Oathkeeper II escrita por Denise Miranda


Capítulo 55
Tyrion


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Pensou muitas vezes em falar com Jaime Lannister antes do julgamento por combate. Ele pode morrer, pensou. Algo em seu ser deixava-o angustiado com esse pensamento, mas não gostaria de se aprofundar nesse sentimento. E eu adorarei ver sua linda cabeça dourada numa estaca nos portões de Porto Real, concluiu, tentando convencer a si mesmo.

Antes que pudesse ao menos fingir para si mesmo que não se importava, já estava se direcionando para as masmorras.

A confissão do irmão mexeu com Tyrion. "E então ele se virou para mim e disse: traga-me a cabeça de seu pai", a voz de Jaime ecoava pelos ouvidos do anão. Então meu querido irmão salvou nosso pai, e eu o matei... pensou, ficando momentaneamente entristecido.

Bamboleou até uma tocha, para poder iluminar seu caminho até a cela de seu irmão.

Tyrion Lannister nunca soube ao certo o que acontecera no dia em que Jaime matara Aerys Targaryen. Ficou impressionado em ver como o irmão se culpava, ao mesmo tempo em que não estava arrependido. Ele não estava mentindo. Pude ver em seus olhos, refletiu. Mas Daenerys Targaryen insistia em matá-lo mesmo assim. Quer mesmo vingar seu querido pai, que nem ao menos conheceu, embora o mesmo seja realmente um louco. O que será que minha Rainha pensa sobre assassinos de parentes?, se perguntou, se divertindo consigo mesmo. A mulher dragão sabia que ele havia matado Tywin Lannister, e nunca o vanglorisou por isso. Aerys teria me dado milhões de honrarias. Inclusive Rochedo Casterly, pensou.

Chegou à cela de seu irmão. Jaime Lannister encontrava-se sentado no chão. Ao enxergar as chamas da tocha, virou-se para Tyrion.

Ambos trocaram olhares por alguns segundos, e nenhum ousou dizer nada.

— Julgamento por combate. - Tyrion, por fim, quebrou o silêncio. - Opção ousada, querido irmão.

— Você também fez essa decisão, duas vezes. - Jaime o lembrou. - E está vivo.

— Se fosse por Oberyn Martell, não estaria. - Tyrion retrucou. Lembrou-se da Víbora Vermelha. Um sujeito bacana, até que uma Montanha caiu sobre ele.

— Sim. Oberyn morreu, e eu te libertei mesmo assim. - Jaime o lembrou, e o Duende sentiu um aperto no coração.

— Como está com a mão esquerda? - Quis saber.

— Não muito bem.

— Sabe que lutará com um Imaculado, certo? Os melhores soldados do mundo.

Jaime Lannister suspirou. Não, Tyrion pensou, analisando o semblante do irmão. Ele tem algo em mente.

— Na verdade... Gostaria que Brienne fosse minha campeã. - Disse, sua voz falhando. - Mas... Ela está grávida, tenho tanto medo...

— Uma mulher? - Tyrion perguntou, espantado. - Você finalmente ficou louco, querido irmão?

— Ela é ótima. - Retrucou Jaime. - Sei que me salvaria. Mas não posso pedir isso a ela.

Ele tem razão, Tyrion percebeu. O anão nunca subestimou pessoas fora do padrão da sociedade. Pelo contrário, sempre teve uma recaída por estranhos, bastardos e coisas quebradas. Não a subestimo por ser mulher, decidiu. Mas ela está grávida. Definitivamente isso atrapalha os planos.

— Ela ainda pode lutar. - Tyrion disse, quebrando o silêncio. Jaime o olhou espantado com a reação do irmão.

— Eu sei que pode. Mas não é justo. Que tipo de homem serei se deixar minha esposa grávida lutar por mim?

— Se ela não lutar, sua morte é certa. - Por que eu me importo?, se perguntou. Jaime Lannister continuava olhando-o sem entender.

— Pensei que adoraria ver minha cabeça em uma estaca.

Tyrion pensou em retrucar com alguma gracinha, mas logo se reprimiu. Em vez disso, sentou-se no chão, mais próximo da cela do irmão e fitou o semblante do mesmo por alguns instantes.

Jaime Lannister foi o único membro da família capaz de amá-lo de verdade. Mentiu sobre Tysha..., pensou, mas a raiva não era tão grande quanto antes. Mas também me salvou. Se não fosse por ele, não estaria aqui. Não teria matado nosso pai, também, refletiu, se entristecendo. Talvez teria sido melhor ter me deixado para morrer.

Então lembrou-se de seu pai. Ele havia feito a vida de Tyrion um inferno. Ele mentiu sobre Tysha. Tenho raiva de Tywin. Já o matei, já me vinguei, pensou. Não preciso ter raiva de Jaime também, pensou, mas logo se repreendeu. Parecia que vinha fazendo isso muitas vezes. Eu o amava, e ele retribuiu esse amor me traindo, mentindo sobre Tysha.

— Toma-me pela Cersei, querido irmão? - O Duende perguntou.

Jaime abriu um sorriso fraco, porém sincero. Aquilo mexeu com Tyrion e, mais uma vez, sentiu o coração apertar.

— Vocês são mais iguais do que ela gostaria de admitir. Embora você seja muito mais inteligente. - Concluiu o Lannister mais velho.

— Mais inteligente do que vocês dois juntos, eu suponho.

— Com certeza. - Jaime prontamente respondeu, com um bom humor. Tyrion retribuiu o sorriso do irmão. - Todas as situações diplomáticas que passei me mostraram isso.

Tyrion gargalhou, e Jaime o seguiu.

— Bom, eu sempre tive minha mente, e você a sua espada. - O anão disse.

— E agora, eu não tenho nem isso. - Respondeu Jaime, ficando momentaneamente triste.

— Não diga isso. - Tyrion retrucou. - Sei que não é tão bom como era com sua mão direita, mas... Não anda praticando?

— Sim. Pratiquei muito com Brienne. - Jaime se permitiu sorrir com tais lembranças. - Mas nunca ficarei bom o suficiente. Ela... Ela é tudo que eu tenho, agora. Ela e o bebê que carrega.

Tyrion ficou triste pelo irmão. Nesse momento, percebeu que o perdoaria algum dia. Talvez já tenha perdoado...

— Brienne é uma mulher destemida, não é?

— Destemida, feroz e teimosa. - Jaime respondeu.

— Se você for para esse julgamento de combate e sobreviver, muito provavelmente ela o matará por tê-la deixado de fora.

O Lannister mais velho riu.

— Você está certo, irmão.

— Amanhã Barristan Selmy virá te buscar. - Informou o Duende. - Ele perguntará se você tem algum campião. Chame-a para lutar por você. - Disse Tyrion, deixando transparecer o quanto estava preocupado. Levantou-se sem jeito. - É sua melhor chance. - Recolheu sua tocha e caminhou para fora da masmorra.

xxx

No caminho escuro para fora das masmorras, Tyrion se viu realmente preocupado com o irmão. Deixou uma lágrima escorrer pelo seu rosto deformado, e se amaldiçoou por isso. Não posso odiá-lo, percebeu.

— Espero que viva, Jaime. - Sussurrou para si mesmo.


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