– Vossa Graça. - Entrou Sor Barristan Selmy, o Ousado, na sala, com um garoto do lado. Não parecia ter mais do que 13 anos. - Este é o Príncipe de Dorne, Quentyn Martell.

– Pode se aproximar. - Pediu a Rainha de Prata, analisando-o.

O garoto era baixo, com uma cabeça grande e um tanto retangular e cabelos da dor de lama seca.

– O Senhor Quentyn é um rapaz decente, sóbrio, sensível e obediente. Conheço a reputação de sua família a anos. Sempre foram fiéis amigos dos Targaryen.

– Isso é verdade, Vossa Graça. - Disse o rapaz. Sua voz estava rouca e parecia um pouco atrapalhado com as palavras. - Os Martell sempre foram fiéis aliados dos Targaryen. Fico muito feliz com a sua vitória.

– Obrigada. - Ela respondeu. Onde ele quer chegar?, se perguntou. Quentyn Martell se ajoelhou perante a Mãe dos Dragões.

– Daenerys Targaryen, gostaria de pedir sua mão em casamento. Assim, os Targaryens e os Martells poderiam continuar sua aliança pelos próximos anos de seu reinado. Terá quantas espadas desejar. Tudo que quiser. Peça, e será seu. E quanto ao meu amor, será seu até o último dia em que eu viver.

Dany não estava surpresa. Sabia que, assim que subisse no Trono, teria muitos pretendentes. Além de Rainha dos Sete Reinos, era belíssima.

Pode ser um rapaz decente, sóbrio, sensível e obediente, mas não é o tipo de rapaz que faria o coração de uma garota bater mais rápido, refletiu. Principalmente o meu, que já conheceu homens como Khal Drogo e Daario Naharis.

Olhou de relance para Sor Barristan. O rosto do cavaleiro estava indecifrável, como sempre.

– Você é muito gentil, e me surpreende com seu pedido. - Respondeu, tentando dar o seu melhor sorriso, embora ficasse claro que estava sendo forçado. - Conversarei com meus conselheiros e amanhã dou a resposta da sua proposta de casamento. Verme Cinzento, por favor, escolte nosso convidado de honra para algum aposento grande e arejado. E acenda a lareira, para impedir que ele passe frio de noite.

– Sim, Vossa Graça. - Respondeu o Imaculado, que prontamente obedeceu às ordens da Rainha de Prata.

– Vossa Graça... - Começou Sor Barristan, quando Verme Cinzento escoltou o Príncipe de Dorne para fora da sala do Trono. - Se me permite dizer, esta é a melhor aliança que você poderia ter.

Estarei me vendendo novamente, assim como Viserys me vendeu para Khal Drogo, pensou desanimada. Uma Rainha se casa com seu povo, não se casa por amor.

– Se você diz, meu fiel cavaleiro. Eu acredito em você. - Disse, dando um sorriso. - Agora, se me der licença, estarei me retirando para os meus aposentos. - E para Daario.

– Descanse bem, Sua Graça. - Disse Sor Barristan, fazendo uma reverência e saindo da sala.

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– Preciso te contar uma coisa. - Disse Dany para o seu mercenário, enquanto ambos estavam nus em sua cama. Estava levemente nervosa. - Acho que vou me casar com Quentyn Martell.

– O que? - Exclamou Daario, dando um salto. A Rainha de Prata estava em cima de seu peitoral, seus mamilos roçando na pele quente do homem. Na hora que o informou que se casaria, por mais incerto que ainda fosse, o mercenário de cabelos azuis e barba loira a jogou para o lado e arregalou seus olhos.

– Os Martell e os Targaryen sempre tiveram uma forte aliança. Foram a única Casa que não se rebelou quando o Usurpador começou a rebeliã...

– Não me interessa a história da sua Casa! - Gritou Daario. Seus olhos azuis continham um brilho perigoso.

– Pensei que você entenderia... - Disse Daenerys, triste.

– Não, não entendo! - Gritou, levantando da cama em um pulo. A garota se levantou de imediato também, se cobrindo com a manta que Drogo dera para ela. - Quem te disse que essa seria uma boa aliança? Sor Vovô?

– O nome dele é Barristan. - Disse Dany, firmemente. - Eu vou me casar e não ligo para a sua opinião.

– Como quer que eu me sinta, sabendo que você vai foder com outro? - Perguntou Daario em voz alta, e por um momento, a Mãe dos Dragões ficou com medo de alguém ouvir. - Sua bocetinha vai ficar cada vez mais larga.

Dito isso, Daenerys deu um tapa na cara de Daario.

– Nunca mais volte aos meus aposentos. - Gritou a filha do Dragão.

O mercenário pareceu se recompor depois do tapa, e suas feições ficaram mais leves.

– Minha Rainha, me perdoe... - Começou.

– Saia agora!

Gritou Daenerys e Daario abaixou os olhos para fitar o chão por alguns segundos, antes de obedecer. Fechou a porta e não olhou para trás.

Daenerys caiu na cama, nua e encolhida, e começou a chorar.

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De manhã, a Rainha de Prata pediu que separassem um vestido branco e lilás, que realçava seus olhos de ametistas.

Ouviu todas as exigências de seu povo e fez tudo que poderia para agradá-los. No fim do dia, a maioria saiu de lá com um sorriso sincero no rosto.

– Missandei, por favor, peça para Qyburn mandar corvos para todas as grandes Casas com apenas um recado: se ajoelhar e jurar fidelidade à nova Rainha. E também os informando de meu casamento com o Príncipe de Dorne, Quentyn Martell. - Dany deu um olhar de relance para o canto da sala do Trono, onde Daario se encontrava. Estava sem nenhuma expressão facial e tenso como uma pedra.

– Esta uma fará o que a Vossa Graça pediu. - Disse, fazendo uma reverência e saindo da sala.

– Fico feliz de saber que aceitou meu conselho, Vossa Graça. - Disse Sor Barristan.

– Sim, esta aliança será boa para mim e para o meu povo. Preciso pensar neles em primeiro lugar. - Olhou novamente para o seu mercenário, mas ele nem sequer a olhava nos olhos. - Se me der licença, não estou passando bem. Vou para os meus aposentos. Verme Cinzento...

– Sim, Sua Graça. - Disse o Imaculado, prontamente.

– Por favor, informe à Quentyn que eu aceito o casamento.

– Pois não, Sua Graça.

Daenerys deu um sorriso fraco e assentiu com a cabeça. Levantou de seu assento desconfortável forjado com as espadas dos inimigos da Casa Targaryen e se dirigiu, infeliz, para os seus aposentos.