Rachel Berry e a Ilha das Harpias escrita por Rae Lewis


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentários no primeiro capítulo. Eles são grandes incentivos pra continuar escrevendo.



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“O que está acontecendo?” Perguntei para Helena, assustada. Minhas mãos tremiam levemente. Eu nunca havia sentido tanto medo em minha vida.

“Você realmente não sabe, não é?” perplexidade estampava sua voz.

Ela manteve os olhos fixos na estrada, mas pude ver o quanto o assunto a afetara pela forma como seus dedos apertavam o volante.

“Não entendo por que os pais mortais sempre acham que a melhor maneira de lidar com isso é escondendo a verdade.”

“Não tenho ideia do que você está falando” respondi.

Ela balançou a cabeça.

“Eu sei.”

Percebi que não conseguiria respostas dela agora. A adrenalina estava abandonando meu corpo, comecei a me sentir exausta, minha coxa ainda estava doendo e sangrava um pouco, felizmente o ferimento não parecia ser sério.

Sem perceber, acabei caindo em um sono profundo.

* * *

Acordei não sei quanto tempo depois com um solavanco do carro. Olhei pela janela e não reconheci o lugar onde estávamos, havia muitas árvores. E, lá fora, começava a cair uma chuva forte.

“Você acordou” Helena disse como forma de cumprimento.

Acomodei-me melhor no carro e fiz uma careta quando senti minha coxa latejar.

Ela percebeu.

“Lamento.” ela disse “Não podíamos parar em um hospital. Se chegarmos vivas ao acampamento, você receberá o tratamento necessário.”

Se chegarmos vivas? Quando foi que ela se tornou uma pessoa tão otimista?

“Que acampamento? O que está acontecendo Helena? Preciso de algumas respostas” exigi frustrada.

“Olha, Rachel, eu entendo.” ela começou. “Mas não sou eu quem deve explicar essas coisas para você. Espere até chegarmos ao acampamento, por favor.”

Eu não pude negar o pedido. Afinal, ela já havia salvado minha vida duas vezes naquele dia.

Encostei-me no banco, decepcionada. Tentei ligar o radio, mas só o que dava para ouvir era estática.

Senti os olhos de Helena em mim. Quando a encarei percebi que ela olhava para o colar em meu pescoço.

Lutei contra o calor subindo em minhas bochechas.

Era um presente dela.

Ela trouxe de sua ultima viagem e me entregou apenas um dia antes que eu a flagrasse com Kitty.

Senti tanta raiva de Helena. Mas não consegui me desfazer da joia.

Era um colar de ouro, com um pingente em forma de concha, como aquelas que encontramos na praia. Dizem que através dessas conchas podemos ouvir o barulho do mar em qualquer lugar que estivermos.

“Você ainda o usa” ela sussurrou. Seus olhos pareceram brilhar de emoção por um segundo.

“Apenas me acostumei a usar o colar estupido.” Menti, como se não fosse nada.

Ela desviou o olhar, triste.

Culpa se infiltrou em minha mente.

Nesse instante, ouvimos um pavoroso grasnar em algum lugar atrás de nós. Parece que ainda havia mais daquelas criaturas nos perseguindo.

“Precisamos ir mais rápido” Ouvi Helena murmurar para si mesma, enquanto afundava o pé no acelerador.

Tentei me concentrar no que estava acontecendo. Queria que aquilo tudo fosse um sonho, mas sabia que não era. Eu não tinha tanta imaginação. Jamais conseguiria imaginar algo tão estranho.

Helena fez uma curva fechada para a esquerda. Desviamos para uma estrada estreita, passando com velocidade por casas de fazendas, colinas cobertas de arvores e quilômetros de cercas brancas.

Seguimos por mais um pedaço de chão.

Cada centímetro do meu corpo estava tenso.

De repente Helena puxou o volante com força para a direita e eu tive um vislumbre do vulto do qual ela desviara – uma forma escura e alada, agora perdida na chuva atrás de nós.

“Aquilo era...” tive medo de terminar a perguntar.

“Estamos quase lá” Helena falou “Só mais alguns quilômetros. Por favor, por favor, por favor!”

Não sabia aonde estávamos indo. Mas me vi torcendo para chegarmos logo.

BANG!

Uma batida na traseira do carro.

BANG! BANG!

Mais duas seguidas. Na última Helena quase perdeu o controle do veículo.

“Segure o volante e continue em linha reta!” Ela gritou enquanto tirava o cinto e se movia para o banco de traz.

Peguei o volante, assustada. E tentei fazer o que ela mandou.

Pelo espelho retrovisor a vi apontando o arco e flecha para alguma coisa lá fora. Ela soltou a flecha, mas deve ter errado. Alguns segundo depois a coisa voltou a bater na traseira e não consegui segurar o carro.

Batemos em uma arvore.

O impacto me deixou nauseada. Senti meu corpo sem peso por um instante. Um pouco de sangue escorria da minha testa incomodando meu olho esquerdo.

Procurei por Helena para saber se ela estava bem.

Ela já estava saindo do carro.

Segui seu exemplo.

A chuva continuava muito forte.

No clarão de um relâmpago que cortava o céu olhei para cima e vi outra daquelas criaturas. Ela descia como um raio, mas não vinha em minha direção.

“Helena!” Gritei.

Ela estava lá parada. Olhando para mim com um olhar angustiado, como se quisesse se desculpar por algo.

“Traidora!” ouvi a criatura sibilar antes de atacar.

Em um instante. Helena não era mais Helena.

Ela era como Kitty. Tinha asas, penas, garras...

Aquela não podia ser a garota com quem namorei por um semestre inteiro. A nerd viciada em filmes de ficção cientifica. A menina com quem perdi minha virgindade...

Ela se lançou em direção a outra criatura.

E elas começaram a brigar no ar.

Era tudo tão rápido. Mas acho que Helena estava ganhando.

As duas caíram no chão. Helena estava por cima, ela ia dar o golpe final.

Depois disso, tudo parecia acontecer em câmera lenta.

Não sei de onde essa outra criatura surgiu.

Em um instante Helena ia matar a Harpia embaixo dela. E, no instante seguinte, surgiu outra Harpia atrás dela. Suas garras atravessaram o peito de Helena.

Ela olhou para mim. E um segundo depois desapareceu em uma nuvem de areia amarela.

Uma dor que eu nunca havia sentido invadiu meu corpo. Nesse momento não me importava qual a aparência dela.

Helena estava morta.

Minha amiga. Minha amante. Minha salvadora...

Olhei para a criatura que a matou.

Naquele segundo minha dor se transformou em ódio.

Raiva fazia meu sangue ferver e meu corpo inteiro tremer.

A caneta que Helena havia me dado estava no meu bolso. Peguei-a. E novamente ela se transformou em arco em minhas mãos.

Corri em direção as criaturas.

Não lembro direito como as coisas aconteceram. Tudo parece um borrão na minha mente.

Meus pés batiam contra o chão lamacento.

Do meu corpo saia um grito inumano, carregado de dor e ódio.

A dor na coxa, por hora, esquecida.

Puxei a corda imaginaria do arco e soltei.

Uma estava morta.

A outra criatura estava praticamente em cima de mim. Rolei na lama quando ela tentou me acertar com suas garras. Parei ajoelhada, apontei o arco novamente.

E pronto.

Mais uma nuvem de poeira.

Fiquei perdida. Não sabia o que fazer. Helena não estava mais aqui. Não sabia onde eu estava.

Olhei ao meu redor e ao longe vi algumas luzes. Poderia ser uma casa.

Decidi ir até lá e tentar encontrar ajuda.

Não percebi. Mas eu estava chorando.

Andei cambaleando em direção às luzes da casa. Meu corpo estava exaurido.

Minha última lembrança é ter caído em uma varanda de madeira. Uma mulher vestindo roupas adidas e uma garota loira tão linda que parecia uma deusa olhavam para mim.

“Ajude-me a leva-la para dentro, Quinn” A mulher falou para a garota “Acho que ela vai desmaiar.”

Então tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

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