Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 2
Capítulo 1




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Maio de 2013

A festa em Marechal Hermes já durava horas, mas ainda estava longe de terminar. Cobra bebia sua vigésima cerveja, aproveitando a folga do final de semana e da família, que havia pego a estrada para Niterói, visitar uma tia de Gael.

O número de garotas se insinuando para ele era maravilhoso e ele analisava suas opções com cuidado e precisão, querendo escolher a certa para visitar seu apartamento e depravar a cama de seus irmãos.

Estava em dúvida entre uma loirinha de olhos verdes ou uma morena de cabelos longos e lisos, quando ela apareceu. Já a admirava há algum tempo na Ribalta, fascinado com seu jeito ativista e politicamente correto, além daquela fachada meio marrenta.

Bárbara Borges, conhecida como Ruiva, era seu alvo da noite.

E pela cara dela, soube que terminaria a noite em ótima companhia.

~C&J~

“A Ruiva?” Guinchou Karina do outro lado do telefone, enquanto ouvia a melhor amiga fungar. “Caraca, ela não faz muito o estilo do Cobra.

“E seu irmão tem estilo, Karina? Só ser for ‘que tenha buraco no meio das pernas’.” Resmungou a dançarina, enquanto a amiga ria.

“Justo.” Suspirou ao ouvir uma fungada da amiga. “Ah, Jade, eu já falei: esquece esse idiota. O Ricardo não presta, e falo isso como irmã dele.”

“Se fosse fácil esquecer o babaca do seu irmão, juro que já tinha feito isso.” Resmungou, secando os olhos. “Ai, K, desculpa atrapalhar sua viagem com isso.”

“Relaxa, tá me salvando. A Bianca tá discursando sobre Romeu e Julieta, e o João não larga o gameboy. To morrendo de saudades do Pê.”

“Não sei se quero saber o porquê...” Jade deu uma risadinha, ouvindo uma bufada.

Era estranho pensar que sua melhor amiga tinha 16 anos, mas foi algo que acabou acontecendo. Brincavam juntas quando pequenas, já que Dandara e Lucrécia sempre foram muito amigas. A loira foi, inclusive, a pessoa que mais apoiou Jade durante a doença da mãe.

Ou melhor, a segunda pessoa que mais a apoiou.

~C&J~

Outubro de 2013

O que tinha tudo para ter sido mais um casinho de uma noite, evoluiu muito. Por trás da pose de menina ativista, Ruiva era na verdade uma belíssima vagabunda, assim como Cobra.

Comumente matava as aulas da Ribalta para passar a tarde enfiada nos lençóis do rapaz, e juntos viravam a noite em festas. Pelo menos, até a primeira baixa no desempenho de Cobra como lutador. Depois disso, ele retomou seus horários noturnos, antes que o pai resolvesse tirá-lo da competição.

E menina nenhuma valia isso.

Foi nesse ponto que as coisas começaram a ficar estranhas de vez.

Ela ainda passava as tardes com ele, mas começaram a ser todas. A jovem largou a Ribalta de uma vez, e nem sequer se deu ao trabalho de avisar os pais. Eles, aliás, apareceram na escola mais de uma vez, a procura da filha.

“A Bárbara sai de casa na hora do almoço e só volta ao amanhecer. Estamos preocupados.” Explicou Odete, mãe da jovem.

O que era bem estranho, já que ela saia da casa dos Duarte antes das 17h.

Foi em meados de setembro que Cobra começou a perceber que algo estranho estava rolando com a peguete. Às vezes, ela chegava e simplesmente adormecia ao seu lado; outros dias, estava animada como em uma rave. Sua pele começou a ficar mais pálida do que o comum e ela emagreceu muito.

Preocupado, foi em busca da meia-irmã, que por muito tempo foi a melhor amiga de Ruiva.

“Conversa com ela, Ricardo, eu não tenho nada a ver com isso.” Ela tentou escapar dos questionamentos, mas ele não ia desistir.

“Bianca, os pais dela estão desesperados, a mamãe já falou que eles apareceram por aqui umas 15 vezes. E ela sai de casa todo dias às 17h... E você sabe o que está acontecendo, dá para ver.” Ele forçou a irmã, que suspirou.

“Vá nesse endereço hoje, às 20h.” Ela pegou o celular e digitou, enviando para ele. “Eu e o Duca nos perdemos e passamos por lá; foi assim que eu descobri o que estava acontecendo.”

“É algo sério?”

“Só você pode ajudar ela, Ricardo.” Foi só o que ela disse, antes de sair.

Naquela noite, perto do horário dito pela irmã, Cobra dirigiu até o local indicado. Estacionou uma esquina antes e saiu a pé. Mas não estava sozinho.

“Não acredito que você me trouxe para essa quebrada, Ricardo.” Resmungou Jade, agarrando o braço do amigo.

“Eu to com medo do que vou encontrar, Jade, precisava de alguém do meu lado.” Ele murmurou, procurando algo com os olhos. “Eu...”

“Ai. Meu. Deus.”

Um grupo de jovens estava ali perto, com cigarros acesos e um cheiro bem peculiar no ar; entre eles, uma cabeleira ruiva se destacava. E foi para ela que Cobra se dirigiu.

“Ruiva.” Bradou, abalando a calmaria do grupo por um instante. Logo, todos riam e continuavam com seus afazeres, enquanto a antiga dançarina se aproximava.

“Cobrinha, você aqui.” Ela tragou o cigarro, levantando um nuvem de fumaça que fez Jade tossir. “E a Natalie Portman. Continua no Lago Dos Cisnes?”

“Meu Deus, ela está doidona.” Concluiu Jade, enquanto Cobra encarava a peguete.

“O que você fazendo, garota?”

“Ficando alta.” Ela rodopiou. “Devia experimentar, amorzinho, é ótimo. Essa aqui é de um fornecedor novo do Will, a qualidade é top.”

“Tá, isso eu percebi. Eu to perguntando é por que diabos você está fazendo isso?” Ele a segurou pelo braço, tentando que ela parasse.

“É legal.” Ela riu, apontando para ele. “Tem um macaquinho na sua cabeça.”

“Ruiva, volta aqui, vem gata.” Berrou uma das garotas. “Os meninos estão com as pedrinhas.”

“Ótimo, não é só maconha.” Gemeu Jade. “Ricardo, vamos sair daqui, antes que a polícia apareça.”

chamou a polícia, é garota?” Ruiva fuzilou a outra, que se encolheu.

“Ninguém chamou a polícia, fica na sua.” Ele puxou a jovem em sua direção. “Vamos embora, Ruiva, eu vou te levar para casa.”

“E quem disse que eu quero ir para casa, hein Cobra?” Ela se soltou dele. “Eu quero ficar aqui, me divertindo com os meus amigos.”

“Amigos?” Ele riu com escárnio. “Te levando para esse caminho, pode-se dizer que são tudo, menos seus amigos.”

“Cuida da tua vida, pode ser? não é meu namorado e nem nada meu, então fica na sua.” Ela gritou, nervosa.

“Algo errado aí?” Dois rapazes se levantaram, começando a se aproximar.

“Ô maluco, fica na sua... Eu sou grau azul no Muay Thai e te quebro em três.” Os dois pararam diante da voz irritada dele. “Nós já estamos de saída.”

“Vamos.” Jade agarrou o braço dele, os dois começando a se afastar.

“Sua nova biscatinha?” Riu Ruiva, e Cobra apenas se virou com nojo.

“A única biscatinha que eu já tive foi você, garota, e eu cheguei a me preocupar com você.” Ele negou com a cabeça. “E foi a última; tanto garota que deitou na minha cama, quanto com quem me preocupei. Me esquece, Ruiva.”

~C&J~

Fevereiro de 2014

Depois desse encontro, Cobra não teve mais notícias de Ruiva, assim como sua família e amigos. Ela simplesmente sumiu do mapa sem dar notícias à ninguém.

O rapaz simplesmente não tocou no assunto com ninguém e nem permitiu que Jade, Bianca ou Duca o fizessem. Se alguém fosse descobrir, que o fizesse por conta própria.

“E então... Como anda seu lance com o Lírio?” Perguntou Karina para Jade, enquanto as duas estavam sentada em uma sorveteria, cada uma com uma casquinha.

“Ah, divertido. Ele é bem legal, apesar de ser estranho daquele jeito. Mas...” Um suspiro arrancou risos da lutadora.

“Mas não é um tal Ricardo Duarte.” A dançarina confirmou. “Ah, amiga, eu já dei minha opinião sobre isso.”

“Eu sei, K, e garanto que se fosse fácil, eu já tinha desencanado do seu irmão há muito tempo.” Ela observou o sorvete escorrendo pela casquinha. “Mas eu simplesmente não consigo ver esse babaca; eu só vejo o cara simpático e amoroso que eu conheci.”

“Acho que você foi a única pessoa que conheceu esse Ricardo, porque o que eu conheço sempre foi um belo babaca.”

Jade nada disse, apenas se concentrou em lamber o sorvete que escorria. Karina começou a assistir as pessoas que transitavam por ali, até ver algo que a chocou.

“Jade... Aquela ali é a Ruiva?” A dançarina se virou, encarando o local que a amiga apontava.

Os cabelos estava quase na bunda, completamente sujos e bagunçados; sua pele estava quase cinza de tão translucida e ela estava magra a ponto de os ossos serem visíveis. Usava uma camiseta rasgada e bem maior do que ela, enquanto revirava uma lixeira.

“Droga...” Jade pegou o celular e começou a discar.

“Para onde você está ligando?”

“Para uma pessoa que eu conheço... Ela tem contatos que podem ajudar a Ruiva.”

As duas observaram em silêncio, até que um carro parou ali perto. Um casal desceu e se aproximou da jovem, falando com ela. A moça gritou, gritou, mas os dois começaram a puxá-la em direção ao carro, a colocando no banco traseiro e sumindo.

Karina virou-se para a amiga, chocada.

“O que foi isso?”

“Eles são de uma clínica de reabilitação, o Lírio ficou internado lá quando era mais jovem. Eles trabalhar principalmente com pessoas de rua.” Explicou. “A Ruiva deixou a vida toda para trás; vamos ver se agora ela recupera.”

~C&J~

Dezembro de 2014

Dias atuais

Jade saiu do estúdio de dança perto das 17h, com a bolsa no ombro. Desceu as escadas, trombando com Cobra. Ele a encarou sério, enquanto ela seguia andando.

Ele cogitava se deveria segui-la, quando a viu parar e encarar sua casa, chocada. Ele correu em sua direção, vendo que a polícia estava parada com diversos carros.

“Chama meu pai e a Karina, por favor.” Ele pediu a ela, enquanto saia correndo em direção à sua casa. “O que está acontecendo aqui?”

Antes que algum policial respondesse, uma mulher com roupa social saiu pela porta da rua, com um bebê envolto em uma manta, aos prantos.

“Quem é Ricardo Duarte?” Perguntou um homem que vinha ao seu lado, com diversos papéis na mão.

“S-sou eu.”

“Então acho que isso é para você.” Ele apontou a criança, fazendo o queixo de Cobra chegar quase ao chão.


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Notas finais do capítulo

Hey peanuts
Quero pedir um milhão de desculpas a vocês: pela demora e por não ter respondido os reviews.
Quarta feira minha cachorrinha de quatro meses começou a passar muito mal e, ontem pela manhã, o quadro dela estava muito sério, do tipo grave ao extremo. Estivemos correndo atrás de veterinário e remédio sem parar, porque pela idade dela, a situação foi bem complicada. Agora ela vai passar o final de semana internada e eu dormi por 12 horas direto, de tão emocionalmente exausta que estava.
Vou responder os reviews do capítulo anterior daqui a pouco, ok? E vou tentar atualizar todas as minhas fics nesse final de semana, prometo.
Sobre o capítulo: ele foi uma pequena explicação de tudo o que aconteceu para chegar no ponto em que chegamos, mas não quis colocar isso como prólogo. No capítulo que vem as coisas começam realmente.
See you peanuts



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