P.o.v Ally

Eu conversei com a Trish pelo telefone, ela me contou tudo que tinha acontecido e resumindo: Eles simplesmente não eram mais amigos, nem se falavam.

No outro dia, já que tinha me mudado para Miami, eu iria para a escola. Acordei já um pouco tarde, coloquei qualquer roupa e desci para a cozinha, onde meu pai estava tomando café da manhã.
–Ally, querida! Está atrasada para o seu primeiro dia de aula, sabia? – Meu pai disse.
–Eu sei pai, me desculpa, eu fui dormir tarde. – Eu disse, enquanto me sentava á mesa.
–Tudo bem, querida.

***

Já estava quase no final da aula, a Trish não tinha ido e eu estava sozinha naquele inferno, Dez também não estava lá, e Austin também não, até aquele momento.
–AÊ! Cuidado pessoal, ELE TÁ CHEGANDO AÍ! – Um garoto sentado perto da janela que dava para o corredor da escola gritou, ele parecia preocupado.

Foi aí que o Austin entrou pela porta, ele estava diferente, ele estava sério, parecia rude, não era o Austin “Amante de panquecas e bichinhos de pelúcia” que eu conhecia. A sala inteira ficou em silêncio quando ele entrou na sala, parecia que alguém tinha morrido.
–Ué, o gato comeu a língua de vocês? – Austin perguntou, enquanto olhava para a sala.
–Austin! Você está bastante atrasado, sabia? – O Professor disse.
–Senhor, é claro que eu sei, eu sei ler as horas. – Austin retrucou.
–Como é arrogante! Sente-se agora senão...
–Senão o que? Aliás... Acho que ouvi o senhor pedindo silêncio da turma, bem, agora estão em silêncio. É melhor não perder mais tempo de aula, não é? – Foi exatamente nesse momento que o sinal tocou e todos saíram correndo da sala, inclusive eu.

P.o.v Austin

Eu estava andando nos corredores da escola, já que não tinha nada mais para fazer.

No fundo, eu não gostava de tudo aquilo que eu fazia, de intimidar as pessoas, passar medo em todos, mas era o único jeito de as pessoas não descobrirem como eu era sozinho por dentro.

No final do corredor, Cassidy e seu namorado Dallas, estavam brigando.
–Cassidy! Eu vi você dando em cima daquele cara no Shopping! Não minta para mim! – Dallas gritou.
–Nossa, Dallas, como você é inseguro! Eu estou cansada disso e... – Cassidy percebeu minha presença. –A-Austin? – Ela gaguejou.
–Cassidy e Dallas! Estão com problemas? – Perguntei, com um sorriso maldoso
–Dallas, se ele souber dos nossos problemas, vai usar contra nós! – Cassidy sussurrou para Dallas, mas eu ouvi. Dallas assentiu.
–Não, Austin, não estamos com problema algum. Vamos Cassidy. – Dallas disse, puxou Cassidy pelo braço e saiu.

Dallas me odiava mais do que todos, ele sabia como eu era antes e agora eu fiquei assim. Mas ele não devia falar nada, já que ele também mudou muit0 nesse tempo, na verdade, todos mudaram desde a saída da Ally. Quer dizer, não foi só pela saída dela, foi pelo o que aconteceu, ver uma garotinha doce de 8 anos se transformar num ser depressivo e louco, foi chocante para todos.
–AUSTIIIIIIN!!! – Uma voz esganiçada gritou e agarrou meu pescoço. Olhei pra trás e vi que era a Kira.
–Oi... Kira... Dá pra soltar meu pescoço? Eu preciso respirar ás vezes. – Disse.
–Você é muito mau! – Ela disse, me soltando. –Nem falou comigo quando entrou na sala! Só pensou em mostrar sua esperteza para o professor! Olha, se você não fosse tão lindo eu nunca mais olharia pra você!
–Não conseguiria para de me olhar. – Eu disse de um jeito convencido. Os olhos dela começaram a brilhar e não falou mais nada.
–Você é ridículo tentando ser convencido assim, ninguém nunca te falou isso? – Alguém falou, mais afastado de mim.
–QUEM FALOU ISSO?! – Gritei, me virando de costas e olhando para as pessoas que estavam por perto.
–Não fui eu! – Dallas disse.
–Nem eu! Sou muito conhecida por minha descrição! – Brooke disse.
–Você aí atrás! FOI VOCÊ! – Apontei para uma garota que nunca tinha visto antes, parecia ser nova no colégio.
–Tem alguma prova de que fui eu? – Ela disse.
–Eu sei que foi você! Mas quem é você, mesmo? – Eu disse.
–Eu não sou ninguém! Ninguém... Importante! – Ela disse.

Eu fui chegando mais perto dela, percebi que ela estava segurando uma espécie de caderno com a letra “A” no centro, aquela coisa me parecia familiar. Eu tentei tocar no caderno mas ela logo se defendeu.
–NÃO TOQUE NO MEU DIÁRIO! – Ela gritou. Eu recuei o mais rápido possível.
–P-Por que tive tanto medo de você? Parece até trauma de infância! – Pensei alto.
–Com licença. – Ela disse, e saiu.
–VOCÊS! – Olhei para quem estava ali novamente. – O que sabem sobre ela?
–Não sei o nome, é aluna nova. Não fala com ninguém, parece que não tem amigos... – Carrie disse.
–Também, carrancuda daquele jeito... – Kira disse.
–Dez provavelmente saberia de alguma coisa, se ele estivesse aqui... – Eu disse.
–Hunft, nunca mais quero ouvir falar dele! – Carrie disse, de braços cruzados.
–Lembre-se, Austin, ele foi suspenso por sua culpa. – Brooke disse, eu não respondi, já que era verdade.
–Todo mundo sabe que você faz as coisas... E bota a culpa nele. – Dallas disse.
–Vejam como falam comigo. Eu não sei nada da garota nova... Mas sei muita coisa de vocês.

Todos ficaram calados e saíram, até mesmo a Kira, ela foi ficar com as amigas dela. Eu precisava saber mais sobre a garota nova, resolvi tentar achar ela.

Fui até a entrada principal da escola e lá estava ela, a garota nova, escrevendo naquele diário. Ela estava sentada em um banco, eu sentei ao lado dela. Ela não percebeu minha presença de imediato, então consegui reparar um pouco no rosto dela. Ela era linda, em cada detalhe, e parecia que eu já a conhecia faz anos. Ela percebeu que eu estava ali e se assustou.
– Ela fechou o diário.
–Quem é você? Qual seu nome? – Perguntei.
–Já disse que não sou ninguém... – Ela disse, olhando para o diário novamente. –Ninguém importante.
–Exatamente! Você NÃO É ninguém, é ALGUÉM! E quem você acha que é pra falar comigo daquele jeito, e me insultar?
–Eu não devo explicações a você. – Ela se levantou e saiu.

P.o.v Ally

Não acredito que o Austin havia se transformado naquilo, o que aconteceu para ele ficar assim? Ele estava tão arrogante, egoísta, metido.

Naquele momento o que eu queria era ter um gênio, um gênio daqueles da lâmpada e tal. E fazer aquele pedido, aquele mais conhecido, que pode ajeitar tudo...

“Eu desejo... Eu desejo que tudo volte a ser como era antes.”