Retrato das coisas que se acham na minha cabeça escrita por Ped5ro
“Quero todas as minhas fitas cacetes de volta, minhas músicas do Chico e do Caetano e aquele som que a gente comprou junto, mas no fim eu que paguei quase tudo sozinha. Pode ficar com o sofá. Não esquece de passar cera no chão, o piso é de ardósia e foi caro pra caralho. A casa não é minha, mas dos teus filhos, dê a eles alguma coisa quando morrer. Mesmo que sua mãe seja maluca e a mulher do teu irmão fazer a vida de qualquer um inferno, eu também não posso deixar muito, então ao menos se esforce. Para de fumar o dia inteiro e arruma um emprego decente, já que vai ter que pagar pensão. Você pode pega-los daqui a 15 dias. Se atrasar eu volto pra minha casa com eles. O advogado quer que você assine mais alguns papéis, vá até lá na terça de tarde, é a hora que ele tem livre.”
Jogou o bilhete no lixo. Sem um “oi”, sem uma condescendência, mesmo depois de 10 anos, depois de tudo. Jogou fora. Jogou. Fora se foi. Fora. Jogou longe o que um dia foi alguma coisa 10 anos atrás. Não tinha certeza daqui pra frente, e ainda não tinha quando acendeu um cigarro, jogando fora o fósforo acesso dentro da lixeira. Queimando. Queimando fora. Dentro.
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