Uma vida diferente... Sonho ou pesadelo? escrita por Arianny Articunny, MoonyB


Capítulo 22
Confusões e Decisões




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Pov's Hana
–Não consigo. -ele falou olhando pra mim e se aproximando. Perto demais. Saí correndo pra fora do chalé.
–Hana! -ouvi Nick me chamar. Ignorei e continuei correndo.
Cheguei na floresta. Me encostei em uma das árvores. Que merda! Odeio isso. Ouvi passos. Gelei.
–Olá? Você está bem? -ouvi uma voz masculina falando na direção atrás de mim.
–Quem é você? O que quer? -perguntei me escondendo atrás da árvore.
–Meu nome é Calleb. Calleb Korbes. Eu apenas queria saber se você estava bem. Afinal ninguém vem correndo desesperada sem motivo. -o garoto falou. Agora olhando bem pra ele... Santa Afrodite! Ele é lindo, loiro com olhos amendoados e com a pele levemente bronzeada... Parece que ele é tem tanquinho bem definido levando em conta a marca na blusa. Meus deuses o que diabos eu estou pensando! Ai céus! A benção de Afrodite está começando a me afetar, eu nunca pensaria algo assim... Pensaria? -Mas... Você sabe falar. Não sabe? -ele perguntou em tom de brincadeira.
–Claro que sei. -respondi ainda desnorteada.
–E então...? -ele falou.
–Não quero que me vejam assim. -respondi olhando pro chão.
–Está bem. -ele fala se virando e começando a andar pra direção oposta, me intrigando.
–O-onde você vai? -perguntei e senti meu rosto corar.
–Você disse que não queria que ninguém te visse assim então eu ia embora. -o garoto falou de costas pra mim me intrigando ainda mais. Porque ele me deixa assim tão intrigada e curiosa?
–Não precisa. Apenas não gosto que fiquem me encarando. -falei saindo de trás da árvore. -Sem falar que só tem nós dois aqui. -completei.
–Você é engraçada. -ele comentou se sentando no chão apoiado numa árvore, parecendo que não estava nem aí pra mim. Porque? Eu achava que essa "benção" atraísse todas as atenções, principalmente as masculinas, pra mim.
Mas de certa forma me senti aliviada por isso. Eu não queria ser o centro das atenções.
–Sou? Por que acha isso? -perguntei me aproximando. Por algum motivo eu queria continuar conversando com ele.
–Porque diz que não quer ser vista mas não quer que eu vá embora. -ele explicou divertido.
–Atha. Não tente entender. -falei rindo.
–Por isso eu disse que vocês é engraçada. -ele falou rindo. Até a risada dele é linda... Mas que droga está acontecendo comigo?!
–De quem você é filho? -perguntei me sentando ao seu lado.
–Ares. -ele respondeu calmamente.
–Sério? -falei arqueando as sobrancelhas.
–É tão difícil acreditar assim? -ele retrucou bem humorado.
–Bem... Um pouco. -respondi sem olha-lo.
–Porque? Sou gentil demais? Não sou de arrumar confusões? -ele perguntou divertido.
–Não sei. Nunca tinha te visto antes. -falei rindo também.
–Verdade. Eu não estava no acampamento quando você chegou e nesses últimos dias. -ele revelou.
–Onde você estava? -perguntei curiosa. Ele me distraia de uma forma boa.
–Eu fui visitar minha família. Meu padrasto morreu então minha mãe estava muito triste, embora eu não me desse muito bem com ele. -ele contou com um sorriso triste.
–Sinto muito. -falei colocando a mão em seu ombro. -Que tal falarmos de outra coisa? Você está aqui a quanto tempo? -mudei de assunto.
–Faz uns 2 ou três anos eu acho. -ele falou meio incerto. O que foi engraçado, como alguém conseguia não lembrar de quando chegou aqui, neste lugar tão marcante?
–Você tem certeza absoluta de que é filho de Ares? -perguntei incerta. Ele realmente não parecia filho de Ares.
–Sim, eu tenho. Eu já fui reclamado sabe? -ele respondeu em tom de brincadeira.
–Eu sei. É só que você parece filho de Afrodite. -pensei alto.
–Não! Meus deuses nem diga isso! Quem aquenta ser daquele jeito fresco sempre? -ele falou fingindo indignação. Gostei dele.
–Nossa. Obrigada pelo elogio. -falei rindo.
–Você é filha de Afrodite?! Não acredito! -ele falou. -Por isso o visual deslumbrante e levemente exagerado? Transformação?
–Infelizmente. Pelo menos não fiquei rosa e cheia de purpurina. -falei entrando na brincadeira. -Mas como pode perceber, eu não me pareço com elas. Ainda acho que sou só de Hades.
–Hades? Então você é a mestiça que todos estão falando? -ele perguntou.
–Parece que sim. -respondi nervosa. Não gosto de ser o centro das atenções. Nunca gostei.
–E você odeia isso, certo? -ele reparou.
–Não faz ideia do quanto. -respondi suspirando.
–As coisas por aqui normalmente são assim infelizmente. Quando chega alguém novo é sempre esse rebuliço. Ainda mais com pessoas diferentes e especiais. -ele contou sorrindo pra mim.
–Eu não sou especial. -falei abaixando a cabeça. Uma mexa cobriu meu rosto. Acho que daqui a pouco consigo desfazer esse penteado.
–Se não fosse as meninas de Afrodite não se sentiriam tão ameaçadas por você e mexeriam tanto contigo. -ele falou.
–Como sabe que elas mexem comigo? E isso não quer dizer nada. Elas só não gostam de ter uma aberração como meia-irmã. Sem falar que elas estão certas. Eu não pareço filha de Afrodite. -desabafei.
–Você é melhor que elas. -ele falou rapidamente e depois acrescentou- Normalmente não me dou bem com o jeito das outras filhas de Afrodite, elas simplesmente se atiram pra todo garoto bonito.
–Pode ficar tranquilo. Não vou me atirar em você. Normalmente prefiro os garotos como amigos. Principalmente quando não me olham estranho. -expliquei.
–Seu jeito de agir demostra isso. -ele sorriu.
–Ah, é? O que tem o meu jeito? -perguntei curiosa.
–Ah... Você sabe do jeito que você falou. -ele falou sem jeito, atrapalhado.
–Não sei não. Me explica. -pedi. Era muito legal deixar ele sem graça, mas eu realmente não sabia.
–Não. -ele respondeu. Ele fez isso só pra me provocar.
–Por favor. Fala. -pedi. Eu queria saber. Se eu soubesse usar o charme, eu usaria agora.
–Não vou falar não importa o quanto você pedir! -ele falou sorrindo.
Cheguei bem perto dele. Minha boca estava próxima a sua orelha.
–Por favor. Fala pra mim. -sussurrei. Tive que me apoiar em seu peito pra não cair em cima dele.
Ele segurou de repente e tampou minha boca me prendendo no chão.
–Não vou fazer isso. Independente de você usar o charme ou não. -ele sussurrou próximo ao meu ouvido. Fechei os olhos nervosa, lembrando quando passei por algo parecido com o Nico. Do nada ele soprou na minha cara, me soltou e se afastou rindo.
–Não sei usar o charme. Idiota. -falei emburrada, voltando a me sentar.
–Então porque fez aquilo? -duvidou.
–Estava tentando te convencer. Sabe, o charme é um dom muito raro. É muito difícil achar um filho de Afrodite com isso. -expliquei.
–Eu sei disso. Estou nesse mundo a mais tempo que você. Só perguntei. -ele falou dando os ombros e se levantando.
–Desculpa. -falei baixinho, olhando pro chão.
–Pra que você está pedindo desculpas? -ele perguntou.
–Na verdade não sei. Acho que já é costume. -respondi sem graça. Ele sorriu e saiu caminhando.
–Espera! -gritei.
–O que é? -ele perguntou olhando pra trás.
–Fica. -pedi por instinto.
–Porque deveria? -ele perguntou pra me provocar, com um dos olhos fechados e com os braços atrás da cabeça.
–Por que não? -entrei no jogo.
–Porque talvez eu tenha outra coisa pra fazer? -ele falou sorrindo.
–Você tem? -perguntei.
–Talvez. -ele respondeu se aproximando lentamente, me olhando nos olhos.
–E o que seria? -falei sem desviar o olhar.
–Alguma coisa tipo treinar esgrima ou lidar com meus irmãos e irmãs irritadiços? -ele sugeriu.
–Você considera isso melhor? -levantei uma das sobrancelhas para dar entonação ao tom sarcástico.
–Do que o que? Ficar aqui com você? -ele perguntou.
–É... -confirmei.
–O que eu ganharia por ficar aqui com você? -ele perguntou ficando bem perto de mim sem acabar com o contato visual.
–Depende do que você quer e do que eu considero justo. -respondi e mordi o lábio pra provocar.
–E o que você sugere? -ele questiona.
–Diz você primeiro. Aí eu penso. -falei.
–Eu acho que você que deve propor algo. -ele rebateu.
–Não sei o que você pode querer. -falei sinceramente.
–Se você não arriscar um palpite não terá graça. -ele falou se afastando um pouco.
–Um desejo. -sugeri.
–Você não é nenhum gênio da lâmpada pra se querer um desejo. -ele brincou.
–Depende do que você escolher. -sorri em resposta.
–Então o que você estaria proposta a dar? -perguntou.
–Já disse que você tem que pedir. -respondi.
–E eu que você que tem que ter a ideia. Afinal quem quer que eu fique é você. -ele provocou.
–E quem tem que escolher o por que de ficar é você. -respondi a altura.
–Mas quem tem que me dar o porque eu deveria ficar é quem quer que eu fique. -ele rebateu.
–Ok. Façamos assim. Você me diz o que quer e eu faço. -falei e tentei me levantar. Não consegui. Ele segurou minha cintura e me deixou presa.
–Você faz ideia do risco que se colocá fazendo uma proposta dessas? Alguns tentariam se aproveitar disso. -ele falou baixo, quase sussurrando.
–Você tentaria? -perguntei inocentemente.
–O que você acha? -ele sussurrou no meu ouvido provocante.
–Que eu devia ter medo. -sussurrei de volta. Esse jogo era perigoso eu sabia disso, mas eu não conseguia me controlar.
–E você está? -ele perguntou me olhando nos olhos. Nossos rostos estavam bem próximos ao ponto de fazer meu coração se acelerar.
–Depende do que você fizer a partir de agora. -respondi ofegante.
–E o que você quer que eu faça? -ele perguntou sussurrando com a voz meio rouca.
–Isso é com você. -respondi.
–Então deixa eu mudar a pergunta. O que você imagina que eu faça? -ele falou.
–Prefiro nem comentar. -falei.
–Então... Quer que eu pare por aqui, antes que qualquer coisa possa acontecer?- ele sussurrou.
–Não. -falei. Fechei os olhos e senti seus lábios colares nos meus. Coloquei os braços em volta do seu pescoço e agarrei seu cabelo. Ele apertou ainda mais minha cintura e a outra segurou minha nuca.
–Agora nem adianta reclamar. Eu te perguntei se você queria parar antes. -ele falou com a testa grudada na minha ofegante, logo depois do beijo terminar.
Senti meu rosto esquentar e ele me puxar novamente. Paramos por causa da falta de ar.
–Era por isso que queria que eu ficasse? -ele provocou me fazendo corar ainda mais.
–N-não. Isso não estava nos meus planos. -respondi sem ar.
–Hm... Isso quer dizer que você não queria? -ele me provocou novamente.
–Isso quer dizer que eu não esperava. -respondi.
–Essa é toda a verdade ou parte dela? Ou você imaginou outras coisas naquela hora? -ele me provocou ainda mais.
–Que diferença faz? -perguntei provocando. Estava adorando brincar e ele também, eu podia sentir isso.
–Faz muita diferença. -ele respondeu, parecendo olhar dentro de mim com aqueles olhos sedutores.
Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Eu sentia medo do que podia acontecer, mas a vontade de deixar algo acontecer era ainda maior.
–Não vai dizer nada? O gato comeu a sua língua por acaso? -perguntou, sabia que ele estava me provocando novamente.
–Não. Ele me beijou. -brinquei para provocar.
–Você está reclamando? Vai dizer que não gostou. -ele falou sem parar com a brincadeira.
–Nunca disse isso. Ou você se arrepende do que fez? -perguntei.
Ele pareceu que ia responder porém outra pessoa chegou no local e impediu que isso acontecesse.
–Hana? -ouvi meu nome ser chamado e fui ver quem era. Era... O Nico. Merda. Isso não pode ser sério.
–O que está acontecendo aqui? -ele perguntou sério. Nenhum de nós dois respondeu. Tinha ficado uma situação desagradável.
–Não vão responder? -ele insistiu.
–O que parece que está acontecendo? - falou Calleb, que já tinha se afastado um pouco de mim e parecia de mau humor.
–Que você estão se pegando ou que você está agarrando ela. -Nico respondeu frio.
–E o que isso tem haver com você? Tenho certeza que Hana sabe se cuidar sozinha. -retrucou Calleb estreitando os olhos.
–O problema é que tem muitos garotos nesse acampamento e eles tentariam se aproveitar dela. -falou irritado.
–Você está achando que eu estou me aproveitando dela? Que estou forçando ela a alguma coisa? -rebateu Calleb começando a perder a paciência.
–É o que parece. -Nico respondeu enraivecido. Se aproximando de Calleb. Aquilo não ia acabar bem.
–Chega. -um galho se esticou para ficar entre os dois garotos em sinal de aviso. Era a Nick. Ela olhou pra mim sugestiva como se soubesse de tudo só de olhar os meus olhos. Bem na verdade isso era bem possível para nós duas.
–Qual o problema de vocês? -perguntei me levantando e parando ao lado dela.
–Eles são garotos, Hana. Queria o que? Que focem menos idiotas e mais educados? -Nick falou com sarcasmo fazendo os meninos a encararem. Principalmente certo filho de Ares.
–Acho que a questão não é essa. O problema é estarem brigando sem motivo. -intervi antes que outra discussão começasse.
–Mas pelo que percebi eles meio que iam brigar por sua causa. -ela falou perceptiva, porém se desconcentrando fazendo o galho voltar ao normal. Ela fez uma careta. -É... Ainda não consigo controlar.
–Com o tempo melhora. -consolei. -E não vejo o por que de brigarem por mim. -falei.
–No reino animal isso acontece quando dois machos brigam pela mesma fêmea. -Nick ponderou viajando um pouco. Os garotos olhavam pra ela meio perdidos.
–Nick foco. Volta pra realidade. -estalei os dedos em frente ao seu rosto, com a intenção de "desperta-la".
–Falando nisso, Hana... Eu posso ter impedido eles mas quem é o loiro? -ela perguntou.
–Ah, sim. Desculpa. Esse é o Calleb. -apresentei.
–Hm... -ela ficou analizando o garoto de cima a baixo e olhando no fundo dos olhos dele procurando suas intenções. -Filho de Afrodite? -ela perguntou curiosa. Acho que ele realmente não parece filho de Ares.
–Eu sou filho de Ares! Porque todos acham que sou de Afrodite? -ele falou inconformado.
–Já se olhou no espelho? -perguntei irônica. Estava começando a achar que ele tem problemas de visão.
–Já. Vocês falam isso julgando apenas pela minha aparência. -ele reclamou. Nico estava olhando pra ele com ódio.
–Ei, não fale como seu eu não entendesse disso. -rebati fria.
–Hana ele parece irritante. -Nick exclamou apontando pra ele e olhando pra mim.
Não aguentei. Comecei a rir. A cena era muito cômica. O Nico olhando irritado pro Calleb, ele com a cara emburrada e a Nick apontando pra ele como se tivesse acabado de fazer uma grande descoberta.
–Do que você está rindo? Enlouqueceu? -Calleb perguntou parecendo assustado.
–Da situação talvez? -Nick argumentou.
–E o que tem de tão engraçado na situação? -Nico perguntou estressado.
–Tudo, mas deixem isso pra lá. Por que você está tão irritado Nico? -perguntei ficando séria.
–É! Porque você está agindo como um imbecil? -Nick perguntou também, do jeito dela.
–Não estou agindo assim. Só quero saber o que ele estava fazendo com ela. -respondeu tentando parecer calmo.
–Aham... -falou Nick nada convencida também.
–Será que dá pra responderem? -dessa vez ele nem tentou disfarçar a irritação.
–Hana? -Nick deu ênfase na pergunta, curiosa.
–Não interessa. -respondi séria. Ela me mandou um olhar do tipo que queria dizer que teria de contar tudo pra ela mais tarde. Assim que estivéssemos sozinhas.
–Como assim não interessa? -Nico perguntou exaltado.
–Exatamente o que ela disse. Não interessa. -Calleb respondeu com um sorriso de lado.
–Mas...! Hana! -ele se exclamou nervoso, parecendo perdido e confuso.
–Chega. Por que sempre ficam em cima de mim? A vida é minha. -reclamei. Saí dalí a passos largos.
–Quer companhia? -Nick perguntou vindo um pouco atrás de mim.
–Sua? Sim. Deles? Não. -respondi respirando fundo tentando me acalmar.
–Mas me conte. O que aconteceu exatamente? -Nick perguntou curiosa.
–Nada demais. -respondi tentando parecer sincera.
–Anda, Hana. Desembruxa. Você sabe que eu sei que aconteceu algo demais. -ela rebateu.
–Quando chegarmos ao chalé eu conto. -falei para deixá-la ainda mais curiosa. Ela revirou os olhos impaciente e apressou o passo.
–Então vamos logo! -ela falou e saiu correndo me puxando.
Sorri. Sentia falta disso. Sem brigas, sem problemas. Chegamos ao chalé e ela trancou a porta depois de entrarmos. Se sentou na cama e ficou me encarando. Sentei no chão de frente pra ela.
–E...? Então. Conta tudo antes de eu precisar ir aí arrancar minhas respostas! -ela exclamou fingindo seriedade e depois abrindo um leve sorriso divertida.
–Nossa. Que medo. -brinquei. -Ok. Vou contar. Eu estava na floresta e encontrei o Calleb, nos ficamos conversando e nos beijamos. -completei indiferente.
–QUEEE?! -ela gritou. -Como assim se beijaram?? -ela repetiu espantada.
–Beijando. -respondi olhando pro chão.
–Não. Jura? -ela perguntou ironicamente.
–Juro. -falei. Nos olhamos e começamos a rir.
–Ok. Vamos mudar de assunto? -pedi.
Ela parou um pouco pensativa.
–Preciso te contar uma coisa. -ela falou bem seria, porém pareceu um tanto nervosa também.
–O que houve? -perguntei preocupada.
–Na noite de ontem eu tive um sonho. Que tava mais pra um pesadelo. Que na verdade era uma memória. Uma memória selada. -ela falou se atrapalhando com as palavras.
–Ok. Acho que entendi. Continue. -pedi. Eu estava entendendo. Ela queria me contar algo que tinha tentado esquecer.
–Foi assim... -ela começou. Conforme ela foi contando eu fui entendendo várias coisas. O porque dela ter bloqueado essa memória, o porque dela ter tantos problemas com a palavra "monstro", a forma que sempre fingia ser algo que na verdade não era, de mostrar como se sentia e principalmente de evitar confiar nos outros e desconfiar de tudo.
Quando ela terminou seus olhos estavam marejados. Não falei nada apenas a abracei. Podia sentir as lágrimas no meu ombro e o movimento que seu corpo fazia quando ela soluçava. Fiz carinho no seu cabelo.
–Ei, calma. Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem. Nós estamos juntas, sempre estivemos e sempre vamos estar. -falei tentando acalma-la.
–Eu não entendo o porque de eu ter lembrado disso agora. Depois de mais de 10 anos. -ela confessou. Ela estava tremendo.
–Por que quando reprimimos algo. Isso volta. Temos que lidar com a situação, não fugir dela ou fingir que ela não existir. -expliquei.
–Hana eu não consigo lembrar do porque de eu estar procurando eles naquele dia. Algo tinha acontecido mas eu não consigo lembrar! Não é a única memória que eu não consigo acessar uma parte. A parte mais importante provavelmente! Parece que alguém selou elas. -ela sussurrou. Pude ouvir e sentir certo desespero em sua voz.
Nossos olhos se encontraram e eu entendi o que ela quis dizer. Tinha algo naquelas memórias. E tinha alguém que não queria que soubéssemos o que é.
–Eu te contei o sonho que tive com Ártemis antes de virmos pra cá não é? -ela perguntou, tentando confirmar isso. Do jeito que ela era ela ia ficar obsessiva por isso enquanto não descobrisse o que e o porque.
–Não lembro. -respondi forçando a memória. Eu sabia que não era paranóia dela. Realmente tinha algo acontecendo.
–No sonho ela falava: Está tudo bem criança... Eu sei que você está confusa, mas vai ficar tudo bem... Eu prometo. Você havia pedido um sinal e aqui está. Tenha calma, quando for à hora você lembrará de tudo... -falou.
–Acho que isso quer dizer que ainda não chegou a hora. -falei para acalma-la.
–Acho que devíamos nos preocupar não com a hora. Mas com o que. Quantas coisas eu esqueci e porque? E qual o grande segredo que elas contêm? -ela falou profunda.
–Nick. Na hora certa tudo será revelado. -respondi séria. -Até por que, não é o melhor lugar pra conversarmos sobre isso. As paredes tem ouvidos. -completei.
–Não sei porque mas com esse lance de perder as memórias me faz me sentir meio como o Percy quando Hera apagou as memórias dele. -ela comentou.
–Verdade. Também pensei nisso. -falei. Nos olhamos e tivemos a mesma ideia. -Qual filme? -perguntei sorrindo.
–Que tal... -ela pareceu pensativa, reparei que seus olhos se iluminaram. - Dezesseis Luas?
–Uhm... estava pensando no último Harry Potter. -falei me virando com três caixas de DVDs na mão.
–Sabe porque eu pensei no Dezesseis luas? -ela me perguntou.
– Por causa de Ártemis? - perguntei brincando.
–Não falta muito pro meu aniversário Hana. Menos de um mês. -ela comentou. -E eu farei 16.
–Isso eu sei. Só que eu achei que fosse mais por causa da lua mesmo. Temos três opções: Dezesseis Luas, Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 2 e As Crônicas de Nárnia a Viagem do Peregrino da Alvorada. -falei mostrando os DVDs. Sinceramente eu não gosto tanto de Dezesseis Luas quanto dos outros.
–Não! Nárnia não! Só se você quiser me ouvir xingando o diretor durante todo o filme! Esse é o pior dos filmes de Nárnia! -ela protestou.
–Nunca disse que era bom. Vamos ver qual então? -perguntei torcendo pra que ela não escolhesse o que eu achava que escolheria.
–Você não quer ver Dezesseis Luas não é? -ela falou desanimada.
–Não, mas podemos escolher outro. -falei tentando animá-la.
–Pode ser Harry Potter. Sabe que eu também amo HP. -ela disse forçando um sorriso. Mas então me lembrei de algo que eu queria falar com ela antes mesmo de voltarmos pro acampamento.
–Nick. Tem uma coisa que eu quero saber. E não adianta tentar dizer que não aconteceu, eu vi. -falei olhando em seus olhos.
–Ta... Do que você está falando? -ela perguntou meio confusa.
–De você e do Gabe. -respondi direta. Acho que ela se assustou um pouco pela forma como falei.
–O que que você quer falar exatamente, Hana? -ela se atrapalhou um pouco com as palavras devido ter sido pega desprevenida por mim.
–Eu vi vocês se beijando. E eu só quero que você fique de olhos abertos. Não confio nele. E você sabe que não devemos confiar em ninguém. -respondi direta e dura.
–Mas o Gabe... -ela falou mas a voz morreu. E me olhou duvidosa. Só então notei algo que pensava não existir, Gabe era uma fraqueza pra Nick, ele era o precioso amigo que ela amou e que pensou ter morrido bem em frente a seus olhos.
–Nick. Não estou pedindo pra se afastar. Eu também adoro ele. Só quero que tome cuidado. Não quero que aconteça tudo de novo. -expliquei. Eu realmente gostava dele. Ele é inteligente, divertido e bonito, além de ser uma ótima companhia. Eu só estava preocupada com ela. Nunca é bom criar muita esperança.
–Aconteça tudo de novo?? Tipo acontecer outro acidente e eu pensar que ele estava morto outra vez?! -ela falou mal humorada. Ela odiava o assunto.
–Estamos em guerra constante. Ele pode morrer, eu posso morrer, você pode morrer. Não estou dizendo que vai acontecer. Só quero que tenha em mente que isso aqui não é um jogo. Podemos perder a qualquer momento. -falei calmamente.
–Eu e você temos mais chance de morrermos que todos. Somos as "Mais-Procuradas-Do-Olimpo" de acordo com Dioniso. -ela comentou.
–Isso não elimina as chances dos outros. Você acha mesmo que se te atacarem o Gabe e o Leo vão ficar sentados olhando? -falei.
–Eu sei. E podem usar eles pra nos chantagiar. -ela falou.
–Por isso acho que devemos tomar cuidado. -pedi.
–Eu sei... -ela falou.
–Ah!! Lembrei do que queria te perguntar. Seja sincera. O que você sente pelo Gabe? Você ainda gosta dele como gostava antes? -perguntei. Eu queria ter certeza do que estava acontecendo.
–Eu... Não sei... -ela falou.
–Nick. Pode confiar em mim. -falei.
–Não é isso Hana. Eu apenas não sei direito o que eu sinto. -explicou. Assenti e mudei de assunto.
–Então... vamos ver o filme? -perguntei e vi ela sorrir e se animar.
–Harry Potter! -ela exclamou. Nos olhamos e rimos.
–Vamos fazer alguma coisa pra beber ou pra comer? -perguntei. -Ah. Só não podemos esquecer que temos que acordar cedo para as atividades amanhã.
–Ah... É mesmo. Atividades de amanhã. Iupi...! -ela fingiu animação
–Sei que está tão animada quanto eu, mas o lado positivo é que vamos ter luta. -falei e vi uma faísca de animação brilhar em seu rosto.
–Pelo menos algo pra descontar a raiva. -ela falou.
–Você não me respondeu. Vamos fazer alguma coisa pra comer e pra beber? -repeti a pergunta.
–Tanto faz. -ela falou e fizemos pipoca e pegamos um suco de pêssego. E fomos ver o filme.
Eu sentei encostada nos travesseiros e ela deitou com a cabeça no meu colo. Estávamos cansadas. Quando o filme acabou nós já tínhamos dormido.
Eu acordei com um pulo com um grito da Nick. Procurei ela pelo cômodo. Ela estava encolhida contra a parede tremendo e abraçando os joelhos.
–Nick. O que houve? -perguntei me aproximando dela.
–O-outro pesadelo... -ela falou tremula. Os olhos dela expressavam medo.
–O que aconteceu no pesadelo? -perguntei curiosa.
–Eu descobri o que aconteceu pra mim ter ido procurar meus avós. -ela falou.
–E o que foi? -perguntei curiosa.
–Bem... Foi... -ela começou a falar e segurou minha mão. Então meio que nossas consciências foram arrastadas pra um extenso gramado que eu reconheci como o do sítio dela.
"Uma versão da Nick pequena passou correndo pelo gramado e parou em frente a mata, ou "Floresta Negra" como Nick a chamava carinhosamente. Pensei que talvez ela estivesse hesitando mas a garotinha entrou na floresta saltitante. E nós a seguimos.
Ela foi andando por um bom pedaço até parar perto de uma grande fenda no meio que lembrava um túnel. Ela abriu um sorriso e a atravessou. Foi como passar pra outro mundo. Tinha uma clareira coberta de flores belíssimas. No centro da clareira se encontravam diversos animais silvestres.
–Olá pessoal! -disse a pequena Nick pros bichinhos. Que responderam com alguns silvos e grunhidos.
–Desculpem eu sei que demorei a vir hoje. Mas trouxe presentes pra voces! -ela falou tirando do bolso várias frutinhas ,sementes e grãos. Que os animaiszinhos receberam de bom grado. -Não foi nada. -ela respondeu como se entendesse o que eles estavam falando. Quando de repente pudesse se escutar o farfalhar das folhas sob passos.
–Quem está aí? -ela perguntou inocentemente. Se levantando e se aproximando da onde estava a pessoa. Mas quando chega perto o suficiente a pessoa some. E Nick fica atônita pois os animais tinham ido se esconder ela tomou uma decisão e saiu em direção a casa pra contar sobre a invasão."
Foi aí que acabou e voltamos pra realidade.
–Nick, você tem alguma ideia de quem pode ter sido a pessoa? -perguntei. Mesmo sabendo que ela não saberia, ela tinha reprimido aquela memória. Ela não se lembrava de nada.
–Não... Só tenho a impressão sobre ser uma mulher. E ela era veloz demais para ser humana. -ela respondeu. Talvez ela não tenha reprimidos as memórias e alguém as tenha selado por algum motivo. Pois não era o tipo de memória que se apagava dessa vez.
–Bem, pode ter sido Ártemis, te vigiando. Parece que somos mais parecidas do que pensávamos. Agora, vá tomar um banho pra relaxar, eu vou logo depois. Temos que ir comer pra estarmos dispostas pras atividades de hoje. -falei enquanto colocava uma mexa de seu cabelo atrás da orelha.
–Ok. Que horas são? -ela perguntou se levantando e olhando pra janela. Ainda estava escuro. -Hana acho que ninguém está acordado ainda. -completou antes que eu respondesse. Olhei pro relógio. Ainda era madrugada.
–São 4:27. Podemos dar uma volta. Aproveitar que não vão ter ninguém. Eu não vou conseguir voltar a dormir e acho que você também não. -expliquei.
–Eu não sei se quero ir lá pra fora. Toda vez que eu saio de madrugada uma desgraça acontece. -ela falou.
–Sabe que não é verdade. Se estiver cansada e quiser voltar a dormir... -sugeri.
–Depois que eu sonho e que volto a dormir eu não sonho com nada. -ela revelou. -Mas não tenho certeza de nada.
– Bem. Eu não vou conseguir dormir. Você sabe disso. Sem falar que eu também estava tendo um pesadelo quando você me acordou. -revelei.
–O que você sonhou? -ela perguntou preocupada.
–Com algo que eu não sonhava faz muito tempo. -respondi enigmática.
–Me conta. -ela pediu.
Eu não tinha escolha. Eu tinha que contar pra ela. -Ok. Eu conto, mas não aqui. Não gosto de lugares fechados. -falei. Ela se levantou, pegou sua roupa e foi pro banheiro.
–Ande logo e vamos. -ela falou já pronta.
Peguei a primeira roupa que e entrei no banheiro. A água quente relaxada os músculos. Tomei um banho rápido e coloquei a calça e a blusa que tinha pego.
–Vamos. -ela falou assim que sai do banheiro e me guiou até uma parte profunda da floresta.
–E então. Já estamos fora. Me conta tudo. -ela falou se sentando no centro da pequena clareira coberta me convidando a se juntar a ela.
Me sentei de frente lar ela.
–Escuro. É sempre assim que começa. Como se eu não fosse sonhar. De repente eu ouço um barulho. Então uma luz, vinda de uma lâmpada presa ao teto. O som vai se aproximando, são gritos. Gritos de agonia. Meus gritos. Eu tinha 9, 10 anos. Um grupo da minha sala tinha me batido até eu desmaiar. Depois me trancaram em um quarto pequeno. Era onde eu estava, toda machucada e sangrando e com as roupas rasgadas. Eu arranhava as paredes tentando sair dalí. Então a porta é aberta e uma garota entra e me puxa de lá pelos cabelos. Ouço risadas. Então ela me joga perto de uma árvore, embaixo de uma sombra. Ou fecho os olhos e imagino que estou na floresta da sua casa. As risadas param. Quando eu abro os olhos estou perto do riacho e da ponte. -contei. Eu odiava aquela lembrança. E ela sempre vinha me assombrar.
–Peraí! Você conseguia se transportar pelas sombras?! -ela exclamou.
–Eu não sei. Fiquei tão assustada com o que tinha acontecido antes que corri pra casa e me tranquei no quarto. Foi nessa semana que eu pedi pra mudar de escola e fui estudar na sua. -respondi olhando pro chão
–Ata. Parece que de alguma forma tínhamos mais acesso aos nossos poderes quando éramos crianças do que agora. -ela falou rindo de jogando pra trás e deitando na grama.
–Acho que eu preferia ter bloqueado essa memoria. -admiti.
–Porque eles te bateram Hana? -ela perguntou preocupada.
–Eu também não sei. Eu não falava com ninguém dá sala. -falei.
–Eu também não sei. Eu não falava com ninguém dá sala. -falei.
–Aquelas pessoas tinha sorte por eu não estudar lá. Lembra por como eu era chamada lá no meu colégio? -ela falou.
–Aquelas pessoas tinha sorte por eu não estudar lá. Lembra por como eu era chamada lá no meu colégio? -ela falou.
–Na verdade não. Eu não peguei essa época. -expliquei meio confusa.
–Me chamavam de Malévola. A garota incapaz de sentir e capaz de destruir tudo. -ela falou fria.
–Ok. Só um importante aviso. Falar friamente não me dá medo. -falei. Ela me encanrou e rimos.
–Não era a intenção. Eu não consigo falar disso de outra forma sabe? -ela contou.
–Ok. Mas acho que podemos ir pro lago. O Sol já vai nascer. -falei me levantando.
–Nadar ou só olhar a paisagem e molhar os pés? -ela perguntou.
–Não sei. O que você prefere? -respondi com outra pergunta.
–Sei lá. Se formos nadar seria melhor pegar nossos biquínis. -ela respondeu
–Vamos lá pegar então. Só não garanto que vou usar. -falei. Ela se levantou e seguimos pra chalé.
–Porque não Hana? Está com vergonha da natureza? -ela perguntou divertida.
–Digamos apenas que nunca se sabe quem está por perto. -falei fingindo mistério. Irmos e entramos no chalé. Fomos até as nossas roupas.
–Você já devia saber que nada e ninguém se aproxima de surpresa de mim. -ela comentou. Depois de colocarmos os biquínis e pegar toalhas fomos para o lago da cachoeira.
–Nick. Acho q esse biquíni é seu. Por que eu sempre pego errado? -falei. Gente, como eu posso ser tão distraída?
–E porque eu sempre prevejo que isso iria acontecer? -ela respondeu com outra pergunta me entregando um dos meus biquínis.
–E eu vou me trocar onde? -perguntei. O problema não era me trocar. O problema era se alguém aparecesse.
–Hum... -ela parou pensativa, analizando o ambiente. Então perto das rochas altas da cachoeira galhos se moveram até formar um tipo de cabana. -Rápido, Hana. Troque-se lá. Não sei por quanto tempo conseguirei manter as coisas assim.
Peguei o biquíni e fui pra lá. Me troquei o mais rápido que podia.
–Nick. Só preciso que me ajude a amarrar. -falei e vi os galhos voltem para suas posições originais.
–O-ok. -ela falou arfando. Tentar controlar seus poderes ainda custava muito pra ela. Rapidamente ela amarrou o biquíni.
–Pronto. O que acha de colocar uma música pra animar? -perguntei enquanto colocava o biquíni dela junto das toalhas.
–Como vamos colocar música se não trouxemos nada pra fazer isso? -ela rebateu revirando os olhos.
–Você não trouxe. -falei tirando meu celular do meu das toalhas. Eu tinha escondido ele. Sabia que não podia ter ele e que não podia ser pega.
–Juro que se eu não estivesse cheia de problemas teria ido bater no Dioniso pelo que ela fez com o meu celular. Céus! Eu paguei aquele IPhone! Quanto diabos ele acha que é o preço pra ele fazer o que bem quiser com a propriedade dos outros?! -ela soltou revoltada.
–Ei, calma. Agora é um momento pra gente relaxar. -falei me aproximando dela e a puxando pelos pulsos até a beira d'água. Peguei o celular. -Que música coloco? -perguntei.
–Ei, calma. Agora é um momento pra gente relaxar. -falei me aproximando dela e a puxando pelos pulsos até a beira d'água. Peguei o celular. -Que música coloco? -perguntei.
–Não sei. -ela respondeu. E mergulhou na água.
Coloquei "Sweet. Chile o'Mine" pra tocar e larguei o celular em cima das toalhas. Sem pensar me joguei. A água estava fria, ou seja, maravilhosa.
–Vai dizer que o início dessa música não acalma? -perguntei divertida e joguei água nela.
–Um pouco. -ela admitiu. Se protegendo com as mãos.
–Você senti falta? -perguntei curiosa.
–Do que? De ouvir música e relaxar? -falou.
–Não. De alguma coisa do passado. -expliquei
–Não sei. Não sei se posso confiar nas minhas memórias... -ela falou pensativa.
–Eu não sinto. -falei sincera.
–Do Toby... -ala admitiu. -Eu não sei como vou viver sem ele...
–Nick. Agora não é o momento de pensar nisso. Temos que relaxar. -pedi.
–Eu sei mas não consigo deixar de pensar nele! -ela sussurrou.
–Eu entendo. -falei em tom de consolo. -Agora, que horas são?
–Sou relógio por acaso? -ela rebateu divertida.
–Você está mais na beira gênio. -respondi no mesmo tom.
–Estou com preguiça. -ela falou se deixando flutuar.
Sorri de canto. Mergulhei e abri os olhos. Me aproximei dela. Antes que ela fizesse qualquer coisa a puxei pra baixo.
Ela deu um grito e engoliu um pouco de água. Quando voltamos a superfície ela me olhou.
–Você vai me pagar. -gritou tirando o cabelo da cara.
–Dinheiro ou cartão? -brinquei. Eu não conseguia parar de rir. Depois de alguns segundos ela de acalmou e começou a rir comigo.
–Idiota. -ela falou parando de rir e me tacando água.
–Que você ama. -falei e mandei um beijo.
–Olha quem fala! -ela provocou piscando pra mim.
–Ok. Já deu. Melhor voltarmos pro chalé. Daqui a pouco as pessoas vão acordar. -falei.
–E daí? Está com medo que vejam a gente na cachoeira de biquíni? -ela ironizou.
–Sinceramente? Sim. -respondi antes de mergulhar por inteira.
–Aiai Hana... Só você mesmo. -ela brincou saindo da água e começando a se secar com sua toalha. Quando do nada ficou tensa, e começou olhar em volta apreensiva.
–Está sentindo a presença de alguém não é? -perguntei já sabendo a respostas. Como eu nunca tive muitos amigos eu apenas observava os outro, com o tempo aprendi a interpretar as reações e os sinais corporais das pessoas
–Sim... -ela continuou procurando todos os lados , até que focou em uma direção- Quem está aí?!
Olhei apreensiva e fiquei apenas com a cabeça pra fora d'água.
–Quem está aí? -gritei já que o ser não tinha respondido a Nick.
O mato se moveu. Como se a pessoa estivesse tentando escapar.
–Nem tente fugir. Vai ser pior pra você. -gritei irritada. Acho que a pessoa entendeu. Os arbustos voltaram a se mexer.
–Nem tente fugir. Vai ser pior pra você. -gritei irritada. Acho que a pessoa entendeu. Os arbustos voltaram a se mexer. Arregalei os olhos. Não podia acreditar. Leo, Gabe, Calleb e Nico saíram dos arbustos muito corados e com cara de culpados.
–Vocês estavam nos espiando? -Nick perguntou irritada.
–Não nós... -Leo começou a falar se aproximando de Nick que recuou pisando em uma pedra molhada e escorregando, caindo dentro da água.
–Nick. -gritei indo em sua direção. Ela tinha caído na parte rasa. Conclusão: eu praticamente saí da água.
–Ai... Minha cabeça... -Nick se levantou, com a mão na cabeça.
–É... Nick, sua toalha caiu. -falei corada ao perceber que eu nem de toalha estava.
–Porque você acha que eu não me levantei?! -ela falou cheia de agonia. -O que vocês pensam que estão fazendo aqui?! Vão embora!!
Eles simplesmente ignoraram o que ela disse e continuaram parados nos encarando.
–Eu disse VÃO EMBORA! -ela gritou e tacou uma pedra na direção deles.Infelizmente ela não acertou. Também, caído na água não é adequado pra isso.
–O que querem? O que estão fazendo aqui? -perguntei depois de? -Estávamos procurando vocês. -falou Nico.
–Ah! Claro! Porque agora todos os 4 são melhores amigos e não querem se bater! -falou Nick com sarcasmo.
–Vocês vão falar alguma coisa ou vamos ter que ir aí? -falei irritada.
–Vocês sairiam da água? -Leo perguntou rindo.
Logo após ele falar uma pedra atingiu a testa dele e ele caiu pra trás. Olhei pra Nick sabendo que tinha sido ela.
–Nós não vamos sair daqui. -Calleb falou. O pior e que nós realmente não iríamos sair da água.
–Legal. Vocês querem que a gente fique na agua até nossa pele enrugue? -Nick provoca.
–Não. Nós queremos que vocês saiam da água. -Gabe respondeu com um sorriso maldoso nos lábios.
–Gabe, Gabe... Você não conhece a história de Ártemis e Acteon? -Nick pergunta.
–Qual é Nick. Por que você não pode relaxar, estamos entre amigos. Devia aceitar brincadeiras as vezes. -Gabe reclamou. -Mas já que vocês não querem sair eu vou entrar. -completou enquanto tirava a blusa.
–O-o q-que você está fazendo?! -gagueja Nick, corada pois ele pulou do lado dela.
–A mesma coisa que eles. -falou apontando pros outros que também estavam tirando as camisas.
–Gabe! -ela reclamou. Se afundando ainda mais na água. Ainda corada por ele estar tão próximo a ela e olhando para ela, completamente.
Senti a água se mexer atrás de mim. Me virei e dei de cara com Calleb. Ele estava muito perto. Afundei o máximo que podia.
–O que ouve? Não sei porque vocês estão com tanto drama, afinal vocês não estão nuas. -ele falou me provocando como sempre.
–Estou com pouca roupa. Não gosto que ninguém me veja assim. -falei muito corada. Ele estava se aproximando. Fui chegando pra trás até encostar em uma pedra. Sem perceber eu me levantei enquanto escorada na pedra.
–Não! Gabe para! Não! -escutei Nick gritar e olhei pra direção deles apavorada, pensando no pior. Quando reparo que na verdade Gabe está fazendo cócegas nela. Respirei aliviada.
–Sabe, você devia usar biquíni mais vezes. -Calleb falou chegando ainda mais perto. Só aí percebi que da cintura pra cima eu estava fora d'água.
Senti meu rosto queimar.
–Com certeza não. -falei séria. Então senti água no meu rosto. Olhei pro lado, era o Leo. Empurrei o Calleb e fui na direção do garoto em chamas.
–O que foi Leo? -perguntei observando a cara dele.
–Porque mesmo depois de tudo ela se da tão bem com ele? Eles ficaram anos sem se ver... -fala Leo.
–Algumas coisas não tem explicação. -respondi dando de ombros.
–Será que ela ainda ama ele e por isso nunca da chance pra ninguém. Com a desculpa de não acreditar no amor? -ele fala.
–Eu não inventei nenhuma desculpa. Eu realmente não acredito em algo como o "Amor". -Nick diz fazendo aspas no ar.
–Não é o que parece. -ele falou irritado.
–Ok, ok. Não vamos discutir. Ainda falta uma horas pras atividades. Vamos aproveitar. -Nico falou acabando com a possível discussão.
–Tanto faz. Podem ficar se quiser, eu vou sair. -ela diz dando os ombros e votando na direção da beira do lago que estavam nossas coisas.
–Nick. Não me deixa aqui. -pedi antes que ela saísse da água.
–É só vir também. -ela falou, mas Gabe agarrou ela pela cintura impedindo de sair. -Me solta!
–Não. É se você realmente se importa com alguém aqui aceite que nós só queremos relaxar. Não vamos nos aproveitar de vocês nem nada do gênero. -ele falou sério
–Não é nada disso. Podemos ser garotas, mas não pense que somos indefesas. Só já passamos tempo demais na água! -ela rebateu tentando se libertar.
–Nick! Para de bobeira!! Desde quando você ergueu essa barreira em si mesma? -o garoto protesta tentando continuar prendendo-a.
–Desde que você sumiu. -respondi fria. Andei até a beira e me virei pra eles. -E você não entendeu o que ele quis dizer, Nick. -completei olhando pra ela
–Hm... -ela vira o rosto mal humorada. Sei que ela odeia ser contrariada e exposta.
–Mas ela tem razão. Já passamos tempo demais na água. -falei saindo do lago e indo em direção às toalhas.
–Não vão! -protesta Nico e Leo.
Antes de falar qualquer coisa me enrolei na toalha. Já tinha ficado exposta demais.
–Por que ficaríamos? -perguntei encarando-os.
–Porque somos seus amigos. -ele falou implorando com os olhos.
–É verdade! Não queremos que vocês vão embora! -fala Leo.
–Nos dêem um bom motivo pra ficar. -falei cruzando os braços.
–Pra se divertirem conosco? Sem segundas intenções, claro. -Calleb acrescentou quando olhamos pra ele duvidosas, embora Nick estivesse presa.
–Ok. Nós ficamos, mas me solta. -ela respondeu irritada.
–Ok... Mas lhe farei cócegas se reclamar mais, Nick. -ele piscou pra ela, que socou seu braço.
Sorri. Larguei a toalha no chão e tentei entrar na água o mais discretamente possível.
–Hana... Porque eles não deixam a gente em paz? -pergunta Nick sussurrando pra mim incomodada.
–Por que somos as únicas garotas do acampamento que não dão em cima deles. -sussurrei de volta
–Bem... Tecnicamente isso não se aplica com todos... -ela cora.
–Nós não damos em cima de ninguém. Eles é que dão em cima da gente. -expliquei
–Não sabemos disso sobre o Gabe e o "seu queridinho" Calleb. -ela fala baixinho pra mim.
–Bem... o Gabe é um velho amigo e o Calleb é um novo amigo. -falei simplesmente
–Amigo... Sei! -ela me da uma cotovelada de leve piscando.
–Tanto quanto o Gabe é seu. -rebati
–Só que quando conheci Gabe não beijei ele no primeiro dia! -ela exclama.
–Ei. Também não precisa falar assim. Me faz parecer uma oferecida. -falei abaixando a cabeça.
–Sinto muito. Passei do limite. Não queria te ofender. -ela pede.
–Tudo bem. -falei colocamdo um sorriso do rosto.
–As vezes não sei qual de nós é pior! -ela brinca.
–Acho que dá empate. -brinquei
–Apesar de tudo não posso amar. Não mesmo. -ela fala tentando manter-se seria.
–Ninguém falou nada sobre amarmos eles. -pisquei e mergulhei.
–Eles que tentarão nos convencer do contrário. -ela sussurrou em meu ouvido assim que eu retornei a superfície.
–Isso só o tempo pode dizer. -falei de olhos ainda fechados
–E o que você quer pro futuro? -ela perguntou.
–Felicidade. -falei sorrindo.
–Eu duvido tanto dessa palavra quanto do amor. -ela confessou, sorrindo de leve, sem graça.
–Nesse ponto discordamos. Eu sei que a felicidade existe, por que eu sinto ela cada vez que ajudo alguém ou vejo alguém feliz. Ela não precisa ser eterna, apenas mostrar que está alí. -respondi.
–Ok... Pode até existir mas sinto que não gosta muito de mim não. -ela deu os ombros.
–Ok. Já cansei de falar sobre isso. -falei mergulhando novamente.
–Só eu não vejo necessidade ou tenho vontade de continuar aqui? -ela falou mas pra si mesma, se levantando e sentando na margem.
–Não. Eu também quero sair. Quero não, eu vou sair. -falei, saí rapidamente da água e me enrole na toalha. Comecei a andar em direção ao chalé.
–Buu! -ela gritou quando apareceu no meu lado correndo e rindo e passou na minha frente.
–Ah! -gritei fingindo susto. Era o tipo de brincadeira que fazíamos sempre.
–Ande logo sua lerda! Vai ficar pra trás! -ela provocou começando a correr mais rápido.
Ri e comecei a correr também. Começamos a correr lado a lado até chegarmos ao chalé.
–Eu vou primeiro. -ela falou correndo pro banheiro. Sorri. Era sempre assim.
Quando ela acabou fui eu. Assim que saímos do chalé pra ir tomar o café da manha, vimos um tumulto e uma garota de toga.
–Com licença, vocês viram o Leo? -ela perguntou e eu vi Nick franzir as sobrancelhas.
–O que você quer com ele? Quem é... -ela não pode terminar de falar pois os garotos apareceram já vestidos sem as roupas molhadas.
–Calipso? O que você está fazendo aqui? -Leo perguntou surpreso. A jovem sorriu e correu na direção dele pulando em seus braços e o beijando.
–Ei, ei... calma. Ficou louca? O que você está fazendo? -Leo perguntou a afastando. Pude ver a decepção passar pelo rosto da garota e uma pequena faísca de raiva e decepção nos olhos de Nick, mas eu sabia que ela nunca admitiria.
–Ora, ora... A verdade sempre aparece, afinal. -Nick diz sarcástica deixando a todos um pouco confusos.
–Nick. Agora não é a hora. -sussurrei antes que ela fizesse alguma besteira. Acho que nem os garotos nem Calipso a ouviram.
–Eu achei que poderia finalmente esquecer o Percy e... -Calipso começou a falar, mas foi interrompida por um Leo sério.
–Ah, você queria esquecer ele? Claro. Aí pensou que poderia vir usar o idiota aqui pra isso? Ideia brilhante. -ele falou saindo em direção ao refeitório.
–Você é idiota?! -Nick deu um tapa no Leo, irritada.
–Não, mas devo parecer. Você me bateu por que? Acha quase devia ter deixado ela me usar assim? -ele perguntou irritado.
–Céus você é mesmo idiota! Garotos são tão imbecis ao ponto de não ver quando uma garota de gosta dele?! Não entendo o sentido das palavras proferidas?! -ela fala sem paciência. Acho que provavelmente ninguém está entendendo nada. Muito menos a Calipso.
–Eu entendo que você não tem nada a ver com isso. Você ia gostar de ser segunda opção? De servir apenas pra esquecerem outra pessoa? Ela não gosta de mim. Eu sou só o próximo. -ele praticamente gritou com ela, deu as costas e saiu dalí sem que ela falasse novamente
–Essa criatura imbecil! -exclama Nick irritada e sem paciência. Pior do que antes. Ele falou demais.
–Sinceramente, não sei o que é pior. Ele ter falado assim ou ele ter razão. -falei pra mim mesma, infelizmente a Nick ouviu.
–Hana! -ela reclama.
–O que? Isso é fato. Não quero discutir agora. Vou pro estábulo. -falei tentando fugir do café.
–Ele fala sobre isso de ser segunda opção e de servir pra esquecer outra pessoa. Mas não foi basicamente o que ele fez quando mesmo tendo sentimentos pela Calipso, não adianta negar pois você sabe que é verdade, veio dar em cima de mim? E ainda age desse jeito com ela? -ela fala só pra mim. Me impedindo de ir.
–Não vou discutir isso. Nem com você, nem com ele. Nenhum de vocês realmente se importa com a pessoa principal disso tudo. Vocês não querem pensar diferente. -falei indo em direção ao estábulo.
–Você está falando da Calipso? -ela pergunta vindo atrás de mim.
–Já disse que não vou falar sobre isso. -repeti.
–Ok... Mas o que faremos com a presença dela aqui? Ela provavelmente não conhece ninguém e provavelmente ficará desconfortável. -Nick falou preocupada. Esse sempre foi uma das qualidades dela, sempre que tinha alguém novo ela acolhia. Foi assim que viramos amigas,
–Eu pensei em chamarmos ela pro nosso chalé. -falei. Comecei a correr. Eu queria ficar sozinha, mas eu nunca falaria isso pra ela.
–Boa ideia. Vou falar com ela. Quer vir? Além disso ainda não comemos nada. Vamos ir tomar nosso café da manhã? Afinal nadar da fome. -ela chama.
–Deixa que eu falo com ela, vou agora mesmo. Pode ir tomar seu café, estou sem fome. -falei parando.
–Está bem. Nos vemos depois! -ela correu pro "refeitório".
Continuei andando. De repente ouvi um choro. Segui o som e encontrei Calipso sentada na beira do lago com a cabeça entre os joelhos e abraçando os mesmos. Me aproximei sem fazer barulho e a abracei.
–Ah! -ela exclamou assustada. Se afastando.
–Desculpa. Não queria te assustar. Achei que ia preferir não ter que responder nada agora. -falei corando
–Você estava com a garota de antes, aquela que bateu no Leo, não é? -ela fala.
–Sim. -respondi. -Olha, se você quiser que eu vá embora pode falar. Não vou ficar chateada. -completei.
–Não. Está tudo bem. Não tenho companhia de outra garotas a tempos. -ela sorri.
–Ei, tenho um convite pra você. Eu e a Nick queremos que você vá pro nosso chalé. -falei sorrindo.
–Pro chalé de vocês? Não estará muito cheio? De quem vocês são filhas? -ela questiona confusa.
–Bem... isso é meio complicado, mas só tem a gente no chalé. -respondi.
–Como se não tem nenhum chalé com poucas pessoas a não ser dos três grandes? - ela fala.
–Assim. Ártemis não é um dos três grandes, mas o chalé estava vazio antes de chegarmos. -pensei alto.
–Ártemis?! Mas... Ela é uma deusa casta! Não tem filhos! -Calipso esclamou surpresa.
–Não tinha. -falou Nick aparecendo.
–Então vocês são filhas de Ártemis? -ela falou ainda em tom de surpresa.
–Ela não. Eu que sou. -Nick explicou.
–De quem você é filha? -ela perguntou me analisando dos pés a cabeça.
–De quem pareço ser? -perguntei. Olhei pra Nick e ela entendeu que não deveria contar.
–Não sei. Pelo tipo de roupa eu diria Hades. -ela falou.
–Mas não é só pela roupa que se define alguém. -Nick falou.
–Ok... Eu não sei. Poderia me falar? -ela pediu.
–Você acertou. Sou filha de Hades. -falei. Vi ela dar um sorriso vitorioso
–Mas... -Nick me pressionou pra terminar de contar.
–E eu também sou filha de... -antes que eu terminasse de falar Calipso interrompeu.
–Peraí. Como assim? Dois deuses? Posso tentar adivinhar o outro? -falou animada.
–Claro. -respondi sorrindo.
–Hum... Por acaso seria... Afrodite? -ela chutou. De alguma forma acertando.
–Por que acha isso? -perguntei curiosa.
–Seu jeito meigo, bondoso e carinhoso. -ela falou.
–Finalmente alguém que não mente falando que eu sou bonita. -pensei alto demais
–Hana...! -Nick me fuzila com o olhar.
–Que foi? -perguntei inocentemente.
–Você é bonita. -ela afirma revirando os olhos.
–Até parece. -falei com um sorriso debochado.
–Até parece. -falei com um sorriso debochado.
–Mas você realmente é bonita. -fala Calipso e Nick sorri vitoriosa. -Mas como é possível? Vocês duas? Tipo... Existirem?
–Isso é meio difícil, outra hora nós te explicamos. -falei. -Mas... então, vai querer ficar no nosso chalé? -perguntei mudando de assusto.
–Mas vocês estão no mesmo chalé? -ela perguntou confusa.
–Digamos que ninguém consegue controlar a gente. -Nick falou divertida.
–E eu não tenho chalé certo. -completei sorrindo.
–Atha. Acho que aceitarei a oferta de vocês. -ela respondeu sorrindo.
–Só não garantimos que terá paz pois tem pestes que adoram nos empentelhar. -Nick falou.
–Vem. Vou te mostrar o chalé enquanto a Nick vai tomar o café. -falei puxando Calipso pelo braço.
–Até mais tarde. -ouvi a Nick gritar enquanto ia pro "refeitório". Ouvi uma risada, olhei pro lado e vi que era Calipso
–Vem. Vou te mostrar o chalé enquanto a Nick vai tomar o café. -falei puxando Calipso pelos braço.
–Até mais tarde. -ouvi a Nick gritar enquanto ia pro "refeitório". Ouvi uma risada, olhei pro lado e vi que era Calipso
–Sua amiga é diferente, engraçada. -ela falou.
–Eu sei. Vamos fazer você se sentir feliz aqui. -preferi não usar a palavra casa com ela.
–Posso perguntar algo? -ela pediu e eu assenti- O que tem entre ela e o Leo?
–Bem... ela me mata se me souber que eu disse isso, mas eu acho que o Leo gosta dela e ela gosta dele. -falei. A vi abaixar o rosto. -Você vai adorar aqui. Tem muitos garotos lindos e vários estavam babando por você. -falei rindo. Tive que usar meu lado "menininha". Ela também riu e ficou mais animada.
–Porque ela te mataria por dizer iss
–Porque ela te mataria por dizer isso? -ela pergunta.
–Nada demais. É que nós não acreditamos no amor. -respondi. -Chegamos. -falei abrindo a porta do chalé.
–Como podem não acreditar no amor? -ela arregala os olhos espantada e admira o chalé- Aqui é lindo.
–Eu sei. Se quiser trocar de roupa pode pegar alguma minha. Talvez fiquem um pouco largas. -parei para analisá-lá.
Começaram barulhos e falações vindo da frente do chalé. Fui até a porta olhar, Calipso veio logo atrás, as meninas de Afrodite e mais outras pessoas se aglomeravam lá.
–O que vocês querem aqui? -gritei. O barulho parou.
–Tirar o pobre Calipso dai, a coitada não precisa ficar junto de duas aberrações! -alguém gritou.
–Aé? Legal. Alguém obrigou algo a ela? -Nick chegou passando entre eles que abriram um caminho se afastando dela.
–Que me lembre ela veio por livre e espontânea vontade. -falei séria cruzando os braços.
–Claro a coitada provavelmente nem sabe que tipo de montros são vocês!! -outra gritou.
–E como vocês acham que tirariam ela daqui? São menos poderosas que nós. -Nick falou sorrindo desafiadora.
–Querida. Nós sempre conseguimos o que queremos. -uma delas respondeu jogando os cabelos pra trás. -E ao contrário de algumas, nós realmente somos filhas de Afrodite e eu tenho o charme. -completou se gabando.
–Experimente então esse seu "charme". Vê se irá me convencer de algo. -Nick provocou sorrindo.
–O que ela está fazendo? O Charme pode convencer qualquer um a fazer qualquer coisa. - sussurrou Calipso pra mim.
–Não a gente. -respondi piscando. -Somos meio que imunes a ele. -expliquei.
–Você eu entendo. Também é filha de Afrodite. Mas ela? Como pode? -ela dúvida. Enquanto a garota de Afrodite pensava num jeito de mostrar seu poder.
–Você sabem que todos estão do nosso lado. Eu quero quer deixem Calipso em paz. Vai ser o melhor pra todos. -a garota falou alternando o olhar entre eu e Nick.
–... -Nick pareceu pensar e veio em nossa direção. E sorriu. -E se eu não quiser? -ela provocou parando ao meu lado e olhando pra garota.
A garota bufou irritada.
–Só por que a maioria atende aos seus caprichos não significa que vamos atender ao pedido de uma garota mimada. -falei. Puxei Nick e Calipso pra dentro do chalé e tranquei a porta. Nick começou a rir.
–Vocês viram a cara dela? -ela disse entre risos.
–Foi impagável. -falei entre risos.
–Parece que elas não gostam muito de vocês não. -Calipso comentou.
–Nem um pouco. -respondemos justas rindo.
–E vocês não se importam? Não querem se enturmar? -Calipso falou confusa.
–Nunca tivemos muito interesse nisso. -falei com sinceridade.
–E na minha vida ninguém gostou muito de mim, então eu já estou acostumada. Nós estamos. -Nick falou.
–Além disso meio Olimpo quer nossa morte, então acho que não temos tempo para algo como "se enturmar". -ela completou dando os ombros.
–Meio Olimpo quer matar vocês? Porque? O que vocês fizeram? -Calipso perguntou.
–Nascemos. -falei sem interesse. -Eles tem medo de nós. Não sabem do que somos capazes. -completei.
–Nunca houve alguém parecido com a gente. E Zeus parece ter um ódio particular por mim. Pois represento a perca da castidade da minha mãe. -Nick falou.
–E Cronos infelizmente tem um interesse maior em mim. -falei sentindo um frio na espinha por lembrar da cena da floresta.
–Shhh! -Nick faz sinal de silêncio, se move lentamente e sem barulho na direção da porta e a abre, fazendo que 4 garotos caíssem de cara no chão.
–Tá foda. Nem podemos conversar em paz no nosso chalé. O que vocês estão fazendo aqui? -falei irritada.
–Foi ideia do Valdez. -falou Calleb.
–Minha nada. Foi do Nico. -se defendeu.
–Minha?! Com certeza foi do Gabe! -Nico rebateu. E o filho de Zeus foi fuzilado pela Nick.
–Ei! Nem olha pra mim! Não foi minha ideia! -o garoto explicou olhando fixamente pra Nick.
–Não importa de quem foi a ideia. Os quatro estão aqui. -falamos sérias.
–O que queriam que fizéssemos? Tem metade do acampamento aglomerado aqui na frente fofocando. -fala Nico.
–E o que vocês estão fazendo aqui? -perguntei tentando ficar mais calma.
–Confirmar os boatos? -tentou explicar Calleb.
–Dizem que vocês sequestraram a Calipso e que pretendem assa-la numa fogueira. -fala Leo.
–Isso e depois vamos comer ela. Qual o problema de vocês? Nós convidamos ela pra ficar aqui e ela aceitou. Não sequestramos ninguém. -falei tentando controlar o tom de voz.
–E eu estou muito surpreso por você ter chamado a Calipso pra ficar no seu chalé e que esteja se dando bem com ela. -Leo falou pra Nick.
–E porque não faria isso? -Nick rebate.
–Na verdade, a gente só queria ver vocês. E estávamos curiosos pra saber por que não tinha ninguém nas atividades. -Calleb falou.
–Porque... -antes que ele terminasse de falar o interrompi.
–Não importa. Caso não tenham mais nada importante pra falar saiam daqui. -falei séria.
–Na verdade acho que o garoto em chamas tem algo importante pra fazer sim. -falou Nick.
–Tenho? -pergunta Leo confuso.
–Peça desculpas pra Calipso pelas coisas que você disse mais cedo. -Nick exigiu.
–Não vou fazer isso por que eu não falei nenhuma mentira. -ele respondeu.
–Você não vai mesmo pedir desculpas?! Você magoou ela, isso não importa?! -Nick estava começando a perder a paciência.
–Você me magoa o tempo todo e não pede desculpas. Não tem moral pra reclamar de mim. -falou frio.
–E você tem moral pra se achar a segunda opção não é?! -ela diz. Ok, isso não vai dar certo.
–É isso que eu sou. Eu sou a segunda opção, isso quando não sou a última. -ele parecia ficar mais irritado a cada palavra.
–E você mesmo com todos sabendo dos seus sentimento pela Calipso, da em cima de mim e de um monte de garotas. Quem trata quem como segunda opção mesmo? -Nick explode, sem nenhuma paciência.
–Eu não tenho sentimentos pela Calipso. É isso que você não quer entender. Eu sei o que eu sinto. Eu sei de quem eu realmente gosto. -agora quem explodiu foi ele.
–E pelo jeito eu também! -ela gritou deixando todos surpresos. Até ela mesma.
–Já chega. Saiam daqui. Agora. -gritei.
–Não. Deixe ela terminar de falar. Eu quero ouvir isso. -Leo falou frio.
–... -Nick virou o rosto em silêncio.
–Vai. Não é você que adora apontar os meus defeitos. Pode começar. Só não se arrependa quando eu disser algo que você não quer ouvir. -ele falou tentando se manter calmo.
–... -Ela continuou em silêncio, estava relutante a dizer.
Olhei pro Nico na esperança de que ele ajudasse. Ele me encarou de volta. Seus olhos pareciam tristes. Desviei o olhar pro chão e ele também. Me aproximei sem que ninguém percebesse.
–Aconteceu alguma coisa, Nico? -perguntei em um sussurro preocupado.
–Você também já se decidiu? -ele falou num sussurro.
–Do que está falando? -falei confusa.
Eu sabia que iríamos discutir. E eu não queria discutir alí. Peguei seu pulso e o puxei devagar para fora do chalé. Ninguém percebeu, todos estavam prestando atenção na Nick e no Leo.
–E então? Qual é a sua resposta? Diga rápido. -o garoto exigiu.
–Eu não sei do que você está falando. -falei. Eu realmente não sabia. Sou lerda às vezes
–Vamos voltar lá pra dentro. Observe a sua amiga que você entenderá do que estou falando. -ele me puxou brutalmente pelo pulso.
Senti meus olhos encherem de água. Ele estava me machucando.
–Fale logo. Você não tinha dito que sabe de quem gosta? Ou estava mentindo? Seu coração de pedra não permite a você fazer algo assim?! -Gritou Leo e Nick se encolheu de leve.
–Eu... -ela tentou formular qualquer frase mas não estava conseguindo.
–FALE LOGO. -Leo exigiu segurando a Nick pela blusa, levantando-a um pouco do chão. Ele estava machucando minha amiga. Ah isso eu não permito.
–Nem pense em machucar ela. Se tem o mínimo de amor a vida solte ela agora. -falei irritada. Então ele colocou ela no chão e fez algo que surpreendeu a todos. Ele acariciou se rosto e lhe deu um beijo na bochecha. Deu as costas e saiu do chalé. Depois eu que sou bipolar.
–Você não precisa que eu te fale, Leo Valdez. Você mesmo já falou a resposta antes. -Nick falou. E o garoto parou na porta.
–Eu não sou ele não é? -o garoto falou.
–Não. Você não é. -ela respondeu. Vi tristeza na expressão do Leo. Ele saiu do chalé sem dizer mais nada. *
–Acho que é a hora de vocês irem embora. -falei gentil pro outros três garotos.
–Está bem. -Gabe se manifestou e empurrou os outros pro lado de fora.
–Obrigada. -sussurrei pra ele.
–Disponha. -ele sorriu e ficou antes que eu fechasse a porta.
–Muito bem. Já tivemos estresse o suficiente por hoje. -falei indo pro armário. -Pode vestir isso, o banheiro é naquela porta. Como você é magra vai ficar grande. -falei entregando um conjunto de roupas pra ela.
–Não seria melhor ela pegar uma roupa minha? -Nick sugeriu indo até suas roupas e pegando um conjunto.
–Desculpa se sou gorda. -falei fingindo ficar ofendida.
–Boba. Você sabe que não é isso. -ela falou. E entregou a roupa pra Calipso que foi pro banheiro. Assim que a garota entrou, eu encarei a Nick. -O que foi?
–É o que então? -perguntei estreitando os olhos.
–Hã? -Nick perguntou confusa.
–Você entendeu. Se não é por que eu sou gorda é porque? -expliquei.
–Pra ela ter duas mudas de roupa caso algo não servir. -ela explicou.
–E aposto que não era apenas isso que você queria perguntar. -ela acrescentou.
–Sua resposta não teve nada a ver com a pergunta. Você sabe disso né? -falei.
–Hana! Pare com isso. Sabe que eu não te acho gorda. -ela falou.
–Sei que você não me fala que sou gorda. Mas com certeza as outras garotas acham. -falei triste.
–Pare de se importar com os outros! -ela falou.
–E você não me respondeu. Não era só sobre aquilo que você queria falar comigo não é? -ela perguntou.
–Por enquanto sim. De noite quando Calipso tiver dormido nós conversamos melhor. Agora temos que ir pras atividades. -falei.
–Ah... Não... -ela reclama desanimada.
–Não podemos mais faltar. -falei séria.
–Quais são as atividades de hoje? -ela perguntou sem ânimo.
–Também não sei. -admiti.
–Acho que hoje tem arco e flecha. Vou ver se participo. -ela falou.
–Tomara que tenha escalada ou luta com espadas. -falei começando a ficar animada.
–Tomara que o dia passe rápido. -ela falou. Calipso saiu do banheiro vestida com um short da Nick e uma blusa minha.
–Amo blusas largas. -ela falou para explicar o porque de estar com a minha blusa. Nós rimos.
–Vai querer ir com a gente? -Nick perguntou.
–Posso? -ela perguntou animada.
–Claro que pode. -falei sorrindo.


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