POV VICENTE

Eu sou um idiota... Eu sou um idiota confuso que não consegue mandar na droga do coração que tem.
Quando entrei nesse refeitório aqui hoje, me deparei com a seguinte cena:: Julia, sim Julia Lacoste esmurrando a parede e chorando como nunca vi ninguém chorar. Me aproximei mais e vi que seus dedos já estavam esfolados e sangrando. naquele momento, ali naquele refeitório do internato algo mudou por dentro de mim. Foi como se por dentro do meu peito algo encolhesse... foi como um instinto protetor de fazer com que aquela baixinha rockeira nunca sofresse e nunca mais chorasse.
E num ato impulsivo apenas a abracei, temendo claro que ela me espancasse ali mesmo mas não. Ela apenas retribuiu o abraço com mais força e ensopou a camisa do meu uniforme enquanto seu cheiro me embriagava e eu a consolava sem ao menos saber o motivo de suas lágrimas.

Minuto depois que se passaram com nós dois ali abraçados eu desencostei meu queixo que estava apoiado em sua cabeça e ela permaneceu olhando para baixo, como se fosse uma criancinha de cinco anos que aprontou alguma e sabe que vai levar bronca. Logo se abriu um sorriso na minha face, mas logo o desfiz querendo saber o que tinha acontecido .

– Juli...- disse alto o suficiente para ela levantar o rosto e me encarar. Mas não, ela permaneceu de cabeça baixa.
– Juli...- nada ainda- Ei Julia estou falando com voce- seguro em seu queixo delicadamente e a faço me fitar com suas órbes azuis da cor do oceano.

–O que aconteceu?- sussurro depois de uma longa respiração. Ela somente se afasta de mim brutalmente e cruza os braços olahndo para parede que a poucos minutos atras ela estava esmurrando e que agora está com respingos de sangue... Ela só pode ser bipolar essa garota!

– Não é da sua conta- diz ela quando resolveu falar alguma coisa e me encarar. Arregalei os olhos perante sua resposta fria mas logo tratei de me recuperar.

– Não é da minha conta? Ah pelo amor de Deus garota, não é da minha conta mas foi eu quem te consolou e fez com que voce não precisasse amputar a mão, mesmo não sabendo o motivo. Então se não é da minha conta eu já vou porque não tenho mas nada á fazer aqui...- disseclaramente magoado e virei as costas á ela e quando dei o primeiro passo na direção á porta Juli agarrou meu braço me impedindo.
Me virei para ela que me fitou primeiramente mas quando falou, abaixou a cabeça:

– Não... por favor não vai- disse ela e parecia tão frágil, como eu nunca, NUNCA pensaria em ve- la assim- Desculpa é só que eu, eu.. ah eu sou uma infeliz- disse por fim e suspirou ainda segurando meu braço.

Cinco segundos depois decidi falar:- Juli se voce me largar eu prometo que não vou sair correndo- disse tentando aliviar o clima mas ela bufou me largando. Mas ela pensou que eu não vi seu sorriso tampado pelo cabelo que lhe caia na cara.

– Tá me olhando por que?- ela faz cara de debochada e eu abro meu sorriso torto...Julia Lacoste sempre será Julia Lacoste!

– Escolhas os motivos: a) Porque a pouco voce estava gritando e chorando igual uma maluca. b) Por querer saber a causa do sucedido. Ou c) Porque voce é tão... voce?- ok, a última alternativa não era para ter entrado nas opçoes mas saiu sem querer.

– São muitas alternatuvas, mas eu fico com a d) Voce é um idiota- diz ela rindo e eu faço cara de serio mas acabo caindo na gargalhada junto com a loirinha, a risada dela é contagiante... perai eu acabei de pensar nisso mesmo? A síndrome de loucura dela deve estar me afetando.

Quando acabamos nossa sessão de gargalhada um silencio se instalou e já estávamos frente a frente um do outro novamente. Ela me olhou, e eu olhei ela ambos permanecemos calados. Eu queria muito saber o que tinha acontecido com ela, mas acho que se ela não quer contar tenho que respeitar a opinião dela até porque é dela que...

– Meu pai... meu pai quer que eu vá embora com ele- diz ela e eu a olho de boca aberta com o susto por ela estar me contando e pela informação também.

– Como? Mas... voce, voce n-ela me interrompe, isso é uma mania dela.

– Dá para deixar eu falar?- diz ela e eu fecho a cara e concordo. Então, depois de um tempo ela voltar a falar:- Como eu disse, ele veio hoje aqui para me levar de volta ao Canadá. Acho que agora ele tá querendo dar ma de ''pai preocupado com a filha adolescente rebelde''- ela riu, mas uma risada congelada, sem humor- Então acabamos por discutir porque eu.. eu não quero ir embora daqui. Do Brasil, dessa cidade, até do internato pode crer meu caro Vicente.- Ela term um sorriso triste na cara e se encosta na pilastra de pedra ao lado dela colocando as mãos para trás e eu ainda tentando digerir uma parte da vida da Juli que eu não sabia que era assim.

– Espera, voce disse que não quer ir, que iria ter saudades do brasil, de São paulo e do internato?- pergunto coçando o queixo e ela encolhe os ombros me olhando...

– Pra voce ver como as coisas tomam um rumo diferente. Quando eu cheguei aqui, sei lá queria sair desesperadamente desse lugar, mas ai as coisas foram acontecendo, conheci pessoas que nunca imaginei que conheceria e sim, iria sentir muita falta das doidas da Bler e da Laura, dos garotos que são mais esfomeados que não sei quem, do Pablo e das suas piadinhas, do Alberto que é super maneiro e me tratou como uma filha durante esses 2 meses, da tia da limpeza que é massa, do Marcelo que é um grande, grande amigo e quem sabe até da Matilde e da secretária largatixa com ataque de pelanca, e da dona Nastácia... pois e, as coisas mudam- diz ela me deixando de boca aberta nunca em mil anos pensaria que a Juli que EU, NÓS conhecemos pensaria dessa forma. Mas, falta alguem que ela não citou...

– Ei nanica, e eu. Não sentiria minha falta?- pegunto sorrindo torto e colocando as mãos no bolso.

– Com certeza não-m ela ri e eu a olho feio- Tá, quem sabe mais ou menos. Afinal, quem iria me pertubar e eu iria espancar?- ela arqueia a sobrancelha e eu rio da cara de pau que essa menina tem.

– Atá, vou acreditar. Sei que voce me ama baixinha, sei que voce me ama- me gabo e ela me manda o dedo do meio rindo.

– Só nos seus sonhos Vicentinho- e assim silencio outra vez...

– Sabe Juli, talvez o seu pai só, só não tenha aprendido a lidar com a morte da sua mãe ainda. Talvez, ele não fique muito com voce por algum motivo que voce faça ele lembrar muito a ela- digo e a fito. Ela olhava para o nada a sua frente e de repente girou a cabeça na minha direção sorrindo tristemente e com os olhos brilhando:

– Talvez, mas só talvez mesmo voce tenha razão Vicente... Ele me disse que eu era igual á ela- diz ela e pisca os olhos,a cho para espantar as lágrimas.

– Tá legal, vem - vou até ela e a pego pelo braço a arrastando pela porta aos protestos da mesma.

– Ai Vicente seu babaca, para garoto a gente tem aula daqui a pouco. Voce tá maluco hein? Para onde vamos?- pergunta ela e eu continuo caminhando a puxando pelo braço em direção ao porão.

Sim, vou levá- lá ao porão, ao lugar escondido aonde eu e os outros temos uma sala de ensaio para a banda... Sei que é eraado porque a Julia pode sair espalhando por ai sobre o esconderijo mas eu sinto que posso confiar nela.

<< Foi o que voce pensou o mesmo da Isabella e olha o que aconteceu?>>— meu subconsciente me avisa mas eu prefiro deixar ele de lado... a Julia não é a isabella, não é.

– Ai Vicente eu estou cansada de andar e agora tem mais escada- reclama Juli mas para- Ei eu conhço esse...- mas paro de escuta- lá e volto novamente para os meus pensamentos.

Outra razão para estar levando a reclamona aqui do meu lado para o porão é que, eu já vi ela cantando e sinceramente, a garota coloca qualquer cantor (a) profissional no chinelo é serio.
Não que eu fosse chegar nela e perguntar:- '' E ai Juli, sabe eu tenho uma banda com os meus amigos, cujo são os seus tambem que mentiram para voce até agora. Então, como voce canta muito bem, queria saber se aceita entrar na bada?''- claro que não né!

–Vicente! Vicente! Ei Vicente seu idiota, acorda ai- sou tirado dos meus devaneios pelas ''lindas'' palavras da anã me sacudindo.

– O que foi agora Julia- pergunto e vejo quando ela coloca as mãos no quadril e aponta com o indicador para frente, ou seja para a porta a nossa frente... é tinhamos chegado e eu não percebi!

– Bom Juli, antes de voce me perguntar, ou entrarmos ai eu queria te dizer que e...- sou interrompido pela figura de Juli arregalando os olhos e pela musica vindo de dentro da porta... ah não, o povo tá ai!!! Me Ajude pai!

Juli me olha por meio segundo e corre a pouca distancia até a porta a abrindo de rompate e se deparando com o que eu temia...

– O QUE, QUE É ISSO AQUI? ALGUÉM PODE ME EXPLICAR?- Grita, explode, Juli para daqui a pouco me mandar para o espaço.

Pois é, como eu disse Bler, Laura, André, Gustavo e Tomás estavam tocando e pararam quando ouviram os gritos da histerica da Julia nos olhando...

é Vicente, agora voce está lascado, ferrado, morto e com uma Julia Lacoste- rockeira- nanica te olhando fulminante... Ferrou?!