Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 31
Capítulo 31 - Bipolaridade


Notas iniciais do capítulo

"Achei que você estivesse com medo"



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Demorou um certo período de tempo até que eu e as meninas estivessemos prontas. O que demorou mais foi convencer Ash de duas coisas: Primeira, ela tem que ir para casa logo, poderiamos mudar o passado de minha parente de outro século ficasse tanto tempo por aqui, e quem sabe mais tarde eu até traria ela de volta um pouco. Segunda, short curto não é pecado.

Estavamos todas diferentes uma da outra, em questão de roupa. Sofia estava de saia preta e um tomara que caia vermelho, Ash preferiu um short branco, que eu emprestei, e uma blusa rosa de manga cumprida de Sofi. Já eu estava com um vestido lilas, feito por Sofia. Era realmente lindo e a menina insistiu para que eu usasse-o.

Se não fosse hoje o aniversário dela eu não iria usar. Apesar de lindo, era tomara que caia, e parecia que realmente ia cair em algum momento. Minhas costas ficavam muito a mostra. Depois que dei Happ para a garota, não houve mais reclamações da parte dela sobre nada. Principalmente, quando eu autistava, o que acontece facilmente.

Antes de receber o vestido da menina de olhos vermelhos, eu tentei fazer um com meu dom. Funcionou bem, e estava lindo. Era um azul escuro com manga comprida e um decode em V, mas pelo simples fato de parar de pensar no vestido, ele voltou a ser meu antigo pijama. Achei uma boa idéia não refaze-lo, pois no meio do show ele poderia voltar a ser um pijama.

– Merda, este vestido mostra muito das minhas pernas! – Exclamei ao ver, pelo espelho do quarto de Ash, como o vestido lilas ficava em mim. Estava bastante curto, e se eu for me abaixar em algum momento, mostraria muito mais do que eu desejo.

– Você disse que não é pecado – Riu a dona do quarto.

– Agora sofra com as consequências – Disse a minha outra amiga.

– Coitado do meu irmão, vai sofrer com tantos garotos te devorando com os olhos. – Asheley colocou a mão na testa, dramaticamente.

– E o seu noivo Ash? – Gritou Sofi ao entrar no banheiro do quarto. – Será corno?

– Mas que trágico! – Digo entre risos. – E você tem que colocar juizo no Mike! Ele pode ser lindo, ainda mais quando seu sorriso faz aquela covinha. Seu corpo pode ser atlético, suas piadas engraçadas, ser super simpático, ser cortês, e ele ser o garoto mais cavaleiro que já conheci, contudo, Mike continua sendo da família.

– Cruzes! – A garota fez o sinal da cruz – Nem pensar, quanta saudade estou do principe Nathan... – Ela suspirou e caiu na própia cama. – Que sorte que o Rob não está aqui no quarto. Ele ia falar que sou dramática. E quanto ao meu irmão... Bem, você já deve saber, já que deve ter estudado, mas não tem problema casar primos ou qualquer coisa do genêro! Teve momentos que o Rei queria que noivassemos, já que somos ambos lindos e tudo mais e teríamos um ótimo herdeiro. Todavia o Rei percebeu que não valheria a pena para o reino. E antes de morrer, meu pai tentou me promenter para um Conde. Digamos que pelo menos nada foi assinado...

– Logo voltará para seu amado, eu te levarei de volta quando for a hora – Ri. – E já que não tem nada assinado você poderá viver feliz com seu príncipe.

– Mas o problema é que são dois reinos. O meu e o dele. E como seríamos nós a nos casar, e sou eu a dama... Eu terei que ficar no castelo dele e o Michael...

– Mike ficará bem. – Digo sorrindo e colocando o braço em seu ombro. – Ele está bem agora não está? – Ash concordou com a cabeça. – Então! Ele continuará bem.

– A diferença é que ele está bem, por que você está com ele. – Murmurou Ash indo na frente.

Descemos as escadas, os meninos já estavam prontos à algumas horas, e nos esperavam jogando video game. Apesar de não estarmos vestidas para nenhuma coisa chique, ou arrumada de mais, eles nos olharam com adoração.

– Princesa! – Disse Rob pegando a mão da minha tataratatara... avó. – Estou com muita fome! Terá cachorro quente lá! Vamos logo!

– Claro, bobo da corte – Eu ri os empurrando pela porta. Os outros me seguiram.

Bernardo segurou-me pelo punho, com bastante força e urgência, fazendo com que eu parasse de andar. Fazia tempo que ele não me tocava direito. Mesmo assim me virou e mexeu no meu cabelo. Ficou um clima estranho.

– Está linda – Bê quebrou o silêncio torturante – Precisamos conversar.

– Agora não dá... – Tento evitar olhar nos olhos dourados dele, já que me cativavam e me prendiam. Como se fosse um caçador, e eu a caça. – Amanhã a gente se fala. – Me viro e vou atrás dos meus amigos correndo. E sentindo meu simbolo arder. Eu sei que não estarei aqui amanhã.

A pergunta que me fiz foi “qual dos simbolos está ardendo dessa vez? A ligação que não deveria mais existir? Ou o simbolo que nos afasta?”. Paro perto de uma árvore, depois de conferir que não tinha ninguém, subo um pouco meu vestido. O suficiente para ver a marca e com isso desço um pouco a calcinha. Consegui ver o laço brilhar.

– Droga.

– Ei gata, esperando alguém? – Ouso sua voz e o barulho da sua faca. Instantaneamente sei quem fala comigo e não me sinto envergonhada por conferir a marca.

– Não... – Falo de costas, olhando para a marca e vendo ela parar de brilhar. Desço o vestido. – Porque? – Pergunto ainda de costas.

– Talvez por que pensei que estivesse... Hum... Se preparando para alguma coisa. – Ergui uma sobrancelha.

Me viro.

Sebastian, com seus lindos olhos verdes, estava parado em pé bem atrás de mim, com um sorriso malícioso. Vestindo uma blusa preta em V que destacava ainda mais seus olhos e seu corpo.

– Está falando de que? – Pergunto passando por ele, até os arbustos.

– Você estava tirando a roupa. – Sebastian riu e seu riso não era nem um pouco grotesco, como o esperado. Na realidade, era muito bom de ouvir.

– Afinal, por que está aqui? Não tem nada para fazer além de me olhar?

– Na verdade, tenho muita coisa para fazer, mas adoro vir aqui... Para a floresta. Me sinto mais vivo. Em casa. – Ele dá de ombros e fixa seus olhos no meu vestido. – Está horrivel com isso ai – Ele apontou e seu olhar passou de novo por todo meu corpo. Fazendo com que eu tivesse uma sensação de nudez.

– Nem me fale... Não queria usar isso hoje, é tão curto... Culpa da chata da minha amiga. – Digo tentando lembrar onde que ficava o karaoke. – Você está sabendo do show? – Pergunto assim que ele chega ao meu lado.

– Estou ouvindo certo? Está me chamando para sair? – Sebastian riu. – Suzanna Hestings tentando dar em cima de mim?

– Não. Suzanna Hestings querendo saber apenas onde seria, para se encontrar com seus amigos. – Fiz uma careta.

– Lembra que está me devendo um favor. – Não foi uma pergunta. – Ainda não escolhi. – Sebastian sorriu e chegou mais perto. Bem perto do meu ouvido. – Mas tenho algo na minha cabeça.

– Merda? – Pergunto rindo e andando pela floresta.

Ele para e me empurra contra uma das árvores perto das cabanas. Segurando meu cutuvelo agressivamente. Não gritei, nem reagi. Fiquei congelada, pelo menos por uma fração de tempo. O suficiente para eu sentir que minhas costas estavam sendo arranhadas, por causa da árvore.

– Qual foi? – Finalmente consigo falar. – Você é psicopata, mesmo? Achei que já conhecesse todos os meus inimigos – Menti me afastando um pouco da árvore e de sua mão, ainda irritada pela agressividade. Olhei para Sebastian com tanta raiva, que eu não percebi na hora se era a minha raiva estampada no rosto dele, ou aquele sentimento era mesmo dele. – Coitados dos teus amigos, você sempre surta do nada? Coitados dos teus pais também. Devem se decepcionar sempre que te vê. – Noto que quando eu falo sobre os parentes dele, Sebastian trinca os dentes como se eu fosse que estivesse o irritando agora.

– Cala a boca – Ele disse com um tom frio. Não só seu tom mudou, como também seu corpo transpirou um pouco.

– Por que? Mamãe se mandou e papai te odeia?

– Quase isso, pirralha. – O rapaz riu sem ver nenhuma graça. – E você, Suzanna? Não pode falar muito. Seu pai “sumiu” por algum motivo, e sua mãe te mandou para sua tia por outro bem parecido. Nenhum deles te suportava. E agora você está aqui, e a sua família? Onde estão todos aqueles que você acha que se importam?

Caralho! Quem é esse garoto para saber da minha vida? Mesmo estando errado, como sabia da minha tia?

– Por que está me machucando, sua besta? – Observo de novo sua reação. Antes me segurava contra a árvore, quase me enforcando. Já agora me olhava com preocupação.

– Eu... Er... Não te machuquei, você que é dramática.

Me virei deixando que visse como estavam minhas costas. A bipolaridade de Sebastian me irritou. Conheço ele a apenas umas... sei lá... Menos de dez horas? E ele já deu em cima de mim, já me viu numa cena inconveniente e já foi um monstro idiota comigo.

Senti a sua mão, que antes me apertava forte, passar leve e lentamente nos cortes. Um arrepio subiu até minha nuca. Como uma mão tão pessada conseguia ser tão gentil agora? Virando-me de volta para ele. Olho-o e vejo o nivel de preocupação maior que antes. Seus olhos pareciam embasados e sua mente não estava mais aqui.

– Está sangrando – Ele murmura levantando os dedos, com meu sangue. – Desculpa... Não sou, nem nunca fui de bater em garota. Mas detesto quando uma anã convencida fala coisas que não sabe de mim. – Ele abaixou a voz por um momento. – Sério Ana... Vamos limpar isso...

– Idiota... Você me agarrou antes mesmo deu poder dizer algo sobre você – Resmungo olhando bem para seu mar verde. – É só você me curar com seu dom, sabia? Tenho certeza que sou mais forte que um gatinho para aguentar a dor que você pode me causar.

– Er... – Ele coçou a cabeça. – Esqueci que sei fazer isso. Apesar de sempre ter vivido com isso, as vezes nem lembro. – Sebastian não parecia estar pensando direito. Algo que falei ficou dentro dele o enloquecendo, pude sentir.

– Bipolar – Murmurei.

– O que?

– Me cura logo! – Quando estou enfim de costas para ele. Seu dedo toca algumas feridas e vejo tudo em verde por um tempo. Fecho e abro os olhos, quando minha visão finalmente volta ao normal, nem sinto mais dor. Nem agonia, nem raiva.

– Hum... – Penso em olhar para o garoto que me machucou mas olho para além dele. Aonde um par de olhos dourados me encarava.

Logan veio até mim, tocou as cicatrizes devagar. Estava sem sangue em sua mão. Elas deviam estar sumindo. Me olhou e viu que eu estava aliviada, por estar com ele agora. E algo feroz surgiu em sua voz.

– Lourenso – Log disse entre dentes. – Não a toque nunca mais, entendeu?

Não vi o garoto tremer, nem nada parecido com qualquer briga que eu já havia visto. Na verdade, Sebastian não demonstrou nada. Apenas cruzou os braços e o olhou de cima. Com cara de superior. Ganho coragem e me ponho entre eles.

– Foi um mal entendido – Digo rápido. – Ele só estava... Er... Ajudando a amarrar meu vestido. – Pensei em meu vestido ser de corpete com fitas vermelhas. Não demorou muito para ser verdade. Mas Log já viu minhas marcas...

– Sei que está com dor. – Disse Logan, me fazendo olha-lo. Aiai... Quanto tempo que não encaro ele, como eu deveria. Foco. – Vi sangue nas suas costas e vi, quando cheguei aqui, que ainda tinha os cortes.

– Ok... – Digo tentando pensar rápido. Lembro-me de Bernardo. Vou até Sebastian e seguro a sua mão, como se fosse este o segredo. – Ele me segurou contra a árvore, sem medir as forças, acabei me machucando e ele limpou aonde doía. – Não menti e me senti satisfeita por isso. Apenas omiti um pedaço. – Sabe que estou falando a verdade, sei que você sabe.

– E por que você a colocaria contra a árvore, Lourenso? – Pareceu que o que eu disse só aumentou a raiva de meu amigo.

– Ele só estava...

– Chega, Hestings! – Disse Log – Não sei porque protege o garoto, mas eu o conheço desde que entrei no acampamento. Logo, antes de você chegar nessa ilha. E por acaso sou o lider da nossa cabana, e lá ele é conhecido como “Insano”. Essa palavra resume o Lourenso.

– Ele me contou.

– Sei que você não estava se pegando com ele, apesar do seu péssimo gosto. – Senti nojo em seu olhar. – E como você sabe, Sebastian, eu já estava vendo a cena a um tempo.

– Então a agonia e medo que captei eram seus e não dela? – Ele apontou para mim e depois sorriu. – Garota forte, admito.

Quando olhei para Sebastian lembrei do nome que ele me chamou. Ana.


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Notas finais do capítulo

Espero que voces tenham gostado! Esse foi um rápido cápítulo. Comentários movem a história.



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