S.O.S. Coração escrita por Anatomia do Conto


Capítulo 3
Vida nova?




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Mais um dia de verão nascia em Surrey. E logo se ouvia o barulho de crianças, que iam brincar no parquinho. De vizinhos se cumprimentando. Risos. Alegria. O dia parecia feliz quase para todos. É que Verônica, apesar de não ter dormido à noite, já tinha uma resposta para a proposta de Annie.

A garota, ao descer para tomar o café, foi abordada por Annie.

– E aí, Verônica. O que decidiu? - Annie estava olhando esperançosa para a irmã, e não disfarçou sua ansiedade.

– Bom dia também, Annie! - Respondeu Verônica, decepcionando a irmã, que murmurou um ARRRG, demonstrando chateação. Verônica sentou-se também a mesa e cumprimentou os pais. - Bom dia, pai... Mãe.

O Sr. e a Srª. Watson cumprimentaram-a.

– E então, filha, o que decidiu? Você vai para Londres ou não? - Perguntou o Sr. Watson.

– Já conseguiu dobrar papai e mamãe, Annie? – Verônica não se conteve.

– Dobrar meus pais? – Fingiu Annie, fazendo cara feia para a irmã. – Como você pode pensar algo assim de sua própria irmã.

– Mas o que decidiram? – Perguntou Verônica, sem emoção, para os pais.

– Decidimos dar um voto de confiança em vocês. – Sr. Watson. – Conversamos muito a respeito e chegamos à conclusão que vocês merecem melhorar os estudos e tal.

– Mas e você. O que decidiu, filha? – Perguntou Srª. Watson.

– Primeiro quero tomar meu café, mãe. Depois digo o que decidi.

– Verônica quer me matar de ansiedade! - Disse Annie, cruzando os braços, desapontada.

Verônica tomou seu café da manhã quieta, e não pôde deixar de notar que seus pais e sua irmã a observavam constantemente. Estava ficando chata essa situação. Momentos depois, terminou.

– E então...? - Annie perguntou logo em seguida mordendo o lábio.

Foi como se Verônica estivesse vendo um filme de todas suas lembrança e dos seus sentimentos por Nick. E então veio a resposta:

– Passei a noite acordada...

– Você passou a noite acordada? - A Srª. Watson a interrompeu. - Você sabe que não dormir a noite é prejudicial a saúde...

– Calma, Maggie! - Falou o Sr. Watson. - Deixa ela falar!

– Desculpa, mãe! Como ia dizendo, passei a noite toda acordada... Pensando em... Tudo! E decidi que é melhor Annie e eu irmos à Londres!

Annie gritou e correu a abraçar a irmã. Maggie começou a ficar com os olhos marejados de lágrimas.

A família Watson se abraçou um bom tempo. E passaram a manhã toda conversando sobre tudo. Harold contou que na noite anterior decidiu que era melhor deixá-las ir, e que iriam morar com seus primos Ryan, James e Lionel, e que iriam estudar na mesma escola que eles. E que Maggie até já havia ligado para os pais dos garotos para saber se Verônica e Annie podiam morar com eles. E o mais importante: Quando?

– O mais rápido possível! - Annie disse feliz. - Ainda temos de fazer matrícula na escola, lembrem-se disso!

Verônica, que por sua ansiedade e alegria, parecia que não ia viajar, anunciou:

– Decidam aí! Vou dar uma volta!

E deixou Annie e os pais conversando alegres. A garota não sentiu alegria alguma com o anúncio da viagem. Queria mais era agradar a Annie. Ela merecia tudo o que queria, por sempre ter sido uma grande amiga e me ouvir sempre! Pensou Verônica ao sair.

Parecia não ver nada, nem ninguém. Como deixaria aquele lugar? Lhe ocorreu que gostava mesmo de sentir aquele sentimento, ao mesmo tempo que não o queria. A garota entrou na floresta e se sentou no balanço, como o fizera milhares de vezes. Pensando as mesma coisas. Ficou lá um bom tempo, curtindo a sua dor.

Perto da hora do almoço, Verônica voltou e foi direto para o quarto, encontrou Annie arrumando algumas coisas numa mala.

– Porque já está arrumando a mala? - Perguntou Verônica. - Até parece que vamos amanhã.

– E vamos amanhã! - Annie sem olhar para a irmã.

– O QUÊ? - Verônica assustou-se.

– Calma! Liguei para os primos. Eles disseram que era melhor irmos amanhã, por que no dia seguinte vai ter uma festa de um amigo, e eles nos chamaram pra irmos com eles. Aí convenci papai e mamãe a viajarmos amanhã. Mamãe não queria, mas dobrei ela...

– Annie! - Verônica falou de supetão, interrompendo a garota. - Eu ainda não estou preparada! Como você faz isso?

– Ah, Verônica, já combinei... - E ajoelhou aos pés da irmã. - Vamos!

Verônica olhou para a irmã com vontade de lhe atacar, mas depois de muito tempo pensando, fez o que todo irmão mais velho sempre faz para seus irmãos mais novos: Cedeu.

Está bem! - Verônica falou com um muxoxo.

Annie não se continha de felicidade. E assim o dia se passou sem grande emoção para Verônica. De noite, antes de dormir, saiu e foi à floresta.

– Não queria ir embora daqui! - Confessou, pensando em voz alta. - Não quero deixar esse lugar! Meu refúgio! E se Nick um dia resolve voltar e não me encontrar? Queria tanto pensar no meu futuro! Nick! Será que você se lembra de que eu te amo? Será que se lembra de que eu estou aqui? Se você estivesse em Londres... Mas será que se a gente se encontrar eu te reconhecerei?

Passou mais um tempo na floresta pensando em tudo. E então voltou à sua casa, correndo para confidenciar tudo a seu diário.

No dia seguinte, Verônica acordou muito antes do horário que estava acostumada. Annie estava ansiosa, mais do que nunca com a viagem. A garota levantou-se e com toda a correria e o todas as sensações que estava sentindo, apenas lembrou-se que, tomou banho, comeu alguma coisa, saiu de casa e olhou em direção à floresta por um momento, foi com os pais e Annie à estação, despediu-se da mãe, que chorava e soluçava, e do pai, entrou no trem. Annie conversou com ela, mas ela não ouvia uma palavra sequer de ninguém, desde que ela acordou.

Ao chegarem à Londres, ouviram em algum lugar a música "Vertigo" de U2, Annie ria feito boba, se deslumbrava com tudo. Vida nova!... Pelo menos para Annie.

Ao pegarem o King Cross, Annie ria enquanto espiava a cidade que passava por ela. Verônica não sentia nada com todo aquele charme, beleza e exuberância. Apenas deu um sorrisinho amarelo para a irmã quando passaram perto da torre Big Bang. Verônica teve de puxar Annie pelo menos umas 10 vezes para prosseguirem a viagem, enquanto andavam pelas ruas. Annie queria ver tudo.

Verônica se sentiu melhor ao chegar à casa dos garotos que ficava no subúrbio de Londres. Ao entrarem, viram três garotos, um com camisa regata e os outros sem camisa, garotos com algumas espinhas no rosto, da idade de Annie.

– Primas! - Os rapazes correram e as abraçaram. - Como estão? Tia Maggie ligou agora a pouco.

– Mães. Só mudam de endereço. - Annie falou rindo. Depois olhou para um primo que estava sem camisa - Estamos bem! E vocês? Não acredito que Lionel está maior que eu!

– O pequeno Lion cresceu um pouco! - Falou o que estava de camisa. Era o mais velho.

– Além do nariz! - Falou o outro, rindo.

– Que engraçado! - Lion riu com sarcasmo e olhou para o irmão de camisa. - Tira a camisa Ryan, está fazendo um calorão. É bom que as meninas poderão ver seus mamilos grandes e cabeludos.

Verônica boquiabriu-se. Annie gargalhou.

– É sério? E você James? O que tem de diferente? Um enorme nariz... Um enorme mamilo... - Riu-se Annie.

– Melhor não comentar o que o James tem de enorme, prima. - Caçoou Ryan do outro irmão.

Annie boquiabriu-se, e depois gargalhou. Verônica achou melhor não participar daquela conversa. Então se apressou a dizer.

– Meninos, estamos bem! Mas antes de conversarmos nos ajude a levar essas bagagens. - Falou entregando a mochila e a mala que carregava para James e Annie fez o mesmo com Lion.

– Antes que eu conheça o quarto preciso tomar um copo d'água. - Disse Verônica.

– A cozinha é logo à esquerda, Verônica. E os copos estão no armário perto da pia. - Informou Ryan. E a garota saiu da sala.

– Vamos! Nós mostraremos o seu novo quarto! - Anunciou Lion, mostrando uma pequena escada mais a frente. - Mas vocês terão de dividir o quarto com Kathy.

– Não nos incomodamos! - Disse Annie. - Verônica e eu sempre dividimos o quarto. Onde está a Kathy? Quero conhecê-la!

– Compras. - Informou James. - Coisas de mulher, você sabe.

Todos estavam subindo a escada quando alguém tocou a campainha. Ryan foi abrir.

– Acho que é um amigo meu. Ele ia me emprestar um livro.

E então o garoto abriu a porta. Um garoto loiro e alto estava parado do lado de fora.

– E aí? - O garoto cumprimentou Ryan.

– Entra, cara!

O garoto entrou e Ryan apresentou-o a prima e aos irmãos.

– Galera, esse é Henry Colman, meu amigo da escola.

– E aí, Henry! - Cumprimentaram-no e logo subiram para o quarto.

– Desculpa, Ryan! É que o livro estava com um primo meu! - Informou Henry então se voltando para Ryan, lhe entregando um livro. - Então só agora pude trazê-lo!

Ah, que é isso! Não tem problema! - Ryan disse balançando a cabeça. - Mas venha! Sente-se e me conta... Você já arrumou os convites que te pedi da festa da Georgia?

– Sim, euuu... - Henry pareceu se esquecer do que estava falando, Ryan pensou que o garoto estava tendo alguma coisa, pois ficou como se estivesse em choque. Estava paralisado.

– Ah, eles já subiram, não foi? Vou até lá, Ryan!

Verônica estava perto da escada.

– Sim, eles subiram! - Informou Ryan. - Verônica quero que conheça meu amigo, Henry Colman.

– Oi, Henry! Sou Verônica Watson, prima do Ryan. - Cumprimentou sem emoção.

– Oi, Verônica! Muito prazer! - Respondeu Henry.

Verônica pensou ter visto um brilho nos olhos do garoto.


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