Capítulo 06

(Rin)

Eu estava realmente muito assustada! Não podia acreditar que a Gumi tinha descoberto sobre a minha relação com o meu querido Len! E se ela contasse a alguém? Provavelmente iriam contar aos nossos pais, e aí sim, é que as coisas iriam mesmo piorar!

“Len... O que é que vamos fazer?” – sussurrei-lhe durante uma das últimas aulas do dia. Afinal, depois das aulas teriamos que contar toda a verdade à Gumi, e fazê-la prometer que ia ficar calada sobre o assunto. Era óbvio que eu estava completamente nervosa.

“Acalma-te Rin. Ela disse que não ia falar nada.”

“Mas Len...! E se ela abre a boca sem querer? Sabes como ela é...” – e olhá-mos os dois ao mesmo tempo para o lugar onde a Gumi se sentava. Esta estava completamente irrequieta, e notávasse que estava muito, mas mesmo muito nervosa. Deixava cair tudo ao chão, respondia mal às perguntas que o professor lhe questionava (às vezes as respostas nem sequer tinham algum sentido com a matéria que estávamos a dar), e suava bastante.

“Eu acho que ela não vai contar nada a ninguém, pelo menos até souber a história toda.” – acalmou-me o meu namorado.

“Se tu achas...”

Depois das aulas, e quando já toda a turma tinha saído da sala, menos nós os três, eu e o Len aproximámo-nos dela.

“Gumi-chan...” – comecei – “Primeiro, quero que nos ouças antes de falares alguma coisa. Isto é um assunto sério.” – ela fez um sinal positivo com a cabeça, deixando-me um pouco mais calma.

“Eu e a Rin estamos a namorar. Sim, nós sabemos que não deviamos, mas nós amamo-nos, e não podemos evitar.” – eu semprei achei que o meu namorado era muito direto...

“Gumi-chan, nós queremos que não contes a ninguém. Eu amo muito o Len, e ele também me ama. Não nos queremos separar, por nada deste mundo. Por favor, não contes a ninguém! Onegai!” – implorei.

Ficámos todos em silêncio. Eu e o Len dé-mos as mãos, muito nervosos com a reação da Gumi. Os nervos preenchiam todo o meu corpo.

“Desde quando?” – sussurrou por fim.

“O quê?” – perguntei.

“Desde quando é que vocês namoram?! Porque é que não me contaram nada?! Vocês são o casal mais fofo que alguma vez vi!!” – exclamou, com um enorme sorriso a percorrer-lhe todo o rosto. Ela correu para nos abraçar – “Muitos parabéns, Rin-senpai, Len-senpai! Estou muito feliz por vocês!”

Eu e o Len olhámos um para o outro, incrédulos. Não esperávamos esta reação da Gumi, já que ela sempre foi uma rapariga muito conservada, e não gostava de coisas destas, como incestos ou homossexuais.

Não pude evitar sorrir, e dar-lhe um abraço de volta. Estava muito feliz por uma amiga minha ter aceitado esta relação sem mais nem menos.

Eu e o Len voltámos para casa, muito agarradinhos, depois de toda aquela confusão.

“Que bom que ela aceitou o nosso namoro, não é Len?” – eu estava realmente muito feliz.

“Hum.” – assentiu – “Mas estou ainda mais feliz de ter resolvido as coisas contigo, esta manhã.” – corei ao relembrar-me da nossa “briga” de ontem à noite. E corei ainda mais ao lembrar-me onde é que ele me tinha tocado!

“Len...” – aproximei-me para o beijar. Já estava a morrer de saudades daquela boca!

“Rin, sabias que me pões louco?” – desabafou, antes de as nossas bocas serem preenchidas uma pela outra.

Regressámos a casa, e deparámo-nos com a casa completamente silenciosa. Era realmente muito estranho, pois a Meiko costumáva pôr música aos altos berros enquanto fazia as tarefas domésticas.

“Meiko?” – chamou o meu irmão.

“Meiko-san?! Meiko-san?” – ninguém respondeu. Resolvemos ir em busca dela pela casa, e depois de algum tempo encontrámo-la... Ela... Estava enrolada com uma rapariga qualquer... NO MEU QUARTO!!!

“MEIKO-SAN!?! O QUE É QUE RAIO ESTÁ A FAZER?!?” – gritei, já fora de mim, ao ver aquela cena. Quer dizer, quem é que não se iria descontrolar ao ver a própria empregada a comer outra rapariga no seu próprio quarto?!

“R-Rin-sama?!” – exclamou, ao me ver a mim e ao Len – “E-Eu posso explicar!!”

A outra rapariga não estava nem um pouco incomodada, aliás, ela até sorria! Mas a cara dela não me era estranha... O seu cabelo era loiro e muito comprido, e os seus olhos também eram de um dourado muito bonito. Até podia dizer que... Ela era muito parecida comigo e com o meu irmão.

“Meiko-san, o que é que há para me explicar!? Eu posso ver com os meus próprios olhos!!” – apontei para elas – “E você não tinha um namorado?!”

“Rin-sama... Len-sama... Na verdade eu-“

“Prazer em conhecer-vos. O meu nome é Akita Neru.” – interrompe-a a desconhecida – “Eu sou uma prima afastada vossa.”

Eu já não entendia nada! Porque é que a minha vida é tão complicada, Kami-sama??

“Eu sei que pode parecer estranho, mas eu namoro com a vossa empregada.” – continuou a minha suposta prima – “Os vossos pais queriam fazer-vos uma surpresa, convidando-me hoje para vos apresentarem a mim, mas... Acho que começámos mal as nossas apresentações.” – e de seguida começou a rir-se, como se tivesse contado a melhor piada no mundo.

Já eu, estava com vontade de espancar alguém! Queria lá saber quem era quem, o que mais me irritava era o facto de estarem a fazer coisas indecentes em cima da minha cama! DA MINHA CAMA, MALDITAS!

Len agarrou-me pelos ombros, impedindo-me de dar um murro a alguém naquele momento.

“Eu quero lá saber! Vão-se embora as duas, JÁ! Antes que eu dê porrada em alguém!” – gritei, apontando para o lado de fora da porta.

“Meiko.” – chamou-a o meu irmão, antes de ela sair – “Se você voltar a fazer este tipo de coisas no quarto das outras pessoas desta casa, acredite que vai logo para o olho da rua.”

“S-Sim, Len-sama...” – sussurrou, ainda muito assustada e envergonhada. Até tive pena dela por uns segundos. Mas apenas por uns segundos!

“És demasiado simpática, Rin.” – disse-me Len, quando as duas idiotas já tinham saído – “Se fosse eu, já tinha despedido a Meiko.”

“Eu sei, mas... Pronto, não interessa. O que interessa é que ela não volte a fazer o mesmo.” – suspirei, para afastar os nervos – “Mas que forma maluca de conhecer-mos uma prima nossa...” – refleti por fim.

“É verdade.” – concordou – “Depois têmos que falar com os pais sobre isto.”

“Mas Len, se calhar elas não querem que os pais saibam da relação delas, tal como nós não queremos que eles saibam da nossa relação.”

“Mas mesmo assim...”

“É melhor não lhes contar-mos nada.” – pedi-lhe – “Se elas quiserem contar, que contem por elas próprias. Não temos nada a ver com isso.”

“Rin...” – sussurrou, aproximando-se de mim – “És demasiado boazinha, sabias?”

“Sim, eu sei.” – sorri, enquando ele pousava a testa dele na minha.

“Amo-te.”

“Hum, eu também te amo.” – disse-lhe de volta. Eu amava-o. E era um amor que não tinha fim.

Continua...