Eu não quero ter que recitar os versos pra Marco.

Eu não vou recitar meus versos pro Marco.

O garoto não sorria mais. Ela podia estar preocupado de verdade, mas agora era eu quem não ligava. Era eu quem mudou, Marco continua o mesmo.

– Mãe, eu não estou com vontade de falar algo agora – falei passando direto pela sala.

– Ótimo – falou minha mãe – assim terei mais tempo pra falar com você.

Eu fiquei ao lado do Marco, o garoto estava em silêncio, mas seu rosto demonstrava interesse nas palavras ditas no local.

– O.K, mãe querida. Me diga, o que te incomoda.

– Por que terminou com o Marco?

– Porque não fomos feitos um pro outro, sabe? – Fingi pensar – Assim como você fez com o papai.

– Agnes! – advertiu minha mãe – eu me preocupo com você, não vou questionar sua decisão, mas quero saber o porquê dela.

– O porquê? – falei enquanto meu rosto esquentava.

– Minha Agnes nunca faria isso.

– Sua Agnes? – Apontei para meu busto – Essa Agnes aqui, nunca foi ouvida! Não se trata de quem eu namoro, nem de quem eu dispenso, mas de quem eu sou.

– Não complique as coisas! – resmungou Marco.

– Eu sei, Marco – falei – Marco não está aqui para falar da minha personalidade, ou está? Até porque, Marco não me conhece.

– Eu te conheço! – falou Marco, aumentando o tom.

– Não se trata de cor favorita, Marco – falei ironizando– Nem mesmo do que conhece, ou do que acha conhecer, mas se trata do que sentimos... Sabe o que sentimos, Marco? – Balancei o dedo indicador de forma negativa – Não sentimos nada!

Saí da sala, escutei os resmungos da minha mãe e de Marco, mas ignorei. Eu não me importo, eu não me arrependo. Existem coisas irrelevantes, por mais que tente, sei que não serei entendida. Não é fase, não é infantilidade, mas sim isso é um passo pra frente, e não darei dois para trás dando razão à minha mãe e aquele patético do Marco.

Abri o kik team e havia uma mensagem do meu beta:

Temos que começar sua fanfic, responda assim que puder, quero escutar suas ideias.

O incrível era que não via meu beta como um empecilho, mas sim como algo aliviante.

Suspirei, apertei minhas mão contra o busto. Eu me senti livre, agora eu não terei ninguém desagradável para me incomodar.

Ninguém.

Sentei na cama e comecei a digitar:

Preciso mesmo de ajuda.

Esperei uma resposta, mas o que aconteceu foi uma ligação, era ele. Tobias, meu beta.

– Alô – falei.

– Agnes – Meu beta parecia empolgado.

– Você está livre das atividades agora?

– Finalmente estou. Sim, o que quer falar sobre sua história, conte tudo.

– Eu tive algumas ideias... Eu gosto de histórias que me deixem confortáveis e eu gostaria de uma onde eu poderia falar sobre minhas frustações. Uma história pequena – pensei mais um pouco, considerando o fato que era a primeira vez que formulada uma ideia – eu quero que ela se chame Clique aqui.

– Clique aqui? – falou meu beta.

– Sim, quero que seja como um link qualquer, mas como se ele pudesse falar com você, dizendo imperfeições, táticas de sites e coisas que fazem pra atrair telespectadores, e no final essa one-shot vai ser trabalhada completamente em uma tática de atrair leitores, como o nome e o conteúdo. É tudo uma grande armadilha.

– Entendo, era como se você digitasse facebook e aquele o F do nome começasse a falar com você sobre como sua senha é tosca.

– Bem – falei – É uma boa explicação.

– Você é uma pessoa interessante, Agnes – A voz do Tobias era rouca e despreocupada, mas uniforme no meio das palavras.

Era uma característica minha, eu sempre gostei de prestar atenção em pequenas coisas, escutar pequenas coisas e ver todos os detalhes.

– Eu não sou tão interessante assim – falei com um sorriso nítido na face.

– Alguém que quer fazer uma história como se a internet tivesse te criticando... Isso é interessante.

– Alguém que me entende de primeira, essa pessoa merece respeito – falei, precisava elogiá-lo, normalmente as pessoas não me entendem tão bem. Se elas soubessem quem eu sou de verdade, com certeza não me entenderiam, mas o Tobias, ele conseguiu cumprir essa façanha.

– Eu procuro entender coisas que me interesso.

– Você se interessou por mim ou pela ideia?

– Talvez pelos dois.

Não era algo certo. Não pra mim, mãe juro que senti algo, eu não estava apaixonada por ele. Sei disso. Mas era algo diferente... Era satisfação.