Refém... ou não? escrita por Ed Albuquerque


Capítulo 9
Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo do dia. Esse é o especial para vocês.
Capítulo narrado por "E"
Nos vemos daqui a pouco 😉



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Acordo de madrugada, como de costume. Levanto, olho a hora. São 5 da manhã. Dou minha costumeira andada pela casa, e saio para fora. Vejo o Sol nascendo no horizonte, mesmo com os prédios atrapalhando minha visão. É lindo, ou... "It's beautiful", como eu digo.

Hoje será um dia interessante... digamos... bem interessante. Farei as mesmas coisas de sempre, mas me encontrarei com a pessoa que eu gosto, logo após a escola. Ninguém da minha família sabe, pois não tenho uma relação muito boa com os integrantes dela... Mas não irá ser só isso... Eu vou fugir. Vou fugir com meu amor. Pode ser errado, e até idiota, mas eu vou. Gostaria de contar para minha melhor amiga, Camila, mas, em breve a contarei, ela será a única que saberá onde eu estou.
Poxa, estou meio triste, pois ela não está falando comigo... novamente... Gostaria de saber o motivo, mas é difícil saber o que se passa na cabecinha dela.

Chego na escola e faço o cotidiano. É, Camila continua brava comigo. Na hora da saída, ao invés de eu pegar meu caminho para casa, sigo direção contrária... pois é, aí vou eu!

Recebo uma chamada em meu celular. Meu amor está me ligando!

– Oi, já estou indo. - Lembro-me perfeitamente de sua me dizendo para mudarmos o local do nosso encontro. Um chalé no meio da floresta, confesso que amo lugares isolados. - Okay, nos encontramos lá!

Vejo Camila atravessando a rua da escola. Irei me despedir dela! Corro para alcança-la

– Camila! Camila! - ela virou levemente a cabeça e deu as costas para mim - Preciso te contar algo!

– O que você precisa desta vez?

– Conversar.

– Existem outras pessoas, vá conversar com elas.

– Mas é com você que eu quero.

– Mas eu não quero.

– Por quê? Está com raiva de mim?

– Sim.

– Por quê? O que eu te fiz desta vez?

– Nasceu. Seria melhor se você morresse. - Meu mundo acabou neste momento. Não sei o que pensar e nem falar.

– Okay. Tudo bem. Saiba que eu te amo assim mesmo...

– Me poupe disso.

– Boa noite.

– Vá pro inferno.

Andei pensando nisso. Não sei o que fiz, mas ela me magoou muito, muito mesmo.

Chego ao chalé e vejo um movimento dentro dele. Entro e chamo para ver se tem alguém dentro.

– Olá?

– Oi, meu amor. Tenho uma surpresa para você...

Acordo de meus pesadelos, como de costume. Preciso fazer minha caminhada costumeira. A dor de cabeça preenche um pouco do meu vazio. Desço as escadas, entro na cozinha e pego o remédio no balcão. Sento-me numa cadeira e desabo em cima da mesa. Preciso recompor-me. Penso em quantas vezes eu ainda irei rever isso, todas as noites. Retiro minha máscara e passo as mãos pelo meu rosto deformado, resultado da mistura de muitas pauladas, e socos, com queimaduras de fogo. Passo as mãos pelos meus cabelos, algo que eu sempre gostei, pelo menos tenho isso, o fogo não me tirou. Acho que seria melhor eu cortar, está bem grande, por sinal.
Poderia chorar. Seria ótimo chorar. Mas eu odeio isso, é como um sinal de fraqueza.

Meus olhos enxergam bem pouco, não digo que seja o necessário, pois não é. Enxergo poucas cores e somente em lugares com muita luz. Agora por exemplo, no escuro da noite, o máximo que consigo ver são os sinais das luzes da casa. Antes eu não as deixava acesas, pois não preciso. Porém agora elas estão ligadas, pois tenho alguém que precisa delas... Aliás, onde está a Camila? Vou recompor-me e ver se ela precisa de algo... "ver" hahaha, grande piada.

Passo a mão pela mesa e sinto um prato em cima dela... estranho, não lembro-me de deixar algo aqui. Levanto-me, dou a volta pela mesa estendendo minha mão para não bater em algo. Sinto uma cadeira ainda quente.

"Sei que você está aqui." - escrevo e estendo em qualquer direção.

– Sim, senti fome e levantei para comer. - Escuto de onde sua suave voz vem.

"Eu disse que você ficaria com fome."

– Você raramente erra, né?

"Eu tento..."

– Noite difícil?

"Normal, como todas as outras."

– Vejo como ela é monótona.

"Vejo sua ironia."

– O que te incomoda?

"Pesadelos e lembranças."

– Do quê?

"Do passado."

– Você tem medo dele?
"Não sei."

– O que tem nele?

"Eu."

– Tens medo de você?

"Acredito que sim."

– Por quê?

"Porque eu sempre estraguei tudo."

– O que você estragou?

"Minha vida."

– O que você fez?

"Quis ser feliz."

– Mas isso não é ruim.

"É ruim quando a felicidade, na verdade, era a tristeza te ludibriando."

– Por que você não tenta ser feliz novamente?

"Eu estou tentando, mas não quero estragar tudo mais uma vez."

– Não tem como saber se não tentar.

"Por que você está fazendo tantas perguntas?"

– Porque eu não havia te visto tão mal.

"Prazer, eu."

– Sabe, quando o meu ex fez aquilo comigo, eu quis morrer.

"Digo o mesmo."

– Mas ele não poderia me fazer mais tanto mal. Eu estava cansada dele sempre me controlando... Então decidi que eu era quem deveria controlar alguém.

"Isso não é lá muito bom."

– Sei que é horrível fazer o que fiz com as pessoas, mas era uma forma de não me sentir tão ruim comigo mesma.

"Compreendo... Sabe, eu também sofri abusos sexuais, mas não consegui fazer algo para me sentir feliz."

– Nossa... por essa eu não esperava. Quer conversar?

"Não"

– Por quê?

"Porque você tem que dormir. Boa noite." - Levanto-me e saio começo a sair da cozinha.

– Você não precisa passar por tudo só. - ela disse segurando minha mão esquerda. Dei um beijo nela, senti sua surpresa.

Subimos para o meu quarto. Lembro-me de ter pintado as estrelas, que eu mal consigo enxergar, quando comecei a perder minha visão.

"Já pode voltar a dormir. Vou ficar aqui na poltrona mesmo."

– Deite-se comigo.

"Melhor não, preciso pensar. Amanhã será um grande dia."

– O que iremos fazer?

"Ver sua família."


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Notas finais do capítulo

O que acharam de estar na cabeça de "E"?
Pensamentos emo góticos, rainhos das trevas, moldados na argila da escuridão e da solidão... Huehue
Nos encontramos em breve.
Até logoney!



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