Diana's The Adventures escrita por LivWoods


Capítulo 2
Capítulo 2 - As quatro estações.


Notas iniciais do capítulo

Sou eu de novo. Queria agradecer ao Lucas pelo comentário ultra importante com dicas e observações. Pode ter certeza que comecei a aplica-las.

E aqui está um novo capítulo fresquinho para vocês. Os deuses mitológicos não me pertencem claro. Estou só avisando. E vamos partir para mais uma leitura!



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POR MAIS QUE QUISESSE NEGAR, aquele rapto fora o momento mais aventureiro que a princesa já presenciara em toda sua vida. Podia estar morta nesse exato momento? Podia sim, mas não estava e sentia-se viva pela primeira vez. Estava além daquele reino e ansiava por mais dias aventureiros e estava certa que só uma pessoa poderia proporcionar estes almejados dias. Diana. E apesar da seriedade, grosseria, do orgulho da guerreira, ela havia salvado sua vida. "Será que ela quis me salvar ou só o fez pelo contrato com meu pai?" pensou. Não saberia a resposta, mas não ligava para ela agora, tudo que queria era sair dali. Estava em seus aposentos reunindo todos os mantimentos necessários para essa viagem e para as próximas. Sentia uma dor em seu peito, nunca ficou distante de seu pai e sua irmã mais nova. Mas estava tão entusiasmada com a ideia de fugir que quase esquecerá da dor de deixa-los. Alguém abrira a porta de seus aposentos, sua fuga terminaria assim? Antes mesmo de ter iniciado? A expressão de espanto logo se dissipou dando lugar a um alívio. Era sua irmã mais nova, Íris, que havia entrado, trajando um vestido azul de seda entorno de um fio de ouro, e um manto sem tingir por sobre os ombros, os braços eram cheios de pulseiras de ouro e enfeitava as orelhas com brincos, andava graciosamente como uma verdadeira rainha aproximando-se de Sapphire.

– Pretendes viajar irmã? - inquiriu Íris. - Para onde planeja ir?

– Íris minha doce irmã, planejo ir para além dessas muralhas e portões - respondeu Sapphire colocando o resto em sua bolsa de viagem.

Íris olhou para ela sem entender.

– E o que fará além das muralhas e portões? - disse. - Não já foi o suficiente o que passou por hoje irmã?

– Sei que não me entenderia, isso não me surpreende - respondeu -, mas Íris, a vida no castelo não é para mim. Não sou como você e o papai que conseguem viver nestas terras. Sinto-me como uma doninha encarcerada. Nunca sonhou conhecer além destas terras?

– E por quê deveria? Somos mulheres Sapphire, nosso dever é de aprender a fiar, afazeres domésticos e quando casarmos esperar com um sorriso no rosto por nossos maridos e dar-lhes verdadeiros varões para sucederem o trono.

Íris fez uma pausa para olhar para Sapphire:

– O que mais você deseja além dessa vida minha irmã? Somos respeitadas e tratadas como deuses, lá fora nada será além de um rosto bonito e que os deuses a livre, vítima de mercenários como já fostes. Me admira ainda querer se aventurar por aí.

Sapphire a interrompeu:

– Mesmo que seja vítima dos mercenários ou saqueadores e até mesmo de assassinos, ei de viver e conhecer além destas terras minha irmã.

Íris suspirou. Era uma jovem alta - muito mais que Sapphire apesar da idade - aos poucos começava a transforma-se em mulher; tinha lindos cabelos abundantes e loiros como o de seu pai. Sapphire havia puxado a fisionomia e estatura da mãe. Mas Íris era uma versão masculina de seu pai com algumas sardas na pele que tratava rigorosamente, devia está sempre bela. Diferente de sua irmã, Íris, sonhava em conhecer logo seu futuro esposo e não via à hora de seu pai oferecer-lhe sua mão. Era ambiciosa, orgulhosa, gostava sempre das mais caras e belas jóias do reino. Enquanto Sapphire lia os pergaminhos e adorava aprender com os filósofos do reino, Íris, aos treze anos era cortejada por jovens adolescentes e homens feitos. Podia ser realmente bela e deixar alguém impotente perante sua presenta, mas Sapphire despertava a beleza rara e hipnótica a todos ao seu redor, sua graça e inteligência a tornava uma mulher diferente a qual todos tinham prazer em conversar, não possuía a manta da futilidade como a maioria das mulheres da realeza.

– Não posso fazer nada para faze-la ficar?

– Receio que não minha doce irmã. Se gostasse de aventuras de certo a levaria comigo - Íris sorriu um pouco triste.

– Sentirei saudades - abraçou a irmã tão forte que ao soltar possuía algumas lágrimas nos olhos que secou rapidamente para não manchar-lhe o rosto com as tinturas que usara.

Despediu-se da irmã e partiu em sua jornada para o desconhecido.

A cavalgada até o templo de Deméter - deusa mãe das terras, soberana da natureza e protetora dos animais e criaturas indefesas - era longa e quanto mais aproximava-se do templo mais o cenário a sua volta modificava-se. Grandes árvores milenares, campos cobertos por vegetação, cantos de pássaros e animais em abundancia ficavam para trás, dando vista a ambientes secos e áridos. Diana protegia sua cabeça do sol com um manto velho e desgrenhado. Não montava mais e puxava pelas rédeas seu cavalo que parecia cansado. Ao longe uma imagem chamara-lhe atenção, era uma jovem cujos trajes prenderam em um ramo de espinhos no qual tentava solta-se. Diana apressou o passo e ajudou à jovem a liberar seu vestido dos espinhos e perguntou:

– O que faz aqui?

– Ora, eu estou indo rezar no templo de Deméter - respondeu a moça. - o que acha que estou fazendo?

– Me seguindo. E não sei como conseguiu me alcançar desde que seu cavalo fugiu - Diana começou a andar sendo seguida pela mulher.

– Como sabe que me cavalo fugiu? Foi obra sua não foi?

– Não sei, pode ter sido. Eu avisei para não me seguir! - O tom saiu grave e ameador diferente do que realmente queria produzir. - Volte para Corinto, princesa. Seu lugar é num castelo.

– Eu não a segui! Estou indo rezar, já disse - quando Sapphire ouviu aquela ultima frase negou secamente. - Não! meu lugar é onde o meu coração me leva! E ele me guia para fora daquelas muralhas!

– Então boa sorte com sua aventura e o anoitecer aqui nessas bandas. - Diana montou em seu cavalo.

– Espere o que quer dizer? - indagou confusa. - Não pode me ajudar? E se acontecer algo comigo?

– A decisão foi sua quando quis sair além das muralhas. - Diana disse secamente.

Sapphire a encarou.

– Eu não preciso de você mesmo!

Os olhos da guerreira a olharam de soslaio e uma mão foi estirada na direção de Sapphire que abriu um tímido sorriso e depois o escondeu, não queria demonstrar satisfação para a mulher de cabelos brancos.

– A levarei só até o templo e nada mais.

– Tudo bem.

Diana cavalgou até o plenilúnio ficar alto e encontrar um monte de rochas naquele ambiente, subiu até a parte alta e avistou a cidade. Amanhã de manhã poderia partir bem cedo e chegar antes do meio dia. Por hora ela iria descansar, Erbos, precisava descansar assim como a princesa que arranjou no caminho. A guerreira voltou para a caverna que encontrou no meio daquelas rochas e fez um fogo com os galhos secos que encontrou jogados entre as pedras. Sapphire havia colocado bastante comida e dividiu com a guerreira que retirou longas cenouras para seu cavalo.

– Isso garota, coma bastante - falou enquanto acariciava o animal.

– Espera, seu cavalo é fêmea? Achei que Erbos fosse nome para macho. - um relincho interrompeu a fala da princesa.

– Ela não gosta de ser confundida com machos, isso ofende sua feminilidade. Não ligue para essa princesa, de certo não reconheceria nada diante dela. - disse Diana ao falar com seu cavalo que relinchou novamente como se compreendesse.

Sapphire encarava a guerreira que escovava o pelo do animal.

– Agora sou chamada de burra na minha frente. - disse em tom aborrecido.

Quando Diana sentou e pegou sua katana para amola-la, Sapphire não conseguiu desviar os olhos daquela espada. Parecia ter algo de especial nela. O brilho da lamina era tão diferente, quando era menina no castelo, viu muitas espadas, muitas armas, arcos, lanças, escudos. Mas, nenhum possuía o brilho que essa espada emanava, parecia ser mágica ou algo do tipo. Diana afiava a lamina e polia pacientemente, mesmo com a visão baixa sabia que a princesa encarava sua arma mais letal. Começou de repente a falar:

– Essa espada foi de um antigo imperador oriental que visitou nossos recantos. Eu fui instruída de mata-lo. Enquanto ele dormia eu tentei assassina-lo de forma rápida e fria. Mas não contava que ele era um exímio com a arte da espada. Ele parecia estar a minha espera e me atacou. Foi uma das lutas mais divertidas que já tive - sorriu e continuou. - Sua espada era formidável. - contava Diana enquanto limpava com um pano sua espada sem desviar o olhar da mesma. - Eu achei que iria morrer pela lamina daquele samurai. Porém, eu ouvi algo. Parecia que estava me chamando, uma voz doce. No momento achei que havia ficado louca. Mas sob a minha cabeça estava ela. Guardada em uma espécie longa de redoma de vidro. Eu quebrei aquele vidro e a peguei, senti algo diferente quando à toquei. Ele me encarou furioso disse-me: "Como Saber pode ter escolhido você para empunha-la?" em um rápido movimento eu o derrotei. Tão rápido que não fazia ideia de que poderia fazer um movimento tão rápido assim. Então descobri que Saber era seu nome e ela não era uma espada qualquer, não era feita de ferro, ela era lendária, sagrada, forjada do metal que caiu dos céus, há tanto tempo que você não imaginaria a noção exata de sua idade. Ela escolhe seu dono para empulha-la. Achei que era especial, porém, soube mais tarde que só deveria ser empunhado por aqueles que a morte o persegue. - sua voz era fria quando terminou de manter a arma. Estava mais brilhante que os olhos de Sapphire poderia ver.

A jovem observou as mãos da guerreira e notou que eram calejadas, mas deveria ser a longa e árdua técnica e prática com a espada e de outras armas, e continuou a admirar a fisionomia da mulher a sua frente, as mãos apesar de calejadas, eram belas, descobriu com o continuar da observação que possuía suaves cicatrizes claras pelos braços. Agora que a examinava de perto, constatou que era deveras linda, ou talvez mais do que isso, a imagem de uma Deusa reencarnada na terra talvez. Seus olhos eram tão profundos e intensos, expressavam uma longa e árdua vida que presenciara muitas perdas ao invés de vitórias. Sapphire teve a sensação de poder sentir a dor que aqueles olhos carregavam. A mulher notou o olhar da princesa e levantou a cabeça, encarando-a misteriosamente. Sapphire desviou os olhos rapidamente, corando; depois que a guerreira havia falado um pouco de si não queria ser descortês.

– Melhor você dormir, amanhã partiremos cedo e se acha que acordarei está puramente engana. Não sou uma de suas servas.

Sapphire sentiu seu sangue subir à cabeça nunca havia sido tratada com tanta grosseria antes. Mas naquele momento por ter sentido a dor naqueles olhos em momentos atrás quis deixar passar e respondeu com um simples "sim"

– Só isso? Não irá reclamar ou dizer que sou grossa, uma pessoa sem classe que deveria apodrecer nos confins de tártaro? - estranhou a guerreira.

– Não. Não direi e se me der licença eu preciso dormir agora, estou cansada. - Sapphire virou para o outro lado dando as costas para a guerreira e pensou no que havia acontecido para que ela fosse tão amarga para a vida. "Por Zeus, por que deveria ligar para o passado dessa mulher? Para ter ocorrido algo com toda certeza deve ser culpa dessa personalidade forte e grosseira."

O sol estava claro no céu sem nuvens. As moças protegiam suas cabeças com seus mantos e cavalgavam até a cidade que Diana conseguiu enxergar na noite anterior. O templo de Deméter localizava-se na planície mais alta daquela cidade, era uma subida bastante íngreme. Diana desejou perfurar seus tímpanos para não ouvir mais as reclamações da princesa, perdeu as contas de quantas vezes ela falou: Falta muito? Por Zeus como está quente. Que solo mais íngreme. Será que falta muito? Eu não aguento mais. Sapphire agradeceu a Zeus quando chegou e avistou o templo da deusa. O templo possuía uma forma retangular sustentado por oito colunas romanas brancas na frente e mais de dezesseis nas laterais. Na parte de cima do templo entre as pilastras possuíam várias esculturas detalhadas magnificamente. Os jarros que continham flores anteriormente estão secos, com galhos negros e sem vida. As jovens adentraram aquele lugar e o cenário se agravava ainda mais, as paredes descascadas, rachaduras nas rochas, as oferendas que ali estavam, eram velhas e sem vida. Poucas velas estavam acesas e na bacia de ouro continha um pó que anteriormente era incenso de cravos para a deusa. As estatuas da deusa Deméter não estavam bem cuidadas quando Diana apareceu lá a muito tempo atrás. Sapphire passou a mão e tudo estava empoeirado, não parecia um templo e sim um monte de rochas amontoadas que foram esquecidas.

– Deméter sou eu! - falou Diana - Será que pode aparecer sem que eu tenha que rezar em seu nome? - diminuiu o tom da voz. - O que com toda certeza não farei.

– Diana, tenha mais respeito com os Deuses - repreendeu a menor.

– Sabia que uma hora ou outra você reclamaria novamente.

– Não estou reclamando, apenas peço que tenha modos.

– Forma distorcida para reclamar princesa.

– Eu tenho nome! Sapphire, é tão difícil pronunciar! - começaram uma discussão que fora encerrada com uma voz feminina e onipotente.

– Quem ousa invadir o meu templo? - a deusa Deméter surgiu.

Parecia cansada, mas ainda dava o ar superior de um Deus. Estava vestida com uma túnica clara de seda, enrolada em mantos e xales. Era uma mulher alta e majestosa, tinha um rosto triangular, um pouco enrugado, um cabelo castanho sedoso e bem cuidado com cheiro de flores dos campos Elíseos. Os olhos também eram castanhos e pequenos para o rosto triangular. Sob a cabeça havia uma coroa de louros de ouro, enfeitando-a. Reconheceu a guerreira e aquela superioridade se esvaiu rapidamente, ficando somente o cansaço em sua voz e semblante. Deméter olhou para Diana e falou em um tom quase arrastado:

– Ah Diana, é você. Achei que eram saqueadores. Desde que parei com as minhas responsabilidades os aldeões não estão cuidando do templo adequadamente e saqueadores aparecem constantemente - explicou sem animo.

Diana deu um passo em sua direção:

– E qual o motivo para se afastar das suas obrigações? Você nunca reclamou disso.

A voz de Deméter de repente mudou estava dura, furiosa e exaltada.

– Aquele ogro horrendo, a levou! Ele raptou minha doce e querida Perséfone. Minha amada filha raptada por aquele sujo do Hádes! - Deméter encheu seus olhos de lágrimas e cobriu seu rosto com as mãos. - E os deuses do Olímpo... não conseguem me ajudar.

– Pobre Deméter. - Sapphire acalentou a deusa acariciando suas costas "Até os deuses sofrem" pensou. - Eu e Diana nós ajudaremos.

Deméter parou de chorar e a encarou rapidamente.

– Diana você faria isso por mim e você jovem? - alternou o olhar entre as duas mulheres a sua frente.

– Claro! Não é Diana? - Sapphire a fuzilou com os olhos e a guerreira revirou concordando no final.

Deméter explicou que deveriam ir ao tártaro para resgatarem sua filha e não poderiam comer nada de lá ou ficariam presas para sempre. A princesa se espantou e tremeu a voz ao falar no tártaro, nunca imaginou que entraria no tártaro em vida. Estava um pouco assustada o que foi rapidamente percebido por Diana que achou o momento perfeito para um deboche.

– Achei que você queria viver altas aventuras.

– E quero, acha que deixarei você ficar com toda a diversão só para você? Está redondamente enganada! - Sapphira sorriu de forma nervosa. Deméter contou que iria fazer o encantamento para as jovens entrarem, em poucos momentos o chão do templo começou a descer e uma escada de pedras se formava indo até embaixo, onde não se podia enxergar nada. A deusa entregou para ambas a poção para voltar. A guerreira olhou para Sapphire e disse que ela deveria ficar no templo junto a Deméter.

– O quê? Está por acaso preocupada comigo? - Sapphire debochou.

– Claro que não! Só não quero ter o exército de Corinto atrás de mim. Já tenho problemas suficiente. Enfim, faça como bem entender - deu de ombros.

– Acho melhor vocês irem, o portal não ficará aberto por muito tempo. Quando estiverem com Perséfone basta tomar este frasco de poção e vocês voltarão.

Diana pegou um archote daquele templo e fez uma reverência irônica para Sapphire falando:

– Depois de você princesa.

– Agora demonstra gentileza.

As garotas desceram as escadas e uma densa neblina se apoderava mais e mais. O cenário ficava cada vez mais assombroso com um forte odor de enxofre, tudo estava escuro demais, senão fosse o archote que Diana segurava, elas não conseguiriam enxergar um palmo diante de si. Sapphire estava amedrontada com aquele cenário, mas não podia esconder o entusiasmo que sentia, era a primeira vez - e esperava ser a última - que entrava no submundo. Conheceria os mistérios com aquela aventura. Diana observava os passos dados pela princesa, perguntava-se se fora uma boa ideia traze-la junto, teria que protege-la contra sua vontade, agiu precipitadamente e isso não era perdoável. Vozes de agonia começaram a ser escutadas e ambas começaram a detectar odor de matérias fétidas, como fuligem. Quanto mais adentravam mais os uivos desesperados se intensificavam. Sapphire aproximou-se mais da guerreira, rapidamente ela percebeu essa aproximação.

– Está com medo princesa?

– Claro que não! Eu não me assusto tão fácil.

Logo avistaram um velho encapuzado dos pés a cabeça em um barco, remando até onde elas se encontravam, Sapphire se assustou um pouco com um gritinho baixo.

Diana a encarou.

– Não se assusta fácil, sei.

O velho encapuzado esticou a mão para elas, e puderam notar como sua pele era ressecada, esbranquiçada e lembrava um couro reptiliano.

– Você! Aqui é tártaro? - indagou Diana.

– Primeiro você deve pagar o barqueiro para a travessia - o velho que saiu do barco estava à frente de Diana. O velho sorriu mostrando seus dentes podres para fora da escuridão do capuz. - E depois poderá fazer perguntas.

Diana pode ver varias elevações no rosto do velho com o brilho da chama do archote, rugas e cicatrizes cobriam seu rosto enrugado.

– Espere - disse o velho com tom desconfiado -, o que vocês fazem aqui? Vocês não podem prosseguir!

– E por quê não? - inquiriu Sapphire.

– Porque ainda estão vivas! Só mortos podem atravessar! Onde já se viu um vivo querendo ir para o inferno, é cada novidade que me aparece. - o barqueiro reclamava.

– Talvez possamos mudar as regras do submundo - a guerreira colocou seis dinaris de ouro na mão do barqueiro que sorriu satisfeito. - Agora nos atravesse.

O velho afastou dando lugar para as jovens entrarem no barco saudando-as com " bem-vindas ao tártaro". Ele começou a remar sob as águas escuras do submundo. Sapphire olhava impressionada perguntou de forma baixa e para si o que era tudo aquilo, parecia um sonho, assustador.

– Quando você morre fica vagando entre a dor e o esquecimento, esse é o lago das almas perdidas. Aquelas vozes que escutamos quando chegamos aqui vinham desse lago - explicou Diana.

– O tártaro possuí vários níveis então - concluiu a princesa.

– De certa forma.

O barqueiro começou a resmungar que se Hádes soubesse que humanos vivos estão entrando na terra dos mortos, estariam todos perdidos. Ele parou o barco chegando numa parte terrena daquele lugar. As mulheres desceram do barco e seguiram em frente na sua jornada. Diana teve que encontrar outra forma para fazer o fogo, já que aquele havia apagado. Juntou duas pedras e um pedaço de tora que encontrou, batendo as duas pedras, conseguiu produzir faíscas de fogo para aquela tora. Podendo iluminar o seu caminho.

– Vamos, não gosto da ideia de ficar debaixo da terra - caminharam em direção ao palácio de Hádes.

Elas se aproximaram de um portão, quando foram surpreendidas por Cerberus, o cão demoníaco fiel de Hádes. Ele possuía três cabeças de cachorro, garras de leão e uma calda de serpente. Ele rugiu alto quando avistou as duas mulheres. Diana entrou na frente de Sapphire automaticamente para protege-la. Desembainhou sua espada e a olhou por cima do ombro dizendo:

– Encontre um lugar seguro e se esconda. Isso não vai demorar.

Sapphire fez o que a guerreira havia ordenado, se escondendo atrás de elevações de rochas observando a guerreira lutar. Cerberus correu em direção a Diana que rolou pelo chão desviando do imenso cachorro. Parecia estar se divertindo. Sapphire sempre notou que os únicos momentos em que a guerreira realmente sorria, era quando lutava. E quanto mais parecia poderoso o adversário, mais divertida ela achava a luta. Parecia não temer a morte ou parecia querer caminhar direto para ela. O coração da princesa estava batendo forte demais, estava angustiada, aquele enorme cachorro parecia forte demais para Diana. Ela desviava mais do que atacava, queria gritar para ela dizendo: Fique viva! sobreviva. Mas nada saía da sua boca, estava paralisada, seus olhos não piscavam, apenas se esforçava para ver os movimentos rápidos como um raio da guerreira. Escutou muitos urros do cachorro, ele estava sendo fortemente ferido. Parecia que Diana não queria mata-lo, feriu o enorme Cerberus nos seis olhos, cegando-o. O animal saiu ganindo para uma parte escura, Sapphire saiu de trás dos picos e viu Diana acalentando o animal pedindo desculpas por tê-lo machucado.

"Ela parece ser mais doce com os animais do que com os humanos" observou Sapphire.

– Vamos princesa! - entraram no palácio, era um verdadeiro templo majestoso e rústico com milhares de decorações talhadas, não era feito por mãos humanas isso a princesa sabia bem, porque sentia uma espécie de divindade emanando deles. Sapphire sentiu uma mão envolta de sua cintura. O que Diana achava que estava fazendo? Tomando-as nos braços de repente, ela nunca havia se aproximado tanto assim da jovem.

– O que pensa que está fazendo, afaste-se de mim - queixou-se.

Diana nada disse e saltou escalando a parte de fora daquele castelo entrando na única janela aberta e para sorte das garotas, Perséfone encontrava-se ali, penteando seus longos cabelos acastanhados. Era uma garota de feições suaves e rosto bem moldado. Era uma cópia mais nova de Deméter, com lindas curvas e olhos também castanhos, profundos. Os dedos finos e belos acariciava os cabelos ondulados nas pontas.

Possuía lábios corados como dois botões de rosas. Virou rapidamente para fita as duas garotas.

– Dianta, o que faz aqui? - indagou curiosa. - Vocês morreram?

Definitivamente, a guerreira estava cansada de haver aquele complô que pelo visto a queriam morta.

– Ainda não. Estou aqui para salva-lá. Sua mãe está preocupada com você e alastrou fome e miséria. Precisa voltar Perséfone.

A jovem virou abruptamente juntando as mãos. Receber tais notícias da guerreira a deixou angustiada. O que devia fazer? Sapphire notou que a deusa escondia algo, um sentimento, talvez.

– Diana, acho que ela não pode voltar tão facilmente.

A guerreira não entendeu o que Sapphire disse. Perséfone virou rapidamente para encara-las.

– E por quê não? - inquiriu Diana franzindo o cenho.

– Diana eu amo o Hádes e não posso voltar assim, como poderia deixa-lo?

– Deixando, oras - respondeu a guerreira naturalmente.

"Diana, você não tem experiência com o amor pelo visto. Bom, eu também não tenho, mas está na cara que ela não quer deixa-lo" pensou a princesa.

Sapphire rapidamente bateu em seu braço, mostrando que isso não era uma resposta acolhedora e falou para a deusa.

– Perséfone, talvez possa conversar com ele e explicar a situação. Pessoas podem morrer, sua mãe está desesperada e não voltará com suas responsabilidade até saber que está tudo bem.

Uma voz masculina irrompeu o lugar, era Hádes e chamava por sua noiva. Ela pediu para que as garotas se escondessem debaixo da cama e assim elas fizeram. Hádes havia chegado e abraçava e beijava sua noiva dizendo o quanto estava com saudades dela. Sua voz parecia doce e aveludada, carregada de amor. "Por quê ela foi nos esconder justamente aqui?" pensou Diana. Sapphire estava ao seu lado e de quando em quando o braço dela roçava no da guerreira. Estavam em uma distância mínima uma da outra, podia sentir o cheiro de avelã que emanava da princesa, ela era muito perfumada, devia admitir. Hádes falou novamente, parecia preocupado agora, indagava o que preocupava sua jovem noiva, ela poderia dizer que ele faria tudo para vê-la feliz.

– Hádes eu preciso voltar para terra - ele negou. - A minha mãe está preocupada comigo e alastrou fome e miséria por todo lugar. Eu preciso voltar e acalma-la meu amor.

– Ela não permitirá que volte Perséfone, ela não entende o quanto nos amamos - sua voz era melancólica. - Eu não aguentarei ficar sem você.

– Eu sei, mas talvez possamos convencê-la - argumentou. - As pessoas podem morrer Hádes e não suportarei saber que a culpa foi minha.

A conversa de ambos foram interrompidas quando Diana saiu debaixo da cama espirrando.

– Malditas poeiras - reclamou.

– Achei que pessoas como você não tivessem alergia a poeira, afinal de contas deveriam estar acostumados com a imundice - Sapphire saía logo atrás limpando suas vestes.

– Então devo deduzir que no seu castelo é um verdadeiro mar de poeiras, porque vossa alteza não espirrou nenhuma vez! - falou irônica.

– Como ousa dizer que vivo numa imundice? Possuo mais de cem vassalos para sua informação.

Hádes cortou aquela discussão perguntando o que faziam ali. O senhor do submundo era muito majestoso, possuía movimentos graciosos dignos de um deus. Era alto, bastante forte, possuía cachos dourados como o brilho do sol que estavam penteados para trás em uma tentativa fútil de demonstrar superioridade, embora tivesse olhos negros sob espessas sobrancelhas douradas, possuía cílios longos que o davam um olhar, andrógeno. Seu rosto era forte com uma expressão austera ao olharem as garotas. Trajava uma armadura negra dos pés a cabeça, bastante sombria, havia uma capa preta de fundo vermelho escuro. Diana se desculpou sarcasticamente por interromper o momento romântico dos pombinhos. O deus arqueou sua sobrancelha e indagou se a guerreira havia morrido.

Ela suspirou e revirou seus olhos:

– Sinto desaponta-lo meu caro Hádes, mas tártaro não terá a minha alma tão cedo até conseguir minha vingança.

– Ah claro, ainda atrás dele - disse Hádes.

– Enfim, não estou aqui para falar dele agora. Você raptou Perséfone e Deméter está furiosa lá em cima. Então sugiro como pessoas e deuses civilizados que vocês são, que tenham uma conversa com ela.

Sapphire ficou surpresa, Diana, sugerindo uma conversa diplomática? Sem apontar uma espada antes?

– Você não entende, ela não aceitaria nosso amor Diana!

– Nunca saberá se não tentar. Precisam falar com ela e se expressarem sinceramente, uma conversa amigável - opinou Sapphire.

Hádes deu passos firmes em direção a Diana, enquanto Sapphire e Perséfone conversavam. Ele contou que sua noiva havia comido algumas sementes de romã do submundo e mesmo que Deméter quisesse, Perséfone não poderia voltar. A guerreira balançou positivamente para dizer que entendia a situação.

– Porém, para o seu bem e de todo o Tártaro, é melhor conseguimos um acordo - sugeriu Diana.

Todos voltaram para o templo e quando Deméter viu sua filha correu para abraça-la e beijar-lhe o rosto. Era uma cena de felicidade que Sapphire guardaria sempre em sua memória. Deméter agradecia a ambas as garotas, estava feliz por ter sua filha de volta aos seus braços. Diana alertou que todos precisavam conversar a Deusa Deméter não entendia o que a guerreira queria dizer e ficou enfurecida quando viu Hádes surgir.

– Você! Como ousa por seus pés imundos no meu templo sagrado.

– Não me parece tão sagrado assim - disse Hádes de forma irônica -, eu diria, esquecido.

– Ora seu! - Deméter iria esbofeta-lo se não fosse impedida por Diana.

– Calma vocês dois. Estamos aqui por quê ambos tem algo em comum - argumentou a princesa - o amor por Perséfone.

– Mamãe eu amo o Hádes e quero ficar com ele.

– Está louca Perséfone, como pode amar esse crápula! - Deméter estava incrédula.

– O amor surgi de muitos lados Deméter, escute sua filha. Eles se amam e se a proibir ocorrerá mais raptos como este. - disse novamente Sapphire voltando para o lado de Diana que não opinou sobre problemas amorosos.

Os deuses conversaram e tudo estava quase acertado, quando Sapphire sugeriu uma solução para o problema de Perséfone. A deusa também possuía responsabilidades no submundo já que havia comido algumas sementes de romã, então poderia passar quatro meses com o futuro marido sendo a deusa do submundo, e as outras duas partes com sua mãe. Eles entreolharam-se e concordaram no final. Perséfone abraçou Diana e Sapphire agradecendo pela enorme ajuda que haviam dado. Deméter levantou e abaixou os braços fazendo seu templo se restaurar, assim como toda a vegetação, flores secas, viraram lindas rosas, solos inférteis estavam de novo cobertos por uma verde grama. Tudo parecia ter voltado ao normal, a seca não seria mais um problema para os aldeões. Diana e Sapphire caminhavam lado a lado quando a menor falou:

– Acho que vamos nos separar agora não é?

Diana nada disse fazendo Sapphire continuar:

– Sabe o que aprendi hoje? - Diana balançou a cabeça negativamente - Que pessoas opostas podem se dar bem e até se gostarem. Por que não me da mais uma chance e me deixa me aventurar com você?

– E escutar suas reclamações por longos caminhos?

– Posso tentar me controlar.

– É, talvez eu aguente você por mais um tempo - Diana disse com um meio sorriso de lado.

– Sabia que você não iria querer viajar sozinha.

– Não foi isso que eu disse!


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Notas finais do capítulo

Oi, Oi! O que acharam?
Mais uma aventura para Diana e Sapphire.
bye!!!



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