O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 20
A Pior Volta pra Casa de Todos os Tempos


Notas iniciais do capítulo

Gente, primeiro de tudo, por favor, não me matem! Eu sei, faz muito tempo que não mando um capítulo novo, mas é que eu travei enquanto escrevia e foi uma briga pra continuar. Mas agora eu consegui, então tem mais capítulo pra vocês! Vou me esforçar!

No capítulo anterior, após se encontrarem com Apolo e descobrirem que a flecha da profecia estava tinha desaparecido, David e Lucy decidem voltar ao Monumento Washington. No caminho, eles encontram a antiga casa dos pais de David e o garoto descobre como se tornou um Herdeiro de Titã. Depois que seu marido morreu como soldado, a mãe de David começou a ouvir Cronos chamando por ela e o levou à Casa dos Imortais. Mas quando descobriu que os titãs planejavam usar as crianças da Casa para uma guerra contra os deuses, a mãe de David o tirou de lá e o deixou no orfanato, sendo morta pouco tempo depois.
Seu espírito ficou preso na casa da família, até que ela teve certeza de que David estava vivo e bem, para enfim poder descansar em paz.



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Voltar pro Monumento levou menos tempo do que pensei. Ou talvez eu estivesse apenas ocupado demais, com a cabeça em outro lugar. Encontramos Percy e os outros nos esperando no campo ao redor do obelisco branco. Eu ainda segurava a foto da minha família.

– Ei, por que demoraram tanto? – perguntou Piper. – E... David, o que aconteceu?

Demorei um pouco pra responder.

– Nada, só demoramos mais do que o previsto.

– Acharam alguma coisa? – perguntou Jason.

– Mais ou menos. – disse Lucy. – Encontramos com o meu pai, mas ele disse que a flecha foi roubada.

– Como é?! – exclamou Leo. – A flecha de Apolo... foi roubada do próprio Apolo?!

Não sei por que, mas falei a única coisa que me veio à mente.

– Apolo ainda não dominou o Valdezinator.

*****

– E agora? – perguntou Percy. – Precisamos da flecha de Apolo, se queremos resolver essa situação.

– E se tentarmos descobrir quem roubou a flecha e pegar de volta? – perguntou Leo. – Geralmente, a gente sempre encontra o que estamos procurando bem no meio do caminho.

– Não tenho tempo pra isso. – eu disse, o meu sangue fervendo de raiva. – Não sei qual é a dessa flecha de Apolo, quem a roubou e nem o porquê. Só quero entrar lá e dar uma bela surra em cada um deles!

Os outros me encaravam, como se eu tivesse enlouquecido. Bem, dadas as circunstâncias, eu bem que podia ter ficado insano.

– David, não podemos simplesmente entrar na base do inimigo, tentando quebrar tudo que tiver pela frente. – disse Annabeth.

– Por que não? – para a surpresa de todos, foi Percy quem falou. – Fazemos isso o tempo todo.

– Cabeça de Alga, não começa! – retrucou Annabeth.

Era estranho, mas aquela repentina briga de casal estava me deixando menos tenso. Como se tivessem me arrastando pra fora de toda aquela frustração que sentia quando deixei a casa dos meus pais. Era a mesma sensação de quando saí do sótão da Casa Grande.

– Chega, vocês dois! – exclamou Piper. – David, fale logo, o que aconteceu de verdade!

Se Piper estava usando charme ou não, eu não tinha a menor ideia. Suspirei mais relaxado. Tinha voltado a ser o David de sempre, como tinha dito à Lucy que faria. Contei a eles o que tinha acontecido, sobre o que conversei com Apolo, o bando de monstros em debandada, e o que tinha visto na casa dos meus pais. Essa última parte deixou Piper e Annabeth com lágrimas nos olhos. Só não contei a parte em que Apolo me mandou ficar longe de Lucy ou sobre a garota Juliet, que quase atropelamos ao fugir dos monstros.

– Por isso queria ir logo de uma vez. – eu disse, por fim. A raiva tinha cedido lugar para a determinação. – Agora, a coisa é pessoal.

Todos ficaram quietos por um tempo, quando eu terminei de falar.

– Certo, então o que estamos esperando? – outra vez, Percy surpreendeu a todos. – A Casa dos Imortais não vai sair do lugar, mas também não podemos ficar aqui pra sempre.

– E acho que a flecha de Apolo não vai resolver cair exatamente aos nossos pés. – riu Jason.

– Vamos assim, de qualquer jeito, praticamente sem nenhum plano? – suspirou Annabeth.

– E não é o que estamos fazendo desde que saímos de Long Island? – Leo disse, irônico. – Ou melhor, não é o que fazemos noventa por cento das vezes?

– Pois é, sabe que eu adoro esse tipo de plano? – disse Piper.

Todos rimos juntos, frente às chances praticamente nulas de sucesso. Parecíamos apenas um grupo de adolescentes, passando uma tarde agradável em Washington. Fiquei imaginando um tipo de previsão do tempo maluca, em que o cara dizia “Olha, temos aqui altas probabilidades de um retorno de titãs, o que pode acarretar em um terrível fim do mundo no fim de semana. Mas até lá, saiam e aproveitem o sol!”. Mais um dia bem suave pra nós.

*****

Encarei as hastes de bandeiras que cercavam o Monumento Washington, até encontrar duas com um “Ω” gravado.

– Aqui. – falei.

– Beleza. Temos a porta. – disse Jason. – E como faz pra abrir?

– É só dizer pra onde você quer ir. – expliquei. – Na verdade, qualquer um dos espaços entre as bandeiras pode servir de passagem, mas só esse leva à Casa.

Todos nos juntamos em frente às duas hastes. Festus voava calmamente em círculos, acima de nós, pronto para entrar assim que a porta abrisse. Respirei fundo.

– Casa dos Imortais.

E andei em direção ao Monumento... bom, pelo menos, nos três primeiros segundos, já que depois de passar pelas hastes, eu estava naquele campo enegrecido. Meu corpo começou a tremer, mas não era de frio. Sentia um medo terrível, embora eu não soubesse do que era, exatamente. Como se eu tivesse entrado em uma cena de filme de terror de quinta categoria, na hora em que o pior monstro aparece e mata todo mundo que é besta o bastante pra andar pelo set de filmagem.

– Que quintalzinho mais... deprimente. – Leo tentou aliviar a tensão. Não que tivesse dado certo.

– É arrepiante... David, como você conseguiu viver aqui? – perguntou Jason.

– Não sei. Acho que fiquei aqui por menos de um ano. – respondi. – Não é tempo hábil pra um bebê saber o que está acontecendo.

Andamos pelo campo negro, um vento que não era nem quente nem frio soprava incessantemente, indo do nada em direção a lugar nenhum. Não demorou muito para vermos a velha mansão, no meio do vale, exatamente como no sonho que tive naquela noite no Acampamento Meio-Sangue.

– Então... era aqui que você morava? – disse Percy. – Parece muito....

– Apavorante. – terminei por ele.

“Tradicional”. – ele tentou desmentir. – Eu ia dizer “tradicional”.

– Sei.

– Enfim, como vamos fazer? – perguntou Leo. – Você não pretende entrar lá, dizendo “Oi, estou em casa!” ou qualquer coisa assim, certo?

Atrás dele, Festus soltou uma leve baforada de fogo (não entendo de máquinas, mas acho que ele concordava com o dono). Eu olhei para Leo com as sobrancelhas erguidas, em uma cara de surpresa. Afinal, aquele era exatamente o meu plano.

Antes que alguém pudesse falar qualquer outra coisa, me adiantei até a porta da mansão, empurrando as portas duplas e chegando em um enorme salão redondo, com uma escadaria de mármore negro que levava aos andares superiores. As paredes eram escuras, com pintura gasta e algumas rachaduras aqui e ali. Mas o mais curioso eram uns estranhos espaços dourados nas paredes, como se fossem espaços pra serem ocupados por estátuas... só que sem estátuas. Eram sete deles, na parede do fundo, logo acima da escadaria.

Assim que entramos na casa (com excessão de Festus, que não passava pela entrada), as portas se fecharam sozinhas. Jason tentou forçá-las a abrir, sem sucesso. É, as coisas estavam indo muito bem.

Foi aí que eles apareceram. Uma luz branca e lá estavam eles, seis jovens ocupando os espaços nas paredes, menos o do meio que permaneceu vazio. A escuridão do salão tornava quase impossível enxergá-los.

– Ei! EI!! Eles chegaram! – disse uma voz estridente, de um dos pedestais da direita.

– Sim, Jack, nos já vimos. – falou uma voz grossa à esquerda. – Pode se calar, por favor?

– E qual deles é o nosso? – alguém, também do lado esquerdo perguntou, de forma entediada. – Quem é o herdeiro de Cronos?

Sem nem pensar duas vezes (um hábito que agora estava impossível de controlar), eu me adiantei.

– Sou eu.

– É mesmo? – retrucou a mesma voz entediada. – Viu, Alice? É aquele ali, de cabelo castanho.

A pessoa que exatamente à direita do pedestal do meio simplesmente pulou para o topo da escadaria. Eu já esperava um ataque, mas o que aconteceu foi ainda pior... e mais esquisito. Simplesmente veio correndo escada à baixo e pulou em cima de mim (aquilo era um abraço?!), me fazendo cair no chão.

Mal consegui ver a aparência dela. Uma garota de longos cabelos pretos, com alguns fios caindo sobre o olho esquerdo, pele clara como se nunca tivesse ficado sob o sol por mais do que uma hora. Ela vestia uma blusa preta, de mangás curtas e uma bermuda jeans. Não parecia ter mais do que um metro e sessenta.

– AI! Mas que droga?! – eu exclamei.

– David! É você, de verdade? Que bom! Você voltou! – a garota falou, ainda em cima de mim.

– Ei, dá pra explicar o que tá acontecendo aqui?! – ouvi Percy exclamar exatamente o que eu queria dizer. A reação era bem compreensível, afinal, quando você se acostuma com o inimigo pulando pra cima de você, com o claro objetivo de por um fim nos seus dias, vê-lo pular com um abraço e esbanjando felicidade... realmente era algo desconcertante.

A garota olhou para os meus amigos, como se apenas então percebesse que estavam ali.

– Olá, semideuses! – ela disse, com voz simpática. – Meu nome é Alice. Eu sou a noiva do David!


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Notas finais do capítulo

E é isso aí, meus caros! Espero que tenham gostado. Comentem, favoritem, deem críticas, só não mandem ameaças de morte, que eu juro que vou escrever mais pra vocês! Até o próximo capítulo!