Finalmente em casa. Depois de sofrer horrores naquele hospital, comer aquela comida horrível e dormir numa cama desconfortável, felizmente poderia dormir bem e comer uma comida decente na minha humilde residência.

Marie dormia tranquilamente em meu colo. Ela era uma mistura de nós dois. Brilhantes olhos azuis, cabelos castanhos escuros como os meus, um rostinho redondinho e lindo. Damon me contou que não dormiu a noite inteira no hospital observando a nossa filha na maternidade. Ele era um pai bobão super protetor. Eu achei lindo da parte dele.

–Vem cá pro papai, meu amor- falou Damon pegando Marie. Ele acariciava sua bochecha com a ponta do dedo indicador.

–Eu vou tomar um banho, tá? Tome conta dela – falei subindo as escadas, indo para o banheiro.

–Calma, amor. Eu sei muito bem o que fazer.

Quando meu corpo entrou em contato com a água, senti meus músculos relaxarem. Olhei para o chão e nem pude acreditar que estava vendo os meus pés depois de meses. Eu até que sentiria falta de estar grávida. Foi uma época boa. Mas os próximos anos seriam melhores. Levar Marie para o parque, fazer aniversários com temas de desenhos animados, vê-la dar seus primeiros passos. Seria maravilhoso! Eu não queria pensar nas partes negativas, então deixaria passar. Só me toquei que estava demorando no banho, quando Damon bateu na porta.

–Lena, ela está chorando. O que eu faço?

–Cante uma música para ela. Tente fazê-la voltar a dormir- suspirei.

–Mas e se for fome?- perguntou preocupado. Sai do chuveiro e me enrolei na toalha.

–Com certeza não é fome. Ela acabou de mamar, pelo amor de Deus!- exclamei um pouquinho irritada pelo o meu banho interrompido.

–Calma, não precisa ficar assim. Eu a deixei no berço – ele disse.

Fui para o quarto de Marie e ela ainda estava chorando. Senti um cheiro desagradável. Aí eu entendi o que era para ser feito. Não sei o que deu em mim, mas foi como se meus instintos de mãe tivessem sido ativados. Coloquei Marie em cima da mesinha de trocar fraudas e comecei a despi-la. Damon apenas me observou. A levei para o banheiro e peguei uma banheirinha que tinha comprado. Pedi para que Damon a segurasse por um instante e enchi a banheira de água. Comecei a encher tudo com sabonete líquido. Peguei Marie e comecei a lhe dar banho.

Foi um pouco perturbador pois ela não parava de chorar. Mas depois de limpinha, ela se tranquilizou. Coloquei um pijama nela e comecei a nina-la. Ainda estava de toalha mas não me importei muito com isso. Para uma mãe de primeira viagem, eu até que estava indo bem.

Damon a pegou no colo e continuou a nina-la até ela adormecer. Ele cantava a música que tocou no nosso casamento. Eu observei aquela cena com certo carinho. Damon seria um grande pai. Fui para o quarto e coloquei uma roupa decente para ficar em casa. Deitei em minha cama e esperei o sono me consumir.

Em uma noite, acordei com os choros berrantes de Marie. Eu estava exausta. Levantei da cama completamente desanimada. Olhei para o lado e Damon dormia como uma pedra. Caminhei até o quarto de minha filha e a mesma gritava como uma sirene. Aquela criança tinha uma garganta de ouro! A aninhei em meus braços e comecei a amamenta-la. Cantarolei uma música para que ela dormisse. Tirando o sono horrendo que estava sentindo, achei aquele momento mágico. Ver seus olhos me encarando daquele jeito me fazia lembrar o Damon me olhando com amor. Eles tinham o mesmo olhar bobo. Ela ainda era muito pequena para saber o que era amar, mas mesmo assim era fascinante. Ela esticou a mão para tocar em meu cabelo que caia no ombro. Continuei a cantarolar e aos poucos seus olhos se fechavam. Ela lutava com o sono só para continuar me olhando, porém suas tentativas eram falhas. Ela adormeceu e a coloquei de volta no berço.

Quando olhei para a porta, levei um susto com Damon olhando para mim com um brilho no olhar. Caminhou até mim e me beijou calmamente.

–Vocês duas são as mulheres da minha vida. Sinto que sou o homem mais sortudo do mundo por ter vocês duas.

–E eu amo vocês de todo o coração. Saiba disso sempre- ele sorriu com minhas palavras e me deu mais um selinho.

Fomos para o quarto e me aconcheguei em seus braços, caindo em um sono profundo.

...

Marie já estava dando seus primeiro passos. Damon a seguia para todos os cantos com uma câmera. Eu estava tão feliz e boba por minha princesa estar crescendo como uma flor. A cada dia ficava mais linda. Eu me ajoelhei na sua direção para que ela caminhasse para mim. Seus olhos azuis mostravam diversão pela bagunça.

–Olha pro papai- Damon pediu, mas a mesma o ignorou. Ela caminhou desajeitadamente e finalmente conseguiu chegar ao meu encontro.- Muito obrigado por me ignorar, filha.

Ela sorriu para ele e o mesmo riu de sua carinha sapeca.

...

Damon havia saído para trabalhar e eu estava arrumando a casa com Marie no cercadinho assistindo desenho. Era engraçado ouvi-la fazendo sons estranhos como se tivesse tentando falar com a TV. Mas aí, em um momento, pensei tê-la ouvido falar Lena. Corri para a sala para saber se era verdade. Ela me olhou com dúvida mas começou a murmurar sons estranhos novamente. Peguei a câmera que estava na mesa de centro e comecei a filma-la.

–Fala mamãe – falei sorrindo para ela.

–Lelena- dei um gritinho feliz por ela ter dito meu nome.

–Que linda! Agora tenta falar mamãe, vai.

–Lelena- fiquei um pouco frustrada. Ela deve ter aprendido a falar o meu nome das tantas vezes que Damon me chamou. Eu não queria uma filha me chamando pelo primeiro nome, o mais adequado seria ela me chamar de mamãe.

Liguei para o Damon em meio ao seu horário de trabalho para que ele soubesse da notícia.

–O que foi, amor?- perguntou do outro lado da linha. Coloquei o telefone no viva-voz e passei para Marie.

–Fala com o papai.

–Lelena – Damon quase teve um treco no telefone. Ele pediu que ela falasse papai, mas ela só sabia falar meu nome.

Depois de alguns dias, ela conseguiu aprender a pronunciar algumas palavras do jeito torto dela, como papa, mama, Dam, Au-au, mimi e comer. Mas Damon não desistiu de tentar ajuda-la a falar papai.

...

Mais alguns meses se passaram e Já estávamos próximos do primeiro aniversário de Marie. Eu decidi fazer uma festa de variados temas. Caroline me ajudou a providenciar tudo. Eu havia encomendado o bolo, fiz uma lista de convidados e pedi para que chamassem um animador de festas.

Marie ficava inquieta ao ver tanta gente em um mesmo ambiente. Nosso cachorro, Tom, parecia estar no mesmo estado. Ele latia e brincava com as crianças convidadas. Katherine e Stefan anunciaram que teriam um filho e ficamos todos felizes. Damon ficou feliz pela notícia de que seria tio, então abraçou o irmão o parabenizando.

Na hora do parabéns é que eu senti vontade de chorar. Um ano havia se passado e eu nem acreditava. O meu anjinho estava crescendo.

–E então, Elena, qual é o sabor do bolo?- perguntou Jeremy.

–Com certeza não é de morango- eu ri.

Todos riram. Damon ficou ao meu lado para que todos cantassem parabéns para Marie. Ela batia palminhas de alegria. A ajudamos a assoprar o bolo e todos comemoraram.

Um ano. Minha filha tinha um aninho. Todos esses últimos meses passaram pela minha cabeça como um filme. Momentos felizes, frustrantes, o fato de ter passado noites sem dormir porque Marie não parava de chorar... Mas foram coisas boas. Eu era casada com a pessoa que amava, tinha uma vida tranquila e uma filha maravilhosa. O melhor a se fazer é aproveitar cada momento de seu crescimento com amor e carinho, porque ser mãe é uma experiência incrível.