Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 30
Capítulo 30 - Boas e más notícias!


Notas iniciais do capítulo

Aqui está! Mais um capítulo! Espero que gostem!!!! "O que Happines te fez?"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/571005/chapter/30

Passei por todos, sem ter a intenção de parar. Minha distração não foi comum, mas também nada tem sido normal. Vi um garoto, com incriveis olhos verdes e cabelos castanhos sentado em uma árvore. Ele sorriu ao me ver, enquanto brincava com uma faca. Não era bonito, porém, seu sorriso iluminou o dia, um pouco. Tentei sorrir de volta e seus olhos verdes ficaram ainda mais claros, contudo, ainda verdes.

Em meio a floresta, sinto como se estivesse mais escuro. O clima fica estranho, e o vento é mais forte. Todavia, como em qualquer vida sobrenatural, isso não passa de um dia a dia. Ouvi um barulho, estridente, que me fez estremecer. Ohei em volta e não demorei muito para achar o dono do chiado.

Um gatinho lindo estava em cima de uma árvore, parecia machucado. Seu pelo era quase mel, talvez até um pouco claro demais. Seus olhos eram relampejados. Pensei em usar meu dom no gato, porém, não parecia certo. Vai que ele está realmente muito machucado para me obedecer?

– Querida árvore – Toquei-a e senti vibrações. – Desça-o para mim?

Não precisei usar meu dom com essa, pois me entendeu de imediato. Como eu já havia tentado em outras árvores perto de casa, pude perceber que são bem poucas as “vivas”. Quando o bichano já estava em meus braços, Remendo apareceu voando bem perto e pousou na grama a minha frente.

Tinha um pergaminho em suas garras.

Peguei-o.

Querida,

Tenho boas e más notícias. Primeiro as boas. Sua mãe está comigo! É uma longa história, mas com ajuda interna, Rachel conseguiu fugir. Não a acharão mais, ela usa agora um amuleto. São tres anéis presos em um cordão.

Acredito de ser da época do meu pai, mas se estiverem certo a respeito de cada um dos anéis... Eles são feitos como o seu. Para ajudar nos dons. Apesar da sua mãe não ser como nós, o seu pai consedeu a ela um dom.

Ou quase. Era um anél também. Do antigo clã das folhas. Ele serve para o ser que o usa se “camufle” ao redor. Então, pode entender que ela está bem escondida. O cordão melhora esse dom, não podem caça-la. Ninguém pode.

Antes ela não usava-o pois achava incômodo, e não sabia sobre a magia. Chorava sempre ao lembrar do marido, mas sem o cordão Rachel está perdida e, pior, o que mais importa a ela: Você também estaria perdida.

Contei o lado bom, agora é o lado ruim.

Rachel está muito doente, passou por esconderijos que poderiam te-la matado. Rachel está agora aos cuidados de Zack, dos curandeiros dele e dos meus. Admito que ela está perto da morte, mas se estou certa, com os amuletos que tem Rachel pode se esconder da morte também.

É dificil ter certeza. Sua mãe é forte. É bom que você seja também. Creio que deixaram ela escapar e que agora estão a vigiando, pois é óbvio que você iria ser imprudente e pensar em vir. Você pensou?

Pensei...

Tudo dará certo, mas preciso de um favor. É para sua mãe. Não muito longe daí tem algo que procuro para um dos feitiços. É uma fruta chamada “Parole”. Ela deve estar mantida escondida e protegida por Eco.

Não é muito dificil entender. Eco faz parte da mitologia grega, já sabe para aonde ir, certo? Isso, Grécia. Aqui está o desenho do lugar em que deve a achar.

Só mais uma coisa.

Não fale muito, Su.

Sabe da onde surgiu o nome de Eco?

Olhei para o papel. Sim, eu sei da onde veio... Isso significa que é para eu não falar com ninguém? Ou não falar disso?

COMO EU VOU CHEGAR NA GRÉCIA?!

E pensar que eu morava numa cidadezinha e nem freguentava escola nos últimos anos. Agora venho morar com minha “não tia bruxa” e descubro que sou sobrenatural. E que não sou diferente apenas nos meus olhos. Antes disso, meu pai morre, some, ou sei lá o que aconteceu. Não da para ter certeza agora. Minha mãe passa para um estado de quase morte. Como ela fugiu? Quem em sã consciência traíria aquele senhor Braden? Ele tinha ódio transparecido na alma. Graças a Deus alguém não teve medo dele e me devolveu minha mãe.

Pensei na única pessoa que levaria comigo nessa viagem atrás de uma fruta. A única pessoa em que eu posso confiar 100%.

Sofia.

Peguei o lindo gatinho, olhei para minha águia, agradeci e corri em procura de minha companheira de viagem. Já havia até esquecido do bichano que estava comigo no meio da corrida. Ele será um ótimo presente de aniversário, quando estiver limpo e sem machucados. Talvez Marvin possa salva-lo para mim. Mesmo se eu não pedir por meio do Logan... Quem sabe...

Fiz um carinho no gato e me lembrei do garoto de olhos verdes que eu avistei quando vim para a floresta. Ele estava sentado em uma das árvores... Será que ainda está lá? Tinha olhos verdes, logo um dos poderes deve ser a natureza... Então ele deve saber curar um gatinho e eu não vou precisar pedir ao Marvin.

– Não custa tentar – Falei olhando para o gatinho alinhado em meu peito. – Não se aproveita de uma situação dessa! – Cutuquei o gatinho na barriga que abriu os olhos assustado depois ficou calmo.

Procurei por longos minutos. Olhei a parte da frente da floresta, perto do acampamento, mas, não tinha nada. Nadinha do garoto de olhos verde. Meu olhar caiu no gato.

– Você por acaso é macho? – Perguntei, primeiro achando graça mas depois notei muita coinecidência. Coloquei o estranho gatinho em uma pedra perto da árvore. – Você está machucado, certo? – Perguntei baixo. O gato virou a cabeça para o canto e me encarou com seus olhos verdes.

Eu achei graça mas não pude sorrir.

– Se acha mesmo que ia ficar todo pertinho de mim assim! Se fingindo de gato! – Apontei um dedo na cara do gatinho que se encolheu – Está tremendamente enganado! Você não faz idéia do meu poder, e vai se arrepender por ser uma metarmofo idiota! – Gritei.

– O que o Happiness te fez? – Ouvi uma foz rouca atrás de mim e me virei. Os olhos verdes do garoto me encaravam. Seu sorriso me deixou muda. – O que meu gato te fez?

Levando a mão suja de terra ao jeans, o garoto limpou a faca e a colocou no bolso. Com a mão já limpa, jogou os fios lisos e desarrumados de seu cabelo para trás. Sua testa estava um pouco suada facilitando o cabelo não voltar ao seu rosto.

– Eu... Er... – Olhei de um para o outro. – Pensei que... – O garoto nem é tão bonito, para de fazer cara de retardada Suzanna! – Eu o vi numa árvore, machucado. Ia procurar alguém para o ajudar, depois daria a minha amiga, se ele não tivesse dono.

– Machucado? – Aquele garoto perguntou e olhou para o gato que tampou o rosto com uma pata, como se assim pudesse se esconder.

– Agora que vi que ele tem dono... – Fui até o Happ e o peguei com cuidado – Toma o Happ.

Ele olhou para o gatinho, alinhado no meu peito e suspirou.

– Você quer mesmo este gato irritante? – O garoto de olhos verdes sorriu para mim e mexeu em seu cabelo castanho bagunçado. - Ele gostou de você, pelo visto. – Quando ele foi tocar no gato, o mesmo tentou o morder. – E esse corte na perna dele... Fui eu.

– Machucou o Happ? – Disse incrédula, triste e visivelmente irritada. – Por que...? É apenas um gatinho...

– Por que esse gatinho “lindo” abocanhou meu passarinho favorito! – O garoto parecia não sentir culpa nenhuma. Usava uma blusa preta, uma jaqueta da mesma cor e estava com um dos pés em cima de um skate.

– Não é só por isso que você vai o machucar, certo, menino? – Perguntei afagando o Happiness.

– Eu sou do clã dos olhos verdes. Não sou do antigo clã dos olhos de folha, mas eu tenho um dom de cura surpreendente. – O garoto se gabou – Mesmo detestanto-o por matar meu pasarinho, eu o curo sempre que se machuca.

– E sempre que você o machuca também? – Perguntei apertando o gato, o qual chorou. – Ajude-o agora então! – Implorei – Ele está com tanta dor... Eu consigo sentir...

– Se preoculpa tanto assim com ele? – O garoto estava curioso. – É só um gato. E pensei que só pessoas como eu poderiam sentir a dor dele.

– Seu estupido! Não é apenas um gato! É mais um gato que pode estar vivo, então deixe-o viver! – Cheguei perto do garoto, com lágrimas nos olhos. Esse garoto não pode ser humano.

– Calma! Não precisa fazer cara de cachorrinho sem dono. – O jovem riu. Mais ou menos jovem, já que era com certeza mais velho do que eu. Talvez tivesse dezenove anos?

– Claro que não vou fazer! Vai que você tenta me matar também! Esse acampamento, sem dúvida nenhuma, devia ter regras!

– Qual seu nome? – Ele sorriu enquanto tirava o gato de mim e o recolocava na pedra. Deitou-o e tocou no seu machucado. Apertou bem forte e suspirou. Um brilho saiu do seu dedo até o ferimento, o rasgo já não estava mais ali.

– Sou Suzanna Hestings – Digo chegando perto de seu ombro, para ver melhor o Happ.

– Sou Sebastian Lourenso – Sorriu e fez meu coração despertar. – Qual o seu dom, Suzanna?

– Não sei ao certo...

– Meu dom é a cura. E sentir o animal. A respiração dele, o coração. Saber se está vivo e tal... – Sebastian olhou em minha direção. – Alguns nos comparam aos animais, e eu entendo o porque. – Ele sorriu. – Nosso instinto é surpreendente, se é que você me entende.

– Então sabe o que penso? – Perguntei tentando tirar o gato dele. – Já que também devo ser um animal?

– Seria legal, mas não. Eu apenas sinto algumas coisas. Nada demais. Apenas vibrações, tipo que você estava bem irritada, mas parou quando eu fiquei simpático. Pelo visto, um sorriso já te acalma. Colocarei isso como um lembrete no meu celular.

– Só isso? – Pergunto me referindo ao seu dom, e enfim tirando Happiness do monstro que o segurava – Você é sociopata, não é? Você pode ficar afastado agora.

– Não, mas me chamam de insano de vez em quando - Sebastian abre um sorriso, mostrando os dentes e toca no cabelo desalinhado. Sujando-se com o sangue do gato. – E eu também já ouvi falar de você, Suzanna Hestings.

– Ouviu? De quem?

– De algumas pessoas, e principalmente do garoto da minha cabana. Justin. – Ele me olhou como se eu fosse indentificar, mas já que não, Sebastian prosseguiu. – Garoto, parece ter doze anos, apesar de ter quinze. Pele branca, cabelo branco, gosta de gelo, de congelar as pessoas...?

– O do teste! – Disse me lembrando – Ele sabe meu nome? Não teria mesmo como eu saber o nome dele, já que só vi o Justin naquele momento, acredito.

– Eu só ouvi seu nome a alguns dias... Mas não pensava que você fosse assim tão...

– Estranha? Teimosa? Intrometida?

– Diferente... Justin me contou sobre os seus olhos, mas nunca conheci ninguém com olhos assim. – Sebastian chegou alguns passos para mais perto visando me observar melhor.

– Tem mais dois no acampamento com olhos assim – Digo. – É técnicamente normal. – Menti e pude sentir que Sebastian podia ver que eu não estava sendo sincera.

– Soube que você era a única descendente desse clã – Ele apontou para meu olho direito – Pelo menos, a única que deveria estar realmente aqui. – Sem saber ao certo como Sebastian poderia saber isso, eu fingi indiferença.

– Certo. – Olho para o Happiness. – Posso da-lo a minha amiga?

– Apenas se você me dever um favor, para mais tarde! – O monstro sorriu. E eu olhei para o relógio. Tinha que voltar para perto da aniversariante e pedir ajuda para ir a Grécia. O pensamento me deu medo. O que será que me espera lá? – Não fique com medo! – Sebastian levantou as mãos. – Eu não sei nem o favor que vou pedir!

– Não é medo de você, bobo – Eu consegui sorrir – Tenho um dever a cumprir... Mas primeiro, entregar o gato. – Beijo sua bochecha – Obrigada por ele... e por salva-lo.

– Poxa, se é assim, vou fazer mais coisas boas para o mundo. – Sebastian tocou na bochecha brincando. Com os olhos verdes ficando mais escuros e sérios, olhou em volta e depois voltou a me encarar.

– Espero mesmo, tchau, até mais.

Me virei, afastando de Sebastian e fui atrás da Sofia. Decididamente o garoto é meio doce, mas muito brutal. Parece o Pedro. Meu pai gostava do meu ex-namorado, obviamente não sabendo que eu iria chegar a namorar com o Pedro de verdade quando chegasse aos quinze anos. Quando tinha nove anos eu saía com ele, mas era só um menino e uma menina brincando.

E o jeito distraido e talvez até um pouco grosso do Sebastian falar me lembrava um pouco de Pedro. Talvez seja também pelos olhos verdes e o resto do rosto. Mas o corpo do meu ex não era assim.

– Adivinha! – Gritou Sofia se tacando nas minhas costas, fazendo com que eu quase caísse de cara no chão. Consegui proteger o gatinho.

– É para você – Eu disse levantando o Happ por cima da minha cabeça, já que ela estava nas minhas costas. – O nome dele é Happiness. Cuide dele.

– Obrigada! – Ela me segurou mais forte e depois me soltou. Dei um gemido de dor e depois levantei da grama. Ouvi Sofia rindo e entre a rizada falou : – Você some por horas e volta com um gato?

– O que era para eu adivinhar? – Perguntei, mudando de assunto. O meu coração estava palpitando com um sentimento de culpa. Tenho que falar sobre a Grécia.

– Hoje vai ter Karaoke! – Ela disse dando pulinhos.

– Quanta animação por um show de música... –Bernardo murmurou chegando perto, seguido pelo resto do nosso grupo. – Quantos anos fez mesmo?

– Quatorze – Sorriu a menina. – Contudo, sou muito mais madura – Sofia jogou o cabelo para trás. – E a mais inteligente do grupo, então nem tente me zoar.

– Claro... – Olhei para todos em volta. Segurei a mão de Sofia e apenas pensei: - Tenho uma novidade, não faça nenhuma cara diferente quando eu te contar! - Alertei-a - Vamos para a Grécia, a procura da cura para minha mãe. Ela está com minha tia, e esta na beira da morte – Sorri com um falso entusiasmo – Vamos para o show?

– Er... – Ela tentou digerir tudo e afirmou com a cabeça. – Te ajudo no que precisar – Depois viu que os outros nos encaravam – Você definitivamente vai demorar a fazer o cabelo!

Todos riram e fomos nos arrumar para o Karaoke.

Em breve vou a Grécia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentários movem histórias



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os olhos violetas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.