O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 18
Quase Atropelo uma Garota


Notas iniciais do capítulo

Bem, vamos explicar o motivo de eu dar essa acelerada nos capítulos. É que tem essa outra fic que estou acompanhando, e eu sempre comento nos capítulos que a autora posta. E ela lê e comenta na minha fic também. E ela teve a ideia de fazer um pequeno "crossover", dando uma aparição para o David na história dela, e eu dando uma aparição para a personagem dela na minha.
Mas eu só consegui fazer isso no capítulo 18 e queríamos que as postagens fossem feitas mais ou menos ao mesmo tempo, pra podermos explicar melhor aos leitores. Enfim, agora está feito =D
Deem uma lida na fic dela também, que vale a pena! A autora, daughterofsun, escreve sua fic "Meu Namorado Quase Vivo", no Social Spirit: http://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-percy-jackson-os-olimpianos-meu-namorado-quase-vivo-2612244.

David e seus amigos acabaram de chegar em Washington. Porém, Annabeth notou que ainda não haviam encontrado a "flecha de Apolo", comentada na profecia. O grupo então começa a procurar qualquer pista dela na cidade. David e Lucy procuram no Centro de Artes J.F. Kennedy, e lá o próprio Apolo os aguardava, planejando matar David! Mas quando o deus sol estava para dar a flechada, Lucy aparece! O que será que vai acontecer?



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Se eu ficava feliz em ver Lucy, Apolo parecia criança no Natal. Foi só olhar pra ela e foi como se eu nem estivesse mais ali. Ele simplesmente baixou o arco e foi em direção à filha.

– Lucy! Que bom te ver! Não acredito, como você cresceu! Como está sua mãe? O que está fazendo aqui?

É claro que Lucy estava completamente desconfortável com o súbito interesse de Apolo. Era quase como se ela estivesse em um programa de entrevistas ou coisa do tipo, o que me fez pensar se Lucy tinha medo de palco. Devo ter ficado alguns segundos com um sorriso idiota, imaginando uma Lucy toda constrangida em frente a uma platéia.

Algo nas minhas costas me acordou de minha fantasia.

– Mande-o embora!! – uma Lucy bem agitada exclamou às minhas costas.

– Mas hein?! Você quer que eu faça um deus ir embora?! – eu retruquei. Se a situação fosse outra, eu estaria emocionado. Tipo, Lucy queria que eu a protegesse! Mas o que ela queria que eu fizesse contra um deus imortal?!

De repente, Apolo me olhou como se finalmente notasse minha presença.

– O que você está fazendo aqui com a minha filha?

– Hein? Eu? Nada! Absolutamente nada!

– Faça ele ir embora! – Lucy continuava a exclamar.

Agora, Apolo estava realmente perdendo a paciência. Novamente, ele materializou aquele arco dourado e preparou uma flecha.

– Saia de perto da minha filha, herdeiro de titã.

– Cale a boca! – eu exclamei, incapaz de me controlar. – Não vê que está assustando ela?

Apolo me encarou como se eu estivesse falando em um idioma estranho. Era compreensível, afinal eu tinha acabado de mandar o senhor do Sol calar a boca. Isso geralmente me garantiria uma flecha de fogo atravessando o meu corpo, em uma morte lenta e excruciante, mas Apolo apenas abaixou o arco e me olhou como se não soubesse se ficava confuso ou com raiva.

– Como se atreve... – ele ia começar, mas eu já tinha perdido a paciência.

– Olha, eu não sei por que quase todo mundo que eu conheço quer me matar. Tudo o que eu quero é saber o que os outros herdeiros de titã querem comigo e impedir seja lá o que queiram fazer! E pra isso, precisamos da sua ajuda, droga!

Acho que minha explosão repentina realmente pegou Apolo de surpresa.

– Minha ajuda? E por que eu ajudaria você?

Parecia estranho, mas Apolo queria ouvir o que eu tinha a dizer. Mais uma aposta maluca, mas eu não tinha nada a perder.

– Estamos procurando por uma flecha.

– Uma flecha?

– Não sabemos como ela é, apenas que a chamam de “flecha de Apolo”. – eu disse.

– Ah... essa flecha...

– S-sabe onde ela está? – Lucy conseguiu dizer, ainda nervosa.

– Desculpe, Lucy, minha querida filha. – o deus respondeu. – Mas com essa tarefa, eu não posso ajudar. Ninguém pode.

– Por quê? – perguntei.

Apolo se demorou ao me encarar.

– Porque essa flecha está desaparecida.

*****

Desaparecida? – eu perguntei, incrédulo.

– Na verdade, acho que a palavra certa é roubada. – respondeu Apolo. – Mas Zeus acha que eu sou um completo irresponsável e sei lá mais o quê. Então é muito mais fácil pra ele sair por aí dizendo que eu perco as coisas e blá-blá-blá.

Lucy lentamente deixou seu esconderijo atrás de mim.

– Mas... quem roubou a sua flecha?

– Esse é o problema. – disse Apolo com um sorriso amarelo. – Eu não sei.

– COMO ASSIM?! – eu e Lucy exclamamos juntos.

Apolo coçou a nuca, desconfortável. Bem, acho que se eu fosse um ser imortal, sendo questionado por dois adolescentes, também não me sentiria muito animado.

– Foi há uns vinte anos atrás. – Apolo disse. – Essa flecha que vocês buscam é aquela que usei para matar a serpente Píton. De fato, ela foi tão precisa, que eu a recuperei e usei outras vezes. Acreditem, não há nada que aquela flecha não possa atingir.

Suspirei em desistência. Se a flecha de Apolo tinha sido roubada, não havia nada a se fazer. Teríamos que seguir em frente sem ela.

– Vamos embora, Lucy. – eu disse. – É melhor nos encontrarmos com os outros e irmos direto à Casa.

– Certo...

Estávamos indo para a porta, quando Apolo voltou a falar.

– David Matt Willer! Eu não confio em você, mas minha filha, sim. E só por isso, vou lhe dizer uma última coisa. Se procurar em uma casa, ao sul, pode ser que encontre algo do seu interesse. Você saberá qual casa.

Olhei para Apolo, desconfiado.

– Por que está me contando isso?

Apolo pensou por alguns segundos.

– Não sei. Talvez você não seja de todo mal, no fim das contas.

Isso era pra ser um elogio? Bem, ele tinha tentado me matar duas vezes, nos últimos dez minutos. Acho que talvez fosse uma grande melhora.

– Certo. Vou procurar.

Lucy tinha acabado de sair do salão, quando Apolo se fez ouvir uma última vez.

– Se estiver com aquele garoto, Leo Valdez, diga que ainda estou praticando o domínio do Valdezinator! E fique longe da minha filha!!

Me virei para Apolo, uma última vez.

– Tá.

Quando saí do salão, só ouvi um estalo esquisito. Apolo devia ter ido embora. O que diabos era um Valdezinator? Mas sobre a parte de ficar longe de Lucy...

“Até parece que eu conseguiria prometer algo assim.”, pensei comigo mesmo.

*****

Lucy me esperava fora do prédio.

– Vamos, temos que voltar logo. – ela disse.

– Certo.

O ponto de encontro seria no próprio Monumento Washington. Quando a noite chegasse, íriamos direto para a Casa.

– Ei, Lucy?

– O quê?

– Você parecia meio... tensa... quando Apolo apareceu. Eu entendo que os deuses são pais bem afastados e tal, mas... tipo, ele queria falar com você e...

– Eu não sei, tá bom? Muitos semideuses gostariam de poder falar com seus pais divinos, mas não é algo que acontece com todo mundo. – Lucy retrucou. Esse, com certeza, não era seu assunto favorito.

– Foi mal, eu não quis ser intrometido nem nada assim.

Lucy só balançou a cabeça para os lados.

– Eu nunca fiz nada que merecesse a atenção do meu pai, então... sei lá, quando ele veio falar comigo do nada, eu não sabia como encará-lo. – ela continuou - “Sou outra de suas filhas e nunca fiz nada realmente exepcional”... Mas ainda assim ele veio falar comigo.

– Você achou que não merecia?

Lucy confirmou com a cabeça.

– Que besteira. – eu disse.

– Como é?!

– Acha mesmo que precisa fazer algo incrível, só pra ter a atenção do seu pai? Você não é disso. – eu disse, com um sorriso idiota. – A Lucy que eu conheço é bem mais forte do que uma garota que só quer a aprovação de um deus.

Lucy virou a cara para o lado, mas consegui ver um pequeno sorrisinho em seus lábios, e consegui ouvir um “obrigada” bem baixinho. Estávamos a meio caminho do Monumento, quando eu senti a debandada.

*****

– Lucy, corra!

– Hein?

– CORRA!!

Eu puxei Lucy pelo braço e comecei a correr, desesperadamente.

– O que foi, David?!

– Estamos sendo caçados! São muitos pra enfrentar! Eu não sei como, mas sinto que estão vindo pra cá!

– O quê? O quê está vindo?!

Olhei por cima do ombro para encarar Lucy.

– Monstros! Um monte de monstros!

Eu tinha que aprender a não olhar pra trás nessas horas. Estavam um pouco longe, mas deu pra vê-los se aproximando rápido. Dúzias de cães infernais, acompanhados de umas cobras enormes e outras criaturas feias demais pra descrever, vinham atrás de nós, correndo como uma manada desembestada.

– Será que é coisa do Eron? – Lucy exclamou.

– São muitos! Duvido que ele tenha poder pra comandar tantos monstros assim! – eu gritei por cima do ombro.

Quando voltei a olhar pra frente, bati em alguma coisa, e acabei indo ao chão, levando Lucy junto comigo.

– Ai! Mas que droga foi essa?! – perguntei. – Lucy, você está bem?

– Uh... acho que sim. O que foi que a gente acertou?

Olhei ao redor, procurando aquilo com que trombamos. Só me deparei com uma garota massageando a cabeça.

– Nossa! Pra que essa pressa? – ela perguntou.

Voltei meus olhos para trás. Os cães ainda nos perseguiam.

– Essa não! Temos que ir embora daqui!

Me levantei de um salto e puxei Lucy e a outra garota, para continuarmos a correr.

– Ei, o que pensa que está fazendo?! – a garota exclamou. – Isso é algum tipo de sequestro?!

– Cale a boca e corra!

Arrastei as duas até um beco mais à frente. Nos escondemos ali, entre algumas latas de lixo. O cheiro era insuportável, mas talvez nos ocultasse dos cães infernais.

– Fiquem abaixadas! – sussurrei.

O bando de monstros passou correndo pelo beco, sem nos notar. O plano do fedor de lixo tinha dado certo, pelo menos por um tempo. Voltei a respirar com calma, limpando o suor da testa.

– Vocês estão bem?

– Sim. – disse Lucy.

– O que está acontecendo aqui?! E o que eram aquelas coisas?

Eu estava exausto, de modo que até responder exigia um esforço que eu não tinha.

– Relaxe, vai ficar tudo bem... Estamos a salvo aqui, por enquanto.

Olhei a garota que arrastara conosco. O cabelo estava bagunçado pela corrida, e ela parecia meio pálida. Mas os olhos estavam plenamente focados, tentando entender o que estava acontecendo.

– Quem são vocês? – ela perguntou.

– Meu nome... É David Matt Willer. E esta é Lucy Honesun. – respondi com um sorriso cansado. – E você?

Ela me encarou de um jeito estranho. Bem, um cara qualquer vem absolutamente do nada e puxa você até um beco com cheiro de atum velho... Realmente, não era uma boa primeira impressão.

– Juliet... Juliet Lasserre.

– É mesmo? Bom, muito prazer, Juliet. – eu falei, agora com o fôlego no lugar. – Desculpe essa confusão toda, mas não era certo te deixar ser atropelada.

Voltei a encarar a rua, agora tranquila, como se o bando de cães e monstrengos nunca tivesse passado por ali.

– Acho que é seguro irmos embora. – afirmei, me levantando e tirando o pó da calça. – Até mais, Juliet. A gente se vê por aí!

Acenei um último adeus com a mão, enquanto eu e Lucy seguíamos de volta ao Monumento Washington.


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Notas finais do capítulo

Bem, pessoal, isso é tudo por hoje. Me esforcei bastante para chegar até esse capítulo, fazendo o melhor que conseguia (vocês nem imaginam por quantos bloqueios criativos eu passei), e consegui cumprir minha promessa, dando aparição para Juliet, em "O Herdeiro do Titã". Agora, eu vou postar um poco mais devagar, pra desenvolver melhor a trama. Então se eu demorar um pouco, não se preocupem, pois eu não abandonei vocês! Até a próxima!