Oathkeeper II escrita por Denise Miranda


Capítulo 51
Sansa


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Sansa vê todos aqueles homens e mulheres da Baixada das Pulgas correndo furiosos em direção ao Rei Joffrey e seus acompanhantes, em busca de pelo menos um pão.

A jovem garota Stark, apavorada, corre para um beco escuro, pensando que estaria salva. Mas, então, para seu desespero, percebe que está sendo seguida por um homem.

Ofegante e nervosa, a menina cai de frente para o chão. Essa foi sua ruína. O homem, enfim, consegue alcançá-la.

– Não! Por favor! - Sansa grita, implorando pela sua dignidade, enquanto o mesmo começa a rasgar seu vestido. - Por favor! - Implora mais uma vez, chorando. Quando estava completamente nua, o homem a vira, obrigando a olhá-lo.

Algo estava errado.

O homem não era como ela esperava que fosse. Não era maltrapilho, nem parecia faminto. Não a estava abusando pela raiva do momento, por saber que o cavalo da menina comia melhor que seus próprios filhos. Ele estava fazendo aquilo por pura maldade.

A pele de Euron Greyjoy, sob a luz fraca do beco, estava mais pálida ainda. Seu sorriso não era apenas malicioso, ou sarcástimo - era maléfico.

Mas, em poucos instantes, seu sorriso desvaneceu rapidamente de seus lábios. Quando Sansa se deu por si, havia uma espada fincada no peito do homem. Quando ele caiu, morto, ao seu lado, ela pôde ver quem a salvara: o Cão de Caça.

– Está tudo bem, passarinho. - Disse o homem, estendendo a mão para ajudá-la a levantar e, em seguida, pegá-la no colo. - Você ficará bem.

Sansa acordou suando e com lágrimas em seus olhos. O dia estava, enfim, amanhecendo. Os ventos do Norte estavam cada vez mais frios, mas não eram por causa deles que a garota estava com todos os nervos do corpo tremendo.

A menina que fora morar em Porto Real havia morrido havia muito. Agora, Sansa Stark, era uma mulher. Colocava sempre os desejos e necessidades de seu povo acima de si, seus sonhos pessoais pouco importavam. Sabia que um casamento com seu verdadeiro amor não era bom para a causa nortenha. Sabia que precisava da ajuda de alguém poderoso, alguém que fosse um líder, tivesse um exército em seu poder; por menor que ele fosse. Juntando os homens do Norte com os homens de ferro, podemos ter uma chance de verdade, pensou. Nós seremos o exército mais duro e selvagem que já foi visto na história de Westeros.

Havia poucas coisas que amendrontavam a Rainha do Norte. Falar com Sandor Clegane sobre sua mais nova aliança com o Greyjoy era uma delas.

Sansa Stark apertava as mãos, nervosa, enquanto esperava o homem chegar até seu aposento privado, conforme ela havia pedido.

Enquanto esperava, notou seu reflexo no espelho. Seus cabelos ruivos pareciam sobressair com a manta azul por cima de seu vestido cinza. Azul dos Tully, cinza dos Stark, pensou. A cada ano que passava, se via mais parecida com sua mãe.

Pensar nela apertava seu coração. Desejava saber qual rumo Catelyn havia tomado, se ainda andava por essas terras, ou apenas deixou a natureza tomar seu percurso, e se entregou para a morte. Parte dela, gostaria que estivesse viva, para algum dia vê-la novamente. Sabia que estava sendo egoísta, que aquilo não era vida, mas gostava de pensar que ainda existia alguém de sua família além dela. Que não estava sozinha, afinal.

Decidiu que já havia se olhado por tempo demais no espelho. Pensar nisso fazia ter vontade de rir. Lembrou-se de quando era mais jovem, e em tudo que pensava era em escovar os belos cabelos ruivos e no príncipe encantado. Podia ficar horas de olhando no espelho.

Sentou-se na cama, e sorriu amargamente. Meu príncipe encantado é um cavaleiro com metade do rosto queimado, e o homem que terei que me casar me dá medo, pensou entristecida.

Ouviu duas batidas na porta, interrompendo seus devaneios. No exato momento, seu coração disparou. Não estava preparada para falar com Sandor. Algo dizia que ela nunca estaria preparada, mas precisava encará-lo mesmo assim.

– Entre. - Pediu, sua voz saindo mais trêmula do que gostaria.

A porta se abriu devagar. Sansa virou para olhá-lo. Seu cavaleiro sorriu ao vê-la. A mulher suspeitava que os únicos momentos onde Sandor Clegane sorria era quando estava com ela.

– Sansa. - Disse o homem.

– Sente-se ao meu lado, por favor. - Pediu, tentando ao máximo fazer com que seu semblante não a traísse. Tentou sorrir, mas sabia que não conseguia. Estava tremendo por dentro, e faltava pouco para também começar a tremer em seu exterior.

– Está tudo bem? - Sandor perguntou, agora sério. Uma ruga de preocupação surgiu no meio de suas sobrancelhas. Sansa deu um sorriso triste. Ele me conhece melhor do que ninguém, pensou.

Ficou por vários segundos olhando o rosto de seu cavaleiro, desejando tocá-lo. Quando se deu por si, era isso que estava fazendo. O acariciava, como se fosse a última vez. Sandor fechou os olhos quando sentiu o toque de Sansa.

– Sandor, preciso te falar uma coisa. - Começou a garota, levando ambas as mãos até a sua cama, afim de se apoiar nelas. Parecia que a qualquer momento poderia desmaiar. - Eu... Eu vou me casar com Euron Greyjoy.

Sandor ficou alguns momentos apenas olhando-a, com aquela ruga no meio das sobrancelhas. Parecia não ter entendido direito. Mas, de repente, se levantou.

– O que? - Perguntou, sua voz saiu rouca. Sansa pôde perceber que ambas as mãos de seu cavaleiro estavam cerradas em punho.

– Sandor... Por favor, me entenda... - Disse Sansa, levantando-se de supetão.

– Por que, Sansa? - Perguntou Sandor, agora não escondendo sua fúria.

– Eu preciso do exército dele. - Tentou se justificar.

– Você precisa, ou você quer?

– Sandor, por favor... - Começou a Rainha do Norte.

– Por que você quer tanto tomar o Trono de Ferro, Sansa?! - Gritou Sandor. - Depois de tanta guerra, você não podia simplesmente ficar no Norte, que é a sua casa? Pra que levar armas contra Daenerys? Só pela vingança? Pelo sangue? Você é tão estúpida quanto Joffrey!

– Sandor, por favor, me entenda. Meu povo espera isso de mim. Sou a Rainha deles.

– Um trono é mais importante que a sua felicidade? Ou você está feliz por se casar com o verme de ferro? - Gritou Sandor, descontrolado.

– Eu amo você... - Murmurou Sansa, deixando algumas lágrimas escorrerem dos olhos.

– Cale a boca!

Sandor virou-se de costas para Sansa. Em um dos móveis polidos do quarto, se encontrava o lobo de cristal que o homem havia dado à ela, na noite que os dois se conectaram de uma maneira que jamais poderiam se conectar com outras pessoas. Os olhos âmbar do lobo pareciam brilhar com a tênue luz do quarto, zombando do amor dos dois.

O Cão de Caça pegou o lobo, analisando-o. Olhou para Sansa e sorriu. Seu sorriso era zombeteiro e amargo

– Boa sorte em seu casamento, passarinho.

– Por favor, Sandor. Vamos conversar. Como dois adultos. - A Rainha do Norte Implorou.

O sorriso torto de Sandor desapareceu, dando lugar ao semblante sofrido e sério novamente.

– Não temos mais nada para conversar. - Retrucou o homem, sua voz rouca e sem vida.

Em um momento de fúria, jogou o lobo na parede, próximo à cabeça de Sansa. O estalo a fez se encolher, e dentro de segundos o presente que Sandor havia lhe dado estava destruído. Minúsculos cacos de cristal jaziam pelo chão, juntamente com as duas pedras âmbar.

xxx

Haviam se passado três dias, e Sansa não teve mais notícias de Sandor. Ela não comia nem dormia direito. Estava pálida, seu cabelo estava embaraçado e sem cor, e havia olheiras gigantescas embaixo de seus olhos.

– Minha Rainha, não fará o desjejum novamente? - Perguntou Grande Jon Umber, com o semblante preocupado, enquanto Sansa apenas brincava com a comida.

– Estou sem fome, obrigada. - Disse, dando um sorriso triste.

– Vossa Graça, eu não deveria, mas preciso lhe dizer...

Sansa o olhou, desinteressada.

– Diga-me, então.

– Sandor Clegane foi visto comprando briga em uma estalagem aqui perto. Não sei se ainda se juntará à nossa causa. Não sei o motivo pelo qual foi embora, mas eu sabia que aquele homem era encrenca. - Disse o Umber.

Sansa agora o encarava, espantada.

– Sandor... Que estalagem? Ele se machucou? - Grande Jon Umber levantou uma de suas sobrancelhas. Quando viu que o homem não lhe responderia, ela se levantou da mesa, recompondo-se. - Não importa. Obrigada por me informar, mesmo assim.

Apertou os passos até seu quarto. Lá, procurou um vestido verde, que realçava a cor de seus olhos, e seu manto preferido de lobo. Vou procurá-lo, Sandor, disse para si mesma, suspirando fundo. Ele me perdoará e me entenderá, tenho certeza.

Apressou-se para sair, sentindo o vento congelante do Norte entrando em seus pulmões. Poucos segundos fora de seus aposentos quentes e já estava tremendo. Mas continuou andando, não com tanto vigor quanto esperava.

– Se eu fosse você, não faria isso. - Uma voz conhecida e misteriosa pairou atrás dela. Sansa congelou na mesma hora, e dessa vez não de frio.

Sansa o olhou. Euron estava sorrindo, com seus lábios e seu olho azul claro. Não era necessário fazer joguinhos, o Greyjoy sabia exatamente o que ela estava fazendo lá fora.

– Preciso ver se ele está bem. - Retrucou.

– Tenho certeza que ele está bem. Quando se acalmar, ele voltará. - Respondeu, tranquilo.

Sansa o olhou, desconfiada. Como ele pode ficar bem com a ideia de que sua futura esposa é apaixonada por outro?, pensou, mas logo se amaldiçoou. Ele está casando com você pelo poder, sua garota estúpida. Não por amor.

Foi nesse momento que percebeu que ainda poderia ter Sandor. E talvez Euron Greyjou estivesse certo. Ele voltaria. Tudo que seu cavaleiro precisava era de um tempo para pensar.

– Talvez você esteja certo. - Disse Sansa, quase em um sussurro.

– Claro que estou. - Respondeu o homem misterioso, ainda sorrindo. Sansa continuou parada onde estava, segurando firmemente seu manto de lobo, enquanto flocos de neves caíam em sua roupa e cabelos ruivos. Euron estendeu a mão para a mulher. - E então? Vai entrar ou pretende congelar até a morte aí fora?

Sansa hesitou, mas por fim segurou a mão do homem e voltou para seus aposentos quentes.


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Notas finais do capítulo

Fiquei triste quando terminei de escrever esse capítulo :( bom, espero que tenham gostado! Comentem, por favor. ♥



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