O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 3
O Acampamento Meio-Sangue


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, aqui está o capítulo 3!
Como eu só fiz 10 capítulos até agora, vou tentar postar um pouco mais devagar e tentar escrever mais. Aqui não tem nada muito sério, mas é pra terminar de colocar o David na história. Vamos lá! Espero que gostem!



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Eu ainda tentava limpar qualquer resquício de pó de monstro amarelo da minha língua. Ress e o garoto de camiseta roxa apertaram as mãos, e se voltaram para mim.

– Você por acaso não vai se transformar em um monstro roxo, certo? – eu perguntei ao garoto, que riu do meu comentário.

– Poderia se eu quisesse. Mas acho que não me cairia bem. Meu nome é Frank Zhang, muito prazer.

Ele estendeu a mão para mim. Hesitante, eu aceitei o cumprimento.

– David Matt Willer.

– Bom, David, nós temos boas e más notícias. – disse Frank, calmamente, como se tivesse repetido esse discurso mais de mil vezes. – A má notícia é que você não vai poder voltar para o seu colégio. Nem pra casa, por enquanto.

– Como é?! Que papo é esse?!

– Mas a boa notícia – ele continuou, ignorando minha reação como se também já tivesse lidado com isso antes. – , é que há um lugar seguro para você ir. E não fica longe daqui.

Antes que eu pudesse perguntar novamente, Ress me empurrou de leve, para que eu começasse a andar.

– Vamos logo! Se demorarmos muito, mais monstros podem vir. – ele disse. Dadas as circunstâncias, era um argumento muito convincente.

Após algum tempo andando pelas ruas quase vazias, não aguentei mais ficar em silêncio.

– Dá pra me explicarem o que foi tudo isso?

Frank, que andava à minha esquerda, me olhou, como se avaliasse a pergunta.

– Esse é sempre uma resposta longa... David, o que você sabe sobre mitologia?

– Mitologia? Tipo, deuses, heróis, coisa e tal?

– Exatamente. Mitologia greco-romana, para sermos mais exatos.

– Sei o que a maioria das pessoas sabe, eu acho. Zeus, Poseidon, Hades, esse tipo de coisa. Histórias que os povos antigos criavam pra explicar o mundo.

– E se eu te dissesse que não são só histórias?

– Que quer dizer?

– Esses deuses, monstros... todos existem, de verdade.

Eu quase empaquei no meio da calçada.

– Que piada mais sem graça! – exclamei.

– Não é piada! – disse Ress.

– Fala sério! Esperam mesmo que eu acredite que esse tipo de coisa é real?

– Bem... sim. – respondeu Frank. – Mas acho que você não vai mesmo entender se não ver com os próprios olhos. Ress, acha que é seguro, a partir daqui?

Ress olhou ao redor. A rua estava completamente vazia, a não ser por um gato no galho de uma árvore.

– É, acho que sim. Mas você aguenta levar dois?

– Não estamos longe. Devo ser forte o bastante.

Depois de um cara com pernas peludas, um moleque gordo que virava monstro e um arqueiro de camiseta roxa, eu achava que as surpresas tinham acabado. É, eu errei. Frank simplesmente se transformou em uma águia gigante e, antes que eu pudesse pensar em gritar, Ress me empurrou para as costas do pássaro-Frank e subiu logo atrás. Frank alçou voo.

– MAS O QUE DIABOS É ISSO?! – eu berrei.

– Bem legal, né? – Ress riu, atrás de mim. “Legal” não é bem a palavra que eu usaria. “Impressionante”, no sentido ruim da coisa, ou “Assustador”, talvez. Até “Chocante”¸ mas “Legal”, não.

Deixamos os subúrbios e voamos direto até Nova Iorque. Frank desviava dos arranha-céu aqui e ali, como se fosse comum um pássaro gigante voar por aí, com dois caras nas costas.

– Mas e as pessoas da cidade? – perguntei para Ress. – Não podem nos ver?

– Os mortais? – ele disse. – Relaxe, eles não veem nada, não. A Névoa está nos cobrindo perfeitamente!

– Névoa?

– Isso aí! É como se fosse um véu mágico e invísivel, que esconde tudo relacionado ao nosso mundo. – Ress continuou explicando. Senti que quando ele disse “nosso”, eu também estava incluido na categoria. – Além disso, os mortais tem um estranho desinteresse pela vida pra prestarem atenção em nós. Se algum deles, por acaso, olhar pra cá, devem ver um pássaro como qualquer outro, voando pela cidade! Eles só enxergam aquilo que querem enxergar.

Como que em concordância, Frank piou para nós.

Depois de mais alguns minutos, Frank voltou a piar repetidamente.

– Ele disse que estamos chegando! – falou Ress. – Se segura, porque vamos descer!

Antes que eu pudesse perguntar como ele sabia o que Frank havia dito, começamos uma descida rápida em direção a Long Island. Fomos tão depressa, que senti o ar sendo sugado pra fora de meus pulmões. Frank então aterrisou no topo de uma colina, ao lado de um pinheiro enorme que, depois notei, tinha uma pele de carneiro dourada em um dos galhos. Segui com Ress e Frank (que tinha voltado a ser gente) para o meio das árvores até passarmos por um portal com uma placa em que se lia “Acampamento Meio-Sangue”.

– Vamos até a Casa Grande. – disse Ress. – Quíron vai querer te conhecer e explicar tudo o que está acontecendo.

– Vão na frente. – disse Frank, indo para outro lado. – Tenho treino de arco e flecha com os filhos de Apolo.

Nem tentei perguntar quem era Quíron ou que diabos era aquele lugar. Provavelmente não ia ter resposta, mesmo. Então me limitei a olhar ao redor. Dezenas de adolescentes corriam pra lá e pra cá, fazendo todo tipo de coisa. Conversando, colhendo morangos, lutando com espadas, atirando com arco e flecha, escalando paredes que jorravam lava. Aparentemente, eram coisas totalmente comuns, porque eu devia ser o único ali de queixo caído. Por um segundo, imaginei se aquilo era algum tipo de circo intinerante, ou se o pessoal ali não levava a ideia de Assassin’s Creed um pouco a sério demais. Chegamos até uma casa de madeira, onde um senhor de cadeira de rodas observava tudo.

– Quíron, achamos ele. – Ress se prontificou, saltando os degraus que levavam à varanda da Casa Grande.

– Estou vendo. – disse Quíron, com voz macia. – Qual seu nome, meu rapaz?

– David. David Matt Willer. Será que pode me explicar o que está acontecendo e que lugar é esse?

– Claro, mas antes deixe-me alongar as pernas. – respondeu Quíron. – Essa cadeira é muito desconfortável.

Eu achei estranho, já que ele estava em uma cadeira de rodas, mas Quíron simplesmente se levantou... mas suas pernas ficaram na cadeira. Digo, suas falsas pernas, porque ele agora tinha quatro patas de cavalo.

– Não fique encarando. – sussurrou Ress. – É incômodo.

Notei que estava olhando chocado para o corpo de cavalo de Quíron. Me forçei a olhá-lo nos olhos.

– Bem, vamos ao que interessa. Você não é um garoto comum, David.

– Como assim? – eu tinha até medo de saber a resposta.

– Você tem sangue antigo correndo nas veias. – disse Quíron. – Um grande poder, vindo dos deuses do Olimpo. Você é um semideus!


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Eu sei, foi um sem muitas emoções, mas a partir do próximo fica mais legal =D