Inf3cted escrita por young


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

(nota colocada no dia 2 de julho. por que? percebi que interagir com meus leitores é importante para que vocês sintam-se bem ao ler esse capítulo, tão bem quanto eu me senti ao escrevê-lo)

Essa é a minha primeira experiência escrevendo Ficção Científica e tenho gostado bastante! Lembro mais ou menos do dia em que escrevi esse capítulo. O que mais me recordo é meu entusiasmo, ainda presente, com essa história.

Gosto de pensar em histórias de Sci-Fi como uma viagem, então espero que tenham uma boa experiência. Bom, bem-vindos ao século 38 e ao mundo de "Inf3cted"!



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INTERIOR DA NORUEGA - CENTRO DE PESQUISA. 23 DE JANEIRO DE 3710. 2:35 AM

O centro de pesquisa está silencioso, exceto pelos passos nas plataformas de metal e pela conversa sussurrada provindos de dois cientistas. Isaac VanDoom recebera uma ligação de Joseph Noremberg há poucos minutos, porém seu amigo e colega fora bastante vago quanto ao motivo de estarem ali fora do turno de trabalho.

Isaac não se envergonha de mostrar seu nervosismo e sua impaciência. Fora trazido para o centro de pesquisa subterrâneo no meio da noite. Poderia não tê-lo feito, porém sua curiosidade o vencera. Joseph soara extremamente ansioso ao telefone e, agora, tremia de excitação. Uma descoberta capaz de mudar o mundo, dissera Noremberg, que já sabe exatamente o que quer fazer com o que descobriu.

Os cientistas chegam a um setor, onde Joseph trabalha há poucas semanas e fez a descoberta. Noremberg abre o detector de retina com a impressão digital de seu polegar direito. O scanner analisa ambos os olhos do cientista e, então, o portão abre, revelando uma sala ampla. Joseph dá o comando para as lâmpadas funcionarem. Meio segundo depois, luzes brancas iluminam o lugar.

Tudo é limpo e organizado. Pilhas de papel milimetricamente alinhadas estão em cima de mesas de vidro, ao lado de hologramas. É um setor de História. Não há os sólidos dos setores de Matemática, os microscópios dos setores de Biologia, as rochas dos setores de Geografia, os livros de poemas dos setores de Literatura e por aí vai.

Este setor de História está cheio de armas antigas, fotos em preto e branco, mapas antigos e fardas de exércitos emolduradas. É um setor de História da Guerra. O objeto de pesquisa desse setor está em uma espécie de pedestal no centro da sala. Os dois cientistas aproximam-se deste. Isaac franze o cenho para o livro antigo e amarelado. Joseph sorri como uma criança. VanDoom leva alguns instantes para identificar o título, mas, quando o faz, olha surpreso para Noremberg.

Como um cientista renomado, VanDoom já ouvira falar deste livro, porém nunca acreditara de verdade em sua existência. Ele olha novamente para o livro e abre um sorriso, interessado por aquelas duas palavras.

Mein Kampf.


GOLD COAST, AUSTRÁLIA - HOSPITAL QUEENSLAND. 3 DE MARÇO DE 3710. 1:20 PM

O hospital está calmo, quase não há ninguém no setor onde estão os ambientes extra-uterinos e, consequentemente, os fetos. Fred e Louise Knight, dois jovens de vinte anos, casados há dois anos, verão o filho nascer em poucos momentos. Eles já tinham ouvido falar em mulheres que engravidaram, porém a gravidez externa é imensamente mais segura, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Louise está ansiosa. O feto é um menino e escolheram Peter como seu nome. Na escolha dos genes, o casal moldou o filho para ser perfeito, escolheram seus melhores genes para passar para a criança. Fred segura a mão da esposa para acalmá-la. Eles trocam um olhar esperançoso e voltam-se novamente para a janela. Médicos e enfermeiras passam sorrindo por e para eles. Há muito tempo que a gravidez extra-uterina é utilizada e, com isso, não há mais necessidade de progenitores vivos, pode-se utilizar gametas de recém-mortos, já que criou-se um ambiente extra-uterino para o desenvolvimento do feto.

Os Knight optaram por isso. Fred e Louise ainda estudam, então uma gravidez intra-uterina os atrapalharia nesse momento. Eles querem cuidar de Peter, porém sabem que terão que deixar o menino com uma enfermeira especializada enquanto estiverem ocupados.

De repente, eles ouvem tiros perto de onde eles estão. Os dois prendem a respiração por um momento e trocam um olhar rápido. Fred respira fundo, segura Louise pela mão e tenta levar a mulher para atrás de uma saída de emergência, porém ela protesta, preocupada. Ele tenta explicar que Peter irá ficar bem, que a maternidade é segura, porém ela não cede.

Fred vê os meliantes virando a esquina do corredor e desiste de seus lamentos desesperados para ele e Louise se esconderem, não pode simplesmente deixá-la ali, sozinha e desamparada, e fugir sozinho para um abrigo. Ele a abraça, a cabeça dela contra seu ombro, onde ela chora. O jovem olha determinado para os vagabundos. Estes, um grupo de cinco homens de quase trinta anos, altos e musculosos, chegam perto do casal. O mais à frente, aparentemente o líder deles, sorri e aponta uma arma para Louise, que se aperta ainda mais em Fred. Sem se estender muito mais, o líder atira em ambas as cabeças, com um intervalo muito pequeno de tempo entre os tiros. Os vândalos riem, eles matam por prazer. Eles olham para os fetos com desdém e saem sorrindo do setor.

Uma hora depois, Peter nasce, pouco depois de o sangue de seus pais ter sido limpo do chão daquele lugar.


GOLD COAST, AUSTRÁLIA - HOSPITAL QUEEN ELIZABETH I. 2 DE MAIO DE 3710. 5:20 PM

— Os sinais vitais estão bons e regulares! LuAnn está pronta para nascer.

Há um grupo de médicos realizando o nascimento de LuAnn Queen, fruto dos gametas congelados de um casal morto há quase um ano. Esse tipo de criança merece um pouco mais de atenção ao nascer por causa da idade que os gametas tinham quando ocorreu a fecundação. A médica responsável é Sarah Smith.

O feto está dentro de um prisma retangular de vidro com água, do tamanho apropriado. Há uma bacia de mesma forma com o dobro do tamanho do prisma ao lado deste, mas esta está vazia.

Com cuidado, os médicos manejam as mãos robóticas para transportar o prisma para dentro da bacia e o abrem; como consequência, a água escorre dentro dela. Um dos médicos entra na bacia e retira a criança da água. Ele a faz respirar e ela instantaneamente começa a chorar. Então, ele coloca-a em cima de uma maca, onde começam a limpá-la e ver se há algo de errado com ela. Eles fazem os relatórios e, quando terminam, levam-na para a maternidade, para perto dos outros recém-nascidos.

— Eu vou adotar esta criança. — diz a doutora Smith, em frente à janela da maternidade, olhando para LuAnn.

— Ela não vai ter o sobrenome dos pais biológicos, então. — diz o doutor Logan, também olhando para o bebê.

— Exato. Ela terá meu sobrenome.

— LuAnn Smith. Parece apropriado. Porém, acho que ela deveria ter o sobrenome dos progenitores. LuAnn Queen Smith. Soa mais adequado, não?

Drew Logan olha para a colega, que está com uma expressão pensativa. Ele sempre achara Sarah Smith muita bonita. Negra, cabelos cacheados e olhos cor de mel. Ambos eram jovens e poderiam ter uma vida inteira juntos, o que seria ainda melhor com a presença de LuAnn para alegrar o ambiente. Porém, Drew sabe que Sarah Smith é extremamente profissional e nunca aceitaria ter um relacionamento com um colega de trabalho.

— Sim. LuAnn Queen Smith realmente soa mais adequado. — diz Sarah.

O doutor Logan pisca os olhos, situando-se novamente. Ele assente, sorrindo, e olha novamente para a recém-nascida, que está dormindo.

LuAnn Queen Smith.


LONDRES, INGLATERRA - SEDE DA ONU. 6 DE JUNHO DE 3712. 7:00 AM

Oceania, Europa, América, Ásia e África.

Cada continente tem um representante nas cinco cadeiras fixas da ONU. Dessa forma, todos os continentes recebem a devida atenção. O tema do debate durante esta última semana é o que fazer com um grupo de extremistas religiosos que fizeram reféns na Índia. O tempo é curto, os cidadãos indianos correm risco de morte.

— Temos que achar um jeito de prendê-los sem que haja derramamento de sangue. Todavia, os extremistas recusaram todos os acordos que propusemos. — diz Thea Taylor, representante da Europa, nascida na Inglaterra.

— Eles querem uma terra para eles, um Estado que possam chamar de "meu". Entretanto, a Índia não iria aceitar isso sem a aprovação da população. — diz Kenich Watanabe, representante da Ásia, nascido no Japão.

— Um plebiscito seria a melhor opção, então. — diz Essien Ike, representante da África, nascido na Nigéria.

— Parece ser a única solução. Todos de acordo?

Os cinco representantes concordam.


GOLD COAST, AUSTRÁLIA - ESCOLA PRIMÁRIA SOUTHPORT. 16 DE FEVEREIRO DE 3715. 3:00 PM.

Peter Knight e LuAnn Queen Smith brincam juntos no parquinho da escola, cada um esperando seus devidos responsáveis: ela, sua mãe adotiva e ele, o diretor do orfanato, que buscará a ele e aos outros órfãos. LuAnn e Peter só têm cinco anos de idade, mas já são melhores amigos.

De repente, LuAnn é surpreendida e levantada no ar. Ela ri nos braços da mãe e Peter acaba rindo junto. Sarah sorri; ela ama a filha adotiva mais que tudo no mundo, a criança a fez mais feliz do que ela poderia imaginar. A doutora Smith coloca a filha no chão e faz carinho na cabeça de Peter, que dirige um sorriso radiante para ela. Ambas as garotas despendem-se de Peter e começam a andar para a estação de metrô, na rua de trás.

Ao virar a esquina, Sarah se bate acidentalmente com um jovem. Este vira-se e olha para a doutora, que só tem tempo para empurrar LuAnn para longe de si. Enquanto a criança cai sentada no chão da rua, o jovem saca uma arma e atira em Sarah. A pequena menina solta um grito e arrasta-se rapidamente para o lado do corpo esparramado da mãe.

Ela vira-se para o agressor, em meio a lágrimas e soluços, mas ele já está correndo, de costas para ela e com o capuz levantado, mas LuAnn consegue identificar a tatuagem na palma da mão direita dele. Um símbolo que ela reconhece dos jornais, mesmo tendo somente cinco anos de idade.

O símbolo dos extremistas.


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Notas finais do capítulo

(nota também colocada no dia 2 de julho de 2015!)

Obrigada por ter me acompanhado nesse capítulo. Sinta-se à vontade para continuar nossa viagem. Só se lembre de colocar o cinto de segurança.