Diana's The Adventures escrita por LivWoods


Capítulo 10
Capítulo 10 - A viagem.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, queria alertar que Ceridwen - Dama do Lago - não me pertence. São personagens das crônicas do rei Artur e etc.

Eu acho que era só isso para alertar... não lembro mais. =S



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SAPPHIRE ACHAVA QUE ANFÍPOLIS ERA O FIM DO MUNDO, porém, descobriu que o verdadeiro fim do mundo era voltar para Corintos. O caminho era longínquo e pareceu transcorrer um longo tempo. Argalad tivera que voltar para sua terra, precisava conversar com Ceridwen, que era uma bela feiticeira filha de Crearwy no País de Gales. Ceridwen, possuía um caldeirão mágico onde podia preparar suas poções e estimular a visão. Ele disse que voltaria em breve, pois sentia que Ceridwen precisava vê-lo. O único que as acompanhavam era, Téleu. O céu estava aberto e imenso, lindo, majestoso. O mato, com lindas árvores, onde as rochas cinzas se elevavam a cada passo dado por Erbos e o cavalo branco de Téleu. Naquela distante paisagem Sapphire contava um antigo mito para o guerreiro. O mito do andrógino, quando a muito tempo atrás as pessoas tinha quatro mãos, quatro pés e duas cabeça com duas faces exatamente iguais. Tornaram-se seres ambiciosos e quiseram desafiar os deuses, escalando o monte Olimpo, onde viviam os imortais. Os deuses queriam puni-los, exterminando-os de uma vez da face da terra. Mas Zeus tinha um plano melhor. Permitiu que vivessem e sua ideia iria deixa-los mais humildes. Jogou então um de seus raios para dividi-los e diminuir sua força. E ai as criaturas começaram a procurar desesperadamente pela sua outra metade, sua alma gêmea. 

 

— Acredita nisso Sapphire? - perguntou Téleu com um sorriso bondoso.

 

A princesa olhou para Diana que permanecia calada naquele momento.

 

— Eu acho que acredito sim. Só precisamos procurar e quando acharmos não devemos deixa-lo escapar - Diana olhou por sob o ombro fitando a princesa de forma enigmática.

 

Téleu perguntou curioso mudando de assunto:

 

— Então, Sapphire, por quê estamos indo para o reino de Corinto?

 

— Meu pai enviou um mensageiro como sabe, ele solicita minha presença no reino, mas não contou o motivo. Só disse que era urgente.

 

— Não faz ideia do que seja? - continuou ele.

 

— Sinceramente não. Não volto para casa a mais de dez meses. Não sei o que está acontecendo em Corinto. Só espero que não seja nada grave - disse ela com um pesar na voz.

 

Enquanto isso, no Países de Gales, Argalad, caminhava em direção a terra que chamava de Cosmos. Atrás deles pode-se ver as grandes montanhas com seus picos esbranquiçados por pedaços de neve, poucos aldeões viviam naquelas situações gélidas. A sua frente, estava rodeado por juncos altos que envolviam todo o campo. Os cânticos dos pássaros eram alegres e fora saudado por dois beija flores que voavam felizes. Seguindo aquela estrada chegaria ao País dos Cosmos. Mas, além do Cosmos, ficavam as outras ilhas, conhecidas por um todo como: o lago de Balas. Era um lugar claro e ensolarado, verdejante, talvez um lugar até onde as fadas poderiam repousar, porém, em épocas do solstício de inverno, uma densa bruma cobria todo o lugar, sendo possível pensar que o sol os abandonara. Eram, terras férteis, onde tinha as maiores árvores milenares. A muito tempo - quando não ocorria essas brumas em época do solstício de inverno - o povo dos Cosmos trouxera uma muda mais antiga daquele lugar - a árvore sagrada - e plantou no País dos Cosmos, como laços entre o povo do Lago de Balas e os Cosmos, as fadas, druidas e sacerdotisas. Antigamente, a magia era mais forte no Lago de Balas, porém, com a ocupação dos aldeões que cresciam nas suas encostas e o desmatamento, o mana sofreou recaídas, quando aquelas árvores místicas alimentavam o solo e produzia em abundancia para o povo místico. Agora, na época do solstício eles se escondem nas brumas. Argalad tomou o caminho desconhecido pelos homens, onde somente os seus poderiam ser capazes de acha-lo. 

 

O sol começava a se por quando Argalad começava a chegar próximo das pedras sagradas do Cosmo. Seu rosto estava abatido e cansado, sentia muita fome. Fora treinado para sobrepujar o corpo com a mente e não o contrário. Não podia parar agora, estava muito perto para repousar. Por um momento, duvidou se conseguiria chegar a tempo, antes da hora da ceia, não gostaria de incomodar ninguém. Preciso me apresar, pensou aumentando o passo. E logo chegara aos bosques de macieira e à frente no alto de uma escadaria de pedras, havia os edifícios onde estavam as sacerdotisas, ele abriu um enorme sorriso, estava voltando para casa. Meu coração se sente alegre ao retornar, não há árvores, florestas mais belas do que a do meu povo. Duas mulheres vestidas com túnicas azuladas, com xales sob os ombros de mesma cor, desciam em direção a ele. Saudou por ele está de volta ao País dos Cosmos. Eram, mulheres baixas, de cabelos morenos e acessórios de ouro sobre as têmporas, curvaram-se e o acompanharam para a construção acima. Quando chegou a construção e fora levado para os aposentos da grã-sacerdotisa. Argalad se sentou perto do fogo, já anoitecera e o vento frio irrompia o lugar. Uma mulher jovem o saudou, fazendo uma reverência ao qual ele retribuiu silenciosamente. Rapidamente a mesa que ali havia fora sendo preenchida. A jovem o informou que ele poderia se lavar para ceia com ela. 

 

Ele entrou em um dos quartos, que era parecido com todos os outros, com exceção da grã-sacerdotisa, que era um pouco mais suntuoso. Havia uma cama, revestida da melhor palha, uma grande janela na direção leste de um pequeno lago e algumas roupas limpas postas em uma cadeira. Argalad tirou suas roupas e se lavou, trocando os sapatos sujos e gastos da estrada e pondo outros. Regressou para a mesa redonda sentindo-se mais apresentável, com sua melhor roupa de sacerdote. A mulher jovem o esperava e quando o viu convidou-o para sentar-se ao seu lado. Ele assim o fez. A mesa estava pronta para os dois sacerdotes, haviam: pão de cevada, carne defumada, diversificadas frutas e para beber, havia água fria. No País dos Cosmos, um sacerdote não deve tomar bebidas alcoólicas mundanas - só em casos especiais - somente a água, elemento mais puro poderia ser ingerido. Argalad tomava sua água, tão fresca, deliciosa. Sentia saudade da água pura dos Gales. A jovem mulher, chamada de Ceridwen, a Dama do Lago, era uma mulher surpreendentemente bela; tinha ondulosos cabelos loiros brilhosos e sedosos, olhos expressivos do mais lindo verde-água, lábios carnudos e bem desenhados, suas feições eram bem delicadas como de uma garotinha, em sua túnica branca, apertada por um cinto de ouro, havia um punhal embainhado na cintura. O rosto pequeno alvo e macio era moldado por maçãs coradas. Era tão linda e perfeita que Argalad sentia-se diante da própria deusa do Cosmo. Após saciar sua fome e sede ele falou:

 

— O que deseja Ceridwen?

 

Ceridwen observava-o com o gesto de segurar a taça a sua frente, ela parecia imponente, sagrada, talvez celestial. Levou a taça aos lábios, provando um pouco da água dos montes. Argalad não conseguia parar de fita-la, quantos anos faziam que não via a Dama do Lago? Não sabia, talvez uns três anos. Logo após, aquele momento de silêncio desaparecera; Ceridwen começou a falar:

 

— Andei observando-o em suas viagens, Argalad. O caldeirão e a fonte da sabedoria me revelaram um temível mal que está a espreita, e poderá cair sobre toda a Terra. Por isso o chamei aqui.

 

— Por quê não me chamou antes? Eu teria vindo o mais depressa possível, mãe! - disse o rapaz a tratando como a deusa do Cosmo, pois ela era a mãe de todos nós.

 

— Porque antes não era necessário alerta-lo. Estava tudo estável e controlado. Mas tudo começou a caminhar quando você foi salvo pela mulher guerreira. Estamos em épocas perigosas agora Argalad, quando começaram sua viagem juntos, podemos descobrir o plano tenebroso daquele ser. 

 

— E qual seria Dama do Lago? 

 

 

No castelo de Corinto, Íris, filha mais nova do rei Polônio, dirigiu-se lentamente até o pátio do castelo, onde os viajantes acabavam de desmontar de seus cavalos, a princesa de Corinto olhou para Sapphire. Seus olhos se encontram e ambas correram uma em direção a outra para se abraçarem, numa saudação calorosa e amistosa. Diana observou as duas princesas e reparou como Sapphire estava feliz por está de volta ao lar. Querendo ou não seu lugar é em um castelo, por mais que queira negar, pensou Diana. Téleu colocou a mão em seu ombro.

 

— Elas parecem felizes em se ver - disse ele.

 

Diana retirou a mão dele de seu ombro, a guerreira nunca foi uma apreciadora do contato físico, exceto em uma luta, que suas mãos acertavam o adversário, somente nesses casos.

 

— É parecem.

 

Sapphire conduziu Íris até Téleu e Diana, apresentando o guerreiro ruivo. Contando como o havia conhecido.

 

— Dou-lhe as boas-vindas a Corinto, senhor Téleu, guerreira Diana. É uma benção dos deuses está aqui novamente com a minha doce irmã - disse Íris.

 

— É uma honra para mim - Téleu beijou a mão de Íris, de forma galante, - princesa Íris.

 

A jovem corou e disse ao balbuciar:

 

— Ora, vamos entrar, papai ficará tão feliz em vê-la irmã. 

 

Ao entrarem no castelo, o mesmo parecia diferente, mais luxuoso e com novas decorações. De certo Íris mandou decorar os cômodos, pensou Sapphire. O ambiente estava tão claro, que parecia que o próprio sol estava ali dentro saudando-os com seus raios luminosos. Os inúmeros servos faziam uma reverência a cada passo dado por Sapphire que sentia-se desacostumada com toda polidez dos vassalos, era sempre tratada de senhora e nenhum servo a encarava nos olhos. Íris notou rapidamente que a irmã havia mudado nesses meses, tocava nos criados, pedia por favor se eles poderiam conduzir seus amigos até seus quartos. Estava mais humilde, menos autoritária e não mostrava mais inseguranças. Carregava para seu quarto o arco e flecha, definitivamente, ela não era mais uma princesa fraca. Sapphire se lavou sozinha, não queria a ajuda dos criados, na floresta tinha muita sorte quando encontrava um córrego para se lavar. Aquela mordomia parecia distante agora, nos primeiros dias na floresta rezava aos deuses para voltar e ter seu conforto de volta. Agora, sentia-se desacostumada, tudo parecia tão frívolo. Não tinha que vigiar os momentos que iria tomar banho, não havia ladrões a espreita ou cobras aquáticas que aparecessem para compartilhar de seu banho. Vestiu seu vestido de festa de pura lã turquesa, com anáguas de linho branco, resolveu soltar seu cabelo, ultimamente usava seu cabelo trançado na lateral. Seguiu para o grande salão onde todos a esperavam. Seu pai a abraçou calorosamente, distribuindo beijos pelas suas faces, informava o quanto estava agradecido por ter sua filha de volta sã e salva. Sapphire recordou da primeira vez que fora sequestrada e seu pai repetiu os mesmos gestos, vários beijos e feliz por tê-la de volta à salva. Enquanto abraçava seu pai, a princesa pode notar os olhos de Diana que nada disse desde que chegaram, embora, Téleu sorrisse e comentasse algo sempre com ela. Íris disse:

 

— Vamos todos nos sentar à mesa.

 

Tudo estava bem preparado, carne à vontade, um grande porco havia sido morto e possuía uma maçã vermelha na boca. Pães de vários tipos, carnes defumadas, cerveja e vinho para beberem. Íris e Sapphire dividiam um prato como costumavam fazer quando moravam juntas. Téleu estava ao seu lado e começou a se fartar com toda aquela comida e bebia inúmeros copos de cerveja e vinho, sempre comentando que nunca havia tomado um vinho tão delicioso como aquele. Nem o vinho do imperador de Roma era tão saboroso disse ele. Polônio gargalhava que ecoava pelas paredes do lugar. Os harpistas tocavam uma balada animada e Sapphire sentiu falta do druida que tocava perfeitamente bem. Diana comia pouco e bebia silenciosamente, respondendo somente o que era lhe perguntado. Não era tão sociável ou gostava de festas como Téleu e Sapphire sabia disso, demorou tantos meses para saber um pouquinho a mais sobre ela.

 

— Então Diana, cuidou bem do meu bebê? Eu quase mandei todo o meu exército atrás de vocês. Graças a Íris que me convenceu do contrário. Disse que você precisava respirar novos ares e conhecer o mundo.

 

— Sua filha já sabe se defender sozinha, não precisa dos meus cuidados Rei Polônio - disse ela.

 

— Ora, eu posso notar a diferença. Está tão mudada e parece mais madura e sábia. 

 

— Papai, não exagere - respondeu Sapphire com um sorriso cortes.

 

— Bom, por falar em maturidade, quero chegar ao ponto do por que a chamei aqui - continuou o senhor. - Sapphire está na hora de casar e eu arranjei o rapaz ideal para você. Já se aventurou demais e precisa retomar suas obrigações de princesa e logo de futura Rainha.

 

Todos os três estavam chocados, Diana havia engolido em seco, seus olhos estavam arregalados, casar? perguntou Sapphire.

 

— Papai eu não posso aceitar! - disse a princesa rapidamente.

 

— E por quê não? - replicou o pai.

 

Sapphire começou a gaguejar procurando as palavras certas e uma boa desculpa.

 

— Porque eu já estou noiva! 

 

— O quê? - disse todos ali na mesa, enquanto Diana franziu a testa.

 

— Sim. Estou noiva... do Téleu - ela segurou seu braço e o mesmo se engasgou com o vinho.

 

— Isso é verdade meu jovem? - perguntou o rei.

 

Téleu só pode sentir o pé de Sapphire pisando fortemente no seu para concordar com a mentira que havia acabado de contar. Ele sacudiu a cabeça positivamente e o Rei sorriu surpreso. Perguntou quando pretendiam se casar e ela contou que o jovem iria precisar partir em breve para acompanhar o imperador em uma missão no Egito e que só após o seu retorno poderiam discutir sobre a data. Polônio estava satisfeito, Téleu era carismático e faziam todos ao seu redor gostarem dele facilmente. Não teve problema em conquistar a simpatia do Rei. O assunto mudou para Íris, que completara dezesseis luas e precisava de um noivado também, resolveu alterar o noivo de Sapphire para sua outra filha que pareceu sorrir discretamente, sendo percebido somente por Sapphire. Após a imensa ceia, os homens conversavam sobre políticas e guerras. Íris fora para seus aposentos onde chamou sua irmã para conversarem, a mesma disse que iria depois, precisava resolver algumas coisas primeiro. Procurou a guerreira por todo o lugar no castelo e pensou que ela só poderia está em um único lugar. Diana havia escovado o pelo do cavalo de Téleu e fazia agora o mesmo com Erbos que parecia gostar dos mimos da dona.

 

— Eu sei, você detesta passar a noite em estábulos - conversava a guerreira - Eu também não gosto de passar a noite em castelos, estamos no mesmo barco. Porém, trouxe para ambos as melhores cenouras de Corinto - Erbos e Sansão, o cavalo de Téleu, relincharam juntamente fazendo-a abrir um discreto sorriso.

 

— Prefere sempre a presença dos animais do que a das pessoas, não é? - Sapphire dizia ao se aproximar acariciando o focinho de Erbos que retribuía o carinho com relinchados.

 

— Eles são mais confiáveis do que as pessoas - comentou Diana.

 

— Ficou calada o jantar todo, o que te incomodou?

 

— Meu lugar não é em um castelo - debochou a guerreira.

 

Sapphire sorriu lembrando de suas próprias palavras na boca da guerreira.

 

— Imaginei que fosse isso, pode dormir no estábulo se isso a deixar mais próxima da natureza.

 

— Não seria problema para mim. Já dormi em muitos estábulos antes.

 

— Eu sei - Sapphire acariciava o pelo de Erbos e tocara a mão da guerreira que não retirou do lugar, enquanto escovava o animal. - Téleu pareceu bem acostumado ao clima luxuoso de um castelo. Eu senti as mudanças de ares, me pergunto se conseguirei dormir em uma cama macia ou iria preferir as pedras e cascalhos como uma - sorriu.

 

— E eu queria saber que ideia foi essa de dizer que Téleu era seu noivo? - Diana a fitou de repente.

 

— O que queria que eu dissesse? Que aceitasse o esposo que meu pai me arranjou? Lutei por minha liberdade, agora que a tenho não a deixarei escapar tão fácil assim.

 

— Você deveria pensar melhor.

 

— Do que está falando?

 

Diana explicou que com Valquíria as viagens irão ser diferentes, talvez aquela seja a única noite de paz que realmente poderiam desfrutar. E que a princesa deveria começar a pensar em uma vida calma, segura e feliz no castelo com um marido que a protegesse e a amasse. As lágrimas começaram a apertar a garganta da princesa, por quê Diana estava dizendo aquelas coisas? Será que a queria longe, era o momento esperado para se livrar dela? Ela sempre disse que devia tê-la deixado presa naqueles espinhos, porém, Sapphire achava que eram deboches, brincadeiras para irrita-la e que sempre funcionava. Será que havia um fundo de verdade?

 

— Você sempre esperou por isso não é? O momento perfeito para me largar em Corinto.

 

— O que está falando? - Diana não compreendia as palavras da princesa. 

 

— Eu já entendi tudo! - Sapphire saiu correndo do estábulo e Diana a seguiu com os olhos. Erbos relinchou atrás dela e ela respondeu que não compreendia a atitude da princesa, deveria falar com ela depois? O focinho do cavalo tocou suas costas inclinando-a para frente como resposta.

 

Sapphire correu sendo surpreendida por Téleu que estava um pouco bêbado, ou muito bêbado deveria dizer. Ele havia se perdido no castelo e não conseguia encontrar seu quarto. A jovem o guiou até os aposentos do rapaz que começava a cantarolar uma música romana que havia sido tocada nas festas que frequentou com o imperador. Ele se apoiava nos ombros da morena e se jogou na cama quando a viu. Puxou Sapphire para deitar-se ao seu lado agradecendo muitas vezes pela comida e pela bebida. O halito dele estava quente e com cheiro de vinho e cerveja misturados, causando náuseas nela. Batidas foram diferidas e Diana abriu a porta, olhando Sapphire e Téleu deitados juntos na cama, a princesa rapidamente se levantou, enquanto o rapaz pareceu ter adormecido de repente. A morena falou com desdem que não haviam feito nada e que ela podia ficar sossegada, o precioso amigo dela não havia sido corrompido por ela.

 

— Se vocês fizessem algo, não seria da minha conta.

 

— É, não seria - disse em tom aborrecido saindo daquele local. Diana suspirou e fechou a porta quando Téleu começava a roncar ali, fazendo-a revirar os olhos.

 

Sapphire estava nos seus antigos aposentos, onde dormia por vezes antigamente com Íris. E nessa noite não seria diferente a irmã estava deitada na sua cama contando sobre o rapaz que havia conhecido. Seu nome era Pátraco, seria o prometido de Sapphire se ela já não estivesse "noiva" contou a caçula. Por isso ela sorriu quando soube que ele seria o prometido dela, pensou a morena. Ela estava feliz pela irmã, afinal, sempre fora o sonho de Íris casar, ter uma família. Ela queria tudo isso, mas não agora. Não presa em um castelo. Queria ser levada pelas aventuras. Agora que sabia atirar com o arco e flecha que começava a se defender sozinha, não iria parar. Íris continuava a falar sobre as qualidades do novo noivo, era alto, bonito, também loiro como ela de cabelos da altura do ombro, comentou que o próprio Eros sentiria inveja de sua beleza. Passaram um longo tempo conversando sobre Pátraco e quando Sapphire começou a contar as aventuras que viveu com Diana sua irmã acabara pegando no sono. Ela sorriu e beijou a testa da irmã. Recordou de como ela adormecia quando contava uma história.

 

Sapphire fitava o teto de seu quarto, a cama era confortável demais, estava com medo de se mexer e acordar sua irmã que dormia profundamente. Quando eram mais novas, Íris dormia sempre em sono pesado, mas despertava ou fingia despertar sempre que Sapphire se mexia muito na cama, quando a mais velha não conseguia dormir buscava sempre uma posição mais confortável na cama e os rebuliços irritavam a mais nova que gostava de ter um sono tranquilo. Então sempre quando estava sem sono, Sapphire caminhava até os pergaminhos e começava ler até Morfeu jogar suas areias do sono sobre seus olhos. Hoje, não era diferente de anos atrás, estava sem sono, não conseguia dormir, porém pela primeira vez não estava disposta a ler. O que Diana dizia havia lhe incomodado, mas será que estava sem sono pela cama ser confortável demais ou pelo que a guerreira disse? Ela não sabia. Recordou-se da primeira vez que se encontraram e como ela salvou sua vida e das inúmeras aventuras. Lembrou do abraço caloroso que Diana a deu na Ilha de Hera quando achou que algo horrível havia acontecido com ela. Fora seu único abraço com a guerreira, mas podia lembrar da sensação quente e acolhedora. Queria dissipar esses pensamentos de sua mente, levantou da cama silenciosamente e com cuidado para não acordar Íris, afastando-se dali. Saiu do quarto e caminhou sentindo a lua em seu encalço através das janelas. Caminhou e deixou ser guiada pelos seus pés, sendo conduzida para ala sul do castelo, onde havia as inúmeras armas e uma sala de treino. A muito tempo quando seu pai era jovem, utilizava aquele salão para treinar suas técnicas de combate.

 

Uma silhueta de uma mulher e uma espada brilhavam a luz da lua. Ao alto, na abóbada, era feito de vidro que iluminava o centro do local que fora arquitetado para praticar tanto de dia quanto de noite. Sapphire pensou estar sonhando, os movimentos eram tão graciosos, pareciam uma dança letal. Diana havia desembainhado saber sua Katana e estava praticando movimentos desconhecidos por ela mesma. Não sabia o quanto a guerreira era rápida e como podia fazer movimentos surpreendentes numa luta. Nunca havia visto a guerreira lutar a sério, sempre parecia entediada com os guerreiros que surgiam. E Valquíria a fez treinar com seus movimentos mais secretos. Então, Valquíria era um verdadeiro oponente para Diana, pensou a princesa. A voz de Diana cortou seu fio de pensamento, ela questionava se a outra iria ficar ali só olhando ou iria lutar. Estava assustada de lutar com Diana, porém, ainda estava aborrecida pelo que foi dito no estábulo. 

 

— Escolha as armas princesa.

 

Sapphire escolheu dois cajados e jogou o outro para Diana que pegou em um movimento bastante ágil. Elas começaram aquela luta com Diana desviando dos ataques da princesa. Houve um contra ataque da parte da guerreira que foi desviado por Sapphire rapidamente de forma desajeitada. Elas avançaram uma contra a outra, repetindo os golpes de ataque, defesa e contra-ataque. Sapphire quase acertou duas vezes um golpe em Diana que desviava sempre, faltando poucos milímetros de distância. A princesa tentou um ataque inusitado que gerou seu desequilíbrio, se Diana não a tivesse amparado teria caído de cara no chão e não por cima da guerreira que a puxou para si. Ela tinha o corpo quente e macio da princesa sobre o seu, os olhos azuis fitavam assustados os seus, algumas mechas do seu cabelo ônix caía sobre o rosto da guerreira que colocou instintivamente as mechas atrás das orelhas de Sapphire que corou com o gesto de Diana. A morena saiu rapidamente daquela posição, sentando ao lado de Diana, ainda ruborizada. A outra imitou o mesmo gesto e sentou-se também.

 

— Por quê veio até aqui tão tarde da noite? - a voz da guerreira era rouca, baixa e um pouco irritada ao pronunciar a última frase. - Iria para os aposentos de Téleu?

 

Sapphire pensou em responder de forma rude, dizendo algo do tipo: porque moro aqui e posso ir aonde eu quiser e se vou ou não ao quarto de Téleu não seria da sua conta. Mas ao invés disso falou:

 

— Não, não iria para o quarto dele. Eu só não conseguia dormir.

 

"Por quê essa irritação com Téleu agora?" Sapphire suspirou.

 

Diana nada respondeu e ela continou:

 

— E você, por quê também está aqui tão tarde? Os estábulos não proporcionaram o devido conforto da floresta?

 

Sapphire teve a impressão de ver um pequeno sorriso se formar no rosto de Diana. Sentiu sua face queimar e desviou rapidamente o olhar dos olhos da guerreira.

 

— Não proporcionaram - debochou a guerreira. - Preferiria dormir sobre as pedras ao seu estábulo e isso me deixou sem sono. Vi a câmara de treinamento quando chegamos e pensei em treinar.

 

Sapphire umedeceu seus lábios, gesto que não passara despercebidos pelos olhos atentos de Diana. Ambas estavam naquele castelo sem conseguir dormir e algo levara Sapphire para a ala de treinamentos do seu pai, o lugar mais improvável que ela iria em uma noite na qual não conseguia dormir. As três moiras estavam tecendo o seu destino? Ela gostaria de saber o por que de ir até lá. Seu coração começou a bater violentamente e não sabia a causa, sentia seu corpo vibrar quando foi tocada pela mão de Diana que a retirou de seus devaneios.

 

— Está tudo bem?

 

— Sim - ela suspirou.

 

— Não acho que esteja - replicou a guerreira.

 

— E desde quando ficou experiente nas reações humanas? Se bem me lembro, você que aconselhou Perséfone a deixar Hádes sem nem se importar com os sentimentos dele. Como sabe então a diferença se eu estou bem ou não?

 

— É simples, porque eu conheço você a um longo tempo.

 

— Acho que não conhece mesmo.

 

— Está enganada princesa.

 

Sapphire revirou os olhos, não parecia acreditar na guerreira. Diana começou a falar que Sapphire fazia um pedido aos deuses toda vez que uma estrela cadente caía, a outra respondeu que isso não era nada de mais e não provava que a conhecia e a guerreira prosseguiu. Sabia que Sapphire chorava toda a noite nas primeiras semanas longe de casa, adorava pão com mel e tinha um apetite quase voraz para carnes e que se ficasse dois dias longe de uma carne, começava a reclamar mais ainda. Contou que a cor preferida da princesa era azul, seu pássaro preferido era o rouxinol e adorava seu cântico. Revelou que sabia que a jovem escrevia todas as noites em seus manuscritos cada aventura que haviam tido desde o primeiro dia e que adorava recontar cada uma delas. Sapphire estava surpresa tudo o que Diana dizia era verdade, ela pensou que a guerreira não saberia dessas coisas, por que não ligava para ela.

 

— Eu sei também que foi graças a você que parei de sonhar com os inúmeros assassinatos que cometi. 

 

— Se acha que revelar tudo isso irá passar minha raiva está enganada - ela cruzou os braços fazendo um beicinho infantil. - Ainda estou aborrecida por você querer tanto se livrar de mim.

 

— Eu não disse isso. Falei que deveria ficar aqui porque... - Diana parou de falar, enquanto Sapphire voltou a fita-la. - Ora... acho que seria mais feliz aqui do que em uma floresta.

 

— Está errada. Nunca seria feliz aqui como sou quando viajando com você - Sapphire corou ao dizer aquelas palavras. Podia ver a guerreira melhor agora, sem as sombras que lhe escondiam. Os olhos azuis a fitavam, enigmáticos. Os cabelos que caíam suavemente sobre o rosto, ela era tão linda. Havia se esquecido como os olhos da guerreira eram misteriosos e belos, sentiu seu coração bater de forma violenta de novo.

 

— Você deve se deitar princesa, está ficando ainda mais tarde.

 

Diana levantou-se e estendeu a mão para ajudar a princesa a se levantar, seus corpos colidiram levemente e Sapphire segurou em seus braços fitando ainda os olhos azuis da outra. Diana parecia está em transe, pois levou suas mãos até os cabelos sedosos de Sapphire e os acariciou, passando suavemente o polegar em sua face. A princesa recebia silenciosa aquele gesto de carinho que aceleravam seu coração. Ela aproximou mais o corpo até o da guerreira que segurou-lhe o rosto entre as mãos e inclinou-se, depois hesitou, Sapphire envolveu os braços no pescoço da outra e a puxou, pousando os lábios nos dela.

 

Sapphire estava sendo abraçada pela outra e deixou-se levar pelo beijo, abrindo a boca sob os lábios macios da guerreira. Diana aperto-a mais contra si, passando com doçura a cálida língua na da princesa que retribuía com fervor os movimentos. Ambas tiveram que se afastar para recobrar o ar. Diana pareceu fria após um momento.

 

— Eu me deixei levar. Não são os modos adequados para uma guerreira. Isso não irá se repetir.

 

— O que você está dizendo?

 

— Qual a parte que você não entendeu princesa? De não ser os modos adequados para uma guerreira ou que isso não iria se repetir - Diana dizia com um pesar na voz, porém de forma impaciente. 


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Argalad volta para casa, uma nova personagem surgi e Diana parece arrependida por beijar Sapphire? tcs... tcs... complicado.
Espero que não deixem de acompanhar.
Beijos.



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