Já haviam se passado duas semanas desde a foto. Melanie ainda olhava para ela com certa repugnância assim como olhava para o irmão. Mas não podia evitar nenhum dos dois. A foto estava na geladeira a encarando e o irmão na mesa tomando café ao lado dela todos os dias.

Haviam duas semanas que ela não ia ver o namorado também. Ele mandava mensagem todos os dias as quais ela hora respondia, hora ignorava.

Naquela manhã ele havia mandado uma.

Estou com saudades, pode vir hoje? :(

Essa foi uma das que ela ignorou.

Sentou - se para tomar café sem encarar o meio irmão. A mãe estava fora e o pai trabalhando - ao menos era o que ele deveria estar fazendo - então só estavam os dois em casa. Isso a assustava um pouco.

– Vai ficar com raiva de mim até quando? - Arthur perguntou mas não obteve nenhuma resposta - Você está sendo infantil.

– E você está sendo um idiota. Não me dirija a palavra - ela se levantou indo buscar a bolsa e saindo de casa. Precisava ir para o seu lar. Precisava ir para o ateliê.

* * *

– Mel! - Vítor a abraçou com força ao vê-la na loja.

– Oi - ela deu um sorriso fraco enquanto passavam pela porta secreta na parede.

Ele passou o polegar na bochecha dela quando ela se sentou de frente para os materiais.

– Você não responde minhas mensagens, desapareceu por duas semanas, o que houve? - ele a olhava atenciosamente e com preocupação.

– Eu só... - ela suspirou - Desculpa, Vítor. Eu só precisava de um tempo pra mim. Um tempo para pensar.

– Quer ir lá para casa hoje? - ele sorriu se sentando ao lado dela - Assistir um filme, conversar um pouco. Estou com saudades de você.

Melanie começava a trabalhar no rosto de uma boneca quando se virou para selar os lábios nos do namorado.

– Claro. Daqui a pouco vamos.

* * *

Estavam deitados um ao lado do outros, Melanie vestia uma camiseta de Vítor e apoiava a cabeça em seu peito.

– Senti falta de você perto de mim - ele sussurrou a apertando em um abraço e puxando os lençóis em cima deles.

Melanie se sentiu um pouco desconfortável mas aceitou o abraço assim como aceitara ser levada para a cama.

– Vítor... - ela umedeceu os lábios pensando em como comunicar o namorado.

Ele a olhava perplexo antes dela continuar.

– Vítor, eu preciso de um tempo - ela sentiu os braços dele afrouxarem aos redor dela - Desculpa... Eu preciso pensar - ela soluçou sentindo o líquido quente lhe escorrer pela face.

Vitor se levantou e se vestiu.

– Vou te levar para casa.

* * *

Ele parou do outro lado da rua e não olhou enquanto ela abria a porta.

– Desculpe, Vítor. Eu te ligo quando estiver melhor.

Ele não respondeu nem a encarou, manteve os olhos fixos no volante.

Com um longo suspiro Melanie saiu do cardo e atravessou a rua. Quando estava do outro lado prestes a passar pelo portão ouviu seu nome ser chamado.

Ele estava lá, de pé ao lado do carro a olhando.

– Eu te amo. Não esquece disso - a voz do garoto estava embargada.

– Eu também - ela sussurrou para si mesma entrando pelo portão.

Foi para casa e entrou no quarto sem cerimônia alguma, sem dizer uma sequer palavra aos demais moradores da residência. Só queria entrar no seu quarto e chorar a dor de não conseguir ser tocada pelo homem que amava.

Chorou até pegar no sono e no dia seguinte foi acordada por Bruno que jogava pedrinhas sua janela.

– O que aconteceu? Você parece um panda conjuntivite.

Ela riu de um jeito fraco mas não de todo triste

– Já estou descendo. Vou me arrumar.