vermos qualquer coi... -a pessoa foi interrompida por um Zeus irritado.

–Deem o jeito de vocês! Descubram o que elas estão escondendo! Pois quanto mais resistirem pior pra elas!

Ouvi outro grito. Eles estavam machucando ela. Aquilo estava me irritando cada vez mais. Pra quem está acostumada com dores de cabeça e insônia isso não é nada.

–Não! Por favor, parem! -ela pediu ofegante.

–Então pare de suprimir suas memórias! -Zeus gritou pra ela.

–Parem de fazer isso com ela. -falei fria.

–Ela que está causando isso a ela mesma. O que será que ela está tão desesperada pra esconder? -o Deus falou.

–Eu também gostaria de saber a resposta pra isso! -ela gritou.

–Parem! -gritei irritada. Eu já não sentia minha cabeça doer, mas eu sabia que eles não tinham conseguido arrancar nada de mim. Zeus ainda estava irritado com a falta de resultados.

–O que ela quer dizer com "Eu também gostaria de saber"? -Zeus perguntou pra mim por algum motivo.

–Acho que é meio óbvio que ela também não sabe o que tem na mente dela. -falei revirando os olhos. Ele bufou irritado.

–O bloqueio... Não fui eu quem criei. -Nick falou tentando regular a respiração.

–Pelo menos tenho as memórias da mestiça. -ele falou confiante.

–De nenhuma de nós, na verdade. -Nick contrariou- O que te faz pensar que colaboraríamos contigo?

–Ela não tem nenhum bloqueio. Já conseguiram tirar as memórias dela. -ele sorriu vitorioso.

–Mas, me diga, pra quê diabos você quer saber das nossas memórias?! -Nick perguntou sem paciência.

–Você não está com as minhas memórias. -falei fria com um sorriso de canto.

–Tem certeza disso? -ele rebateu também sorrindo.

–Absoluta. -falei desafiadora.

–Arg! -Nick exclamou pressionando as mãos nas laterais da cabeça.

–Parem de fazer isso com ela. -repeti séria.

–Nós já paramos! -uma deusa falou, não estava prestando muita atenção ou ligando pra lembrar quem era ela.

–É já pararam. Mas por acaso alguém pensou nos efeitos colaterais de tentar invadir a mente de uma pessoa e tentar ver as memórias bloqueadas dela? Não! -Nick protestou ainda pressionando a cabeça com expressão de dor.

–Hm. -Zeus virou a cara mal humorado.

–Façam alguma coisa. Vocês começaram com isso. -falei encarando Zeus.

–Isso não é problema meu. -ele falou e virou as costas em rumo ao trono flutuante. Maldito! Ele vai ver só. Vai ter volta por tudo que ele já fez.

–Você apenas quer ver nossos poderes certo? Você fez o mais complicado. Era só pedir, babaca! -Nick forçou um sorriso, ela estava alterada, fora do seu estado normal, e fechou os olhos, se concentrando. Eu sabia o que viria a seguir. E com um piscar de olhos o eclipse veio.

–Não. -gritei. Escuro de novo não. De novo não. Odeio isso. Me encolhi. Então senti dos braços me puxarem e me apertarem de forma protetora.

–Shhh... Está tudo bem, Hana. -Nico sussurrou pra mim. Me encolhi ainda mais em seu peito e fechei os olhos.

–Mas o que? Desfaça isso agora! -Zeus ordenou.

–Nick, por favor. -pedi com a voz falha.

–Sabe... Eu sei criar, mas não desfazer! -ela falou.

–Qual é?! -falei. Nico me abraçou mais forte. Fechei os olhos e fiquei imaginando o Sol brilhando.

–Sorry. Eu bem queria saber. Mas acho que do jeito que estou não conseguiria controlar qualquer poder. Tipo quando eu falei sobre os poderes eu estava blefando. Eu não ia fazer nada. -ela falou
Continuei com os olhos fechados. Só conseguia pensar no quanto eu queria que a luz voltasse. -Torça pra ter sorte, Zeus. Pois vocês mexeram em algo que não deviam. Aceleraram o ritmo das coisas. Essas memórias podem mudar completamente a pessoa que sou, e então você poderá acabar lidando, realmente, com uma grande inimiga ou uma grande aliada. -Nick falou parecendo estar numa espécie de transe. Seus olhos estavam vidrados. Já não estava tão escuro pois haviam acendido tochas e luzes.

–A luz vai voltar agora. -sussurrei irritada.

–Sim, daqui à alguns segundos. Assim que eu perder a consciência e me afogar em pesadelos novamente, embora eu acredite que serão mais intensos. -Nick falou olhando pra mim, um olhar de "sinto muito por isso outra vez, acho que isso acontece quando perco o controle e fico instável".

–Não quis dizer isso. Mas se quer acreditar que tudo depende de você, tudo bem. -falei. Eu tinha que ficar irritada. Se eles queriam um show conseguiram entradas pra primeira fila.

–Não depende. -ela deu um fraco sorriso. -Sinto muito por tudo.

A única vez que ela tinha que revidar ela não faz nada. Como vou perder o controle?

–Nick? -Gabe falou correndo na direção dela- Sua idiota! Por quê você fiz isso de novo?! -ele brigou, ela olhou pra ele mas seu corpo fraquejou e ela caiu.

–Ótimo. Ela desmaiou. E o eclipse continua. -falei irritada. Ela tem que aprender que nem sempre as coisas são como ela espera. Esse escuro está me deixando louca.

–Eu não cheguei a desmaiar sabe? -ouvi a voz dela. -Eu só estou bem fraca.

Me aproximei dela. Ela estava bem pálida, parecia estar lutando contra aquilo e sofrendo. Gabe me olhou preocupado com ela, assim como eu.

–Ela está estranha, está pálida porém também com muita febre. -ele disse baixinho pra mim, como se fosse pra ela não escutar.

–Ela precisa de néctar, está fraca demais. -falei em tom de ordem.

–Pode ser perigoso se ela perder a consciência agora. -ouvi uma deusa dizer. Para nosso desespero, pois a Nick parecia quase não conseguir ficar de olhos abertos. Eu estava começando a surtar. Se ela desmaiar eu não sei o que fazer. Sou uma completa inútil. Nem sei usar meus poderes.

–O que eles fizeram com ela? Com vocês duas? -Gabe questionou sério.

–Acabamos de passar por uma parte de um teste. Mas eles estão nos provocando. -falei com a voz levemente alterada, mas ele não percebeu.

–Hana, o que mais? O que causou isso exatamente? -ele perguntou, senti certa ponta de desespero em sua voz, ele também se preocupava muito com ela, quase tanto quanto eu.

–Eles tentaram ler nossas mentes. Queriam as nossas memórias. -falei sombria e com ódio na voz.

–As memórias dela estão seladas, Zeus pediu pra que forçássemos a liberação delas. -a mesma voz de antes completou minha explicação.

–Por que? Por que você ordenou isso?! -Gabe gritou olhando pra Zeus, com raiva. Ele ia se colocar contra o pai mesmo? Por nossa causa? Ou, melhor dizendo, por causa da Nick?

–Porque ele tem medo de nós. -falei me controlando. A única coisa que eu tinha certeza era que se eu perdesse o controle algo muito ruim aconteceria.

–Vocês estão fazendo tempestade em copo d'água. Não tem nada de mais em... -o deus falou indiferente.

–Você deveria saber que mexer com a mente das pessoas é perigoso, principalmente pra humanos. -diz Deméter séria- Você sabia desde o início que forçar o bloqueio iria colocar a vida da garota em perigo. Mas, por mais que ela seja filha de uma de suas filhas favoritas, você nem ligou pra esse detalhe.

Eu não podia acreditar.

–Ele está irritado. Parece até uma criança mimada. Colocou a vida dela em risco, sem falar que nem a minha memória você conseguiu. -falei fria

–Hana? -ouvi a voz dela me chamar fraca -Desculpa, Hana-chan, desculpa. M-mas eu não quero apagar... Toda vez que fecho os olhos tenho flashs de memórias, eu não quero me lembrar... -Nick disse com a voz meio chorosa.

–Ei, não tem problema. Aguenta Nick. Eu vou te proteger. -falei abraçando ela.

–Sempre? -ela brincou.

–Sempre. -respondi com um sorriso, tentando deixar ela distraída. Porém, pro meu desespero, os olhos dela ficaram meio desfocados e começaram a se fechar lentamente.

–Gabe, leva ela pra enfermaria. Agora. -"pedi". Ele me olhou com os olhos arregalados.

–E-ela...? -ele começou a falar apavorado.

–Está viva e bem, porém se demorar muito para receber tratamento tem o risco que o bloqueio possa impedir ela de acordar. -Deméter falou, ela é legal, gostei dela.

–Está do nosso lado? Ou é apenas uma deusa sem partido? -perguntei. Talvez ela apenas estivesse preocupada, mas depois não nos ajudaria.

–Quem sabe? -a deusa falou. -Agora corram, devem levá-la, antes que ela perca a consciência pra valer, pois se isso acontecer ela pode acabar entrando numa espécie de coma.

Olhei pra Gabe, ele entedeu e rapidamente a pegou nos braços e correu.

–Eu ainda estou aqui e vou continuar o teste. -falei fria, encarando Zeus.

–Mas o teste já acabou... -o deus falou como se fosse uma criancinha, cara, sinceramente, acho que esse cara é bipolar. Porque não dá pra entender a dele não.

–Só isso? Tanto alarde pra fazer isso? Sinceramente, esperava ao menos um desafio de verdade. Não conseguiu me machucar, pegar minhas memórias ou ver os meus poderes. E pare de agir como uma criança, parece que tem 5 anos e não ganhou o presente que queria. Você é um deus, aja como tal. -praticamente cuspi as palavras nele. Porra, ele tem pelo menos que fingir que tem maturidade.

–Então, você quer algo sério? Primeiro me responda uma coisa: Quem e o que vocês duas viram na hora da batalha? -Zeus falou me olhando nos olhos. Parei e pensei. Eu não tinha visto rostos, apenas chutei que fossem campistas. A única pessoa que eu vi foi Cronos.

–Eu vi Cronos. -falei séria.

–Cronos? -Zeus arqueou as sobrancelhas duvidando.

–Você não é o único atrás de nós. -respondi.

–Cronos está preso no Tártaro, garota. -ele falou.

–Isso é o que você pensa. -falei com um sorriso de canto

–Explique-se. -Zeus ordenou.

–Vai querer que eu desenhe? Eu vi Cronos, porra. -expliquei.

–Eu quero que me diga como. O corpo dele havia sido destruído e espalhado pelo tártaro, é impossível que tenha se reconstituído em tão pouco tempo. -o deus insistiu.

–Você é um pouco burro. Ele não precisa necessariamente ter um corpo, ele tem um ajudante. E ele falou comigo. -falei pacientemente.

–Quem é este ajudante? -ele falou.

–Kenzo. -falei a contra gosto.

–O... O que?! -ele exclamou surpreso, acho que ele não esperava que seu subordinado se virasse contra ele.

–É. Cronos teve a mesma ideia que você. Vocês são muito originais. Acho que a única diferença é que ele não quer nos matar. -falei revirando os olhos

–... -ele abriu a boca pra protestar mas no final desistiu de tentar falar alguma coisa.

–Então... Tem mais algum teste pra mim? -perguntei seria.

–Minha curiosidade está em outras coisas agora, como as memórias que sua amiga despertará e além disso, pelo que pude ver, seus poderes ainda não despertaram mas pode ter certeza que quando isso acontecerá eu estarei presente para ver. E a testarei decentemente. -o deus falou.

–Estarei esperando. -falei fria o encarando curiosa. -O que você sabe sobre mim e sobre os meus poderes? - perguntei intrigada.

–Nada demais. Apenas suspeitas, creio que seus poderes serão ainda mais raros que os da outra. -ele respondeu. Ele estava me irritando. Ele nunca diz o nome da Nick e de quem ela é filha. Ele claramente despreza ela, alguém importante pra mim. Além disso o estado atual da Nick é culpa dele. Isso é imperdoável! Ninguém pode mexer com as pessoas importantes pra mim assim e sair impunes!

–Uma dúvida. O que os outros deuses estão fazendo aqui? -perguntei.

–Vieram testemunhar o mal que vocês duas são capazes de causar. Pra poderem entender minha decisão e também, à pedido dos que são contra, ver se seriam capazes de se voltar contas nós ou não. Por mim eu já teria acabado com a garota proibida e com você em seguida. -Zeus me respondeu no mal humor de sempre quando as coisas eram ligadas a nós.

–Onde estão nossos pais? -perguntei olhando em volta. Não tinha encontrado nenhum deles.
Foi quando ouvi um som de um tapa e voltei minha atenção na direção do deus com quem estava falando anteriormente, e lá estava uma Ártemis furiosa.

–Você é um deus horrível, pai! Não. Zeus. Depois de tudo de horrível que você já fez, isso é o pior. Você quase a matou por sua mentalidade idiota e infantil! Quase matou sua própria neta, minha filha! Depois de tudo isso não tem como ainda te considerar como meu pai. -a deusa esbravejou deixando este abobado e com uma cara surpresa. Olhei confusa pra ela. Ela pareceu perceber, se virou para mim.

–Olá querida. -falou com um sorriso meigo. Por um momento tive vontade de abraçá-la. Então a vontade passou, me lembrei que meus pais não estão nem aí pra mim e ela é a mãe da Nick.

–Pai!! -ouvi uma voz masculina gritar, alguém realmente não estava de bom humor. -Como pôde?! -era Gabe. Ótimo, mais um pra discutir esse assunto.

–Gabe, eu sei que ele merece o sermão, mas por favor, agora não. -falei o segurando pelos ombros.

–Mas...! É culpa dele da Nick estar assim! -ele protestou inconformado. Repetindo a mesma frase que eu havia pensado alguns minutos antes.

–Eu sei que a culpa é dele, mas discutir isso agora não vai adiantar nada. -falei olhando em seus olhos.

–O que faremos? -ele perguntou, olhando pra mim. Ele parecia meio perdido, nunca havia visto ele tão pouco decidido assim.

–Você deveria ficar lá com a Nick. Ela está sozinha? -perguntei.

–O Leo está com ela. -ele respondeu. Sorri. Ela estava segura. Me virei para Ártemis.

–Meus pais estão aqui? -perguntei delicada. Uma delicadeza estranha. Nem sabia que conseguia ser assim.

–Estamos aqui. -ouvi uma outra voz masculina, dessa vez mais grossa e um tanto sombria e misteriosa. Me arrepiei, nunca havia encontrado, Hades, meu pai, pessoalmente. Me virei para vê-los. O melhor é que a minha cara é de total indiferença. Eles estavam lado a lado. Era algo bem contrastante.

–Você está bem, querida? -perguntou Afrodite docemente.

–Maravilhosa. -falei com sarcasmo. Ele arregalou levemente os olhos. Provavelmente surpresa com a minha resposta.

–Sinto muito pela sua amiga. -Hades falou sombriamente.

–Não fale como se ela estivesse morta! -sibilou Gabe furioso.

–Ele está falando sobre o que Zeus fez com ela. -falei. Não sei porque, mas eu tinha certeza.

–De acordo com Tânatos, a alma dela está "caminhando" entre a vida e a morte. - ela falou calmamente.

–Ela está em coma, você quer dizer não é? -traduziu Nico se aproximando de todos.

–Então... Queria falar com vocês. -pedi, me referindo a Hades e Afrodite.

–O que você queria falar conosco? -perguntou Afrodite ansiosa.

–Por que eu? -perguntei direta. Agora ela realmente arregalou os olhos.

–Por que você o que? Seja mais específica. -pediu Hades.

–Por que vocês me escolheram? Eu não tenho nada a ver com vocês. -expliquei.

–Quem escolheu que você fosse quem você é foi o destino. Nós apenas plantamos a semente pra isso. Agora cabe a você aceitar isso, aceitar a você própria. -diz Afrodite séria, sem perder o tom doce.

–Não dá. Isso nunca vai acontecer. Eu não posso nem pensar em ficar no seu chalé. Primeiro: por que eu não pareço ser sua filha. Segundo: ninguém lá acredita que eu realmente seja e eu também não. -falei encarando-a.

–Se você não se aceitar, se vocês não resolverem os problemas internos de vocês, o mundo não terá paz, não serão capazes de derrotar aquele que odeiam e se realmente não foram capazes de nada disso o mundo, o Olimpo e tudo mais irá ruir. -pronunciou Hades sério e sem expressão, como se soubesse de algo a mais.

–O que está escondendo? Posso ver que não está me falando tudo. E eu aceito que sou sua filha. Como dizem as de Afrodite: uma estranha feia como eu só poderia ser de Hades. -falei no mesmo tom e com a mesma expressão.

–Vocês vão descobrir o que quero dizer, talvez a garota de Ártemis já saiba mas não lembre. Mas leve a sério tudo que disse, isso tudo já foi profetizado a dezenas e centenas de anos atrás. -o deus falou e pareceu começar a desaparecer.

–Quero falar só com você. -falei me virando para Afrodite. Ela me encarou em sorriu docemente. Por algum motivo sorri de volta da mesma forma.

–Já conversamos mais cedo, mas já que o quer sem problemas, mais tarde talvez todos nós não teremos tempo pra coisas assim. -a deusa respondeu.

–Você nem sabe sobre o que eu quero falar, mas ok. -falei fria, o que me fez lembrar de Hades.

–De qualquer forma temos pouco tempo. Eu, assim como os outros deuses tenho outras coisas pra fazer além de ficar aqui no acampamento atoa, por assim dizer. -ela falou.

–Tudo bem. Até a próxima vez que vossa alteza achar que mereço sua atenção ou que não sou uma perda de tempo tão grande. -falei sarcástica com um sorriso cínico.

–Não diga isso. Olha eu SOU sua mãe sim mas também tenho minhas responsabilidades como deusa. Não posso ficar o tempo todo, querendo ou não, com meus filhos. -Afrodite falou desaprovando o que eu tinha dito.

–Pode me olhar desse jeito e fingir que entende minhas palavras e meus motivos. Já estou acostumada com isso. Não acho que você saiba como é. -falei me controlando. Então sorri pra ela, da forma mais doce que consegui. Ela pareceu paralisar por alguns segundos.

–Você deveria escutar o que Hades lhe disse, além do mais estais desperdiçando tempo. O que você quer conversar comigo? -Afrodite falou.

–É apenas uma pergunta idiota. Não tem importância. -falei rapidamente.

–Pra você tem. Ande, pode perguntar. -ela me incentivou.

–Você acha que algum sua eu serei bonita como as suas filhas? -falei corada e olhando pro chão, me sentindo idiota pela pergunta.

–Você é linda e única, quando você se aceitar enfim será capaz de ver isso. -ela respondeu me olhando serenamente e sorrindo de forma carinhosa. -Até uma próxima vez, que será em breve. Tenha cuidado, minha filha. -se despediu e sumiu. Fiquei parada sem saber o que fazer. Logo eu que nunca fico parado, estou sem reação. Não consigo parar de olhar pro chão. Foi então que senti dois braços me envolvendo.

–Vai dar tudo certo, Hana. -ouvi a voz de Nico dizer perto de meu ouvido.

–Promete? -perguntei me virando e olhando em seus olhos.

–Prometo. -ele respondeu sem desviar o olhar.

–Hana? Não deveríamos ver como está a Nick? Digo, quando saí de lá Quiron e alguns outros estavam checando o estado dela. -Gabe falou. Arregalei os olhos.

–Vamos. Agora. -falei saindo de perto do Nico e correndo. Os garotos vieram logo atrás de mim.

–Onde ela está? -perguntei assim que chegamos aos chalés.

–Na enfermaria, na Casa Grande. -respondeu Gabe. Voltei a correr. Assim que cheguei Sr. D me olhou.

–O que aconteceu lá? -perguntou sério.

–Apenas fomos testadas e tentaram pegar nossas memórias. Onde está a Nick? -falei tudo muito rápido. Ele e alguns campistas, acho que eram alguns filhos de Hipnos e alguns de Apolo saíram da frente. Atrás deles, Nick se encontrava deixada numa espécie de maca.

–Quanto tempo ela vai ficar assim? -perguntei sem tirar os olhos dela.

–Não sabemos. Horas, dias talvez. -respondeu um filho de Apolo que creio ser Will Solace. Me aproximei dela e segurei sua mão. Quíron pareceu entender que eu queria ficar sozinha com ela.

–Muito bem pessoal, voltem para os seus chalés. Ela precisa de descanso. -ele falou e todos saíram, restando apenas nós duas.

–Ei, nem pense em ir agora. Você me prometeu que eu podia morrer primeiro. -sussurrei pra ela com um sorriso triste e nostálgico nos lábios, fazendo referência à uma promessa que tínhamos feito quando éramos bem pequenas.

–Ela não vai morrer. -falou Ártemis aparecendo atrás de mim e colocando uma mão em meu ombro.

–Eu sei que não. Nós nunca descumprimos uma promessa. -falei sorrindo para a deusa.

–Eu ouvi o que eles estavam conversando antes de você chegar. Você consegue imaginar porque haviam filhos de Hipnos aqui? -Artemis perguntou.

–Por que bloquearam a mente dela. -falei.

–Vejo que é mais "perceptiva" que as outras de Afrodite. -a deusa falou. Não pude deixar de sorrir com o comentário.

–Eles estavam tentando inspecionar o sono dela, mas parece que ela de alguma forma os expulsou. -completou ela.

–Eles forçaram demais o bloqueio. Quebraram uma parte dele. Eu senti junto com ela. -falei sem tirar os olhos da Nick.

–Aquele maldito...! -a deusa parecia muito com a Nick quando estava com raiva, ou seria ao contrário?

–Calma. Se estressas não vai adiantar nada agora, não vai mudar nada. -pedi docemente segurando sua mão.

–Infelizmente eu tenho que ir, eu e as caçadoras temos algumas criaturas pra caçar, além delas estarem meio alvoroçadas com o fato de agora eu ter uma filha. - a deusa se despediu e se foi.
Voltei pro lado da maca. Quíron entrou.

–Desculpe, mas já está quase na hora do toque de recolher. -pediu.

–Não posso mesmo ficar aqui? -pedi com carinha fofa.

–Está bem. Afinal será melhor para Nick ter você do lado dela quando acordar. -ele concordou. Eu sorri feliz por isso e me sentei na maca ao lado, porém pelo dia cansativo logo acabei adormecendo.


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