Heart memory escrita por Tia Lety


Capítulo 7
Capítulo 7- Primo Kaio


Notas iniciais do capítulo

Oiêêêêêêêêê!!

TIA LETY



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Ele me viu e me ignorou. Que cara nojento... Mas tia Agnes contava comigo... Na real, por que eu vou falar com esse menino? Manda ele falar com os colegas traficantes pela internet! Vi Kaio tirando um maço de cigarros e acendendo com um isqueiro. Ótimo. Sete bilhões de pessoas no mundo, e quem vai fumar? O cara que minha tia pede para eu falar, que maravilha. Ele assoprava a fumaça que saia da boca dele.

—Por que você fuma?— perguntei

—Por quê eu fumo?— perguntou Kaio— Sou louco.

Ah claro! Virei o rosto para não inalar a fumaça do cigarro imbecil. Virei o rosto para encará-lo, mas Kaio já estava com o rosto quase colado no meu e ainda soprou a fumaça do cigarro na minha cara. Tossi. Serio? Desisto! Esse garoto que exploda com a ignorância dele! Imagina suportar ele no colégio?! Tomara que arranje "coleguinhas do bem" por lá, porque esse tipo de gente não falta no ensino médio.

Sai da varanda e fechei a porta, ninguém é obrigado a sentir a merda da fumaça daquele marginal. Talvez eu esteja pensando antes de ter a certeza, ou não, o jeito dele não nega muita coisa. Sentei no sofá longe de todos da festa de celebração do novo membro da família, e telefonei para Lúcia, precisava falar com alguém que me entendia.

—Oi Lúcia.— atendi

—Oi Monalisa! E aí onde é que você está?— perguntei

—Estou na festa de um novato na família.

—Novato? Alguém está grávida aí?— brincou Lúcia

—Não, minha tia adotou um retardado que vai para nossa escola.

—Mas ele é bonitinho pelo menos?

—É—ri— Mas ele é um completo imbecil, mal-educado.

—Ei Mona, vou ter que ir, minha mãe está me chamando. Te ligo mais tarde.

—Está bem... Tchau.

Desliguei o celular. Sabe o que eu mais queria agora? O calor das mãos de Leo, do olhar carinhoso e do sorriso torto que me atrai, como um prego é atraído por um imã. Meu presente, que valia pelo ano inteiro seria o apelido "Lisa" saindo da boca de Leo. Isso sim seria algo... inesquecível.

Senti lágrimas correndo no meu rosto. Toquei em uma das lágrimas fujonas e a olhei tristonha. Pensei como podia ser diferente ele se lembrando de mim. Talvez namorássemos, talvez apenas seriamos bons amigos, mas seria menos doloroso vê-lo assim.

—Você quer?— era Kaio

Ele estava com um copo de cerveja nas mãos me oferecendo. Os cabelos longos caíam nos olhos verde-água. Sua expressão era indecifrável, não conseguia saber se estava feliz, triste, raivoso... Enfim, Kaio não era uma pessoa expressiva. Mas o pior de tudo, era que ele fedia à álcool e ainda podia ver rastros de fumaça de seu cigarro.

—Tenho 16 anos.— lembrei para ele

—Eu também, mas isso serve para afogar mágoas, e vejo que você está em uma.

—Você não sabe de nada sobre mim.— rugi

—Posso ao menos tentar entendê-la?

—Não!

Tomei o copo de cerveja das mãos dele e tomei de uma vez. O gosto era horrível e eu quase me engasgava.

—Hey, hey baby! Vai com calma!—disse Kaio rindo

Baby é a sua avó...— murmurei

—Você é esquentadinha hein...— riu

Era tão injusto. Queria tanto que eu não tivesse ido embora daquela maldita fazenda! Fico pensando como seria diferente, mas o que estou preocupada mesmo foi por quê os pais de Leo se separaram. Eu sei que isso não é da minha conta, mas eu já havia entrado na casa deles e tinha vários retratos de família, e viagens que eles fizeram ao redor do mundo, e eles pareciam bem felizes.

—Então, quem é o cara?— perguntou Kaio, sentando ao meu lado

—O que?— engasguei

—Sempre tem um cara. Você está chorando por causa de um não é?

—Está tão nítido assim?— consegui dar uma risada

—Está escrito na sua testa menina.

Como alguém que eu acabei de conhecer, sabe de uma coisa tão íntima e detestável? E além do mais, Kaio era o tipo de pessoa que eu queria distancia, mas ele parecia disposto à ouvir minha história. Ele tirou o cabelo dos olhos e disse:

—É mais divertido contar para alguém que não tem envolvimento com nada.

—Eu não estou à fim.— desviei o olhar

—Pegue...— Kaio me deu outro copo de cerveja— Vai precisar.

—Eu tenho um nome sabe... Monalisa.

Suspirei e bebi a cerveja de uma vez e tossi mais uma vez, Kaio bateu nas minhas costas rindo. Ele era aquele tipo de bad-boy com os cabelos lindos, dentes perfeitos, covinhas (assim como Leo) fundas, e a doença que eu mais reprovo: bipolaridade. Mesmo o doente não tendo culpa, é meio estranho.

Decidi contar para Kaio sobre Leo, Catarina e Lúcia. Ele ficou em silêncio, me dando mais copos de cerveja, porque eu não conseguia cessar o choro. Depois de tanta bebedeira, eu estava rindo feito uma boba com Kaio.

—Para, você não sabe beber.— disse ele, tomando a garrafa da minha mão

Ele me entendeu perfeitamente e achou minha história de vida "inspiradora". Fomos para a varanda novamente e sentamos no banco em silêncio. Kaio continuava fumando, uma coisa que eu odiava nele. Peguei o cigarro de sua boca e joguei fora, ele se levantou, irritado.

—Que droga foi essa?! Por que você fez isso?!— gritou, que me fez levantar assustada

—Isso vai te destruir! Você não sabe que eu só quero te ajudar?!

—Não me importo se isso vai me destruir! Merda!

Kaio saiu chutando o banco. Não ligo, eu só fiz o bem para ele. Já eram duas da tarde e fomos embora. Kaio não falou mais comigo depois que fui embora, quer saber? Não estou nem aí, que ele morra com câncer! Babaca... Mas mesmo sendo um completo manézão, eu consegui me identificar com ele, exceto pela bebedeira e pelo fumo. Eu bebi, mas foi a ultima vez.

Minha mãe e meu pai tagarelavam sobre como a comida estava boa e que tia Agnes nunca esteve tão feliz. É... Acho que vou ver muitas vezes o Kaio.


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Notas finais do capítulo

OIÊÊÊÊ!! ESPERO QUE TENHAM GOSTADOOO!!

Tia Lety!



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