Refém... ou não? escrita por Ed Albuquerque


Capítulo 10
Eu me importo


Notas iniciais do capítulo

Oizão



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Camila POV

– O que?! Não quero!

"Você tem que ir, eles devem estar preocupados."

– Não estou disposta. - falei cruzando os braços e dando de ombros

"Você vai."

– Não vou! Me obrigue.

"Sua família deve estar preocupada com você."

– Se for assim, vamos visitar a sua também.

"Não dê ideias. Isso é outra história."

– Já disse que não vou.

"Então veremos."

– Veremos - disse-lhe concordando.

Me deitei em sua cama e "ele" ficou sentado na poltrona, logo adormeci.

Acordei pela manhã, vejo-o ainda na poltrona. Levanto-me e passo a mão em seu ombro. Por que não foi dormir comigo? Peguei um cobertor para cobri-lo.

Vou dar um passeio. Saio e pego um cavalo, conhecerei o perímetro. Será que tem vizinhos próximos?

Ando por algum tempo, acredito que por umas duas horas. Fui o mais longe que achei necessário. Conheci vários lugares interessantes. Não sei se "E" sabe, mas tem uma linda queda d'água perto da sua casa. Decido tomar um banho de cachoeira. Pensando bem, onde que na minha casa eu iria tomar banho numa cachoeira tão linda quanto essa? Nunca! Ainda mais neste lugar maravilhoso.

Nado um pouco, brinco com o cavalo que eu trouxe e vejo alguns animais, um macaquinho por exemplo, a fauna aqui é maravilhosa.

Volto para a casa de "E", procuro-o e não o encontro. Olho pelos lugares para ver se acho algum bilhete seu, que informe onde ele se meteu, mas não encontro nada. Isso é muito estranho, neste tempo que eu estou aqui, ele não saiu sem me avisar, ou não me deixou desinformada de sua localização. Bem... melhor espera-lo.

Fico assistindo televisão por uma hora. Vejo a hora, são quase meio-dia e "E" não retornou. Percebo também que estou com fome, hoje é o primeiro dia que "E" não fez meu café-da-manhã. Não sei o que sinto em minha barriga, uma sensação estranha. Recuso-me pensar que seja saudades, não gosto disso.

Faço meu café-da-manhã, ou melhor, chá-da-tarde. Será que "E" já comeu? Será que não sente fome? Acho que não, ele é bem mais inteligente que eu, não iria sair sem se alimentar antes.

Que dia chato! Mesmo alimentando e brincando com todos os animais da casa, ainda assim estou desanimada.

São 4 da tarde e "E" ainda não retornou. Onde ele está? Me deito em sua cama e olho para cima, para o teto estrelado, fico pensando. Por que ele saiu e não me avisou nada? Por que eu me preocupo tanto com ele? Não admito estar apaixonada por uma pessoal que eu mal conheço. O que está acontecendo comigo? O que aconteceu com ele? Ele não tem o direito de entrar na minha vida, me fazer ama-lo e depois desaparecer. Ama-lo? Não, não posso, não quero.

Mas por que ele desapareceu assim? Se fosse eu, certeza que ele estaria me procurando... Espera aí! Mas eu realmente estou desaparecida, pelo menos para ele. Que burrice a minha! Eu saí de manhã, sem deixar explicações e voltei horas depois... "E" deve ter me procurado e, como não me encontrou, saiu para me procurar.

Preciso sair para procura-lo urgentemente. Imagino o quão difícil deve ser estar lá fora, sem comer nada, e ainda mais sem enxergar.

Visto um casaco e saio correndo para o estábulo, estou indo pegar um cavalo, o meu cavalo branco. Monto-o e saímos o mais rápido possível. Os lugares pelos quais eu passei, agora, de noite, são diferentes, chegam a dar medo. O barulho das águas da cachoeira, que batem nas pedras, se misturam aos sons da noite.

Estou esperta para as pistas que me levarão à "E". Avisto umas pegadas de cavalo fundas, e outras ao lado, não tão fundas. É isso! Ele esteve aqui! Não está montado no cavalo, isso pode não ser um bom sinal, ele pode pisar em um animal peçonhento, ou num buraco, ou coisa pior.

Depois de aproximadamente uma hora de procura, eu escuto o relincho de um cavalo, meu coração enche de felicidade, e volto à correr. Logo à frente vejo um cavalo, negro como a escuridão, sua cor mistura com o escuro da noite, mas não deixa de ser visível para mim, assim como a figura de roupas escuras no chão.

– Eu te procurei tanto! - me joguei do cavalo, indo direto ao abraço daquela pessoa tão especial para mim.

Abraço-o como se não o visse há anos. Sinto-o soluçar, não posso acreditar que ele está chorando.

– Eu jamais te abandonaria. - falo olhando para seu rosto, ele tirou a máscara, vejo suas lágrimas.

– Está machucado? - Ele balança a cabeça negativamente. - Venha, vamos para casa.

Ajudo-o à subir no cavalo, guio seu pé ao estribo e o ajudo a equilibrar-se na sela. Subo em meu cavalo e pego o cabresto do cavalo negro, para guiar-lo.

Voltamos a sua casa. Ele estava muito cabisbaixo. Percebi sua tristeza com máxima clareza, não sei o motivo.

– Ta tudo bem mesmo? - ele balança a cabeça. Sentamos no sofá

– Quer alguma coisa? - ele balança a cabeça negativamente.

– "E", o que foi? Por que você está tão triste? - Ele faz um sinal com as mãos, uma mão estendida e a outra como se estivesse escrevendo. Levanto-me e pego uma caneta e um caderno, e o dou.

"Pensei que você tivesse me deixado."

– E por que eu faria isso?

"Por que você não quer ver sua família"

– Isso não é motivo para eu te deixar.

"Por que você sumiu?"

– Fui dar um passeio.

"Eu me preocupei"

– Desculpa. Você tem que se lembrar, eu não vou te abandonar.

"Agora eu sei. Mas perdemos a oportunidade de ver sua família."

– Tudo bem, eu não queria mesmo.

"Mas você tem. Do mesmo jeito que eu me preocupei com você, e você comigo, eles estão preocupados com o seu desaparecimento."

– Eles não estão preocupados comigo. - comecei a me exaltar.

"Estão sim, eu sei."

– Jamais. Jamais se importaram - eu disse gritando. Foi então que algo novo aconteceu. Algo que eu não esperava.

– Eu me importo - Escutei sua voz, pela primeira vez. Uma voz meio rouca, mas suave. Uma voz apreensiva, mas calma. Uma voz cheia de enigmas.


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Notas finais do capítulo

Eitcha, o que será que vai rolar agora? Vocês esperavam por essa?

Até a próxima:*



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