Escolha- quando se Convive com Jacob B escrita por many more


Capítulo 4
Capítulo 4- Não tenho cara de babá




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Capítulo 4

Jacob

 

É claro que eu não conseguia achar nada. Com Yona fazendo todo aquele barulho com as patas, quebrando galhos e chutando as folhas.

Dá pra você fazer menos barulho? Ser mais delicada?

Ela começou a andar bem devagar e cuidadosamente. Que garota implicante. E ainda não tinha passado nem um dia com ela.

O único implicante aqui é você! – atacou ela. Esqueci que ela podia ouvir.

Você não deve ter ninguém que te ature. De tão insuportável. - ri.

Como tem tanta certeza? – vociferou ela. Yona não iria mesmo ficar quieta. Você nem ao menos  me conhece. Você é que nunca teve namorada, com tanta grosseria e egocentrismo.

Ela não ia calar, estava quase latindo.

Ouvi alguns ruídos, procurei da onde vinha, e meu estômago roncou. Era outro alce, talvez até o mesmo. Estava comendo as raízes de uma árvore. Yona ainda resmungava algumas palavras para mim.

Cala a boca! – exasperei

Cala a boca você. - ela revidou.

É sério. Tem um animal ali. Está me desconcentrando.

Ela ficou quieta. Eu me abaixei, andando cautelosamente, atento a cada movimento do alce. O animal continuava a comer as raízes, mas ele já sentia que estava em perigo. Yona vinha atrás de mim, caminhando devagar, do mesmo modo que antes. Estava prestes a atacar quando Yona pisou num tronco podre, partindo-o, e o animal nos vendo, correu.

Droga Yona. - saí correndo atrás do alce – Vem logo!

Ela veio correndo atrás de mim. Tentávamos pegá-lo, mas ele nos driblava e corria de novo.

Cerca ele. – eu já estava desesperado, era muita má sorte para uma só pessoa no mesmo dia.

Yona aumentou a velocidade e correu até alcançar o alce, derrapando na sua frente. O animal por sua vez, escorregou no chão, levantando em um pulo e correndo pela outra direção. Eu perderia um alce outra vez por culpa dela. Corri o mais rápido que pude. Yona fazia o mesmo. Aproximamos do animal. Agora ele não tinha escapatória.

Ataca. - pedi a ela.

Não vou fazer isso, não dou conta.

O alce correu para mim. Saltei, e numa patada derrubei-o no chão.

Com fome, dei-o uma dentada, arrancando-lhe a carne. Yona olhava de longe com o focinho franzido.

Que nojeira, é repugnante. - Disse ela.

Vai começar.

Isso é comida, e é assim que devia se alimentar. Não roubar a dos outros.

Não vou comer isso.

Que garota fresca.

Então vai morrer de fome.

Ela se aproximou devagar. Mexendo com a pata no bicho.

Olha, é só morder. Não sabe nem fazer isso?

Ela mordeu o animal com nojo, resmungando. E assim ficou. Não demorou muito para parar e se afastar. Sabia que ela não ia conseguir. Se eu tivesse feito uma aposta, ganharia.

Andamos para o leste, após o que eu chamaria de almoço. Continuamos a discutir por todo esse percurso. Ela começava a me encher por implicância. Era inútil discutir com ela, mas ela me irritava a tal ponto que eu não conseguia ignorá-la.

Paramos embaixo de uma árvore. E na trégua das discussões, ficamos conversando por um longo tempo. Até que para uma implicante ela era bastante engraçada. Observei-a. Era tão diferente de Bella... Bella era mais séria, mais adulta. Yona parecia não ter limites, agia por impulso. Mas isso não significava nada.

Bella? Quem é essa?- ela perguntou. Eu tinha que parar de ficar pensando em coisas erradas perto dela.

Uma... amiga. – deitei na terra.- Não é da sua conta.

Adormeci.

Quando despertei já era fim de tarde. Levantei procurando Yona. Ela não estava ali, e onde quer que estivesse, estava na forma humana. Não conseguia ouvi-la. Não me importei. Ela devia ter ido embora e não estava longe. Eu podia sentir seu cheiro. O que eu não entendia, era por que estava na forma humana.

Segui meu caminho, andando sem me preocupar. Se ela quis ir embora, por mim tudo bem. Para onde estaria indo? Ela não parecia estar andando por acaso. Talvez voltasse para os pais.

A floresta estava muito calma. E não era por causa do fim de tarde. Nessa hora os animais ainda estariam fazendo barulho. Algo não condizia. Havia um cheiro diferente, mas era um cheiro que eu conhecia. Era humano. Caçadores...

Um tiro quebrou o silêncio e logo em seguida ouvi um grito agudo. Eu fazia idéia de quem foi que gritou. Eu não acreditava que Yona tinha se metido em encrenca. Eu ainda avisei a ela. Algumas aves voaram assustadas enquanto eu voltava o caminho percorrido na maior velocidade que minhas patas podiam alcançar. Eu não devia voltar, devia deixá-la resolver sozinha seja lá o que ela tivesse feito. O verde passava nos meus olhos sem poder distinguir o que era. Avistei ao longe, duas formas diferentes, eram os humanos. Apontavam a espingarda para Yona, e ela, a frente deles, os olhava sem fazer nada. Eu sabia que ela não morreria se levasse um tiro, mas era melhor interferir para evitar que cause problemas maiores. Ouvi o barulho do gatilho sendo puxado.

Saltei entre eles no mesmo momento, rosnando com raiva. Yona correu. Os humanos me olhavam amedrontados e um deles atirou. A bala irrompeu no meu braço, queimando, ardendo. Se eu pudesse xingar um palavrão para que eles ouvissem, eu xingaria.

Rosnei mais alto, dando um passo em direção a eles. Não ia atacar, isso causaria problemas demais. Os dois largaram as armas no chão e correram gritando.

- Eu não tive culpa Jacob... Eles me viram. Eu tive que me transformar. – ela disse finalmente.

Continuei olhando os homens se afastarem. E me transformei. Coloquei a bermuda ainda de costas para ela e retirei o projétil do meu braço.

- Por que é que se transformou?- virei-me para encará-la.

Ela não disse nada. Fui até ela segurando seu braço.

- Fala. - gritei

- Eu não sei. - disse com a voz tremula.

- Eu te falei, Yona. É perigoso. Agora sabe o que pode acontecer? Eles criarem alarde na cidade de onde eles vieram, falando que viram um lobo gigante se transformar em mulher... Você tem noção disso, Yona?

Ela afirmou com a cabeça, puxando seu braço de volta. Aproximou-se do meu rosto, com raiva.

- Você não é meu pai, Jacob. Não manda em mim.

- Então pare de fingir que é idiota.

Ela me olhou furiosa e saiu pisando firme.

- Aonde você vai?

- Eu vou embora.


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