Rachel Berry e a Ilha das Harpias escrita por Rae Lewis


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Vocês vão notar que a primeira metade do capítulo está bem parecida com o livro um de Percy Jackson, mas depois a estória ganha contornos mais originais, prometo.



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Eu não queria ser uma meio-sangue.

Se você está lendo isso porque acha que é igual a mim, tenho um conselho para te dar: “Pare agora mesmo!”. Acredite em qualquer mentira que seus pais contaram e leve uma vida calma e normal.

Ser como eu é perigoso. Você vai se machucar quase que diariamente e possivelmente acabará morto de uma forma lenta e dolorosa.

Se você é uma criança normal e acha que tudo isso é ficção, bom. Você não sabe a sorte que tem.

Mas, se você se reconhecer em qualquer momento dessa história, pare de ler imediatamente e esqueça tudo que viu aqui. Você não vai querer ser um de nós, acredite. Pois uma vez que você descobre que é um meio-sangue, Eles poderão te sentir e virão atrás de você. E então você estará permanentemente ferrado.

Não diga que eu não avisei.

* * *

Meu nome é Rachel Berry.

Tenho dezesseis anos de idade. Até algumas semanas atrás, era aluna de um internato, Dalton Academy, uma escola particular para crianças problemáticas no norte do estado de Nova York.

Se eu sou uma garota problemática?

Bem, eu não diria que sim. Não é minha culpa que coisas estranhas aconteçam quando estou por perto, certo? Mas as pessoas não acreditam quando tento explicar isso.

Eu poderia falar a partir de qualquer ponto da minha vida para provar o que digo, mas as coisas começaram a ficar realmente ruins há algumas semanas quando...

Era um dia normal na escola, eu havia acabado de praticar minhas escalas vocais.

Acho que não contei a vocês, mas sou uma cantora incrível. Achei que um dia sairia dessa escola horrível e me tornaria uma estrela da Broadway. Isso foi antes de descobrir de quem sou filha. Ser meio-sangue é realmente um pé no saco.

Mas, voltando à história:

Peguei minha mochila e saí do dormitório. Mal tinha acabado de abrir meu armário quando senti algo mudar ao meu redor.

Ouvi alguém chamar meu nome. E quando virei:

BANG!

Havia um copo de raspadinha de uva voando em minha direção. Consegui sair do caminho a tempo. Só me atingiram alguns respingos de quando o liquido bateu no meu armário.

Wow! Eu nem sabia que tinha reflexos tão bons.

Kitty me olhava irritada. Como se eu a tivesse insultado por ter me livrado da “brincadeira”.

Agora você vê, Kitty é uma das meninas mais dissimuladas que eu já conheci. Ela inferniza quase todo mundo na escola, principalmente jogando raspadinhas na cara das pessoas. Por que ela faz isso? Nem uma razão, ela apenas acha divertido.

“Espere aí, perdedor!” Ela falou para um calouro que passava perto de nós.

O garoto olhou assustado e parou imediatamente. Kitty roubou uma raspadinha de suas mãos e o empurrou para que ele continuasse andando. Depois ela virou-se para mim.

Ela arreganhou um sorriso cínico, com os dentes perfeitos. Mesmo a odiando, tenho que admitir que ela é uma garota bonita. Aqueles olhinhos pequenos ficaram me encarando de um jeito malicioso.

Tentei ficar calma. Mas essa garota tinha um dom especial de me tirar do sério. Eu já tinha certa dificuldade em controlar meu gênio. Desde pequena minhas mamães me diziam para contar até dez e acalmar.

“Quero ver você se livrar dessa” Ela falou com uma voz arrastada.

Fiquei tão furiosa que me deu um branco. Um brilho dourado cegante explodiu na minha visão.

Não me lembro de ter movido um musculo. Mas quando dei por mim o lápis que eu tinha nas mãos havia sumido, e o copo que Kitty segurava estava furado, vazando raspadinha em cima dela.

Algumas das crianças estavam sussurrando:

“Você viu...”

“O lápis...”

“Tinha um brilho dourado e perfurou o copo.”

Eu não tinha ideia do que eles estavam falando. Tudo que eu sabia era que mais uma vez eu estava encrencada.

Achei que Kitty iria correr para me delatar a um dos professores, mas ela olhava para mim com um fogo triunfante em seus olhos, como se eu tivesse feito algo que ela esperava há muito tempo.

Depois de alguns segundo ela deu as costas para mim e começou a se mover.

Achei melhor ir atrás, tentar me explicar antes que ela inventasse uma história para o diretor e eu acabasse expulsa... de novo.

Fechei rapidamente meu armário, e quando virei para procurar por Kitty ela já estava quase no final do corredor.

Como ela chegou lá tão rápido?

Tenho milhares de brancos como esse. Parece que meu cérebro adormece e quando percebo já perdi um monte de coisas que estavam acontecendo ao meu redor. O psicólogo disse que isso era parte do meu déficit de atenção, meu cérebro absorvia tudo de forma errada.

Fui atrás de Kitty. E levei um susto quando percebi que ela não estava indo para a sala do diretor.

Ela estava entrando no ginásio da escola, que a essa hora devia estar completamente vazio.

Eu não estava entendo nada. Mas a segui para dentro do ginásio.

Kitty estava parada, de braços cruzados, na frente da arquibancada. Ela fazia um ruído estranho com a garganta, como um grasnar de pássaro.

De repente, ela deu um sorriso malvado que fez meu sangue gelar nas veias.

“Você finalmente se revelou, Rachel Berry!” Ela falou ainda com aquele sorriso assustador. “E vai morrer por isso!”.

Assisti horrorizada enquanto seu corpo se transformava em uma coisa grotesca. Meio mulher e meio pássaro. Asas enormes e negras surgiram em suas costas. E seus seios normais de mulher estavam desnudos.

Espera! Eu disse normais? Aquilo não tinha nada de normal.

Seu rosto continuou o mesmo. Mas de sua cabeça brotavam penas. E seus braços e pernas terminavam em horríveis e afiadas garras. Seus olhos brilhavam como carvão de churrasco. E ela me olhava como se quisesse me devorar.

Droga! Eu estava tão ferrada.

* * *

“Você vai morrer!” aquele monstro voltou a falar com uma voz assustadora.

Eu não conseguia me mover. O que diabos era aquilo na minha frente?

“Eu sabia que havia algo diferente. Você nunca me enganou.” Ela sorria de um jeito maníaco. “Mas antes de morrer você vai dizer onde está aquilo que roubou”

Ela já não sorria agora. Vi um ódio mortal em seus olhos. Não sabia o que ela estava me acusando de roubar, mas devia ser algo muito valioso para ela.

“Eu... Eu” Não conseguia falar. Dei um pigarro tentando recuperar minha voz “Não sei do que você esta falando. Não roubei nada.”

Ela abriu aquelas asas foda assustadoras.

“Não ouse mentir para mim!” O monstro vociferou.

Uma pena saiu de suas asas e veio voando em minha direção como uma adaga. Tentei me desviar, mas não fui tão rápida. Ela acertou de raspão minha coxa esquerda.

Senti uma dor lancinante.

O monstro-Kitty voltou a sorrir.

“Você está pronta para falar a verdade agora?”

“Foda-se!” Gritei como resposta.

Eu ia morrer mesmo. Pelo menos iria cair de pé.

Os olhos do monstro brilharam num vermelho intenso. Suas asas abriram-se ainda mais e dessa vez ela começou a voar em minha direção.

Estava acabado.

Rachel Berry morreria antes de cantar uma única música num palco da Broadway.

O monstro já estava quase em cima de mim... Quando vi a ponta de uma flecha surgir em seu peito.

Monstro-Kitty explodiu em um monte de areia amarela, reduzindo-se a pó, sem deixar nada além de um cheiro de enxofre e um grasnar estridente que foi sumindo no ar.

Quando a nuvem de areia se dissipou. Pude ver uma garota segurando um arco a apenas alguns passos de mim.

Meus joelhos fraquejaram. Caí sentada para trás. Acho que minha vida inteira passou diante dos meus olhos.

Aliás, que vida de merda.

“Rachel!” a garota que me salvou chamou por mim.

Olhei para cima.

Ela me observava preocupada, mas sem dizer nada.

Ficamos nos encarando por um tempo. Fazia semanas que não olhava para Helena assim.

Helena foi minha primeira namorada (cof,cof a única). Ela era linda. Tinha olhos negros como a noite. Sua pele era morena clara, e tinha um brilho especial, como se estivesse sempre banhada em óleos cheios de especiarias. Ela também tinha um sotaque exótico. Sempre perguntei de onde era aquele sotaque, mas ela não sabia responder. Helena já havia viajado para praticamente o mundo todo, podia ter conseguido ele em qualquer lugar.

Olhando para ela agora, não conseguia lembrar porque havíamos terminado. Ela nunca pareceu tão bela quanto neste momento, some isso ao fato de que ela salvou a minha vida e temos uma garota irresistível.

Helena decidiu quebrar o silêncio.

“O que diabos você fez para irritar uma Harpia?”

Olhei para ela confusa.

“Uma o quê?”

Ela rolou os olhos com desdém para mim.

“Harpia. Aquilo que estava tentando matar você.”

Oh, sim. Acabei de lembrar porque terminamos.

“Aquilo era a sua querida Kitty.”

Helena havia me traído. Com Kitty, dá pra acreditar?

Ela desviou o olhar, envergonhada.

Peguei as duas no dormitório de Helena, cerca de um mês atrás.

Ela tentou me explicar, mas não quis ouvir nada.

Estava acabado.

Ouvimos um barulho de asas vindo do lado de fora do ginásio e nos encaramos nervosas.

Eu ainda estava sentada no chão.

Ela me estendeu a mão e disse séria:

“Venha comigo se quiser viver”

Apesar da situação não consegui deixar de sorrir. Helena era uma nerd total para filmes de ficção cientifica, O Exterminador do Futuro era seu filme favorito.

* * *

Fomos direto para o estacionamento. Só havia alguns poucos carros de funcionários.

O barulho de asas parecia estar bem em cima das nossas cabeças.

“Corra!” Ela gritou me empurrando na direção de uma caminhonete que estava ali.

Tentei abrir a porta, mas estava trancada.

“Mantenha a Harpia afastada até entrarmos no carro.” Helena disse, entregando-me uma caneta.

Olhei para ela puta de raiva.

O que diabos eu faria com aquela caneta? Escreveria uma carta ao monstro pedindo para ele não nos matar?

Mas quando atingiu minha mão, já não era mais uma caneta. Era uma espécie de arco de ouro.

Olhei para cima e vi uma criatura parecida com Kitty. Metade mulher, metade águia. Ela voava em nossa direção.

Helena só podia estar brincando comigo, ela me entregou um arco quebrado, não havia a corda para puxar, e nem uma flecha.

Afastei-me um pouco do carro. Nesse momento, não sei exatamente por que, lembrei-me daquele arqueiro da Caverna do Dragão. Mais por desespero que qualquer outra razão, o imitei puxando uma corda imaginaria no arco. Assisti encantada quando uma flecha dourada saiu voando do arco assim que soltei a corda. Quase acertando a criatura, mas ela conseguiu se desviar no último segundo.

Helena havia quebrado a janela do carro e aberto a porta. Ela estava lá dentro tentando fazer ligação direta no veiculo.

Ouvi o barulho do motor ganhando vida.

Corri para a porta aberta, mas antes que pudesse chegar ouvi Helena gritar:

“Abaixe-se!”

Olhei para ela que apontava um arco e flecha em minha direção. Meu corpo agiu no automático:

Beijei o chão.

Quando me levantei e olhei para trás vi uma nuvem de areia amarela se dissipando no ar.

Entrei correndo no carro e Helena começou a dirigir.

Meu corpo todo estava em alerta.


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Notas finais do capítulo

Será que tem alguém aí? Se tiver, deixe um comentário. Quero muito saber o que você achou.