Caminhando em Gelo Fino escrita por Ditto


Capítulo 14
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

GENTE, OBRIGADA QUEM ACOMPANHOU ATÉ AQUI, AMO VOCÊS DEMAIS ;w;



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O sol do meio-dia encontrava caminho por entre as nuvens e cortinas para inundar a sala de estar com sua luz forte. Jiraya fechou as persianas antes de sentar-se à mesa, colocar os óculos e ligar o laptop.

–Me conta mais, não aconteceu nada de interessante nesse semestre? - perguntou ao afilhado, que almoçava em silêncio no balcão que separava a cozinha do cômodo – Você sempre chega cheio de novidades, falando pelos cotovelos...

Naruto lançou-lhe um olhar hesitante e encolheu os ombros. Tinha quase certeza de que, dentre toda sua vida escolar, aquele havia sido o semestre mais turbulento de todos. Ele pousou os talheres no prato, pensativo, e cruzou os braços sobre o balcão encarando o padrinho, que digitava algo despreocupadamente. Não havia muitos prós em continuar evitando o assunto, era algo que viria à tona cedo ou tarde – e, conhecendo bem o lugar onde morava, era melhor que dissesse antes que o homem descobrisse por terceiros.

–Bem... Entrou um cara novo na minha sala, o nome dele é Sai.

–Hm.

–Ele é muito bacana, desenha bem, nós ficamos muito amigos.

–Legal.

–E... Ahn... - ele abaixou os olhos para o prato e respirou fundo, procurando manter a voz o mais natural o quanto podia – Lembra do Sasuke?

–Claro.

–A gente voltou a se falar.

–Ah, isso é ótimo! - Jiraya não descolava os olhos do computador, mas isso não incomodava o garoto. Naruto sabia que ele estava prestando atenção e, naquele momento em especial, preferia mesmo que o homem não notasse a crescente apreensão em seu olhar – Não me conformava de vocês terem brigado, vocês dois eram tão colados antigamente!

Naruto foi atentamente observando as reações do padrinho.

–Nós estamos ainda mais colados agora.

Jiraya riu.

Mais? Eu não consigo nem imaginar como duas pessoas podem ficar mais próximas do que vocês já eram.

–Tem certeza? Eu consigo pensar em um jeito...

Ele parou de digitar e ponderou por um momento antes de virar-se para o afilhado, procurando confirmação da ideia que lhe cruzara a mente com aquela insinuação. O olhar culpado, respiração densa e o morder de lábios denunciaram a intenção do garoto. Jiraya tirou os óculos devagar, encarando-o sem saber ao certo como reagir.

–... ah!

–Por favor, não fica bravo comigo – suplicou o garoto exasperado, a apreensão quase lhe travando a garganta.

–Não! Eu jamais ficaria bravo, eu só... Eu só to surpreso.

Os dois fizeram uma pausa. Jiraya pousou os óculos sobre a mesa e passou a mão na cabeça devagar, parecendo um tanto desorientado. Naruto permaneceu encolhido em seu banco num silêncio sepulcral.

–Há quanto tempo isso?

–Um mês, agora.

–E é sério? Digo... Vocês tão... namorando?

Ele concordou com a cabeça.

–Hm – o padrinho coçou o queixo, pensativo, pôs os óculos novamente e voltou a digitar – Bom, minha viagem é daqui quatro dias, então eu espero que você traga meu... ahn... genro pra jantar aqui antes disso.

Um sorriso aliviado despontou no rosto do garoto.

–Pode deixar!

–Suponho que, agora que você tem coisas mais interessantes pra fazer por aqui, você vai preferir ficar na cidade do que ir comigo, não?

–Posso mesmo? - arregalou os olhos animando-se.

–Contanto que você não destrua nada e mantenha a casa em ordem, por mim tudo bem.

Naruto abriu um sorriso de orelha à orelha e correu para deixar o prato na pia.

–Valeu! - exclamou agradecido adiantando-se para o próprio quarto.

–Naruto – ele virou-se novamente para o padrinho, a mão já na maçaneta, à meio caminho de abrir a porta. O homem o encarava por cima do laptop com um olhar sério – escuta, tem muita gente ignorante e maldosa por aí...

–Tá tudo bem, eu aguento.

–Eu sei que sim. Você é muito forte – ele deu ao afilhado um sorriso paternal – Eu tenho muito orgulho de você. E seus pais também têm, com toda certeza.

A face e o coração do jovem iluminaram-se com a sensação de alívio e conforto tão almejada e mais do que merecida. Ele agradeceu o apoio com um contido aceno de cabeça e fechou-se no quarto extasiado. Sentia-se como se o houvessem resgatado dos escombros de um deslizamento, finalmente via a luz do dia, sentia o ar entrar livremente em seus pulmões e podia mover-se leve, sem mais todo o peso que o soterrava.

Atirou-se na cama quase saltitando e apanhou o celular. O número que queria já estava na lista de discagem rápida. Começava a irritar-se com a demora quando, após o quarto toque, uma voz impaciente atendeu a ligação.

–Não é nem uma da tarde ainda e já é a segunda vez que você me liga hoje.

–Ai, como você é grosso. “Alô”, “como vai?”, “eu te amo”...

Fala.

–Eu contei pra ele.

... E aí?

–Ele te chamou pra jantar aqui.

–Tá tudo bem, então?

–Tá sim, você pode vir amanhã ou depois de amanhã?

–Amanhã, quinta é a audiência.

–Ah é...

–Mas tá tudo bem, mesmo?

Que foi? Tá com medo que ele te ameace com uma espingarda e pergunte quais são suas intenções comigo?

–Por quê? Ele vai fazer isso?

Naruto riu.

–O que você responderia se ele fizesse?

Ia falar a verdade, que eu só quero te comer e, depois que você liberar, eu pulo fora.

–Babaca.

Que horas eu vou pr'aí, então?

Vem umas cinco horas.

–É um jantar ou um chá da tarde?

–Eu to com saudades, porra, quero passar um tempo contigo.

–Vou às três, então...

–Bom mesmo. E como vão as coisas por aí?

–Ai, um saco. O advogado já falou que, agora que foi à publico, qualquer tentativa de atentado seria um tiro no pé, mas o Shisui não me deixa pisar pra fora de casa. Ele acha que a máfia inteira vai pular de um latão de lixo e tentar me matar. Não posso nem olhar pela janela por mais de três segundos que ele já entra em pânico.

–Tudo bem você vir aqui nessas condições?

–Não se preocupe, na pior das hipóteses ele manda um time da S.W.A.T. me escoltar até aí.

E a audiência?

O advogado diz que as chances são muito boas, que em um ou dois meses meu irmão volta pra casa... Mas, sei lá, essa gente poderosa sempre dá um jeito de comprar as coisas.

Vai dar tudo certo.

–... hm.

–Como você tá?

–Eu estou em pé na cozinha.

–Sasuke, eu to falando sério!

–... Eu to bem.

–Não me convenceu muito.

–Eu vou ficar legal, o que você quer que eu diga? Eu tô ansioso e estressado, nada que eu já não esteja sempre.

–Mas você tem dormido e se alimentado direito?

Olha quem pergunta...

–É sério! Eu tô preocupado! Você não anda fumando, né?

Eu tô bem, prometo. O Shisui fica me policiando, também. Ele é um pé no saco, assim, que nem você. Aliás, ele te ama.

Só ele?

É. Ele acha que você é a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida.

–Só ele, mesmo?

Aham.

Naruto franziu o cenho, procurando um xingamento apropriado, mas distraiu-se com uma risadinha baixa do outro lado da linha. Conseguia visualizar perfeitamente o outro garoto na cozinha, segurando o celular com a mão esquerda, a cabeça levemente tombada para o lado, mexendo distraidamente em alguma coisa sobre o balcão com a mão livre e um meio sorriso nos lábios. Não pode impedir a si mesmo de também sorrir imaginando-o. Por um momento, os dois permaneceram quietos, apenas apreciando a confortável e silenciosa companhia um do outro. Por fim, Sasuke deu um pesado suspiro.

Tenho que ir, o advogado tá vindo aqui resolver umas coisas.

Naruto fez um som chateado.

–Tá bem.

Qualquer coisa me manda mensagem.

–Mando sim.

Naruto respirou fundo. As coisas pareciam estar finalmente caindo em seus devidos lugares, acertando-se de pouco em pouco. Depois de muito tempo caminhando sobre gelo, finalmente havia chegado em terra firme. Não estava tudo perfeito – nunca estaria, provavelmente – mas, ao menos por hora, estava tudo bem.

–Ok, então boa sorte aí com o advogado! Tchau!

–Naruto, eu te amo.

... Eu também te amo.

–...... Então tá. Tchau.


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Notas finais do capítulo

ÓH CÉUS! FOI! ACABOU!
Eu sei que o epílogo foi levinho, foi pequeno... mas é só um epílogo, afinal, foi só pra fechar.
Quem quiser mais... bom, ainda hoje eu devo postar a primeira parte do spin-off *-*
[edit: SAIU O SPIN-OFF, CAMBADA http://fanfiction.com.br/historia/622893/Caminhando_Pelos_Cantos/ ]

E AÍ? O QUE ACHARAM DO EPÍLOGO? O QUE ACHARAM DA FIC INTEIRA? Me digam.
Quem não comentou até agora... aÍ ESTÁ SUA CHANCE! COMENTE TUDO DE UMA VEZZZ!!!1!1!!!111

E AGORA! VAMOS ÀS DESPEDIDAS DRAMÁTICAS!
Então... Não sei nem o que dizer, esses últimos meses da minha vida tem ido de mal a pior e eu só tenho ficado mais e mais estressada, mas também foi bem o período que eu comecei a postar essa fic e, graças a vocês, eu tinha um bom motivo pra sorrir sempre que eu tava chateada s2
Cada comentário, cada favorito, cada pessoa que no mínimo marcou que tava acompanhando a fic, todos vocês me fizeram imensamente feliz desde o fim do ano passado, quando eu resolvi entrar no Nyah. Há anos atrás, quando eu escrevia fanfic de Harry Potter no orkut, esse mundo das fics era a maior alegria dos meus dias, que me ajudava a ter forçar pra continuar indo na escola e etc mesmo quando eu odiava completamente tudo mais o que estava acontecendo. Foi bom que, justamente quando as coisas começaram a ficar complicadas agora, eu voltei a postar fanfic, desta vez SasuNaru aqui no Nyah, e foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, porque, assim como antes, os meus leitores viraram uma luz pra me manter forte na escuridão s2
Desculpa o desabafo, é que eu realmente não tenho palavras pra descrever a alegria que cada notinha que eu recebo aqui me dá.
Muitíssimo obrigada a todos vocês! A quem acompanha desde o primeiro capítulo, a quem pegou do meio e até a quem abandonou no meio, por pelo menos ter lido o começo e alegrado meus dias com comentários! Quem comenta sempre, quem comenta as vezes e quem nunca comenta, mas lê mesmo assim. E obrigada também a quem quer que seja que começou a ler essa fic depois de finalizada e chegou até aqui! Sintam-se abraçados e amados por mim! *3*