Escolha- quando se Convive com Jacob B escrita por many more


Capítulo 1
Capítulo 1 - She wolf




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“Ha uma loba no armario

Abra-o e liberte-a

Ha uma loba no seu armario

Deixe-a sair para respirar.”

Shakira- She wolf

Yona





Pedi ao professor para que me deixasse ir a enfermaria. Nao aguentava mais todo aquele barulho na sala, estava me tirando do serio. Nao sei como ele nao havia se irritado ainda, o professor Landon era considerado o professor mais chato de toda Northampton High School por justamente nao tolerar nenhum coxicho em sala de aula.

Alem do barulho, meu corpo estava doendo como se expandisse cada centimetro e queimava como se eu estivesse sob chamas de fogo. Eu nao estava bem.

– Minha nossa!- disse a moca da enfermaria ao retirar o termometro da minha boca. – Voce esta ardendo em febre!

– Ardendo? – exclamei. – Deixa eu ver. – puxei o termometro da mao dela, o 39 graus era bem nitido e enorme, como eu nunca tinha reparado antes. Eu conseguia ver os pequenos tracos de pixels formando os numeros.

– Voce devera ir imediatamente para casa repousar. Esta sentindo mais alguma coisa? Ela perguntou, colocando a mao em minha testa, parecendo incredula com minha temperatura elevada.

– Nao. Menti. Nao queria que me encaminhasse para o hospital. Tudo que eu queria era ir pra casa agora. Era como se mesmo eu me sentindo mal, no fundo algo me dizia que eu ficaria bem. Algo como um instinto.

– Voce esta muito quente. – a moca dizia preocupada. – Deite-se um pouco. Ja avisei sua mae. Ela estara aqui logo.

Deitei-me observando o teto. Ele nao era tao branco quanto parecia ser. Eu podia ver algumas manchas de sujeira, podia ver a poeira empregnada ali.

Que coisa mais esquisita!

Na verdade, minha semana inteira fora esquisita, Cresci dez centimetros em apenas cinco dias. Isso nao era normal. Pelo menos agora estava mais alta. Um metro e oitenta e cinco soavam para mim muito bem.

_ Yona! O que aconteceu querida? – minha mae havia chegado. Desesperada como sempre e estava falando alto.

_ Que coisa mae, pare de gritar. – reclamei. – Minha cabeca realmente iria explodir a qualquer momento.

Levantei devagar, um pouco nauseada. Minha mae veio me ajudar a levantar.

– Talvez devessem ir a um hospital. – aconselhou a enfermeira.

– Sim, vou leva-la agora!

–Nao! Vamos pra casa. – exasperei.

Parecia que nunca chegavamos no carro. Minha mae demorou o que pareceu um ano para colocar o cinto. Eu estava impaciente.

– Rapido mae!- Enrolei o casaco na cabeca. A claridade estava me irritando. Tudo estava me irritando. Eu queria estracalhar as coisas.

– Foi algo que voce comeu? Pegou muito sol? Eu sentia a preocupacao na voz de minha mae.

– Nao mae! Nao Mae! Da pra voce ir mais rapido? Eu nao estou aguentando mais.

– Ok, Nos vamos para o hospital. – ela ligou a seta.

– Nao! – gritei. – Vamos para casa.

Meu corpo doia ainda mais, o fogo nao visivel percorria cada membro meu, ardendo, queimando. Parecia que nunca chegavamos. Alguem quase bateu contra nos. Minha mae dirigia incontrolavel.

Quando chegamos em casa. Pulei do carro correndo para dentro. Meu pai, um indio quileute que saira muito cedo da Reserva para a cidade grande, ja estava em casa. Eu nao parecia com ele e sim com minha mae, os olhos claros, a pele clara e os cabelos escorridos. Poucos eram os tracos que pertenciam a meu pai.

– O que ta acontecendo? – ele disse.

– Yona esta passando muito mal. – minha mae entrou atras.

– Entao vamos ao hospital. – ele sobressaltou.

– Ela nao quer ir! – minha mae disse em suplica.

– Ta tudo bem!- gritei mais uma vez.

Subi correndo para meu quarto. O ardor aumentava e espasmos aconteciam por todo meu corpo. Retirei as roupas agoniada, ficando apenas com as intimas e me joguei na cama. Talvez eu devesse ir ao hospital.

Meu pai apareceu apreencivo, os bracos cruzados, angustiado. Sentou ao meu lado.

– Vai ficar tudo bem. – ele me dizia isso desde que eu era pequena e ficava doente. – Sabe? Quando eu era pequeno e ainda vivia na Reserva, sempre que algum jovem morria por alguma enfermidade, os mais velhos diziam que eles haviam se transformado em um animal da floresta e que agora iriam proteger a tribo. E por isso que Quileutes sao tao apegados aos animais, principalmente com os lobos. Nao ve os totens Quileutes, os lobos estao sempre na base.

– Pai! Voce nao esta ajudando.

Ele nao disse nada. So ficou comigo ate anoitecer. Minha mae sempre aparecia com alguma coisa, um remedio para a febre, agua, um sanduiche. A essa altura a dor ja era constante, meu corpo latejava e pulsava cada vez mais forte, mas eu consegui adormecer.

Sonhei que estava numa clareira escura, onde no centro, um totem era iluminado gradativamente de cima para baixo. Primeiro iluminou-se a Aguia, em seguida a coruja, e assim o guaxinim, a raposa e o urso. A cada animal que aparecia, barulhos de tambores indigenas iam ficando mais fortes, como um ritual. Por fim, o lobo iluminou-se. Os tambores batiam mais rapidos, fortes. Indios cantavam uma cancao, invocando alguma coisa. Eu nao podia ve-los. Eu estava sozinha.

O totem foi se desmanchando, tomando outra forma, tentei correr, mas nao tinha o controle do meu corpo. Houve um uivo. Um lobo branco estava no lugar do totem. Era enorme, imponente, e me encarava, sem se mover e depois, comecou a avancar em minha direcao. Fui dando passos cautelosos para tras, mas a medida que me afastava o lobo aumentava os passos, ate que comecou a correr. Corri, mas quanto mais corria, mais a clareira se tornava escura e sem fim. O lobo continuava atras de mim, correndo ate que suas patas ja nao tocassem mais o chao e ele se tornasse apenas um vulto prateado. Ele iria me pegar. Virei-me para encara-lo de frente. Era o meu fim.

O vulto prateado me tomou por completa, adentrando meu corpo, por onde percorria, queimava e dilacerava.

Acordei sem conseguir respirar. Meu corpo pulsava enquanto espasmos pareciam arrancar a pele do meu corpo. Levantei para chamar a minha mae, mas antes que chegasse na porta, cai ao chao, sem forcas. Eu berrava sem conseguir controlar a dor, tremia e me contorcia enquanto minha espinha rasgava-me.

– MAEE! – consegui dizer quando vi meus pais na porta, aterrorizados, em choque, sem conseguir me ajudar.

– YONA! – minha mae berrou e soltou um grito agudo.

Eu havia explodido. Nao sentia mais dor, nem ardor, nem febre. Estava bem, e ofegava aliviada, ainda no chao. Minha mae havia desmaiado. Tentei me aproximar para ajuda-la, mas meu pai se comprimiu contra a parede, sem conseguir falar, assustado com o que via. Eu nao estava entendendo. “ Pai, o que esta acontecendo?” Tentei dizer, mas tudo que ouvi foram latidos que vinham de mim.

Corri para o corredor com meus pes e maos, para ver o porque que meu pai estava com medo de mim. A imagem no espelho que havia ali, nao me refletia. O que via era um grande lobo caramelo com manchas brancas. E ele... era eu. Entrei em panico, quebrando o espelho. Porque isso havia acontecido? Isso nao era possivel. O que eu faria agora? Eu era um monstro e nao podia continuar ali, uma ameaca para meus pais, para os vizinhos. Uma aberracao! Eu tinha que me esconder, sem prejudicar meus pais, e so havia uma coisa a fazer. Ir embora.

Eu nao fazia mais parte daquele mundo.



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