Capitulo 10: Eu não te perdoarei.

Nico estava de mão atadas agora, estava com medo era claro, lembrava se daquela construção, a construção onde eram feitos os experimentos para transformar pessoas em demônios, havia vigias e tudo mais, há quanto tempo ele estava funcionando sem as muses se derem conta?

Depois de destruir a organização, Nico e as demais jamais pensaram em voltar à aquele lugar, jamais pensaram que um dia alguém iria retomar a ativa, respirou fundo tentando manter a calma, mesmo que fosse difícil.

– Isso é inacreditável. – Umi murmurou ao lado da morena. – Eu achei que nunca mais alguém iria tentar fabricar demônios. Não depois do que nós fizemos. – A arqueira estava assustada.

– Talvez os boatos do príncipe demônio não fossem sem fundamentos. – Nico disse por fim olhando para o portão negro. – Talvez eles estejam fabricando demônios, e talvez usem a Maki chan... – Nico se via impotente.

– As outras logo vão chegar, não se preocupe. – Umi garantiu.

– Tudo por minha culpa... Eu não deveria ter usado aquele selo para começo de conversa. Elas não notariam. – Nico murmurou visivelmente decepcionada consigo mesma.

– Nico... – Umi murmurou vendo a dor nos olhos vermelhos.

– Chegamos! – Honoka exclamou se aproximando.

– Honoka chan! – Hanyo disse sem jeito.

– Nico suas roupas e sua espada. – Eli entregou a armadura e a espada da a morena.

– Obrigada. – Nico respondeu logo tratando de mudar de roupa.

As garotas estavam tensas e preocupadas, assim que Nico se vestiu Eli e Umi passaram um plano recém bolado para recuperar a princesa, e também estruir o local.

– Rin você e a Hanayo vão pelo sul, Honoka e Kotori vão pelo oeste, Umi e eu pelo leste, Nozomi e Nico, você vão pelo céu. – Eli disse vendo as demais assentirem.

Nico e Nozomi levantaram voou, Nozomi sobre sua vassoura e Nico com suas asas negras, esperaram o primeiro ataque, agora era tudo ou nada, Nico salvaria Maki nem que fosse a ultima coisa que fizesse na vida.

~*~

Rin e Hanayo foram as primeiras a atacar, Rin com suas adagas e Hanayo com seu chicote, os soldados eram fortes, mas a dupla tinha décadas de prática, o que as dava vantagem, e de qualquer forma eram apenas uma distração.

Rin estava jogando suas adagas sem medo algum, agora entendia o que Nico havia sentido quando matara no coliseu, a vontade de salvar Maki era maior que tudo, e talvez por aquilo valasse a pena matar. Agora estava lutando para proteger alguém que merecia ser protegida.

Hanayo balançava seu chicote no ar assustando e por vezes ferindo quem se aproximava, suas laminas eram sagradas, por isso matavam, ela estava com medo, e isso não podia ser negado ou disfarçado, mas no momento estava reunindo toda a coragem que possuía, porque valia a pena.

Enquanto isso Umi e Eli estavam atirando contra os soldados que não paravam de surgir, uma após o outros, Hanoka cutucava a mente da arqueira, dizendo coordenadas de onde Maki provavelmente estava.

– Não é para ela falar para mim, e sim para a Nico! – Umi esbravejou atirando três flechas de uma vez.

– Nico vai conseguir chegar lá. – Eli garantiu atirando com seu arco e flecha, estava pronta para usar sua espada a qualquer instante.

Honoka e Kotori estavam de frente para uma pilha demônios nocauteados, era especialidade de Kotiri enfrentar inimigos em massa, e Honoka invadindo a mente desprevenida deles conseguira derrubar a outra metade.

Agora a garota de olhos azuis tentava localizar Maki dentro do laboratório, sabia que Nico e Nozomi já estavam se infiltrando com sucesso graças a atenção que as outras chamaram, eram as Muses afinal.

– Umi chan parece irritada. – Honoka disse coçando a têmpora direita.

– Por que está tentando falar com a Umi chan? – Kotori perguntou surpresa.

– Estou passando as coordenadas para o lugar que a Maki hime está, mas parece que isso está irritando a Umi chan. – Era inacreditável que a cabeça de vento fosse quem tivesse um dos poderes mais uteis.

– Honoka chan! – Kotori exclamou. – As coordenadas são para a Nozomi chan e a Nico chan! – A garota de olhos âmbar lembrou.

– É verdade! – Honoka exclamou se lembrando. – Deve ser por isso que a Umi chan estava irritada! –Uma gota surgiu ao lado da cabeça de Kotori ao ouvir aquilo. Tinha que ser a Honoka no fim das contas.

Nico estava correndo pelo corredores estreitos do laboratório. Nozomi havia ficado para trás para lutar, nunca esqueceria de tal ato, a princesa Maki deveria realmente ser querida para ter tantas pessoas assim para resgatá-la.

Então entrou em uma porta que dava acesso a um enorme salão, o teto era alto, e algumas formas semi cilíndricas formavam a parede, o chão era de mármore negro e brilhante, ali parada no meio dele estava Anju, ela estava segurando sua espada, uma lamina prateada de empunhadura negra com uma pedra vermelha em sua extremidade, os protetores de mão eram em formato de asas de morcego.

– Acho que vamos resolver nossas contas agora, Yazawa Nico. – Anju declarou esticando sua espada para frente em direção da outra.

– Eu não vou te perdoar. – Nico afirmou tirando sua espada da bainha. - E depois vai ter que me dizer onde está a minha Maki chan! – Exclamou.

– Sua? Maki chan é minha! Eu sou a noiva dela! – Anju então atacou a morena, um rastro de poeira se erguendo, Nico só teve tempo de bloquear. – Vocês da primeira geração são fracas! – Afirmou empurrando a morena para trás.

– Não somos fracas! – Nico exclamou contra atacando. Mesmo afirmando tal coisa sabia que era inferior a Anju, na força, na velocidade, e na habilidade, mas tinha que tentar.

As espadas se chocavam com força, e um tilintar alto era ouvido, faíscas caiam no chão a cada novo choque entre os metais, os braços tremiam, e os dentes trincavam pela força exercida.

Anju tinha que admitir, para uma anã e ultrapassada como Nico, ela até que era boa, mas ainda assim não seria párea para sua força aperfeiçoada através dos anos de pesquisa e experiência. Perdera a conta de quantas experiências se submetera com o único proposito de destruir as Muse.

– Eu vou fazer você pagar! – Nico não entendeu apenas se jogou para o lado conseguindo assim desviar da espada de Anju. – O amor da Maki chan era para ser meu, e assim eu estaria satisfeita, mas ela insistiu em dá-lo apenas à você! – Exclamou tentado acertar Nico mais uma vez.

A demônio morena estava começando a ficar preocupada já, não estava completamente curada, depois que parara com a medicação de Kotori sua recuperação ficara mais lenta, usou a espada para se defender mais uma vez.

– Você ficou louca! Acha mesmo que alguém amaria sob tais circunstancias? – Nico perguntou usando sua força para repelir Anju, conseguindo com sucesso. – Amor não se dá por obrigação, se dá por instantânea vontade, se dá por amar. – Nico então atacou fazendo Anju recuar.

– Oras! Isso é mentira! – Anju gritou e com uma explosão de força, conseguiu jogar Nico para trás, a morena ainda deslizou no chão de mármore negro. – Amor pode se dar usando a força! Se eu matar você, por exemplo, a Maki chan vai me amar. – Nico observou que a outra só podia é estar louca.

Nico conseguiu mais uma vez se jogar par ao lado, rolou no chão para escapar das estocadas de Anju e sua espada. Ela podia ser uma louca, ou uma desequilibrada, mas era forte, como o ultimo demônio que enfrentara.

Então Nico recebeu um chute que a fez atravessar a sala em que estavam, Anju voou em direção de Nico a chutando novamente, mais com menos força, agora a morena estava bem no centro da sala com sua espada apontada para o seu pescoço.

– Você me tirou tudo e agora eu tirarei tudo de você! – Anju exclamou. – Na verdade eu já tirei muita coisa de você! – Anju então pisou com força no chão.

Nico observou algumas das paredes cilíndricas se abrirem, os olhos de Nico se arregalaram com o que viam, seis cilindros haviam sido abertos revelando tubos de vidro com agua dentro, e o que era ainda mais chocante, havia corpos dentro deles.

– Eles colocaram o corpo desses demônios de verdade para fazer a Tsubasa, a Erena e a mim. – A ruiva exclamou sorrindo. – E você conhece essas seis em particular. – Anju então começou a rir, Nico desviou o olhar olhando para suas mãos. – Vamos! Olhe! – A ruiva agarrou a cabeça de Nico a forçando a olhar para os cilindros.

– Vocês me pagam! – Nico esbravejou antes de receber um soco.

– Não vou te matar agora porque não há necessidade ainda. – Anju disse sorrindo diabolicamente.

– Maldita! – Nico exclamou se levantando! – Como eles ousaram fazer isso com a minha família e minhas amigas! – A morena estava com as pupilas pequenas e uma expressão enfurecida no rosto.

Dentro dos cilindros estavam a mãe, as duas irmãs, o irmão mais novo, e as duas amigas de Nico. Não sabia como eles foram parar ali, mas aquilo a enfurecera. Anju olhou assustada para a pequena demônio que agora empunhava sua espada. Uma aura negra emanou do corpo de Nico.

– Estado de Ura? – Se perguntou surpresa, achou que depois do susto com Eli e Nozomi a garota nunca mais tentaria usar tal coisa.

– Sua maldita! – Nico gritou a todo pulmão! – Não vou te perdoar! – E com uma velocidade maior que a de Anju atacou.

– Droga! – Anju exclamou se desviando dos ataques da morena, por mais rápida e forte que Nico tenha ficado, ela ainda tinha suas falhas.

Anju se aproveitou de uma delas e atacou Nico, sua espada atingindo a armadura com força o suficiente para amassa-la e jogar Nico para trás. A morena olhou para Anju antes de se sentar novamente.

– Eu tenho mais uma surpresinha para você, então fique quietinha! – Anju então jogou uma adaga contra uma parede cilíndrica. A parede se abriu como as outras, então da cavaleira sorriu ao ver os olhos de Nico. Surpresa, culpa e tristeza. O estado de Ura se contendo.

– Esse é... – Nico murmurou descrença.

– Seu pai. – Anju respondeu rindo. Aquilo foi como um estalo na mente de Nico, a garota olhou para o cilindro e então para Anju, ela ia pagar! Todos naquela maldita organização iam pagar! E bem caro. – Nosso alvo nunca foi aquela princesinha e sim você que é um demônio quase puro. A única que serve como doadora de chifres para fazer outras Muses ainda mais poderosas. – Nico então fechou a mão com força em punho.

– Eu vou te matar! – Nico gritou indo ao ataque novamente. Seu estado de Ura mais forte e assustador que anterior mente. Brandiu a espada aproveitando se do peso do metal, de sua velocidade e de sua força.

A cavaleira quase não conseguiu se defender, Nico estava mais veloz, e mais forte também, o peso da espada da outra era duas vezes maior que anteriormente, Anju forçou seus pulsos para aguentarem o baque, o que os fez doer.

Nico estava cega pela raiva e pelo ódio, uma aura maligna e forte emanava de seu corpo, estava furiosa, e fúria era o que geralmente despertava seu estado de Ura. Brandiu a espada novamente, dessa vez um estralo atingiu seus ouvidos. Anju derrubou a espada no chão enquanto gritava de dor.

– Meus pulsos! – Ela exclamou aterrorizada. – Você quebrou meus pulsos! – Anju gritou deixando sua espada cair.

– E vou te partir ao meio! – Nico gritou brandindo sua espada. A morena realmente teria partido a outra ao meio se não fosse pela armadura. A espada cravou no metal conseguindo cortar a carne de leve, mas nada além disso.

– Yazawa Nico! – Nico olhou para o alto de uma escadaria. – O que acha? – Ali estava um homem de cabelos ruivos e olhos verdes, ele segurava uma Maki inconsciente em seus braços, e um detalhe chamou a atenção de Nico, havia um chifre na testa da princesa, e o local estava sangrando e muito.

– Maki chan! – A demônio gritou, a princesa por sua vez estava inconsciente.

– Olhe para mim! – O homem exigiu. – Eu sou o príncipe do reino Alvorada da Manhã! Então eu exijo que olhe para mim! – Ele exclamou.

– Maki chan... – Nico chamou pela outra novamente. – Seus desgraçados! – Nico gritou liberando uma grande massa de energia, o chão tremeu, Anju olhou assustada para a morena.

– Isso libere seu poder. – O príncipe disse jogando Maki no chão.

– Eu vou te matar! – Nico esbravejou liberando suas asas de penas negras, os olhos vermelhos se estreitaram e suas presas saíram para fora da boca, dois pequenos chifres cresceram em cada lado da testa de Nico.

– Então isso é um verdadeiro demônio? – Anju se perguntou com medo. Observou as garras de Nico crescerem, rasgando as luvas, e agora podia se ver as veias saltadas pela pele dos dedos e também pelo pescoço.

– Nococchi! – Nozomi exclamou, junto dela vinha alguns homens também meio demônios, haviam entrado por causa da grande presença maligna e assassina que vinha do interior da construção.

Nozomi olhou ao redor, viu as amigas de Nico, o pai de Nico e quatro pessoas, essas quatro pessoas pareciam e muito com a demônio em questão. Era a família que Nico tanto amava e se dedicava a manter viva em sua memoria.

– Nozomi! – Eli apareceu com as restantes das Muses, Tsubasa e Erena estavam juntas também.

– O que diabos é isso? – Erena se perguntou assustada, olhou para Anju que tinha um sorriso debochado nos lábios. Ela sabia de algo que Tsubasa e Erena não sabiam.

– Que bela vista. – O príncipe disse batendo palmas. – Agora eu verei as Muses se destruírem! – Ele exclamou feliz.

Nico então se virou assustando e alarmando as demais. Umi pegou uma flecha de seu cesto, assim como as demais se prepararam para o possível ataque que viria de Nico, mas o que aconteceu foi exatamente o oposto, Nico sorriu.

– A única pessoa que vai morrer aqui é você. – Nico murmurou voltando a olhar para o príncipe de Alvorada da Manhã.